segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Monocultura da soja dizima floresta paraguaia

A floresta paraguaia desaparece rapidamente. Em algumas regiões, o desmatamento chega a 90% para dar lugar à cultura de soja, exportada sobrtudo para alimentar animais na Europa e na China.

Cortar as matas significa também a perda da diversidade e de espécies raras. Para tentar frear a destruição, apoiamos uma iniciativa internacional na Ásia e na América Latina, afirma Bella Roscher, coordenadora do projeto na seção suíça do WWF - Fundo Mundial pela Natureza.

Roscher falou da iniciativa ao público que assistiu a projeção do documentário "Christine e a floresta", durante o Fórum Cinematográfico sobre Meio Ambiente, organizado em Berna pela Associação Latino-América-Suíça (ALAS).

Em certas regiões do planeta, a destruição é muito rápida. "Enquanto na América do Sul, desmata-se para plantar soja, na Ásia ocorre o mesmo fenômeno mas para planta palmeiras para a extração de óleo", explicou a swissinfo a sueca Roscher.

Com essa iniciativa, o WWF tenta envolver todos os atores do mercado, principalmente associações de lavradores e de mulheres, grandes e pequenos produtores, comerciantes, mas também consumidores da Europa, O intuito é elaborar, juntos, critérios para uma produção de soja mais responsável.
Bella Roscher, WWF.
Bella Roscher, WWF. (swissinfo)
Trabalho escravo
"Dizemos a todos que o problema tem graves conseqüências para o ser humano e o meio ambiente. Na Suíça, por exemplo, discutimos com a rede de supermercados Coop Naturaplan, que se comprometeu com uma produção de soja mais sustentável, sem desmatamento de florestas importantes para biodiversidade", afirmou Roscher.

Em abril de 2006, ocorreu um grande encontro em São Paulo entre os grupos de interesse para identificar as principais conseqüências da desflorestação. Todos reconheceram a existência de problemas ambientais mas também de problemas sociais.

"Organizações sociais denunciaram a existência de trabalho escravo na produção de soja, o que foi negado pelos grandes produtores, embora de maneira não muito convincente; então este é mais um problema a solucionar", destaca Roscher.

Recuperar a floresta perdida é uma utopia. "Nossa meta é mobilizar a todos para as conseqüências sejam menos graves; para isso elaboramos critérios globais para o desenvolvimento sustentável", precisou Roscher swissinfo.

"O grande objetivo é frear o desmatamento de alto valor, evitar a erosão e contaminação da água e, fator muito importante para o WWF, evitar a perda irreversível da biodiversidade, não somente no Paraguai mas também no Brasil, Argentina e Bolívia, os maiores produtores de soja da América do Sul".
Produzir soja mas de maneira responsável
Os critérios de responsabilidade incluem o meio ambiente mas também aspectos sociais, onde há graves problemas de pobreza e migração de pequenos agricultores para as cidades. Além disso, abrangem o aspecto econômico na produção de soja.

Tudo tem que ser responsável, afirma Roscher, reconhecendo que a produção biológica de soja no Paraguai é muito pequena. "O certo é que a produção convencional também seja responsável e, para isso, não precisa ser obrigatoriamente biológica. Por isso, um os objetivos é reduzir o uso de pesticidas e herbicidas".

Mas isso é possível em uma agricultura em que o uso de pesticidas é arraigado, especialmente nas monoculturas?. "Por enquanto não é realista tentar eliminar os pesticidas mas reduzi-los paulatinamente. Por isso produtores de pesticidas como Syngenta participam das discussões", responde Roscher.

É preciso uma mudança de mentalidade para conter o desflorestamento, afirma a representante do WWF suíço. No entanto, as opiniões divergem quando se discute onde deve ocorrer a mudança: no Paraguai produtor e pobre ou na Europa rica, que produz pesticidas e demanda grandes quantidades de soja.
'Christine e a floresta'
Este documentário de Beat Wieser mostra a luta do casal suíço Christine e Hans Hostettler, junto com o WWF, para evitar a destruição da floresta tropical do Paraguai.

Os Hostettler, originarios de Rüschegg, no cantão de Berna, emigraram em 1978 para o Paraguai. Como outros colonos de diferentes países, começaram a desmatar e plantaram 100 hectares de soja.

Em certo momento, ocorre no casal de suíça essa 'mudança de mentaliadade'. Da produção convencional de soja passaram para a produção biológica e os desmatadores converteram-se em protetores da floresta. Hoje recebem apoio logístico e financeiro dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Suíça.

O documentário concentra-se na luta de Christine e 'seu paraíso ameaçado', nas conseqüências ambientais da desflorestação.

