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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Aniversário da morte de Charles Chaplin


RECENT ARTICLES

Hoje na História: 25/12/1977 - Morre Charlie Chaplin, ator e cineasta inglês



No dia 25 de dezembro de 1977 morria, em Corsier-sur-Vevey, na Suíça, Charles Spencer Chaplin, mais conhecido como Charlie Chaplin, mundialmente famoso pelas suas atuações nos filmes do cinema mudo. Ele também foi diretor, produtor, empresário, escritor, roteirista e músico. Nascido no dia 16 de abril de 1889, em Londres, ele fazia bastante uso da mímica e do pastelão. Chaplin atuou em filmes como “O Imigrante”, “O Garoto”, “Em Busca do Ouro”, “O Circo”, “Luzes da Cidade”, “Tempos Modernos”, “O Grande Ditador”, “Luzes da Ribalta”, “Um Rei em Nova York” e “A Condessa de Hong Kong”. Seu principal e mais famoso personagem ficou conhecido como Carlitos ou "O Vagabundo" no Brasil. Trata-se de um andarilho pobre de modos refinados. Com o seu bigodinho típico, ele vestia um fraque preto desgastado, assim como suas calças e sapatos, estes maiores do que o seu pé, além cartola e bengala. Em 1952, Chaplin deixou os EUA e nunca mais voltou, pois teve seu visto negado por conta da perseguição ideológica que sofria na época do macarthismo. Depois disso, ele decidiu viver na Suíça. Chaplin é o cineasta mais homenageado de todos os tempos. Ainda em vida foi condecorado Cavaleiro do Império Britânico, recebeu a Ordem Nacional da Legião da Honra (França), Doutor Honoris Causa (Universidade de Oxford) e ganhou o Oscar especial pelo conjunto da obra em 1972.

Mais que de máquinas, precisamos de humanidade.
A persistência é o caminho do êxito.
Nada é permanente nesse mundo cruel - nem mesmo os nossos problemas.
Por simples bom senso, não acredito em Deus. Em nenhum.

Um dia sem rir é um dia desperdiçado.


Charlie Chaplin

sábado, 14 de dezembro de 2013

Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA


Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA
Maior população prisional do mundo, pobreza infantil acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no acesso à saúde… bem-vindos ao “paraíso americano”
(Imagem: Divulgação)
Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano). A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como a maioria dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.
1. Maior população prisional do mundo
Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.
2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.
3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.
O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.
O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.
5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.
Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.
8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.
Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.
A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Eric Hobsbawm


Eric Hobsbawm

Reconhecendo a relevância e a fecundidade da produção historiográfica de Eric Hobsbawm – cujos trabalhos sempre estiveram comprometidos com as lutas dos trabalhadores e com a defesa do socialismo –,  marxismo21 manifesta seu pesar pelo recente desaparecimento desse autor. O pensamento crítico e socialista de todo o mundo perde, hoje, uma de suas figuras mais expressivas e emblemáticas. Nesta breve homenagem, publicamos dele o instigante “Manifesto para a Renovação da História”; por sua vez, Diorge Konrad – na qualidade de historiador, militante socialista e membro de nosso conselho consultivo -,  dá um depoimento pessoal sobre sua aproximação com a obra de Hobsbawm; ao mesmo tempo mostra a importância dela para a historiografia marxista, em particular, para  a pesquisa sobre a história social e o mundo do trabalho.  A seguir são informados os links que permitem acesso a uma dissertação acadêmica, artigos, resenhas e entrevistas de renomados especialistas em torno da obra do autor. Por último, marxismo21 publica três manifestações de partidos políticos da esquerda brasileira sobre a morte de Eric Hobsbawm.

Editores

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Eric Hobsbawm autografa A era dos extremos, em Paraty, RJ. (Detalhe significativo: um jornal da classe operária brasileira, até final da sessão, permaneceu à esquerda do historiador marxista.)

