quinta-feira, 15 de março de 2007

Bush, o ponto G da barbárie


O dado objetivo, o que de fato motiva a turnê de Bush, é a aposta nas assimetrias dos países da região para impor fraturas em um processo de integração que deixa no passado recente o fatalismo de “quintal”.

Purificar um lugar sagrado dos maus espíritos, após ele ter sido visitado pelo presidente Bush, é uma tarefa que não deveria ficar restrita aos sacerdotes maias que anunciaram a medida na Guatemala. As lideranças religiosas do Brasil, Colômbia, Uruguai e México também deveriam auscultar o sagrado para ver o que dizem templos e oráculos.

Quando Bush afirma que “minha viagem é para explicar o mais claramente que posso que nosso país é generoso e compassivo, que quando vemos pobreza, nós nos importamos; que quando vemos analfabetismo, nós queremos fazer algo a respeito” bem se vê que a retórica do Império ainda parte de dois pressupostos que, se no passado, lograram êxito, dificilmente encontram eco na atual América Latina: o esquecimento da história e a pronta adesão da periferia à lógica da insensatez.

O dado objetivo, o que de fato motiva a turnê de Bush, é a aposta nas assimetrias dos países da região para impor fraturas em um processo de integração que deixa no passado recente o fatalismo de “quintal”, o derrotismo histórico bradado como vantagens comparativas por nossas elites vassalas. O que está em jogo é a reiteração de uma hegemonia que não se pretende contestada por democracias soberanas. Do colosso estadunidense nada podemos esperar que não seja retrocesso, barbárie travestida de boas-intenções.

Incapazes de superar suas contradições estruturais, os Estados Unidos estão condenados a ser uma máquina permanente de destruição. Dependem do complexo industrial-militar para manter o dólar como moeda universal, mas o custo do aparato bélico está na raiz de seus dois grandes déficits. No fio da navalha, o capital se reproduz sob a forma de pulsão coletiva de morte. Abu Ghraib é a expressão contemporânea daquilo que, ao analisar os campos nazistas, Hannah Arendt chamou de produção de homens supérfluos. Meras coisas destituídas de história e identidade.

Detentos humilhados sexualmente e empilhados nus para a satisfação libidinal de jovens soldadas foram as imagens indesejáveis de uma invasão que se pretendia asséptica e espetacular. Crianças sodomizadas, prisioneiros obrigados a renegar o Islã e retirar alimentos de vasos sanitários retrataram as conseqüências precisas do receituário dos falcões militaristas e seus aliados da direita cristã. Nesse contexto, a recruta Jessica Lynch e sua improvável bravura cederam a cena para a soldada Lynndie, participante ativa do abuso de prisioneiros. O épico deu lugar ao porno-crushing da nova fase imperialista. Esboço estético em perfeita simetria com o projeto ético dos segmentos dirigentes dos Estados Unidos.

Guantámano é o não-lugar, encravado em Cuba, onde mais de 500 prisioneiros, quase todos sem qualquer acusação formal, estão desprovidos de qualquer tipo de direitos. Formam uma subcasta, não têm nome ou humanidade. São o que de mais expressivo a globalização neoliberal impôs ao ordenamento jurídico internacional: a reprodução em escala ampliada dos dálits: os intocáveis da Índia.

O Império luta por sua perpetuação hegemônica. Convenções ambientais, inspeções de armas químicas e biológicas em seu próprio território e criação de um Tribunal Penal Internacional são mecanismos de frenagem da expansão pretendida. A comunidade internacional e as resoluções de organismos multilaterais como a ONU são ecos de uma história remota. Não há porque levá-los em conta em questões estratégicas. Pouco pode deter os cruzados de Washington e seus aliados. Não há espaço para arrazoados humanistas no ideário de Cheney, Rumsfeld ou Condoleeza Rice. "César" Bush sempre fará ouvidos moucos aos protestos em escala planetária. Autonomizado da democracia, o governo americano opera com tirania de escala. Isso é o que nos reservava o “Projeto para um novo século americano", estudo elaborado pela direita acadêmica para assegurar o controle do mundo, sobrepondo seus princípios através da força econômica e militar.