So indiretamente aborda o problema social: famílias guaranis sem terra que migraram para as grandes cidades ou acusados de desmatar 'ilegalmente' as florestas em que viveram gerações de seus antepassados em harmonia com a natureza.

swissinfo, Rosa Amelia Fierro

Pesquisa identifica mutações genéticas ligada ao autismo

Cromossomo 11
Cromossomo 11 sofre mutação ligada ao autismo
Cientistas identificaram duas mutações genéticas que podem aumentar as chances de ocorrência do autismo, na maior pesquisa do tipo já realizada no mundo.

O estudo envolveu 120 cientistas de mais de 50 instituições em 19 países. Eles estudaram 1.200 famílias com duas ou mais crianças afetadas pelo autismo.

Os cientistas descobriram que uma das mutações genéticas ocorre em um gene desconhecido no cromossomo 11.

A outra afeta uma proteína chamada neurexina 1, pertencente a uma família de genes que ajudam na comunicação entre as células do sistema nervoso.

O autismo afeta a maneira como uma pessoa se comunica e interage com os que estão à sua volta. Cerca de 90 em cada 10 mil pessoas sofrem da condição. Os distúrbios tendem a emergir na infância e são mais comuns em meninos.

Genética

A pesquisa começou em 2002, quando cientistas de todo o mundo juntaram seus recursos para formar o Projeto do Genoma do Autismo.

Eles usaram uma nova tecnologia, chamada “chip do gene”, que permite que genomas inteiros sejam testados rapidamente.

Os cientistas suspeitavam que erros no mapeamento genético de uma pessoa pudessem ter ligações com a ocorrência do autismo.

As novas descobertas poderão permitir que os médicos testem crianças mais jovens e, no caso da possibilidade de autismo, comecem as terapias mais cedo. A pesquisa poderá ajudar ainda no desenvolvimento de novos tratamentos para o distúrbio.

“O autismo é uma condição muito difícil para as famílias. A comunicação é dada como certa por pais de crianças saudáveis, mas os pais de crianças com autismo sentem uma falta imensa”, disse o psiquiatra infantil Jonathan Green, que coordenou parte da pesquisa na cidade britânica de Manchester.

“Nós esperamos que esses resultados representem um passo para criar novos tratamentos no futuro”, disse.

Novo alvo

Para o professor John Burn, do Instituto de Genética Humana da Universidade de Newcastle, as descobertas são “notícias fantásticas”.

“Quase certamente existe uma interação entre vários genes, então essa descoberta não fornece uma resposta completa e talvez não leve diretamente a um teste genético. Mas ela pode ser um passo importante no desenvolvimento de tratamentos eficazes, já que mostra um alvo para novos remédios”, disse.

Já segundo Fred Cavalier, da Sociedade Britânica de Genética Humana, uma cura para o autismo ainda está muito distante.

A nova fase da pesquisa, que levará três anos e custará mais de £7 milhões (R$ 28 milhões), irá investigar mais a fundo as áreas do DNA que sofrem mutações ligadas ao autismo.

O estudo foi publicado na revista Nature Genetics.

EUA e Israel podem boicotar novo governo palestino

Ehud Olmert, primeiro-ministro de Israel
Olmert disse que posição de George W. Bush é 'idêntica'
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse neste domingo que Israel e os Estados Unidos podem boicotar o novo governo palestino – que ainda está em fase de formação – se o gabinete se recusar a aceitar determinadas "condições" colocadas pela comunidade internacional.

Dessas condições, a principal é o reconhecimento do Estado de Israel. Mas o primeiro-ministro também se referiu ao fim da violência e ao cumprimento dos acordos de paz existentes.

"Um governo palestino que não aceite as condições (internacionais) não pode ser reconhecido, e não haverá cooperação com ele", disse ele.

"Falei sobre isto com o presidente dos Estados Unidos e posso dizer que as posições de ambos são completamente idênticas."

As declarações de Olmert foram dadas um dia antes de a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, mediar um encontro entre Israel e os líderes palestinos.

O encontro a três ocorrerá na segunda-feira, mas Rice já se reuniu a sós com os dois lados neste domingo.

Chance

Um assessor do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que o líder palestino vai aproveitar o encontro para pedir uma "chance" ao novo governo.

A posição palestina é de que o novo governo, formado a duras penas em uma reunião na cidade de Meca, partiu do "único acordo possível" entre o partido de Abbas, o moderado Fatah, e o radical Hamas, que controla o parlamento e tem o primeiro-ministro.

Até firmar o acordo para o governo unitário, as duas facções protagonizaram confrontos que deixaram cerca de 90 mortos desde o fim do ano passado, segundo estimativas.

Desde que o Hamas venceu as eleições, em janeiro de 2006, os territórios palestinos estão sob embargo internacional. O partido se recusa a reconhecer o direito israelense à existência.