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Manifesto para a renovação da história

Eric HOBSBAWM
(texto apresentado no Colóquio da Academia Britânica sobre Historiografia Marxista, 13/11/2004)
“Até agora, os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo; trata-se de transformá-lo.”  Os dois enunciados da célebre “Teses sobre Feuerbach”, de Karl Marx, inspiraram os historiadores marxistas. A maioria dos intelectuais que aderiram ao marxismo a partir da década de 1880 – entre eles os historiadores marxistas  – fizeram isso porque queriam mudar o mundo, junto com os movimentos operários e socialistas; movimentos que se transformariam, em grande medida devido à influência do marxismo, em forças políticas de massas.
Essa cooperação orientou de maneira natural os historiadores que queriam transformar o mundo na direção de certos campos de estudo —fundamentalmente, a história do povo ou da população operária— os quais, se bem atraíam naturalmente as pessoas de esquerda, não tinham em sua origem nenhuma relação particular com uma interpretação marxista. Por outro lado, quando esses intelectuais deixaram de ser revolucionários sociais, a partir da década de 1890, com frequência também deixaram de ser marxistas.
A revolução soviética de outubro de 1917 reavivou esse compromisso. Lembremos que os principais partidos social-democratas da Europa continental abandonaram completamente o marxismo apenas na década de 1950, e às vezes ainda depois disso. Essa revolução gerou, também, o que poderíamos chamar de uma historiografia marxista obrigatória na URSS e nos Estados, que depois foi adotada por regimes comunistas. A motivação militante foi reforçada durante o período do antifascismo.
A partir da década de 1950 essa tendência começou a decair nos países desenvolvidos —mas não no Terceiro Mundo— apesar de que o considerável desenvolvimento do ensino universitário e a agitação estudantil geraram, dentro da universidade, na década de 1960, um novo e importante contingente de pessoas decididas a mudar o mundo. Contudo, apesar de desejar uma mudança radical, muitas delas já não eram abertamente marxistas, e algumas já não eram marxistas em absoluto.
Esse ressurgimento culminou na década de 1970, pouco antes do início de uma reação massiva contra o marxismo, mais uma vez por razões essencialmente políticas. Essa reação teve como principal efeito — exceto para os liberais, que ainda acreditam nisso— o aniquilamento da ideia de que é possível predizer, apoiados na análise histórica, o sucesso de uma forma particular de organizar a sociedade humana. A história havia se dissociado da teleologia.
Considerando as incertas perspectivas que se apresentam aos movimentos socialdemocratas e social-revolucionários, não é provável que assistamos a uma nova onda politicamente motivada de adesão ao marxismo. Mas devemos evitar cair em um centrismo ocidental excessivo. A julgar pela demanda de que são objeto meus próprios livros de história, comprovo que ela se desenvolve na Coréia do Sul e em Taiwan, desde a década de 1980, na Turquia, desde a década de 1990, e que há sinais de que atualmente avança no mundo árabe.
A virada social 
O que aconteceu com a dimensão “interpretação do mundo” do marxismo? A história é um pouco diferente, ainda que paralela. Concerne ao crescimento do que se pode chamar de reação anti-Ranke, da qual o marxismo constituiu um elemento importante, apesar de que isso nem sempre foi totalmente reconhecido. Tratou-se de um movimento duplo.