O capital estadunidense tem sede (há água em abundância na antiga Mesopotâmia), precisa repor as energias (as jazidas iraquianas são estimadas em 112 bilhões de barris) e precisa pagar pouco por isso (evitando a depreciação do dólar frente ao euro). Se somarmos a esses vetores, a necessidade de defender a moeda em função do endividamento excessivo, veremos o que move discurso guerreiro. Longe de proteger o ocidente da insanidade islâmica ou levar a democracia ao mundo árabe, Moab's e Tomahawks serviram como elementos de regulação de uma economia capitalista em crise sistêmica.

Da ameaça asiática ao reordenamento do bloco europeu, a crise estrutural do capitalismo não dá muita margem de ação aos Estados Unidos. Talvez seja o caso de lembrar o filósofo húngaro István Mészáros: "Do perverso ponto de vista de realização do capital, consumo e destruição são equivalentes".

À impossibilidade de se sobrepor à pluralidade de capitais, resta ao governo americano o keynesianismo de guerra. A barbárie não é um desvio de rota ou uma falha de comando, mas o desdobramento necessário da matriz ideológica do neoliberalismo.Não será trocando republicano por democrata na presidência dos Estados Unidos que sairemos ilesos dessa aventura. Muito menos mudando os carcereiros, sob pressão da opinião pública norte-americana em período eleitoral, que cessará a sub-humanidade em qualquer ala de Abu Ghraib. A impossibilidade crescente de obter consenso junto à sociedade civil mundial não prende a serpente ao ovo. Pelo contrário, isso a deixa amedrontada e preparada para o bote. O julgamento e execução de Saddam Hussein demonstram que não há mais lugar para disfarces. O patológico é a normalidade do capitalismo pós-industrial.

Os movimentos sociais anti-sistêmicos precisam, cada vez mais, abandonar posturas meramente reativas e partir para uma ofensiva contra-hegemônica. Para tanto, é necessário resgatar a política e reunificá-la ao mundo do trabalho.

A criação de uma nova esfera pública é a única possibilidade de reversão do quadro atual. Se Forrest Gump desligar a televisão e for para as ruas protestar, estaremos salvos. Caso contrário, só resta fazer o documentário da nossa época. Sugiro a cobertura da convenção do Partido Republicano ou um seminário do Likud. Najaf e Faixa de Gaza dão belos cenários. Se Leni Riefenstahl está morta, a nova versão de o "Triunfo da Vontade" não exige grande talento. As motivações só mudaram de continente, mas a cultura de extermínio obedece aos mesmos ditames. A alternativa está dada: ou a barbárie do Império ou uma redefinição imediata do ordenamento internacional.

Que a sabedoria maia seja ouvida! Melhor que apostar num improvável “ponto G” e descobrir que Tânatos demitiu Eros da vida humana.