EUA, União Européia, ONU e Rússia condicionam o fim do boicote a que esta posição seja revertida.

O novo governo unitário contém apenas uma promessa de que vai "respeitar" os acordos de paz com Israel.

Fonte: BBC

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Uma Breve Análise Sobre Bioética


Amely B. Martins*

Muito se fala atualmente na palavra bioética, caracterizando até mesmo um quadro de típico modismo, mas que pode levar a discussões sensivelmente importantes para a sociedade, quando não apenas pronunciada, mas avaliada e discutida em toda a sua profundidade de sentido.

O conceito de bioética tem sido trabalhado desde 1927 e, até os dias atuais, existem várias definições diferentes, porém todas voltadas para a importância da interdisciplinaridade que esta deve conter. Uma definição que contempla este aspecto tão importante da bioética foi proposta pelo professor Van Resselaer Potter, que afirma: “Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores humanos”. Segundo Potter a bioética seria uma nova ciência ética que combinaria responsabilidade e uma competência interdisciplinar, mantendo uma ampla abrangência, pluralismo, abertura e incorporação crítica de novos conhecimentos.

Esta interdisciplinaridade convida a sociedade, em toda sua diversidade de opiniões, crenças e atitudes, para as diversas discussões que permeiam e compõem a bioética, para refletir sobre a construção de suas diretrizes e preceitos. A doutrina espírita por sua vez deve também se fazer presente nestas discussões, sem esquecer de seus aspectos pluralista e progressista que podem servir como importante fator de intercâmbio entre a ciência acadêmica e o próprio aspecto científico do espiritismo, muitas vezes esquecido.

A bioética se propõe a estudar e discutir vários aspectos da condução das pesquisas e principalmente no tocante à aplicabilidade destas junto à sociedade, como por exemplo, as discussões mais atuais em torno da pesquisa e utilização de células-tronco embrionárias com fins terapêuticos ou clonagem terapêutica. Em todas estas discussões pode ter o espiritismo uma importante colaboração, com sua visão mais abrangente sobre a vida material e espiritual.

Além da colaboração que o espiritismo pode e deve oferecer a estudos sobre bioética, é importante também que este, utilizando-se de seu sentido progressista, também amplie seus horizontes, também cresça em suas discussões e princípios, bebendo da ciência novos conhecimentos que devem ser criticamente aliados às suas raízes já bastante consolidadas.

Por tratar-se também de acepções e conceitos que estão relacionados com a aplicabilidade da ciência na sociedade, e com as relações e modo de vida dos homens, a bioética, assim como todas as correntes filosóficas da ética, tem sua evolução diretamente ligada à educação do ser humano; e neste aspecto educativo tem também o espiritismo uma importante parcela de responsabilidade.

A educação integral do ser humano tem como uma de suas conseqüências a vivência natural da ética em todos os seus sentidos e, no tocante à bioética, homens e cientistas integralmente educados certamente serão naturalmente éticos em suas pesquisas, garantindo a utilização ética de todas as novas tecnologias, visando sempre à melhoria de vida da humanidade.

Homens e cientistas integralmente educados serão a garantia da utilização ética de todas as novas tecnologias, visando sempre à melhoria de vida da humanidade.

*Amely B. Martins, de João Pessoa/PB, é Bióloga e membro da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa. E-mail: assepe@assepe.org .

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Preconceito e xenofobia explícitos em Hollywood


Turistas, de John Stockwell, é mais um roteiro com uma coleção de descabidos estereótipos sobre o Brasil que revelam o ranço da xenofobia e da ignorância típica do descomprometido cinema de entretenimento americano.

Nós somos feios, sujos, selvagens e malvados. Eles são belos, ricos e inocentes. O Brasil é um país miserável e perigoso, onde todos são traidores e brutos. Não há infra-estrutura, nem autoridades. Nada funciona, as praias são tomadas pelo som de rap, violência desregrada, caipirinha, açaí e sexo fácil. Exuberante só a natureza, ainda assim tomada por saúvas carnívoras. Esse é o Brasil do filme Turistas, de John Stockwell, que chega nesta sexta-feira, 16, aos cinemas.

Na trama, um grupo de jovens turistas americanos e europeus tiram férias em busca de sol, aventura e mulheres, mas acabam sendo vítimas de um esquema de contrabando de órgãos liderado por um psicopata numa cidadezinha em algum lugar do litoral. Os turistas são mantidos em jaulas e têm os rins retirados para abastecer o mercado negro e vez ou outra salvar uma criancinha vitimada pela violência carioca.