Por um lado, esse movimento questionava a idéia positivista segundo a qual a estrutura objetiva da realidade era, por assim dizer, evidente: bastava com aplicar a metodologia da ciência, explicar por que as coisas tinham ocorrido de tal ou qual maneira e descobrir wie es eigentlich gewessen (como ocorreu realmente). Para todos os historiadores, a historiografia se manteve e se mantém enraizada em uma realidade objetiva, ou seja, a realidade do que ocorreu no passado; contudo, não está baseada em fatos e, sim, em problemas, e exige investigação para compreender como e por que esses problemas —paradigmas e conceitos— são formulados da maneira em que são o em tradições históricas e em meios socioculturais diferentes.
Por outro lado, esse movimento tentava aproximar as ciências sociais da história e, em conseqüência, englobá-las em uma disciplina geral, capaz de explicar as transformações da sociedade humana. Segundo a expressão de Lawrence Stone, o objeto da história deveria ser “propor as grandes perguntas do por quê”. Essa “virada social” não veio da historiografia, senão das ciências sociais —algumas delas incipientes como tais— que naquele momento firmavam-se como disciplinas evolucionistas, ou seja, históricas.
Na medida em que é possível considerar Marx como o pai da sociologia do conhecimento, o marxismo — apesar de ter sido denunciado erradamente em nome de um suposto objetivismo cego— contribuiu para dar o primeiro aspecto desse movimento. Além disso, o impacto mais conhecido das ideias marxistas — a importância outorgada aos fatores econômicos e sociais— não era especificamente marxista, ainda que a análise marxista pesou nessa orientação, que estava inscrita em um movimento historiográfico geral, visível a partir da década de 1890, e que culminou nas décadas de 1950 e 1960, para benefício da geração de historiadores à qual pertenço, que teve a possibilidade de transformar a disciplina.
Essa corrente socioeconômica superava o marxismo. A criação de revistas e instituições de história econômico-social às vezes foi obra —como na Alemanha— de socialdemocratas marxistas, como ocorreu com a revista Vierteljahrschrift em 1893. Não aconteceu da mesma maneira na Grã Bretanha, nem na França, nem nos Estados Unidos. E inclusive na Alemanha, a escola de economia, marcadamente histórica, não tinha nada de marxismo. Somente no Terceiro Mundo do século XIX (Rússia e os Balcãs) e no do século XX, a história econômica adotou uma orientação principalmente social-revolucionária, como toda “ciência social”. Em consequência disto, foi muito atraída por Marx.
Em todos os casos, o interesse histórico dos historiadores marxistas não se centrou tanto na “base” (a infra-estrutura econômica) como nas relações entre a base e a superestrutura. Os historiadores explicitamente marxistas sempre foram relativamente escassos.
Marx influenciou a história principalmente através dos historiadores e dos pesquisadores em ciências sociais que retomaram as questões que ele colocava, tenham eles trazido, ou não, outras respostas. Por sua vez, a historiografia marxista avançou muito em relação ao que era na época de Karl Kautsky e de Georg Plekhanov, em boa parte graças à sua fertilização por outras disciplinas (fundamentalmente a antropologia social) e por pensadores influenciados por Marx e que completavam seu pensamento, como Max Weber. (ler mais: acesso )
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ERIC JOHN ERNST HOBSBAWM !*
Diorge Konrad**
Em primeiro lugar, estou preocupado com os usos e abusos da História, tanto na sociedade como na política, e com a compreensão, e espero, transformação do mundo(Eric Hobsbawm, em Sobre História)
Primeiro de outubro de 2012, cerca de oito horas da manhã, recebo a notícia da morte de Eric Hobsbawm.
A sensação é como se algo muito importante fosse arrancado do cérebro, uma espécie de vazio intelectual. Ainda impactado, menos de uma hora depois escrevi a seguinte mensagem repassada às minhas listas de correio eletrônico:

