Em 11 de abril de 1964, estreou o filme “Eu caminho por Moscou”, de George Danelia. Um dos filmes mais românticos do cinema soviético no qual a juventude, a beleza e a própria cidade de Moscou são celebradas em pleno verão.
“Está chovendo, uma moça descalça, segurando seus sapatos, caminha no meio da rua. Surge um rapaz de bicicleta e, lentamente, vai seguindo a garota. O rapaz segura um guarda-chuva sobre a moça, ela tenta se esquivar e ele continua a segui-la, sorrindo.” Foi dessa maneira tão despretensiosa que o roteirista Guennádi Chpalikov apresentou, pela primeira vez, sua ideia para o roteiro “Eu caminho por Moscou” para o diretor George Danelia.
No fim das contas, o passeio da moça com o ciclista transformou-se em uma digressão lírica e a história de um escritor iniciante que veio tentar a sorte na capital passou para o primeiro plano. Na ensolarada e barulhenta Moscou, as coisas não correm exatamente como o planejado para o siberiano Volodia. Ele não encontra ninguém no endereço fornecido por seus amigos siberianos, mas em compensação trava uma nova amizade com o rapaz que lhe indicou o caminho, o brincalhão Kolia. A amizade, porém, logo se transforma em uma pequena rivalidade: os dois rapazes acabam atraídos pela mesma garota. O encontro dos amigos com um escritor famoso não corresponde às expectativas, mas a noite não passará em branco: eles vão perseguir um ladrão, livrar-se de apuros na delegacia de polícia e salvar um casamento.
Realmente, o enredo é muito simples, tão simples que até levanta suspeitas, tendo em vista que se trata do “país das grandes realizações”. Como a maioria dos filmes “desprovidos de ideologia” produzidos na União Soviética, “Eu caminho por Moscou” tinha todas as chances de “permanecer na prateleira”. Ao ser examinado pela primeira vez pelo Comitê Governamental de Cinematografia (Goskino), ele não obteve aprovação. A comissão usou o pretexto de que a história era excessivamente primitiva para que pudesse ser classificada como drama e não era suficientemente engraçada para ser incluída na categoria de comédia. No entanto, graças aos avanços que ocorreram durante o degelo Khrushchev e ao gênero “comédia lírica”, conseguiu chegar às telonas.
Daí para frente, o destino do filme foi triunfante. A história simples de um ser humano encantou o público soviético, cansado das propagandas sobre a fraternidade dos povos e façanhas do trabalho. Até mesmo os críticos oficiais garantiram uma recepção calorosa. Afinal, a atmosfera é positiva – durante todo o filme, o soviético é um homem feliz. Se não bastasse, os espectadores puderam apreciar o fato de que a felicidade de Volodia não consistia em fazer a transposição de rios ou desbravar áreas para tornar a terra cultivável, mas andar na chuva, fazer amigos e se apaixonar, ou seja, simplesmente viver.
Embora, a trama do filme gire em torno das reviravoltas entre os personagens, a cidade é claramente um dos protagonistas do filme. Moscou, com sua história rica e presente turbulento é um objeto de adoração da câmera. Na Praça Vermelha, os turistas desviam a sua atenção do guia turístico tedioso, espiam os transeuntes e ficam paralisados ao som dos carrilhões. No parque, concertos são realizados a céu aberto e pessoas se aglomeram diante do palco. Através das grades da ponte pode-se observar como os remadores navegam alegremente pelo rio Moscou. Esses esboços vívidos e pulsantes da vida da capital foram filmados por Vadim Yusov, que posteriormente trabalhou nos filmes de Andrêi Tarkovsky.
O filme abriu um período do cinema soviético que lembra a “new wave” europeia. Sendo que Danelia conseguiu (intuitivamente) apreender o estilo ocidental, já que devido à chamada “cortina de ferro” os filmes estrangeiros penetravam na União Soviética de forma bastante limitada. O trabalho com atores jovens, as filmagens sob iluminação natural e a opção por um enredo que traz uma história de vida simples, tudo isso transformou o filme “Eu caminho por Moscou” em referência para os diretores de cinema soviéticos daquela época, incluindo o então conhecido Marlen Huciev.
“Eu caminho por Moscou” está disponível no Youtube:
Em “CAIRO 678” o diretor egípcio Mohamed Diab aborda a difícil realidade das mulheres de seu país que enfrentam a violência em uma batalha constante por respeito dentro do espaço público. Para isso, ele resolveu contar a história de Fayza, Seba e Nelly. Três mulheres egípcias com vidas completamente diferentes se unem para combater o machismo que impera no Egito contemporâneo e que está em todos os lugares: nas ruas da cidade do Cairo, no trabalho e dentro de suas próprias casas. Determinadas, elas se unem e iniciam uma série de ataques contra os homens que ousam molestá-las. Quem são essas misteriosas mulheres que tem a coragem de enfrentar uma sociedade baseada na superioridade masculina?