Os estrangeiros todos falam a mesma língua, são todos loiros de olhos azuis e unem-se frente às atrocidades de um paraíso enganador. Os nativos são quase todos negros, com trejeitos indígenas, que rosnam e grunhem em vez de falar. É a selvageria do país incorporada aos costumes dos seqüestradores do grupo de mochileiros.

Num roteiro de excessos, cada fotograma parece jorrar sangue. Os capangas a serviço da máfia dos órgãos amarram as vítimas em pedaços de pau e os carregam como fariam selvagens imaginários em rituais canibais. O líder do bando fura o olho de um rival com um espetinho de queijo coalho, enquanto um dos turistas sutura um corte na cabeça de um brasileiro acidentado com um grampeador.

Turistas segue a linha de outras produções sobre estrangeiros em terras longínquas e cruéis como A Viagem (Brokedown Palace, 1999), de Jonathan Kaplan, A Praia (The Beach, 2000), de Danny Boyle, e o recente O Albergue (The Hostel, 2006), dirigido por Eli Roth e produzido por Quentin Tarantino. A diferença entre as produções é que, no caso do filme ambientado no Brasil, o país foi a bola da vez na onda de caricaturas grotescas a serviço do entretenimento barato.

Mas interpretar o filme como um ataque direto a um país específico seria dar crédito demais à produção, que não tem ambições políticas ou intelectuais. O roteiro original previa que a história se passasse na Guatemala, mas, segundo a produção, a falta de estrutura daquele país deslocou o enredo e elenco para o Brasil. É só mais um roteiro com o ranço da xenofobia e da ignorância, que poderia se passar na Indonésia, Camboja ou qualquer outro paraíso tropical procurado por americanos e europeus.

Num único momento em que parece haver o esboço de um discurso político, o médico responsável pela retirada dos órgãos, interpretado pelo brasileiro Miguel Lunardi, recapitula o histórico colonial do país. Lembra que, no Brasil, já foram explorados açúcar, ouro e borracha e descamba para a baboseira ao afirmar que é a hora da vingança com o roubo de fígados e rins dos filhos das potências imperialistas.

Se não fosse ficção tão ruim, poderia causar acidentes diplomáticos. Nos Estados Unidos, a campanha publicitária do filme apresenta o Brasil como uma terra selvagem, onde vale tudo. Mas, pensando bem, para eles, poderia ser qualquer lugar ensolarado bem distante da bonança norte-americana.

Ou mudamos ou morremos!!!

Leonardo Boff*

Hoje vivemos uma crise dos fundamentos de nossa convivência pessoal,
nacional e mundial. Se olharmos a Terra como um todo, percebemos que quase
nada funciona a contento. A Terra está doente e muito doente. E como somos,
enquanto humanos, também Terra (homem vem de húmus = terra fértil), nos
sentimos todos, de certa forma, doentes. A percepção que temos é de que não
podemos continuar nesse caminho, pois nos levará a um abismo. Fomos tão
insensatos nas últimas gerações que construímos o princípio de
autodestruição. Não é fantasia hollywoodiana.

Temos condições de destruir várias vezes a biosfera e impossibilitar o
projeto planetário humano. Desta vez não haverá uma arca de Noé que salve a
alguns e deixe perecer os demais. Os destinos da Terra e da humanidade
coincidem: ou nos salvamos juntos ou sucumbimos juntos.

Agora viramos todos filósofos, pois nos perguntamos, entre estarrecidos e
perplexos: como chegamos a isso?

Como vamos sair desse impasse global? Que colaboração posso dar como pessoa
individual?

Em primeiro lugar, há de se entender o eixo estruturador de nossas
sociedades hoje mundializadas, principal responsável por esse curso
perigoso. É o tipo de economia que inventamos. A economia é fundamental,
pois ela é responsável pela produção e reprodução de nossa vida. O tipo de
economia vigente se monta sobre a troca competitiva. Tudo na sociedade e na
economia se concentra na troca. A troca aqui é qualificada, é competitiva.
Só o mais forte triunfa. Os outros ou se agregam como sócios subalternos ou
desaparecem. O resultado desta lógica da competição de todos com todos é
duplo: de um lado, uma acumulação fantástica de benefícios em poucos grupos
e, de outro, uma exclusão fantástica da maioria das pessoas, dos grupos e
das nações.

Atualmente, o grande crime da humanidade é o da exclusão social. Por todas
as partes reina fome crônica, aumento das doenças antes erradicadas,
depredação dos recursos limitados da Natureza e um ambiente geral de
violência, de opressão e de guerra.