Quem de nós? Quem de nós não leu afoitamente alguma outra obra deste grande historiador do século XX? A Era dos Extremos? A Era dos Impérios? A Era do Capital? A Era das Revoluções? Mundos do Trabalho? Os Trabalhadores? Sobre História? Como Mudar o Mundo – Marx e o Marxismo! Quem de nós não se encantou com a sua forma de narrar a História? Quem de nós não discordou ou concordou com alguma “sacada” teórica deste alexandrino, historiador do mundo? Para nós da História Social do Trabalho, aprendemos mais sobre os trabalhadores e o mundo do trabalho com Eric Hobsbawm! Para nós de Teoria da História, aprendemos muito com o “que a História tem a nos dizer sobre o mundo contemporâneo”, como ele escreveu no título de um dos seus artigos! Hobsbawm se foi, breve como o seu século XX.

Queria que meus alunos de “Teoria da História”, que estudam comigo os trabalhos de Hobsbawm, desde 1995, compartilhassem mais uma vez algo que tenho a dizer sobre ele   e essa dialética entre o “tempo longo” e o “tempo breve”.
Eu o vi pela primeira vez em Porto Alegre, no início da década de 1990, no lotado “Auditório Dante Barone” da Assembléia Legislativa – palestrando em um português fluente – num Seminário sobre a Polis. No final, como autênticos tietes, eu e a historiadora Glaucia Konrad fomos pedir um autógrafo em A Era das Revoluções e A Era dos Impérios. Ao nos aproximarmos, ao final da conferência, parecia que o século XX estava à nossa frente. Ao ver os livros, o coordenador da mesa, Tarso Genro, disse que Hobsbawm estava muito cansado. Dissemos, porém, que só aceitaríamos ouvir isto dele. O historiador marxista, no entanto, foi extremamente gentil. Os livros continuam bem guardados … e com as honrosas dedicatórias.
Nesta passagem pela capital do Rio Grande do Sul, Hobsbawm teria ido ao Beira-Rio, acompanhado de um conselheiro do Internacional, Olívio Dutra. Falando da história de nosso time, o ex-prefeito e futuro governador teria reforçado a lenda sobre a origem do nome do Colorado, “fundado” por militantes anarquistas e homenageado em relação à organização mundial dos trabalhadores, formada por Karl Marx e outros em 1864.  Hobsbawm teria dito: “Então, aqui em Porto Alegre, torço para o Internacional”.
Seria bom que esta invenção repetida por muitos torcedores colorados fosse verdade! Ao menos, em relação a Hobsbawm, seria uma referência da história do presente a um dos movimentos que ele tanto pesquisou, a relação dos trabalhadores com o futebol. Infelizmente, trata-se de uma “lenda urbana” para muitos dos rio-grandenses colorados como eu. Na introdução de um livro clássico, organizado com Terence Ranger, Hobsbawm afirmou que “não há lugar nem tempo investigado pelos historiadores onde não haja ocorrido a ‘invenção’ de tradições”. Ao menos me consola que Hobsbawm tenha dito também que o “estudo das invenções das tradições é INTERdisciplinar”.[1]
Como historiador em formação na década de 1980 deveria ter começado como muitos, lendo Hobsbawm pela sua trilogia das Eras, que se tornaria tetra após a Queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética. Não! Como pretenso marxista, comecei pelos volumes deHistória do Marxismo, gentilmente cedidos por meus mestres da graduação em História, Anamaria e Luiz Carlos Rodrigues. Quando fui presenteado por eles com um dos volumes, iniciei a saga para ter todos os outros organizados por Hobsbawm e lançados no Brasil pela Paz e Terra. Era como um adolescente dos dias de hoje à procura de Harry Potter ou O senhor dos anéis , e como estes, um leitor voraz do que ia chegando às minhas mãos, no tempo em que comprávamos com sacrifício qualquer livro por mais de mil e poucos cruzeiros.
Em História do Marxismo, aprendi com Hobsbawm, que o marxismo foi a “escola teórica que teve a maior influência prática (e as mais profundas raízes práticas) na história do mundo moderno”, além de ser um “método para, ao mesmo tempo, interpretar e mudar o mundo”[2], na mais profunda concepção já dita antes por Marx na décima primeira tese contra Feuerbach. ler mais
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Textos e entrevistas