Fonte: agencia carta maior

Tanques cheios à custa de barrigas vazias


Documento dos movimentos sociais de seis países da América Latina sobre a expansão da cultura da cana-de-açúcar.
Via Campesina
Nós, representantes de entidades e movimentos sociais do Brasil, Bolívia, Costa Rica, Colômbia, Guatemala e República Dominicana, reunidos no seminário sobre a expansão da indústria da cana na América Latina, constatamos que:
O atual modelo de produção de bioenergia é sustentado nos mesmos elementos que sempre causaram a opressão de nossos povos: apropriação de território, de bens naturais, de força de trabalho.
Historicamente, a indústria da cana serviu de instrumento para a manutenção do colonialismo em nossos países e a estruturação das classes dominantes que controlam até hoje grandes extensões de terras, o processo industrial e a comercialização. Este setor se baseia no latifúndio, na superexploração do trabalho (inclusive no trabalho escravo) e na apropriação de recursos públicos. O setor se estruturou no monocultivo intensivo e extensivo, provocando a concentração da terra, da renda e do lucro.
A indústria da cana foi uma das principais atividades agrícolas desenvolvida nas colônias. Permitiu que setores que controlavam a produção e a comercialização conseguissem acumular capital e com isso contribuir para a estruturação do capitalismo na Europa. Na América Latina, a criação e o controle do Estado, desde o século XIX, continuaram a serviço dos interesses coloniais. Atualmente, o controle do Estado por este setor é caracterizado pelo chamado “capitalismo burocrático”. A indústria da cana definiu a estruturação política dos Estados nacionais e das economias latino-americanas.
No Brasil, a partir dos anos 1970, quando houve a chamada “crise” mundial do petróleo, a indústria da cana passa a produzir combustível, o que justificaria sua manutenção e expansão. O mesmo ocorre a partir de 2004, com o novo Pró-Álcool, que serve principalmente para beneficiar o agronegócio. O governo brasileiro passa a estimular também a produção de biodiesel, principalmente para garantir a sobrevivência e a expansão de grandes extensões de monocultivo da soja. Para legitimar essa política e camuflar seus efeitos destruidores, o governo estimula a produção diversificada de biodiesel por pequenos produtores, com o objetivo de criar o “selo social”. As monoculturas têm se expandido em áreas indígenas e em outros territórios de povos originários.
Em fevereiro de 2007, o governo estadunidense anuncia seu interesse em estabelecer uma parceria com o Brasil para a produção de biocombustíveis, caracterizada como principal “eixo simbólico” na relação entre os dois países. Essa é claramente uma face da estratégia geopolítica dos Estados Unidos para enfraquecer a influência de países como Venezuela e Bolívia na região. Também justifica a expansão de monocultivos da cana, soja e palma africana em todo o território latino-americano.
Aproveitando-se da legítima preocupação da opinião pública internacional com o aquecimento global, grandes empresas agrícolas, de biotecnologia, petroleiras e automotivas percebem que os biocombustível representam uma fonte importante de acumulação de capital.
A biomassa é apresentada falsamente como nova matriz energética, cujo princípio é a energia renovável. Sabemos que a biomassa não poderá realmente substituir os combustíveis fósseis e que tampouco é renovável.
Algumas características inerentes da indústria da cana são a destruição do meio ambiente e a superexploração do trabalho. Utiliza-se principalmente da mão-de-obra migrante. Portanto, estimula processos de migração, tornando os trabalhadores mais vulneráveis e dificultando ainda mais sua organização. O duro trabalho no corte da cana tem causado a morte de centenas de trabalhadores.
As mulheres trabalhadoras no corte da cana são ainda mais exploradas, pois recebem salários mais baixos ou, em alguns países, como na Costa Rica, não recebem seu salário diretamente. O pagamento é feito ao marido ou companheiro. É comum também a prática do trabalho infantil em toda a América Latina, assim como a exploração de jovens como principal mão-de-obra no estafante corte da cana.
Os trabalhadores não têm nenhum controle sobre a pesagem de sua produção e consequentemente de seu salário, pois são remunerados por quantidade de cana cortada e não por horas trabalhadas. Esta situação tem sérios efeitos para a saúde e causa até mesmo a morte de muitos trabalhadores por fadiga, pelo trabalho excessivo que demanda o corte de até 20 toneladas de cana por dia. A maioria das contratações é terceirizada por intermediários ou “gatos”. Isso dificulta a possibilidade de reivindicação dos direitos trabalhistas, pois não existe um contrato formal de trabalho. A figura do empregador é escondida nesse processo, que nega a própria relação de trabalho.
O Estado brasileiro estimula a utilização de terras dos assentamentos de reforma agrária e de pequenos agricultores, que atualmente são responsáveis por 70% da produção de alimentos, para produzir biocombustíveis, comprometendo a soberania alimentar.
Portanto, assumimos o compromisso de:
Ampliar e fortalecer as lutas dos movimentos sociais na América Latina e no Caribe, por meio de uma articulação entre as organizações dos trabalhadores existentes e as entidades de apoio.
Denunciar e combater o modelo agrícola baseado no monocultivo concentrador de terra e renda, destruidor do meio ambiente, responsável pelo trabalho escravo e a superexploração da mão-de-obra. A superação do atual modelo agrícola passa pela realização da Reforma Agrária ampla que elimine o latifúndio.
Fortalecer as organizações de trabalhadores rurais, assalariados e camponeses para construir um novo modelo alicerçado na agricultura camponesa e na agroecologia, com produção diversificada, priorizando o consumo interno. É preciso lutar por políticas de subsídios para a produção de alimentos. Nosso principal objetivo é garantir a soberania alimentar, pois a expansão da produção de biocombustíveis agrava a situação de fome no mundo. Não podemos manter os tanques cheios e as barrigas vazias.
São Paulo, 28 de fevereiro de 2007.