Crítica
Heitor Augusto
Cairo 678 cai naquela categoria de filmes que uma pessoa consciente do estado das coisas fica feliz pela existência, mas quem tem apreço pelo cinema não consegue deixar de notar como o resultado é falho. Um melodrama político sobre uma causa nobre, mas com tintas tão deslocadas que chegam a anular a força do discurso.
É a típica produção que o crítico de cinema torce para que o público não tome o texto como juízo final, desistindo de conhecer o filme por causa da avaliação crítica. Mesmo assim, quem escreve não pode (nem deve) divorciar-se da obrigação de apontar falhas, cegando-se por causa da nobreza do tema. É urgente um filme que discute o machismo e toma uma posição feminista para tal, o que não anula, porém, a necessidade de problematizar o sentimentalismo no qual o filme obriga suas personagens a mergulharem.
Torço para que os que lerem este texto vão antes ao cinema, assistam a Cairo 678 e, então, venham dialogar com o que aqui está dito.
Título Original: Bratya Karamazovy
Direção: Yuriy Moroz
Gênero: Drama
Tempo de duração: 525 minutos
Ano de lançamento: 2009
Tamanho: 8.20 GB
Sinopse: Minisérie russa (12 episódios) baseada na obra de Dostoiévski. O brutal assassinato do proprietário de terras Fiódor Karamázov muda a vida de seus filhos drasticamente; Mítia, o sensualista, cuja amarga rivalidade com o seu pai o coloca imediatamente sob suspeita do parricídio; Ivan, o intelectual, que sofre de torturas mentais que levam-no a uma crise nervosa; Aliócha, o espiritual, aquele que tenta curar as feridas da família; e a figura sombria de seu meio-irmão bastardo Smerdiákov.
Crime e Castigo (Crime and Punishment) Schuld und Sühne (1998)
Poster
Sinopse
São
Petersburgo, 1859. Ródia Raskólnikov é um estudante que acaba de ser
suspenso da universidade acusado de fazer parte de um grupo anarquista.
Inteligente, ele tem uma teoria: acredita que certos indivíduos são
superiores, a exemplo de Napoleão, dispostos a realizar façanhas
grandiosas, que estão acima da lei e capazes de cometer qualquer tipo de
transgressão sem sofrer punição. Raskólnikov acredita ser um desses.
Dúnia, sua irmã, está disposta a se casar com um homem rico e
desprezível; Sônia, uma moça ingênua e doce, decide prostituir-se para
sustentar sua família que encontra-se à beira da miséria. Transtornado,
decide matar uma agiota, mulher que considera inútil e que vive a
usurpar as pessoas, inclusive ele, afim de provar sua teoria e conseguir
algum recurso. Incapaz de livrar-se do sentimento de culpa, Raskólnikov
passa a viver atormentado por visões e pesadelos de seu ato. Porfiri, o
investigador de crimes, com paciência e estratégia irá conduzir o caso a
sua maneira, prolongando o final aguardado. E Ródia encontrará no amor
incondicional de Sônia a redenção necessária para se redimir do crime
que cometeu. Sinopse: carloschagas
Screenshots (clique na imagem para ver em tamanho real)
Elenco
Informações sobre o filme
Informações sobre o release
Patrick Dempsey - Ródia Raskólnikov
Ben Kingsley - Porfiri
Julie Delpy - Sônia
Eddie Marsan - Dimitri
Lili Horvath - Dúnia
József Gyabronka - Lújin
Richard Bremmer - Arkadi
Carole Nimmons - Marfa
Gênero: Drama Diretor: Joseph Sargent Duração: 87 minutos Ano de Lançamento: 1998 País de Origem: Estados Unidos da América Idioma do Áudio: Alemão IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0144041/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip Vídeo Codec: XviD Vídeo Bitrate: 2.016 Kbps Áudio Codec: MPEG1/2 L3 Áudio Bitrate: 128 kbps 44 KHz Resolução: 704 x 512 Aspect Ratio: 1.375 Formato de Tela: Tela Cheia (4x3) Frame Rate: 25.000 FPS Tamanho: 1.394 GiB Legendas: Em anexo
Curiosidades
- O filme foi rodado na Polônia, reproduzindo com proximidade o cenário da São Petersburgo de Dostoiévski.
- O filme, diferente de outras versões para o cinema, enfatiza as cenas de pobreza e abismo social entre as classes.
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
Índia - PGL
- [José Paz Rodrigues] Na antiga Índia um «Ashram», também chamado
«Gurukul», era um eremitério e, ao mesmo tempo, uma escola no bosque ou
floresta. Onde os sábios, os «sadhus» (santos), os «rishis» (ascetas),
os mestres e os estudantes, seus discípulos, viviam em paz e
tranquilidade em harmonia com a Natureza.