Eric Hobsbawm e François Furet: história, política e revolução, Priscila Corrêaacesso
História social, história militante, Pablo Pozziacesso
Resistências camponesas ao capitalismo na obra de EH, Michael Löwyacesso
O milenarismo camponês na obra de EH, Michael Löwy acesso
Marx, Weber e Hobsbawm, Jorge Novoaacesso
Notas sobre Eric Hobasbawm, João Alberto Costa acesso
Uma obra insuperável, Francisco Carlos Teixeira acesso
A era de Hobsbawm, Seminário Unicamp/INCAacesso
Tempos interessantes, Perry Andersonacesso
Como mudar o mundo, Terry Eagletonacesso
A atualidade de Marx, Marcello Musto acesso
Entrevista ao MST, 2009acesso
Um espelho do mundo em mutação, entrevista a P. Sérgio Pinheiroacesso
Marxismo hoje, Beppe Grilloacesso
A propósito de A era dos extremos, Roy Hora acesso
Para onde vai o império, E. Hobsbawm
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Manifestações de partidos políticos de esquerda no Brasil
* Partido Comunista Brasileiro
Olhar Comunista lamenta com pesar a morte, ontem em Londres, aos 95 anos de idade, do historiador marxista Eric Hobsbawm. Um dos maiores intelectuais do século XX, Hobsbawm deixa uma herança de obras fundamentais para o entendimento dos tempos atuais, como “A Era das Revoluções”, “A Era do Capital”, “A Era dos Impérios”, “A Era dos Extremos”, “História Social do Jazz”, entre outras.
Militou entre 1936 e 1989 no Partido Comunista da Inglaterra e, defendendo os ideais socialistas e comunistas, manteve uma postura crítica em relação à tudo à sua volta, inclusive quanto à experiência de construção do Socialismo na União Soviética. Em 2011, aos 94 anos, lançou o livro “Como Mudar o Mundo”, texto no qual que defende o uso do método e das ideias marxistas para a compreensão da crise atual do sistema capitalista. Hobsbawm manteve a coerência entre sua postura militante e as idéias que defendia. Deixa o legado da importância de estudar-se criticamente o passado sob a ótica da luta de classes, do trabalho contra o capital, sem deixar de levar em conta nenhum aspecto da vida humana, das formações sociais, para transformá-las no rumo da construção coletiva da emancipação humana, do fim da exploração do homem pelo homem, da construção de uma nova sociedade justa e igualitária, a sociedade comunista.
* Partido Socialismo e Liberdade.
Partido Socialismo e Liberdade vem a público lamentar a morte do renomado historiador marxista Eric Hobsbawm, ocorrida nesta segunda-feira dia 1 de outubro de 2012, aos 95 anos de idade, em decorrência de uma pneumonia.
A perda deste grande intelectual marxista, considerado um dos maiores historiadores do século XX e autor da consagrada trilogia “A era das revoluções”, “A era do capital” e “A era dos impérios”, entristece não apenas o PSOL, mas toda uma geração de intelectuais e militantes sociais que se inspiraram em sua brilhante obra.
Uma obra forjada pela análise crítica dos acontecimentos históricos que marcaram o século XX e por seu compromisso com a transformação social, sempre manifesta em sua opção por uma militância de esquerda desde quando aos 14 anos de idade ingressou no partido comunista.
Perdemos assim mais um grande pensador e intelectual de esquerda, num momento em que a humanidade precisa mais do que nunca refletir criticamente sobre seus dilemas civilizatórios e suas opções de futuro.
Cabe aos que continuam acreditando neste sonho, sobre os ombros deste gigante, buscarmos enxergar mais longe e nos colocarmos a altura dos novos desafios que se apresentam para a luta pelo socialismo neste novo século XXI.
Nossos pesares aos familiares, amigos e admiradores.
 * Partido Comunista do Brasil
Texto em Vermelho de um dirigente partidário, José Carlos Ruy: acesso

domingo, 1 de dezembro de 2013

100 documentários para inspirar o jornalismo


100 documentários para inspirar o jornalismo

Por Leonardo Sakamoto em 26/11/2013 na edição 774
Reproduzido do blog do autor, 17/11/2013
 