De novo Abel erra!

O treinador Abel Braga do Sport Clube Internacional mais uma vez decepciona. Num jogo dificílimo contra o Velez da Argentina pela taça Libertadores das Américas, edição de 2007, escala mal o seu time. Ao colocar Michel e Adriano gabirú na equipe, nos lugares de Welintom Monteiro e Alex demonstrou sua teimosia em insistir com dois jogadores que na verdade, desde que foram contratados não mostraram a que vieram, com alguns jogos de excessão. Deixou Perdigão na reserva. este jogador apesar de suas deficiências ténicas tem demonstrado ao longo do campeonato gaúcho boas atuações, inclusive com marcação de gol e boas assistências. Mas a maior crueldade de Abelão foi deixar o Pato e o Cristian na reserva. No segundo tempo, quando deveria colocar apenas um deles, colocou os dois ao mesmo tempo e o que se viu foi um fracasso total, pior do que no primeiro tempo, não tendo o Inter sequer uma conclusão a gol. Abel mais uma vez mostra para todos sua incapacidade e sua teimosia em escalar "seus protegidos" em detrimento da equipe e dos jogadores que ficam de fora, podendo estar em campo contribuindo para as vitórias coloradas tão escassas esse ano. Ou o Abel muda sua forma de agir ou o colorado vai cair fora na primeira fase do campeonato gaúcho e da libertadores, o que seria um fracasso total dessa nova diretoria que ao nosso ver está deixando a desejar. Estamos todos com saudades de Fernando Carvalho.

Relação Neurônios e Estresse

Estresse
O estrese extremo pode contribuir para a depressão
Um único episódio de estresse extremo pode ser o suficiente para destruir novas células nervosas no cérebro, de acordo com uma pesquisa.

Os pesquisadores da Universidade Franklin Rosalind, nos Estados Unidos, acreditam que a perda dessas células possa ser uma das causas da depressão.

Os cientistas usaram grupos de ratos jovens e de ratos mais velhos e agressivos para o estudo, que foi publicado na revista Journal of Neuroscience.

Cada rato jovem foi colocado em uma gaiola com dois ratos mais velhos durante 20 minutos.

Os ratos velhos intimidavam e, em alguns casos, atacavam os mais novos com mordidas.

Estresse

O nível de estresse dos ratos jovens colocados nessas gaiolas chegou a ser seis vezes mais alto do que o normal.

Os cientistas descobriram que o estresse afeta as células do hipocampo, a área do cérebro responsável pelo aprendizado, memória e emoção.

O hipocampo é uma das regiões cerebrais que continua a desenvolver células nervosas durante a vida, tanto nos ratos quanto em seres humanos.

O estresse não impediu a produção de novas células, como acreditavam alguns cientistas. Mas as células tiveram mais dificuldade em sobreviver, o que significa que houve uma redução no númetro de neurônios novos para processar sentimentos e emoções.

Os pesquisadores acreditam que a perda de células nervosas pode ser uma causa de depressão.

Uma semana após o teste, apenas um terço das novas células produzidas havia sobrevivido. A sobrevivência dos neurônios em longo prazo também foi comprometida.

Os pesquisadores acreditam que o estudo possa ajudar no desenvolvimento de tratamentos para impedir que situações muito estressantes causem problemas de depressão.

Tratamentos

Como os neurônios não morrem imediatamente após o episódio de estresse, mas pelo menos 24 horas depois, o tratamento poderia ser administrado nesse intervalo para impedir a perda de células.

O coordenador da pesquisa, Daniel Peterson, disse que o próximo passo é entender como o estresse reduz a sobrevivência dos neurônios.

Para o professor David Kendall, da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, apesar de o estresse extremo ser prejudicial à saúde, níveis moderados podem ser benéficos.

“A regra parece ser que um pouco de estresse é bom para você, mas o estresse severo e imprevisível é ruim”, disse.