Mas, reconheçamos: por séculos essa troca competitiva abrigava a todos, bem
ou mal, sob seu teto. Sua lógica agilizou todas as forças produtivas e criou
mil facilidades para a existência humana. Mas, hoje, as virtualidades deste
tipo de economia estão se esgotando. A grande maioria dos países e das
pessoas não cabe mais sob seu teto. São excluídos ou sócios menores e
subalternos, como é o caso do Brasil. Agora, esse tipo de economia da troca
competitiva se mostra altamente destrutiva, onde quer que ela penetre e se
imponha. Ela nos pode levar ao destino dos dinossauros.

Ou mudamos ou morremos, essa é a alternativa. Onde buscar o princípio
articulador de uma outra sociabilidade, de um novo sonho para frente? Em
momentos de crise total precisamos consultar a fonte originária de tudo, a
Natureza. Que ela nos ensina? Ela nos ensina – foi o que a Ciência já há um
século identificou – que a lei básica do Universo não é a competição que
divide e exclui, mas a cooperação que soma e inclui. Todas as energias,
todos os elementos, todos os seres vivos, desde as bactérias e vírus até os
seres mais complexos, somos inter-retro-relacionados e, por isso,
interdependentes. Uma teia de conexões nos envolve por todos os lados,
fazendo-nos seres cooperativos e solidários. Quer queiramos ou não, pois
essa é a lei do Universo. Por causa desta teia chegamos até aqui e poderemos
ter futuro.

Aqui se encontra a saída para um novo sonho civilizatório e para um futuro
para as nossas sociedades: fazermos desta lei da Natureza, conscientemente,
um projeto pessoal e coletivo, sermos seres cooperativos. Ao invés de troca
competitiva, onde só um ganha, devemos fortalecer a troca complementar e
cooperativa, onde todos ganham. Importa assumir, com absoluta seriedade, o
princípio do prêmio de economia John Nesh, cuja mente brilhante foi
celebrada por um não menos brilhante filme: o princípio ganha-ganha, onde
todos saem beneficiados sem haver perdedores.

Para conviver humanamente, inventamos a economia, a política, a cultura, a
ética e a religião. Mas, nos últimos séculos, o fizemos sob a inspiração da
competição que gera o individualismo. Esse tempo acabou. Agora temos que
inaugurar a inspiração da cooperação que gera a comunidade e a participação
de todos em tudo o que interessa a todos.

Tais teses e pensamentos se encontram detalhados nesse brilhante livro de
Maurício Abdalla, O princípio da cooperação. Em busca de uma nova
racionalidade.

Se não fizermos essa conversão, preparemo-nos para o pior. Urge começar com
as revoluções moleculares. Comecemos por nós mesmos, sendo seres
cooperativos, solidários, compassivos, simplesmente humanos. Com isso
definimos a direção certa. Nela há esperança e vida para nós e para a Terra.

* Leonardo Boff é teólogo, filósofo, espiritualista e ecologista. É
professor emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Brasil paga US$ 100 mi a mais por gás boliviano


O governo Lula firmou um acordo com a administração de Evo Morales. A coisa foi explicada na manha desta quinta-feira (15), em Brasília. Em meio a muito blábláblá, coube ao ministro boliviano dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, fazer o melhor resumo: o Brasil vai pagar anualmente US$ 100 milhões a mais pelo gás que compra da Bolívia.

A conta refere-se ao reajuste dos contratos que asseguram o abastecimento da região Sudeste, que tem em São Paulo o seu maior consumidor. Na véspera, já se havia anunciado que o Brasil topara aumentar também o preço do gás comprado por Mato Grosso. O que, pelas contas do mesmo ministro Villegas, renderá à Bolívia um adicional de US$ 44,86 milhões por ano.

Tudo somado, Evo viu em Brasília uma mega-uva de US$ 144,86 anuais. As autoridades brasileiras esforçam-se para demonstrar que o acordo-companheiro é justo. Difícil concordar integralmente com o raciocínio sem torturar o significado do vocábulo.

Vá lá que Lula queira rasgar contratos legitimamente firmados para ajudar um vizinho pobre. Trata-se de uma graciosidade imposta à Petrobras. Mas o reajuste não é dos mais expressivos. O que incomoda é a impressão de que o governo está alisando a cabeça de uma serpente.

O morubixaba Evo invadiu militarmente instalações da Petrobras. Depois, pôs-se a destratar o Brasil. Disse que o Acre foi anexado ao território brasileiro em troca de um cavalo. Chamou a Petrobras de chantagista. Acusou a e empresa de prática de contrabando.

A diplomacia-companheira ficou devendo aos nacionais que pagam os seus contra-cheques uma resposta à altura das provocações. Agora vem o Evo a Brasília e Lula mostra-lhe suas melhores uvas. Quem garante que, amanhã, depois de fartar-se, Evo não vai virar a cara para o Brasil de novo? Se proceder assim, não poderemos culpá-lo. Lula deixou-o mal acostumado.