Tradicionalmente,
estas escolas na floresta, chamadas assim mesmo «Topovanas»,
situavam-se afastadas das zonas urbanas e das vivendas, em florestas,
bosques ou lugares montanhosos, no meio de amenos ambientes naturais,
propícios para o ensino, as aprendizagens e a meditação espiritual. Com
espaços adequados para todo o tipo de atividades: intelectuais, físicas,
estéticas, exercícios corporais e todo o tipo de práticas e formas de
ioga. Nas mesmas residiam os mestres e docentes com as crianças de
diferentes níveis. A palavra «Ashram», a mais usada para este tipo de
instituições educativas, que permanece na atualidade, deriva do termo
sânscrito «aashraya», que significa «proteção». Houve em toda a Índia
muitos «Gurukuls» ou «Ashrams», nos quais infinidade de rapazes se
formaram e, em especial, nas aprendizagens apreciativas, no respeito
pola paz e a natureza, ademais de adquirir as aprendizagens
instrumentais da leitura, a escrita e o cálculo.
Os mais famosos, que ainda hoje subsistem, foram o «Sabarmati
Ashram», perto da cidade de Ahmedabad, criado por Gandhi, e que serviu
de sede durante a sua longa luita pela independência da Índia. O
«Auronville» ou «Aurobindo Ashram», fundado polo grande bengali
Aurobindo Ghosh na cidade de Pondichery, uma cidade que conserva muitas
reminiscências francesas. E, especialmente, a escola Santiniketon
(Morada da Paz), ashram criado por Robindronath Tagore em 22 de dezembro
de 1901, na quinta que lhe cedeu seu pai, para fundar uma escola
modelo, em que sabiamente integrou o modelo das antigas escolas indianas
do bosque com o modelo das escolas novas europeias. As quais, de alguma
forma, no contexto europeu, são similares aos ashrams indianos, por
serem criadas em plena natureza e afastadas das cidades. O exemplo
temo-lo na Odenwald de Paul Geheeb, na Escola das Rochas de Demolins ou
na escocesa Abbotsholme de Cecil Reddie. Sem esquecer-nos das famosas
escolas do bosque municipais de princípios do século vinte em Barcelona,
dirigidas por Rosa Sensat. Ou das escolas monacais medievais que
existiam nos mosteiros, nomeadamente nos beneditinos e nos
cistercienses.
O rapaz protagonista do formoso filme do bengali Sotioyit Ray,
considerado como uma obra-mestra do cinema mundial, antes de partir para
Calcutá a prosseguir estudos superiores, como adolescente, frequenta
uma escola-ashram do tipo que estamos a comentar. Ali desperta a sua
inteligência e descobre que tem aptitudes para continuar a estudar,
destacando entre os demais. O seu mestre anima-o a superar-se e
continuar formando-se, pois sabe que tem qualidades para isso.
Ficha Técnica do filme:
Título original em bengali: Oporayito (O Invencível).
Diretor: Sotioyit Ray (Bengala-Índia, 1956, Branco e Preto, 115 min.).
Roteiro: S. Ray, baseado no romance de Bibhutibhushan Bondopadhai.
Música: Robi Shonkor. Fotografia: Subroto Mitro.
Atores: Kanu Banerji (Harihar Ray, o pai), Karuna
Banerji (Sorboyoya, a mãe), Pinaki Sengupto (Opu jovem), Smaron Ghosal
(Opu adolescente), Santi Gupto (Ginnima), Subodh Ganguli (o diretor da
escola), Hemonto Chatteryi (o mestre), Horendrokumar Chokrovorti (o
doutor) e outros.
Prémios: Leão de Ouro ao melhor filme no Festival de
Veneza de 1957. Golden Gate ao melhor diretor no Festival de São
Francisco e Melhor Filme Estrangeiro no BAFTA.
Argumento: Depois do falecimento de seu pai e de
viver por algum tempo na cidade sagrada indiana de Benarés, o jovem Opu,
de dez anos, muda-se com a sua mãe para a casa de um tio que os acolhe.
Opu frequenta a escola local onde é um bom aluno, ao ponto de receber
uma bolsa para realizar estudos superiores e ir estudar a Calcutá. Opu
decide partir e sua mãe fica angustiada com a sua partida e com a sua
crescente independência. Ela ama muito seu filho e pretende o seu
sucesso, mas não quer ficar sozinha. O filme é sem dúvida uma comovente e
bela história filmada sobre a vida e a morte no seio de uma família
bengali. Configurou o segundo título da famosa trilogia de Ray
intitulada «O Mundo de Opu».