Fonte:BBC

terça-feira, 13 de março de 2007

Dale INTER!!!!



Contra os desfalques e os problemas dentro de campo, o Inter busca a inspiração nas imagens dos bastidores da maior conquista de sua história. Antes do treino de ontem, os jogadores assistiram pela primeira vez ao DVD de cerca de 50 minutos sobre o título do Mundial de Clubes.

Os lances fizeram Abel Braga chorar no escurinho da sala de conferências do vestiário, usada habitualmente para suas palestras ao grupo. Ao final da exibição, com os olhos marejados, o técnico reforçou a importância de repetir a façanha e convocou todos para a reação contra o Vélez Sarsfield, amanhã, em Buenos Aires.

Desde a primeira cena, o documentário emocionou o grupo. No vestiário, antes do jogo contra o Al Ahly, os jogadores aparecem abraçados. Fernandão fala do sonho de estar naquela situação e grita aos companheiros.

Na seqüência, aparecem as imagens captadas pelo cinegrafista do Inter e pelas câmeras de jogadores e integrantes comissão técnica. Durante a exibição, os jogadores alternaram os risos e as brincadeiras dos momentos engraçados com o silêncio e as lágrimas nos trechos mais tensos. Adriano Gabiru, o herói da decisão, era um dos mais emocionados com as imagens.

Ao final do documentário, houve gritos e aplausos. Abel levantou e pediu a palavra. Aproveitou para usar as imagens como motivação visando ao jogo de Buenos Aires. O documentário, produzido pela assessoria de imprensa e pela Catraca Filmes, ainda não tem data de lançamento. O DVD será distribuído exclusivamente para os sócios em dia. Um trailer com um pequeno trecho pode ser conferido no site oficial do clube.

Viva Chavez!!!!!

Chavez, no México continua criticando Busch e sua política imperialista. Por onde anda e "representante assassino do diabo", continua semeando guerras e discórdias entre as nações, impedindo seu crescimento, diz Chavez, se referindo ao "senhor da guerra".
Para ele, no entanto, os países da américa latina deveriam se unir em torno de um projeto comum que viesse a facilitar o crescimento dos países mais pobres, criando assim um grande bloco, bastante fortalecido e, é claro, capitaneado por ele, Hugo Chavez.
Veja o video: globovideo

videos da Venezuela

Saiba tudo o que ocorre na Venezuela. Boas reflexões...
http://www.venezuelaenvideos.com/index.htm

Etanol e Biocombustível são a nova onda do neoliberalismo



A era Bush 2, com a sua escancarada brutalidade na condução da geopolítica mundial, desertificou profundamente o sonho dourado com as “maravilhas da América”, historicamente alimentado por enorme parte da população ao redor dos cinco continentes. Não seria, ainda assim, nada oportuno desfazer-se de uma postura, no mínimo, precavida mediante a “inédita” visita do presidente ao Brasil e a outros países latino-americanos, amplamente divulgada como indutora de oportunidades ímpares para o desenvolvimento dos comércios nacionais.

Após a crise mundial dos anos, já remoto o debate sobre a crise da dívida externa e uma vez já desmontados os Estados nacionais e praticamente concluídas as privatizações mais importantes do continente latino-americano, o neoliberalismo viu-se diante da contingência de reciclagem das estratégias de acumulação de capital. Ao mesmo tempo, às grandes potências mundiais, especialmente aos EUA, impôs-se a necessidade de diversificar sua matriz energética, diminuindo a dependência do petróleo em função das incertezas no Oriente Médio, das tensas relações com a Venezuela e também em face do apelo que fontes limpas e renováveis exercem no atual contexto de aquecimento global.

Obviamente, os EUA não podem satisfazer seu apetite energético por biocombustíveis. Os cultivos deverão ser alocados em países em desenvolvimento, com plantações em grande escala de cana-de-açúcar, soja etc., com todas as implicações negativas que esses tipos de cultivo trazem para o meio ambiente – avançando sobre os bosques tropicais e a biodiversidade - para a estrutura fundiária e para as economias nacionais. Não é, portanto, mera coincidência que se vem observando o crescimento a passos largos dos “investimentos na mineração, na expansão do cultivo de soja e, mais recentemente, vemos alguns países líderes como o Brasil se oferecerem para ser grandes exportadores de biocombustíveis. Trata-se de uma reprimarização das exportações após uma crise que deixou o aparato industrial da região desmoronado e vulnerável. A região, em seu conjunto, tende a converter-se em provedora de commodities ao mundo desenvolvido”.