Escrito por Josias de Souza

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Em 20 anos, faltará água para 60% do mundo, diz ONU


Menino bebe água
Consumo de água dobrou em relação a crescimento populacional
Dentro de 20 anos, uma proporção de dois terços da população do mundo deve enfrentar escassez de água, de acordo com a FAO, agência das Nações Unidas para agricultura e alimentação, sediada em Roma.

Segundo a FAO, o consumo de água dobrou em relação ao crescimento populacional no último século.

Pouco mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo já não têm acesso a água limpa suficiente para suprir suas necessidades básicas diárias, disse Pasquale Steduto, diretor da unidade de gerenciamento dos recursos hídricos da FAO.

Segundo ele, mais de 2,5 bilhões não têm saneamento básico adequado.

Steduto pediu maior esforços nacionais e internacionais para proteger os recursos hídricos do planeta.

A irrigação para cultivos agrícolas atualmente responde por mais de dois terços de toda a água retirada de lagos, rios e reservatórios subterrâneos.

Em várias partes do mundo, agricultores que tentam produzir alimentos suficientes e obter renda também enfrentam estiagens sistemáticas e crescente competição por água.

O que os agricultores têm que fazer, diz a FAO, é armazenar mais água da chuva e reduzir o desperdício ao irrigar suas plantações.

"A comunidade global tem conhecimentos para lidar com a escassez de água. O que é necessário é agir", afirma a agência das Nações Unidas.

Fonte: BBC

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Futebol: Curiosidades

Foram os ingleses que trouxeram o futebol para o Brasil. Por isso, a maior parte dos termos utilizados nesse esporte é de origem inglesa. Não só os termos, frise-se, mas também nome de clubes. Afinal, de onde você acha que vêm os nomes Sport Club do Recife e Sport Club Corinthians, entre muitos outros? Lógico que da terra dos Beatles.


Até os anos 50, o predomínio de formas inglesas na terminologia do futebol brasileiro era esmagador. Torcedores e cronistas esportivos escreviam e falavam palavras como football, goal, penalty, score, shoot, team, back, goalkeeper; referee, corner, hands. Com a popularização cada vez maior do esporte bretão, nacionalistas, principalmente mestres do vernáculo, se insurgiram contra esse abuso de anglicismos. E, assim, entraram em campo os aportuguesamentos futebol, gol, pênalti, escore, chute, time, beque, goleiro, juiz/árbitro, escanteio e toque, substituindo as forma estrangeiras.
Mas o inglês não foi o único exportador das palavras futebolísticas. Por exemplo, do francês placard, veio placar; zagueiro, que substituiu o aportuguesamento de origem inglesa beque, veio do espanhol zaguero. E o espanhol platino importou do quíchua, língua nativa do Peru, cancha e a exportou para nós, que a assimilamos sem nenhuma modificação.
Dos aportuguesamentos futebolísticos, a novela mais polêmica foi sem dúvida a que tratou do nome do esporte. Alguns puristas mais radicais não aceitavam a palavra futebol por não ser de origem vernácula. Por isso, propuseram a substituição dela por palavras criadas a partir de elementos gregos e latinos. Veremos isso agora.


BOLAPÉ, BALÍPODO E LUDOPÉDIO


Somos o país do futebol. Agora, imagine se em vez de "país do futebol", o Brasil fosse chamado de "o país do bolapé". Ou se fôssemos pentacampeões de "balípodo". Ou se a competição que mobiliza nosso país de quatro em quatro anos fosse a "Copa do Mundo de Ludopédio". O que acha? Não está entendendo? Eu explico: bolapé, balípodo e ludopédio foram três propostas de nacionalização do inglês football, que, por motivos que vão desde a sonoridade à falta de bom gosto, não pegaram. Preferimos dar uma roupagem vernácula à inglesa football, grafando-a futebol, de acordo com os moldes da nossa ortografia. Isso é uma prova de que em língua não adiantam decretos, intervenções oficialescas e até pitacos de "gênios", como o do filólogo Castro Neves, criador de balípodo, e o do poeta Fernando Pessoa, o pai de bolapé. O povo é a língua. E a língua é do povo. Purismos, nacionalismos lingüísticos, para ser fortes, para sobreviver, têm de partir do povo. Esse é o fato.

CURITIBA x CORITIBA


A capital do Paraná é "Curitiba", com U. O clube, porém, é "Coritiba", com O. Se você é aficionado do futebol, conhece essa distinção gráfica muito bem. Agora, o porquê disso certamente você desconhece. A questão é a seguinte: quando o clube foi fundado, a cidade tinha duas grafias: uma de origem indígena (Curityba, que em tupi-guarani significa "muito pinhão") e uma aportuguesada (Coritiba). Na época da fundação, o clube escolheu a forma aportuguesada e com ela está até hoje. Foi diferente com a cidade, que, depois da reforma gráfica que proibiu o uso do Y em nossas palavras, adotou a grafia Curitiba.