Na Índia só um guru é um verdadeira modelo de mestre:
Um dia Tagore, diante dos estudantes, futuros mestres, da Escola
Normal de Tóquio no Japão, pronunciou, entre outras, as lindas palavras
seguintes: «Para ser mestre de crianças é completamente necessário
ser como uma criança, esquecer o que sabemos e que já chegamos ao final
dos conhecimentos. Se se quer ser um verdadeiro guia de crianças, não há
que pensar em que se tem mais idade, nem que se sabe mais, nem nada
polo estilo; há que ser um irmão mais velho, disposto a caminhar com as
crianças pola mesma senda do saber elevado e da aspiração. E o único
conselho que posso dar-vos nesta ocasião, se vos ides dedicar a ensinar
aos filhos dos homens, é este: que cultiveis a alma da criança eterna».
Eis o modelo de mestre de um ashram, que teria que ser o de todas as
escolas do mundo. Uma espécie de guru, palavra sagrada para os indianos,
que só pode ser usada com aqueles mestres que reúnem as seguintes
qualidades: ser alegre, otimista, altruísta, amar a vida, possuir
profundos valores humanos, amar a paz, ser solidário, amar a natureza,
respeitar a psicologia das crianças, adaptar-se às mesmas (não que estas
se adaptem ao mestre), saber motivar e entusiasmar, saber provocar o
interesse e a curiosidade, não impor as suas ideias respeitando as dos
estudantes, caminhar ao lado dos alunos para refletir sobre os saberes e
aprendizagens que se vão adquirindo, compreender as possíveis faltas
dos educandos, não empregar a estratégia dos prémios e os castigos,
fomentar a bondade e a generosidade, a verdade, os valores éticos e o
disfrute da beleza ali onde existe, nas pessoas, em toda a natureza, no
céu, o sol, a lua e as estrelas, a beleza da poesia, a música, a dança, o
teatro, o cinema... E, acima de tudo, ser uma pessoa íntegra, que
também tem profundos conhecimentos da cultura mundial, que sabe bem
ensinar com acertadas estratégias didáticas. Não fechando-se às
diferentes culturas e formas de ver a vida e não sendo sectário perante a
diversidade que existe.
Um formoso filme cheio de belas imagnes da vida mesma:
O cinema de Ray, que se formou na universidade internacional
Visva-Bharoti de Santiniketon e foi aluno de Tagore, é de um elevado
realismo. Recebeu grande influência do grande diretor Jean Renoir e do
neorrealismo italiano, especialmente do filme de De Sica Ladrão de bicicletas, que o entusiasmou quando o viu em Londres. Ray escreveu nos anos 40 estas belas palavras: «A
crueza das imagens do cinema é a própria vida. É inacreditável como um
país que inspirou tanta pintura, música e poesia, falhe perante o
realizador de cinema. Ele só tem de ter os olhos abertos e os ouvidos
atentos. Deixem-no fazê-lo». Foi grande amigo de Renoir, Antonioni e Kurosawa. Este chegou a dizer uma vez acertadamente: «Não ter visto o cinema de Ray significa existir no mundo sem ver o sol ou a lua».
Precisamente aí radica a força do seu cinema, muito bem representado no
filme que comentamos, o segundo da sua formosa e famosa trilogia
intitulada «O Mundo de Opu».
O Invencível, título do filme, demonstra certa ironia, da
própria vida retratada, que lhe tirou tudo ao rapaz protagonista,
ficando ele só e os seus sonhos. O falecimento antes de seu pai e logo
de sua mãe, uma cena além de muito bela, acompanha um dos simbolismos
mais fortes para a personagem de Opu até então. Este momento conta-o em
imagens de grande sensibilidade o cineasta bengali. A história da
família, as personagens tratando de sobreviver e prosperar, chegam-nos
diretamente ao coração e compreendem-se em qualquer parte do mundo. Tudo
está contado e filmado de maneira singelamente magistral. Uma delícia
cinematográfica que convida a refletir sobre a vida humana, sobre o
esforço dos nossos pais para que saiamos adiante e sejamos mais que
eles, sobre quão ingratos somos os filhos com os pais, algo que não
reconhecemos até que se nos vão deste mundo e já não podemos olhá-los
mais aos olhos.
O filme tem ritmo, fluidez e, embora com certa tristeza, esconde um
transfundo de esperança. Não deixa de ser um reflexo da vida mesma, a
inocência da infância que se vai forçosamente, dando passo à etapa em
que se começa a ver o mundo mais claramente e a aprender dele. A
aprender com boas formas, estudando, e com outras menos bem recebidas,
com os golpes que dá o destino. Estamos perante um filme precioso, com
uma história bem contada, de uma força prodigiosa. O impacto de cada
imagem encontra-se na exuberância da paisagem de Bengala, na presença da
natureza, nas modestas vivendas humanas, no modo de vida, nos costumes,
nas tradições, nos exóticos sons dos instrumentos musicais autóctones
e, especialmente, nas pessoas em si. As suas relações, conversas,
preocupações, esperanças, tristezas e felicidade.