Alerte-se, ademais, para os obscuros motivos industriais por trás dos biocombustíveis, que têm na Monsanto e similares seus atores chave: “a oportunidade de transformar irreversivelmente a agricultura em plantações geneticamente modificadas”.

Fonte: correio da cidadania

sábado, 10 de março de 2007

O MITO DO "FASCISMO ISLÂMICO"


Contra todas as evidências, o governo Bush e alguns intelectuais europeus procuram identificar movimentos e governos islâmicos como próximos a Hitler ou Mussolini. Há oportunismo e planos de guerra por trás desta imprecisão

Stefan Durand

“Eles se comportam por grandes concepções, tão grandes quanto dentes cariados. A lei, O poder, A autoridade, O mundo, A rebelião, A fé. Assim, podem fazer misturas grotescas, dualismos sumários, a lei e o rebelde, o poder e o anjo”. Nisso, “eles interrompem o trabalho que consiste em ’formar’ conceitos para articulação fina, ou bem diferenciada, de modo a escapar das grandes noções dualistas”. Foi nesses termos que Gilles Deleuze se expressou em 1977, para denunciar o que chamou o “pensamento nulo” dos “novos filósofos” que, segundo ele, “vivem de cadáveres” [1]. Não é de se espantar que, trinta anos depois, esses “pensadores nulos”, esses grandes praguejadores, cada vez mais “novos”, mas nunca “filósofos”, estejam na vanguarda para propagar na França, com base em “misturas grotescas”, o conceito vazio de “fascismo islâmico”, oposto, em um “dualismo sumário” à “civilização judaica-cristã”.

Poderíamos nos contentar em rir se esse conceito de “fascismo islâmico” não tivesse sido utilizado publicamente pelo presidente George W. Bush, em uma entrevista coletiva em 7 de agosto de 2006, e depois em outros discursos oficiais norte-americanos, nos quais foram agrupados movimentos extraordinariamente diferentes uns dos outros (Al-Qaeda, os Irmãos Muçulmanos, o Hamas e o Hezbollah), transformando esses movimentos "em sucessores do nazismo e do comunismo". A requalificação da “guerra contra o terrorismo” em “guerra contra o fascismo islâmico”, que insere os movimentos fundamentalistas muçulmanos na linha dos totalitarismos do século 20, não foi inocente. Ela visa a legitimar as políticas bélicas, baseando-se novamente nos amálgamas e nos velhos truques sempre eficazes da “política do medo”.

A paternidade do neologismo “islamo-fascismo” foi fortemente reivindicada no hebdomadário de William Kristol, The Weekly Standard, pelo jornalista Stephen Schwartz [2], um ex-trotskista convertido ao neoconsevadorismo. Com o pseudônimo de Suleyman Ahmad Al-Kosovi, Schwartz é autor de um panfleto que denuncia um “lobby wahhabita” tramado nas universidades norte-americanas. Além disso, é colaborador de um site muito controvertido, Front Page Magazine de David Horowitz, admirador dos textos racistas de Oriana Fallaci. Mas Schwartz utilizou o termo pela primeira vez apenas em 2001. Não foi ele, então, quem inventou a expressão, mas o historiador Malise Ruthven, em 1990, no jornal britânico The Independent [3]. No entanto, é incontestável que quem mais popularizou a expressão nos Estados Unidos foi Christopher Hitchens. Jornalista brilhante, outrora muito de esquerda, aderiu à guerra do presidente Bush contra o Iraque. Mas se essa expressão encontrou lugar até num discurso oficial do presidente, provavelmente foi devido ao orientalista Bernard Lewis [4], conselheiro da Casa Branca, estimulado por uma hostilidade sem limites em relação ao islamismo. Aliás, Schwartz considera-se um discípulo de Bernard Lewis.