Antes de mais nada, uma justificativa: essa ideia de ficar fazendo lista não surgiu da falta do que fazer. Pelo contrário, dá trabalho. Até porque este que vos escreve não seria capaz sozinho de tais empreitadas, dependendo de amigas e amigos jornalistas para alcançar essa graça.
Respondendo a uma leitora receosa em cursar jornalismo, escrevi que poderia recomendar uma lista de livros de reportagens, literatura e reflexões sobre o mundo e a profissão para acompanhá-la na caminhada – seja ela qual fosse. Como já expliquei aqui, confesso, o comentário foi puramente retórico. Mas isso não impediu mais de uma centenas de mensagens exigindo a tal lista. Para evitar refilmagens de Fahrenheit 451, com a turba enfurecida na minha humilde choupana, atendi aos pedidos.
O post que reuniu 100 livros para inspirar o Jornalismo foi um sucesso de público. Daí, por sugestão do documentarista Caio Cavechini, este blog traz uma relação com 100 documentários para inspirar o Jornalismo. Eu sei, listar é hierarquizar, o que pode soar arrogante (mas vocês querem o quê vindo de um jornalista?)
Muita coisa vai faltar em qualquer seleção feita, portanto considere-a como uma provocação. E levando em conta que boa parte desses docs estão na rede a um Google de distância, sugiro que escolham, pelo menos, um dia por semana para pular a novela e se afundar num bom doc. O mundo não acabará e Félix e César vão continuar brigando. Depois você lê o resuminho.
Obrigado a Caio Cavechini, Carlos Juliano Barros, Cristina Charão, Fernanda Sucupira, José Chrispiniano, Julián Fuks, Igor Ojeda, Ivan Paganotti, Lúcia Ramos Monteiro, Maurício Monteiro Filho, Paula Chrispiniano, Ricardo Mendonça, Rodrigo Ratier e Spensy Pimentel pelas contribuições.
E vale lembrar de novo: isso é para ajudar a inspirar. Da mesma forma que Jornalismo não se aprende nos livros, ele é muito grande para passar apenas pelo vídeo. Deve incluir necessariamente a vivência diária, conhecendo o outro, o diferente. É legal ter conteúdo na bagagem, mas eles não substituem bagagem de vida. Que, por mais crucial que seja para um bom jornalismo, é o que mais falta na profissão. Seja por falta de oportunidade ou de vontade.
Boa pipoca com muita manteiga e pouco sal.
1. 24 City, de Jia Zhang-ke
2. 500 Almas, de Joel Pizzini
3. A Caverna dos Sonhos Esquecidos, de Werner Herzog
4. A Cidade, de Liliana Sulzbach
5. A Opinião Pública, de Arnaldo Jabor
6. A Personal Journey with Martin Scorsese Through American Movies, de Martin Scorsese e Michael Henry Wilson
7. A Pessoa é para o que Nasce, de Roberto Berliner
8. A queda da Dinastia Romanov, de Esfir Shub
9. A revolução não será televisionada, de Kim Bartley e Donnacha O’Briain
10. ABC da Greve, de Leon Hirszman
11. All Watched Over By Machines Of Loving Grace, de Adam Curtis
12. American Pimp, de Albert Hughes e Allen Hughes
13. Arquitetura da Destruição, de Peter Cohen
14. Balseros, de Carles Bosch e Josep Maria Domènech
15. Bicicletas de Nhanderu, de Ariel Ortega e Patricia Ferreira
16. Borom Sarret, de Ousmane Semène
17. Buena Vista Social Club, de Win Wenders
18. Burma VJ, de Anders Østergaard
19. Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho
20. Camp 14, Total Control Zone, de Marc Wiese
21. Caramujo Flor, de Joel Pizzini
22. Carne, Osso, de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros
23. Ciclón, de Santiago Alvarez
24. Cidadão Boilensen, de Chaim Litewski
25. Cinco Câmeras Quebradas, de Emad Burnat e Guy Davidi
26. Corações e Mentes, de Peter Davis
27. Corumbiara, de Vincent Carelli