Possivelmente estamos perante o filme que melhor representou a etapa
da adolescência, ademais de forma universal, fácil de entender em todos
os lugares do mundo. No qual também se apresenta a dicotomia entre o
campo e a cidade, o contexto rural e o urbano. Um representando a
resignação e a tradição. O outro a vida moderna, o crescimento, o
progresso e o futuro. Ao menos no contexto dos anos vinte desse grande e
imenso país que é Índia. Tema este que hoje veríamos com outros olhos e
outra atitude, pois são muitos os que, não só por razões económicas,
voltam às aldeias e ao mundo rural, onde acham que há mais
autenticidade, mais solidariedade, menos individualismo, mais cooperação
e menos poluição.
Este formoso filme de Ray reflete à sua vez isso que chamamos «lei de
vida», onde por desgraça ou por sorte assim é, e não há volta atrás na
escolha dos nossos factos. Um filme que convida à reflexão e que é
verdadeira poesia. E não só por mostrar o modelo das escolas-ashrams
indianas. Também por mostrar o importante que é o papel e o labor das
mães na educação dos filhos e na vida em geral dum país. Muitas vezes
injusta e imoralmente pouco valorados. Uma obra-mestra realizada polo
diretor bengali Ray, quem, merecidamente, em 1992, recebeu o Óscar por
toda a sua magna e linda filmografia.
Temas para refletir:
- Analisar o importante que é ter bons mestres e docentes, com
qualidades humanas e didáticas. Fazer propostas de como poderíamos
escolhê-los e como formá-los adequadamente. Tomar como ponto de partida
os únicos modelos de formação do professorado acertados que tivemos no
país: o Plano Profissional de 1931 e o Plano de 1967.
- Analisar a linguagem cinematográfica utilizada por Ray neste filme:
tipos de planos, movimentos de câmara, uso do tempo e do espaço,
simbolismo das diferentes imagens e como amostra nitidamente que no
cinema, mais que a palavra, a imagem é o mais importante. Por isso a
mais acertada definição de cinema é que é a arte das imagens em
movimento.
- Desenhar um plano de formação do professorado em exercício, para
levar para a frente no país, com o objetivo fundamental de sensibilizar
os atuais docentes de todos os níveis educativos sobre o seu importante
ofício e também a sua responsabilidade perante os estudantes.
Acompanhado de um importante projeto formativo sobre adequadas
estratégias educativas para utilizar nas aulas. Este tema, nesta altura,
com um tão nefasto ministro da educação, o pior em muitos anos, não
deixa de ser uma utopia. Por isso o melhor, para o por em prática, é a
auto-organização dos docentes. Como aquela que se teve que fazer nos
anos sessenta e setenta durante as últimas décadas do franquismo.
(*) Académico da AGLP, didata e pedagogo tagoreano. Autor, igualmente, da coluna de opinião Dizer e Fazer.
Não, ele não morreu. Acima, Christopher Lee como Drácula.
O título dramático pode parecer exagerado. Afinal, Bram Stoker jamais
foi conhecido como um autor genial. Nem em sua época, nem passados 100
anos de sua morte. Sua criação, porém, assentou seu pé na imortalidade. Drácula,
a obra-prima de Stoker, ganhou vida própria (com o perdão da ironia) e
superou em muito seu criador. Se levarmos em conta, especialmente, a
primeira metade do século XX, perceberemos, inclusive, que o autor
praticamente sumiu das referências feitas a seu personagem mais famoso.
Resgatado no título de uma adaptação de sua obra num filme dos anos 90,
assinado pelo oscarizado Francis Ford Coppola, Stoker assumiu
notoriedade como um dos principais autores no estilo do romance gótico
vitoriano.
Lugosi em momento de concentração
Drácula é um excelente livro. Bem construído,
elaborado com esmero ao longo de sete anos de pesquisas e trabalho. Foi
considerado “a sensação da temporada” em 1897. Ainda assim, é da
personagem, mais que a obra, de quem todos se lembram. É Drácula, o
conde — seja ele assimilado ao empalador romeno, ou aos rostos (e vozes)
carismáticos de Bela Lugosi e Christopher Lee — que assume a frente de
tudo quando nos referimos à Stoker, a tal ponto de muitos tentarem,
ainda hoje, ler na obra a vida do escritor. Isso porque, ao contrário de
outros autores góticos, o irlandês teve uma vida ordinária, sem grandes
feitos ou conexões, tendo escrito 12 romances e alguns volumes de
contos. Era crítico teatral e pessoa de gostos convencionais. Foi
batizado por seus pais e alimentava-se normalmente.