Uma qualificação instrumental

Se nos basearmos nas definições teóricas tradicionais formuladas pelos mais eminentes especialistas em fascismo, sejam de Hannah Arendt, de Renzo de Felice, de Stanley Payne ou de Robert Paxton, perceberemos que nenhum dos movimentos islâmicos agrupados pelo presidente George W. Bush na expressão “islamo-fascismo” corresponde aos critérios. Não que a religião seja incompatível com o fascismo. Embora Payne considere que, para se desenvolver, o fascismo tenha necessidade de um espaço secular [5], Paxton e outros contestam alegando que isso é válido apenas no caso europeu. Pode muito bem existir um fascismo muçulmano, como um fascismo cristão, um fascismo hindu e um fascismo judaico. Nenhuma religião é impermeável a isso.

Mas os movimentos apontados pela administração Bush não entram de maneira alguma nessa categoria. É verdade que alguns elementos do fascismo tradicional podem se manifestar em movimentos fundamentalistas muçulmanos: a dimensão paramilitar, o sentimento de humilhação e o culto ao chefe carismático (todavia, em certa medida, muito relativo e incomparável aos cultos do Führer ou do Duce). Mas todas as outras dimensões, absolutamente fundamentais, do fascismo, de maneira alguma podem neles ser encontradas.

O Al-Qaeda é um movimento transnacional e, portanto, bem longe do “nacionalismo integral” que caracterizou os fascismos europeus. O fascismo é, por natureza, imperialista e expansionista, enquanto os movimentos islâmicos, como o Hamas e o Hezbollah, por mais contestáveis que possam ser suas orientações religiosas, são movimentos em luta contra ocupações territoriais e se qualificam como anti-imperialistas. A dimensão corporativa, inerente ao fascismo, também não existe em todos esses movimentos. Além disso, nenhum deles é sustentado pelo complexo militar-industrial de seu país. Nenhuma dimensão burocrática aparece, enquanto a burocracia era central nos fascismos europeus.

Sustentar que o islamismo é o sucessor do nazismo e do comunismo constitui uma redução, no mínimo, surpreendente. Dispor de um “Estado sectário” representa uma condição necessária ao exercício de um poder de natureza totalitária. Ora, os grupos alvos estão, na maioria das vezes, à margem do poder de seu país, ou são perseguidos por esse último. Por outro lado, os aspectos ideológicos parecem muito secundários entre os movimentos islâmicos, enquanto Raymond Aron enfatizava “o lugar demente” da ideologia no sistema totalitário que, segundo ele, se baseava em um “primado da ideologia” [6].

Sociedades vivas e anti-autoritárias

O fascismo e o nazismo seduziram milhares de intelectuais entre os mais eminentes de sua geração. O Al-Qaeda não pode se beneficiar de uma sustentação dessa ordem, e sua ideologia, das mais sumárias, lembra mais a dos fenômenos sectários do que a dos regimes totalitários europeus.

O fascismo e o nazismo eram movimentos de massa, baseados em uma politização e aceitação das multidões, enquanto o Al-Qaeda não tem aprovação popular e conseguiu seduzir apenas uma minoria muito reduzida de muçulmanos, apesar de todos os elementos propícios como a crise econômica e a humilhação generalizada. Em cada um dos países árabes e muçulmanos encontram-se latentes, sob ditaduras freqüentemente submissas aos Estados Unidos, sociedades civis extraordinariamente vivas e antitotalitárias. Por outro lado, como escreve Robert Paxton: “O que fundamentalmente nos impede de sucumbir à tentação de classificar de fascistas os movimentos fundamentalistas como Al-Qaida e o Talibã é que não são produtos de uma reação contra as democracias disfuncionais. Sua unidade é mais orgânica do que mecânica, para retomar a célebre distinção de Emile Durkheim [7]. Acima de tudo, esses movimentos não podem “renunciar às instituições livres”, se jamais as tiveram [8]. Poderíamos evocar muitos outros elementos que permitem recusar essa analogia com o totalitarismo: nada de monopólio de informações, nada de darwinismo social, nada de economia dirigida nem de mobilização planejada da indústria, nada de monopólio das armas...