O CORINTHIANS E OS CORÍNTIOS


Já ouviu falar da cidade grega Corinto? E do Club Corinthians Paulista? Do clube certamente você já ouviu falar. Da cidade, talvez não. E o que o Corinthians tem a ver com Corinto? Tudo, pois a palavra inglesa "corinthians" corresponde à nossa "coríntios". É que os ingleses que fundaram o clube paulista quiseram homenagear os habitantes de Corinto, os coríntios (em português) ou the corinthians (em inglês).



GANDULA


Na década de 40, jogava no Vasco da Gama um argentino muito ruim de bola. Esse "hermano" perna-de-pau chamava-se Gandulla. O coitado era tão ruim, que os técnicos quase nunca o escalavam para as partidas. Geralmente ficava na margem do campo, assistindo aos jogos. Quando a bola saía, "lépido e fagueiro", o gringo ia atrás da pelota para repô-la ao jogo. E assim, todas as vezes que a bola ia para fora, a torcida cobrava: "Pega a bola, Gandulla!" Graças a isso, o nome próprio Gandulla virou o substantivo comum gandula, sinônimo de profissional responsável pela reposição de bolas nas partidas de futebol.

LAÉRCIO LUTIBERGUE é professor de português, consultor e revisor de texto

Dois pesos;duas medidas:pobre mídia!!!!

ESPERIZAÇÃO
(Liberada a caça aos pobres)
Volnei Batista de Carvalho

Que ingenuidade minha pedir aos donos do poder para que mudassem o poder(Giordano Bruno antes de ser queimado vivo)