Bram Stoker: até virar título do filme de Coppola, o autor fora engolido por seu personagem
Bram Stoker
Nascido em 8 de novembro de 1847, em Clontarf, subúrbio ao norte de
Dublin, Stoker foi o terceiro de sete filhos do casal Abraham Stoker —
um funcionário público de pouca expressão — e Charlotte Mathilda Blake
Thornley, uma escritora com tendências feministas. A infância foi
marcada pela doença, estando ele, muitas vezes, à beira da morte e
praticamente sem poder ficar em pé até quase os sete anos. Recuperado, o
jovem Bram cursou uma escola privada e, mais tarde, graduou-se com
honras no conceituado Trinity College, onde, inclusive, foi atleta em
nível de competição universitária. Interessado em teatro, Stoker
trabalhou para formar-se como crítico desta atividade e foi por meio
dela que conheceu a pessoa que os biógrafos apontam como a mais
importante de sua vida: o ator inglês Henry Irving.
Recém-casado com Florence Balcombe — disputada beldade local que fora
cortejada inclusive por Oscar Wilde — Stoker aceitou o convite de
Irving e mudou-se para Londres, onde passou a trabalhar no teatro que
pertencia ao ator, o Lyceum Theatre. Ocupou diversos cargos, como
diretor do teatro e agente de Irving, permanecendo nestas funções por 27
anos. Paralelamente, mantinha viva uma já iniciada carreira como poeta,
contista e romancista. Em fins de 1879, nasceu o primeiro e único filho
do casal Stoker, batizado como Irving Noel Thornley Stoker.
Henry Irving: ator do qual Stoker era agente
Graças aos contatos de Irving, Stoker pode circular na alta sociedade
da época, chegando a travar conhecimento com homens como o pintor James
Abbott McNeill Whistler e os escritores Sir Arthur Conan Doyle e Walt
Whitman (a quem ele muito admirava e de quem se tornou um amigo
próximo). O trabalho com Irving (o ator mais famoso de seu tempo) e a
gestão de um dos teatros mais bem sucedidos de Londres, deixavam Stoker
constantemente ocupado, isso quando ele não estava em viagem ao
continente para acompanhar seu empregador. O pouco tempo dedicado à
Florence e ao pequeno Irving, bem como a idolatria dirigida ao ator em
suas memórias, faz com que, até hoje, muitos biógrafos e historiadores
questionem a natureza profunda da amizade desenvolvida entre ambos.
Muitos acreditam até mesmo que Irving exercia um tipo de magnetismo ou
domínio sobre Stoker que se assemelhava ao de Drácula sobre suas
vítimas. As descrições do conde e de Irving se assemelham, ao mesmo
tempo que o próprio Stoker dizia assemelhar-se a Ramfield — personagem
bizarro que devora insetos enquanto aguarda, enlouquecido, a vida eterna
prometida pelo vampiro, a quem ele nomeia Mestre — em sua devoção pelo
patrão. Quando Drácula foi publicado, a dedicatória dirigiu-se a Henry Irving.
Gary Oldman, o Drácula de Coppola, em momento de descontração
Drácula
Stoker jamais viajou para a Europa Oriental, cenário inicial do
romance, mas era fascinado pelas histórias obscuras da região, com as
quais tomou contato, provavelmente, através de um conhecido seu, o
viajante e escritor húngaro Armin Vambery. A publicação de Drácula
data de 1897. Mas ele manteve sua produção nos anos que se seguiram com
relativo sucesso, muito embora seu livro mais bem sucedido tenha sido a
publicação das memórias de sua vida com Irving, que ele escreveu após a
morte do ator.
Após vários derrames cerebrais, Bram Stoker faleceu em abril de 1912,
em Londres. Alguns biógrafos acreditam que uma sífilis terciária pode
ter sido a causa de sua morte. Ele foi cremado e suas cinzas estão
depositadas no Crematório Golders Green, em Londres.
Vlad Dracul: muitas mortes e respeitável bigode
Para escrever Drácula, Stoker passou anos pesquisando o
folclore europeu e histórias mitológicas dos vampiros. Muitos
historiadores discordam da ideia de que ele tenha se inspirado
diretamente no nobre romeno Vlad Dracul ou Drácula, também conhecido
como Vlad Tepes ou Empalador. Afirmam que as informações que Stoker
poderia acessar, em sua época, a sobre a figura real (e, de fato,
assustadora) de Vlad eram pífias e que não seriam suficientes para a
construção da personagem. O próprio nome Drácula teria sido tirado de um
livro pouco confiável, que traduzia a palavra por diabo e não por
dragão. De outra forma, mesmo tendo uma história medonha de assassínios e
torturas, Vlad era, e é (em certa medida), um herói nacional romeno –
além de ter o título, outorgado pelo Papa, de defensor da fé cristã –, o
que impediria que, à época, suas características verdadeiras estivessem
todas apresentadas em um livro.
Stoker, afora esta pesquisa, aventurou-se pouco na estrutura da
escrita. Utilizou-se do formato epistolar, muito em voga no período,
para dar o grau certo de veracidade e realismo, bem como de
identificação com as personagens. O livro é uma coleção de diários,
cartas, telegramas, registros de bordo, recortes de jornais, organizados
em torno de uma história em que o vampiro aparece como uma sombra. Um
mal à espreita, um terror que cega a capacidade dos homens de vê-lo e
obstruiu sua luta contra ele, ao mesmo tempo em que seduz, mortalmente,
às mulheres.