28. Criança – a Alma do Negócio, de Estela Renner
29. Crônica de um verão, de Jean Rouch e Edgard Morin
30. Dark Side of the Moon, de William Karel
31. Diário de uma Busca, de Flavia Castro
32. Dirty Wars, Rick Rowly
33. Doméstica, de Gabriel Mascaro
34. Elena, de Petra Costa
35. Entreatos, de João Moreira Salles
36. Equilibrista, James Marsh
37. Estamira, de Marcos Prado
38. Harlan County USA, de Barbara Kopple
39. Hearts of Darkness – O Apocalypse de um Cineasta, de Fax Bahr e George Hickenlooper
40. História(s) do cinema, de Jean-Luc Godard
41. Homem-Urso, de Werner Herzog
42. Hospital, de Frederick Wiseman
43. Ilha das Flores, de Jorge Furtado
44. Imagens do mundo e inscrições da guerra, de Harun Farocki
45. Inside Job, de Charles Ferguson
46. Into the Abyss, de Werner Herzog
47. Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho
48. Jesus no Mundo Maravilha, do Newton Cannito
49. Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho
50. Justiça, de Maria Augusta Ramos
51. La Vida Loca, Christian Poveda
52. Loki – Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle
53. Man with a Movie Camera, de Dziga Vertov
54. Maranhão 66, Glauber Rocha
55. Memória do Saque, de Fernando Solanas
56. Moi, un noir, de Jean Rouch
57. Muito Além do Cidadão Kane, de Simon Hartog
58. Na Captura dos Friedmans, de Andrew Jarecki
59. Nós que aqui estamos, por vós esperamos, de Marcelo Masagão
60. Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán
61. Notícias de uma Guerra Particular, de João Moreira Salles
62. Once Brothers, de Michael Tolajian
63. Ônibus 174, de José Padrilha e Felipe Lacerda
64. Os catadores e eu, de Àgnes Varda
65. Os dias com ele, de Maria Clara Escobar
66. Posição entre as Estrelas, de Leonard Retel Helmrich
67. Powaqqatsi, de Godfrey Reggio
68. Prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento
69. Procedimento Operacional Padrão, de Errol Morris
70. Quadra Fechada, de José Roberto Novaes
71. Que viva Mexico!, de Sergei Eisenstein
72. Quebrando o Tabu, de Fernando Grostein Andrade
73. Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho
74. Retrato de Classe, de Gregório Bacic
75. Roger e Eu, de Michael Moore
76. Salesmen, de Albert Maysles, David Maysles e Charlotte Zwerin
77. Santiago, de João Moreira Salles
78. Searching for Sugarman, de Malik Bendjelloul
79. Sem sol, de Chris Marker
80. Serras da Desordem, de Andrea Tonacci
81. Super Size Me, de Morgan Spurlock
82. Surplus – Terrorized Into Being Consumers, de Erick Gandini
83. Tarnation, de Jonathan Caouette
84. Terra para Rose, de Tetê Morais
85. The Act of Killing, Joshua Oppenheimer
86. The Century of the Self, do Adam Curtis
87. The Corporation, Jennifer Abbott e Mark Achbar
88. The Cove, de Louie Psihoyos
89. The King of Kong – a Fistful of Quarters, de Seth Gordon
90. The thin blue line, de Errol Morris
91. The two Escobars, Jeff Zimbalist e Michael Zimbalist
92. Tiros em Columbine, de Michael Moore
93. Titicut Follies, de Frederick Wiseman
94. Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl
95. Uma história severina, de Debora Diniz e Eliane Brum
96. Valsa para Bashir, Ari Folman
97. Ventre Livre, de Ana Luiza Azevedo
98. Videogramas de uma revolução, de Harun Farocki e Andrei Ujica
99. Welfare, de Frederick Wiseman
100. Workingman’s Death, de Michael Glawogger
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Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Professor de Jornalismo na PUC-SP, é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.