Esperização é “o fenômeno psicosocial de travestir a realidade com justificações hipócritas aos desvios de conduta da elite dominante à defesa da impunidade por crimes cometidos por seus membros”.
Esperização é denominação colhida do nome do famoso costureiro, Ronaldo Ésper, branco e rico, flagrado roubando vasos de flores em cemitério. O fato sociológico e criminológico observado comparativamente outro caso acorrido à mesma época com a anônima empregada doméstica, Angélica Aparecida de Souza Teodoro, negra e pobre, flagrada em furto de um pote de manteiga em supermercado.
Ésper foi prontamente socorrido pelo espírito imunizante da elite nacional. Angélica ficou 128 dias no “cadeião”, perdeu a guarda do filho e teve quatro habeas-corpus negados. Ésper foi prontamente colocado em liberdade, desnecessitando de habeas-corpus. As “embaixatrizes socialites”, Hebe Camargo e Luciana Gimenez, valendo do espaço da mídia, mídia que no geral permaneceu calada, ao contrário quando do caso Angélica, partiram para defesa de Ronaldo Ésper, inclusive abrindo espaço especial na televisão para defesa própria do ladrão. Ele dramatiza o ato criminoso, cinicamente chora e ri na frente das câmeras, com cena transmita para milhões telespectadores. Ora se justifica inocente com falácias pueris, ora, como réu confesso, pede perdão às “clientes” e familiares. Foi calorosamente aplaudido pela platéia. Ronaldo Ésper foi premiado com um programa na TV – “educador de massa”. Deste fato social, o fenômeno esperização.
Verifica-se a esperização como um fenômeno social abrangente, a partir da nítida divisão em duas classe distintas na estrutura da sociedade. A “elite” governante e a massa plebéia, governada. Diferenciam-se em deveres e obrigações sociais e legais, no acesso às instituições políticas, no uso de bens e serviços públicos, na repartição da produção social da riqueza, mascarando a idealização de um Estado Democrático de Direito. O direito e o fático: a um, lei nenhuma, ou as benesses; a outro, toda lei, e seus rigores.
As justificativas hipócritas se dão no ajuste da realidade arquitetada e o fato concreto. O máximo de uma sociedade civilizada é o direito e a justiça, mas é no proceder ao direito para a justiça que a esperização falseia a idéia do injusto em justo, afastando ao longe dos olhos a impunidade e a aproximando do inconsciente. A impunidade só é definida quando comparativamente significa punição desigual.
A esperização é a falsa realidade de que temos um Estado democrático quando na verdade vivemos um “Estado feudal moderno”, nepótico e despótico. Ao contrário da servidão medievalista, o povo é “coisificado”, nada valendo a não ser o de justificar o poder numa fantasiada sociedade politicamente organizada. Nosso país é uma grande sociedade anônima – Brasil SA. Tudo se traduz em rentabilidade e utilidade, desde que à fartura da elite.
Como aceitar passivamente, sob justificativas das mais absurdamente irracionais, que a elite use dos aparelhos do Estado para assassinar impunemente milhões do povo? Quem acusa a elite? O desvio de recursos à saúde, à educação, ao atendimento às necessidades sociais, que reflete conseqüência de sofrimento e morte, é ou não crime, assassinato, genocídio? Quem julga a elite? Tem-se uma sociedade politicamente organizada, um Estado Democrático de Direito, com os poderes institucionais abrigando horda governando? Quem pune a elite?
A esperização é a detecção do supra-sumo da miséria intelectual nacional, refletida nos governantes, juízes, artistas, jornalistas, professores, policiais, pastores... O que mais execrável que ter um Parlamento como covil? Sermos governados como coisas em mesa de negociação sindical? Ser julgado por juízes condenáveis? Artistas venais? Jornalistas tendenciosos? Professores ignorantes? Policiais assassinos? Pastores imorais? São minorias, poucos, inexpressivas... Se, minorias, poucos, inexpressíveis, porque permanentes e sem reação e precaução da maioria, dos muitos, da parte mais expressiva? No mínimo, o crime de cumplicidade pela convivência ou conivência omissiva.
E onde entra a questão do menino arrastado até a morte pelas ruas do Rio de Janeiro?
A princípio, há que todo ser humano profundamente se condoer com a morte de inocentes... e também de culpados. A morte de João Hélio foi de evidente horror e pavor, a merecer todos protestos em nome da civilização. Porém, por mais que tentem situar o caso na barbárie para justificar exemplo de punição ou punição coletiva contra os pobres, a esperização os desmascaram.
Por mais horrenda e pavorosa que tenha sido a morte daquela criança, não justifica que os assassinos sejam conduzidos esgoelados, literalmente, por mãos de policiais ao olhar de todo. Nem quem, por causa desse fato insólito, se queira reduzir a idade penal punitiva, a pensarem em punir crianças de até 13 anos.
Porque não puniram os filhos da elite que queimaram vivo o índio patachó? Qual a punição dada àqueles assassinos? A matança daquelas crianças na porta da igreja da Candelária, a tiros, enquanto dormiam? Qual a punição dada aos assassinos? E a tortura e morte de crianças, filhos de pobres, nas Febens? Em fim, etc, etc, assim ad infinitum e ad eternum...
Que o Estado seja amoral, mas a elite governante o transforma em imoral. Que as instituições sejam públicas, mas a elite dominante transforma as instituições a serviço do nepotismo e o corporativista insano. Que temos leis escritas, mas desigualmente aplicadas, em benefício da impunidade à glorificação da força do poder da elite. As armas que mais matam são acionadas pelos agentes do Estado. Que os grandes traficantes não estão nas favelas, se confundem entre agentes políticos.
Disso, como entender a tolerância com toda a barbárie policial praticada diariamente, décadas, secularmente, em flagrante violação dos mais comezinhos direitos humanos? Como justiçar a massa encarcerada de pessoas humildes do povo? Dos privilégios de prisões especiais para certos indivíduos, qualificados por elitizados? De foro privilegiado, que deveriam temer e rejeitar, por ser tribunais superiores?
Ora, não é o Estado, nem as instituições, as leis, as armas, as drogas e as bebidas alcoólicas, o responsável direto a tamanha violência reinante. Nem a se imputar como mal da natureza humana, nem resultado de intervenção de forças malignas transcendentais. O povo miúdo é bom (está deixando de ser), pacífico (está deixando de ser), solidário (está deixando de ser), alegre (está deixando de ser). O que há é um comportamento de relacionamento social nacional, entre um extrato social distinto, a classe dominante, e o restante do povo, a massa, subjacente a toda a forma de expressão de violência social. Esse comportamento das elite é culturalmente histórico, e para mudar significa processo abrupto de ruptura. Esse relacionamento é também sistêmico porque se define e se manifesta através do ordenamento jurídico, econômico e político. O ordenamento jurídico, injusto; o econômico, desumano; e político, excludente. E ideológico, na esperização, na medida da produção e reprodução de realidades inconcretas. Disso, é de se entender que toda esse estado permanente de violência do Brasil repousa na única e exclusiva responsabilidade da classe dominante, agente e mandante de toda miséria e criminalidade que crassa a sociedade brasileira.
O problema da mudança é que a nação acostumada à servidão, agora passivamente aceita a “coisificação” gradativa, até ser coisa descartável. Contenta-se em aplaudir idéias manipuladas de dominação e a jogar a liberdade a um salvador transcendental. Enquanto seu filhos rebeldes, premidos em reagir para sobreviver, são tratados como animais e dizimados pelas ruas e prisões.
Só uma maneira da caça resistir, se voltar contra o caçador.