Nosferatu, uma Sinfonia de Horror (1922), de Murnau
Atento aos modelos do romance gótico, Stoker construiu seu Drácula a
partir justamente do embate entre o mundo moderno e as lendas obscuras
do passado humano. Assim, ele não deixa de colocar todo o aparato da
racionalidade e ciência modernas à serviço da luta contra o mal. Van
Helsing, que o cinema imortalizou como um caçador de vampiros, é, de
fato, um cientista, um professor, um conhecedor de mitologia, história
natural, medicina, leis, etc. Assim, numa boa leitura, pode-se encontrar
referências à Darwin e à evolução, bem como às heroicas transfusões de
sangue (uma quase ficção científica numa época em que se desconhecia os
tipos sanguíneos e o fator RH). Stoker é um entusiasta do racionalismo e
da ciência. Para ele, estas são as principais armas contra o conde. A
religião — crucifixos, água benta e hóstias — é uma arma parcial, ligada
à própria natureza sobrenatural e antiga (ou antiquada) do vampiro, daí
ela estar equiparada em poder às superstições como o alho. O uso destas
só tem valor quando empunhados pelo ocidente, depositário da razão
moderna e pouco têm efeito nas mãos dos “ignorantes e supersticiosos”
camponeses da Transilvânia.
As mulheres: portas escancaradas para o mal
Contudo, é no papel que Stoker dedica às mulheres em sua ficção que
boa parte dos estudiosos se concentra. Muitas vezes classificado como
misógino, o autor desenha suas personagens femininas como a parte fraca —
no sentido de uma porta aberta para o mal — da civilização. Muitos
estudiosos concebem Drácula como o verdadeiro pesadelo
vitoriano, não pelo conde, mas pelo efeito deste sobre as mulheres. Das
três vampiras, sedentas por sangue e sexo, que aprisionam Jonathan
Harker no castelo do conde na Romênia, até às virtuosas Lucy e Mina,
Stoker está constantemente, colocando seus heróis na defensiva. Os
homens parecem não ter forças para resistir a essas criaturas cujos
desejos afloram e parecem incontroláveis. Lucy e Mina parecem tê-los em
menor escala até ficarem sob o fascínio do conde. Lucy torna-se uma
vampira — é a noiva morta, ainda desejável e sensual, mas que suga o
sangue de criancinhas. É o horror da anti-mãe. Mina, a jovem liberada
que anseia por trabalhar e cuja inteligência se compara à masculina, é
ainda mais temível. Ela, o conde parece querer para si. Lucy recebe como
punição um coração trespassado e arrancado, a cabeça cortada e a boca
preenchida por alho. Uma analogia do casamento vitoriano para alguns
historiadores. Mina é salva pela morte do vampiro, mas sua redenção
completa vem com o fim de seus desejos de trabalho e a concretização da
vida de esposa e mãe.
Winona Ryder: a Mina do filme de Coppola
A chamada “nova mulher” (indico o capítulo de mesmo nome de E. Hobsbawm, em A Era dos Impérios),
figura constante na imprensa e literatura da época, parece ter
constituído para Bram Stoker, e provavelmente para muitos de seus
leitores, um terror verdadeiro. Ao fim, mais que o vampiro, é o que ele
desperta em nós e nos que estão a nossa volta que pode, realmente, nos
dar medo. Nesse sentido, o questionamento da obra e do escritor ainda
está presente e válido. Afinal, que preço se pagaria pela imortalidade?
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A Discovery Civilization tem um bom documentário a respeito do livro de Bram Stoker:
Twilight Portrait (Portret V Sumerkakh) portret.v.sumerkax.2011.dvd.xvid KG
Poster
Sinopse
Completamente
intransigente e impetuosamente provocativo, o filme de estreia de
Angelina Nikonova lança uma perspectiva feminista única sobre a
corrupção desenfreada e a insensibilidade na Rússia contemporânea. Em
uma performance totalmente destemida, Olga Dykhovichnaya estrela como
Marina, uma mulher presa num casamento sem amor e num caso
extra-conjugal sem paixão. Um trabalho ingrato e infrutífero como
assistente social apenas reforça seu desencanto. Mas quando ela é
estuprada por três oficiais de polícia, Marina é transformada em uma
criatura noturna aliciada pela depravação. Sem delongas, ela passa a
perseguir um de seus agressores e o toma como amante.
Screenshots (clique na imagem para ver em tamanho real)
Elenco
Informações sobre o filme
Informações sobre o release
Olga Dihovichnaya, Sergei Borisov, Roman Merinov, Sergeu Goludov, Anna Ageeva, Vsevolod Voronov
Gênero: Drama Diretor: Angelina Nikonova Duração: 105 minutos Ano de Lançamento: 2011 País de Origem: Rússia Idioma do Áudio: Russo IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2043962/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip Vídeo Codec: XviD Vídeo Bitrate: 1.201 Kbps Áudio Codec: AC3 Áudio Bitrate: 384 kbps CBR 48 KHz Resolução: 640 x 352 Aspect Ratio: 1.818 Formato de Tela: Widescreen (16x9) Frame Rate: 25.000 FPS Tamanho: 1.175 GiB Legendas: Em anexo
Curiosidades
Roteiro de autoria da diretora em colaboração com a atriz Olga Dykhovichnaya, que protagoniza o filme.
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
Roteiro: Juan Pablo Rebella; Pablo
Stoll; Gonzalo Delgado
Jacobo
é um homem solitário que dedica sua vida ao pequeno negócio na
fabricação de meias. Marta é a gerente da fábrica. Quando Herman, irmão
de Jacob que não o visita há 20 anos, diz que irá aparecer, o homem
propõe a Marta que finja ser sua esposa durante a visita do irmão.
Eu não sei se foi a monotonia do filme ou o tédio do meu sábado à
noite que me fez dormir.
De qualquer forma, o ritmo arrastado é até certo ponto necessário para
compor a psicologia dos personagens, que igualmente vão se arrastando pela
vida.
De quebra, o filme ainda dá uma breve passeada pelas calles uruguayas,
despertando saudades em quem já caminhou pelas ruas de Montevideo.
Whisky vale à pena para quem
curte cinema latino-americano ou para quem, ultimamente, só tem sorrido na hora
de tirar foto.
...
Referências ao Brasil:
Pelo fato de um dos protagonistas vir de Porto Alegre, há muitas
referências ao Brasil.
Ao dar dois beijos, em vez de um, Herman se justifica: “Cumprimento à
brasileira”.
Em outro momento há um diálogo:
- E você, Marta, conhece o Brasil?
- As cataratas (do Iguaçu). Fomos lá na lua-de-mel.
- Que beleza! Depois quero ver as fotos.
- A beleza das cataratas só se conhece estando lá.
Outro diálogo:
- E sabe onde foi isso? No restaurante do Tony Ramos.
- Tony Ramos?
- Ele tem um restaurante lá perto de casa. De vez em quando, aparece
lá. Minhas filhas fazem um escândalo – “Ai, Tony Ramos”!
- Você conhece o Tony Ramos?
- Não somos íntimos, mas já conversamos. É um cara legal, o Tony.
- São tão boas as novelas brasileiras, os cenários, os atores, não é?
- Não sei, não vemos novelas lá em casa. Mas, é muito investimento,
disso não há dúvida.
E, por fim:
- Se eu pudesse viajar, iria para o Brasil. O Brasil é um país
encantador. Eu viajo muito, quase nunca paro lá.
Um museu como um ser vivo, uma entidade que respira e tem personalidade própria. Sokúrov empresta alma ao colossal palacete do Hermitage, em São Petersburgo, um dos maiores museus do mundo. Arca Russa foi filmado em um único plano-seqüência, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas do museu, transformando a tela de cinema em um quadro vivo por onde desfilam personagens importantes da história da Rússia: Pedro, o Grande; Catarina, a Grande; Catarina II, Nicolau e Alexandra. Simbiose perfeita de cinema, história e artes plásticas, Arca Russa é uma experiência visual única e inesquecível.
Um experimento cinematográfico que foi considerado inovador para a sua época por utilizar várias técnicas até então pouco ou nada vistas. É um documentário que mostra um dia normal, totalmente típico, na cidade de Moscou.
Sem dúvida, um dos filmes mais importantes da história do cinema. A inquietação e teorias de Vertov o levou a criar uma obra mestra para a linguagem cinematográfica.
Em O Homem com uma câmera (ou O Homem com uma câmera na mão, ou O Homem com uma câmera de filmar), o diretor experimenta diversos recursos, como movimentos de câmera, sobreposição de imagens, velocidade (aceleração e slowmotion), planos, enquadramentos e, sobretudo, uma montagem original para a época.
Todos esses elementos respaldavam as suas teorias sobre a função da câmera e do próprio cinema – a câmera-olho, num processo de “humanização” da câmera, com as lentes funcionando como múltiplas retinas que enxergam os acontecimentos ao seu redor, unindo e sobrepondo pontos de vista.
Apesar de captar imagens do cotidiano soviético, com seus lugares, pessoas, movimentos e objetos, o filme radicaliza o conceito de “documentário”, pois une os registros documentais à manipulação feroz do diretor, resultado em uma obra artística, poética e autoral.
Enfim, esse não é apenas um filme, mas uma fonte teórica riquíssima, para se explorar a linguagem cinematográfica. Certamente, muitos cineastas do século passado beberam dessa fonte e ainda há o que beber.