O caso da República Islâmica do Irã certamente é o mais problemático. O presidente Ahmadinejad pode se apoiar em um “Estado sectário”, controla muito estreitamente os meios de comunicação por intermédio de um Ministério da Cultura e da orientação islâmica, e mobiliza sua economia – muito planejada –, assim como seu imponente complexo militar-industrial. No entanto, pode-se falar de islamo-fascismo? De fato, não, tanto que a oposição continua numerosa. O presidente iraniano deve compor com o Majlis (Parlamento), e não precisou de muitos meses para obter a confirmação de alguns ministros para isso. Por outro lado, o líder do Estado iraniano, o “guia supremo”, o aiatolá Khamenei, submeteu as decisões do governo de Ahmadinejad ao aval do Conselho de Discernimento, dirigido por Hachemi Rafsandjani, que é simplesmente o candidato derrotado por Ahmadinejad nas eleições presidenciais.

Ahmadinejad deve também compor com o “reformador” Khatami, que conserva uma popularidade não negligenciável. Tzvi Barel sustenta, no Haaretz, que as severas críticas antiisraelenses do presidente iraniano “na verdade, podem se explicadas pelas tensões ideológicas e pelas relações de força na República Islâmica” [9]. Enfim, Ahmadinejad, o “populista”, tem muita dificuldade para seduzir as elites, e grande parte da sociedade civil iraniana está determinada a lutar contra a dominação dos ultraconservadores.

Os semi-fascismos próximos da Casa Branca

Se o termo genérico “islamo-fascismo” é totalmente incongruente, isso não quer dizer que a impregnação fascista não exista no contexto islâmico. Os mundos árabe e muçulmano têm um número considerável de ditaduras e de regimes autoritários que poderíamos considerar de tendência fascista. Esses regimes são, em sua maioria, fiéis aliados dos Estados Unidos em sua “guerra mundial contra o terrorismo”. Os ditadores uzbeque, cazaque e turcomeno são curiosamente poupados pelas críticas americanas, ainda que o caráter semi-fascista desses regimes seja muito claro. A monarquia saudita está em perfeita harmonia com Washington, quaisquer que sejam seus excessos. O apoio à política externa americana resulta na absolvição de todas as derivas autocráticas e tendências fascistas. Quando o coronel Mouammar Kadhafi, ao celebrar o 37º aniversário de sua chegada ao poder, demandou o assassinato de seus oponentes, muito poucas vozes se manifestaram no Ocidente [10].

O termo “fascista” poderia se justificar no que diz respeito à ditadura do presidente Saddam Hussein, dos baasistas e de seus moukhabarat (serviços secretos). O regime de Saddam Hussein era ultranacionalista, baseava-se no culto excessivo ao chefe, e não distinguia entre as esferas pública e privada; além disso era expansionista. As mesmas características encontram-se, de maneira atenuada, entre os baasistas sírios. Ao fazer uma conferência no Kuwait, em 1987, Edward Said alertou os governos do Golfo: “Ao continuarem a sustentar Saddam Hussein financeiramente, vocês são cúmplices desse fascismo árabe, de que acabarão sendo vítimas”. Somente no dia 2 de agosto de 1990, após a invasão de seu país, foi que os dirigentes do Kuwait compreenderam.

A hipocrisia é ainda mais impressionante se imaginarmos que os “islamo-fascistas” de hoje, principalmente os combatentes afegãos, durante sua luta contra os soviéticos foram qualificados em Washington como os “equivalentes morais” dos fundadores dos Estados Unidos [11]. Os Irmãos Muçulmanos egípcios também têm sido muito generosamente ajudados pelos serviços de informações britânico e norte-americano. E o governo israelense favoreceu os Irmãos Muçulmanos na Palestina (antes do nascimento do Hamas) para conter o poder do Fatah e da Organização da Libertação da Palestina.

Termos que estigmatizam populações

Pode-se e deve-se criticar com virulência alguns movimentos que, no mundo muçulmano, recorreram ao terrorismo e apresentam um aspecto fascista, mas sem no entanto recorrer a termos genéricos e provocadores como “nazislamismo” e “ilsamofascismo”, que estigmatizam populações inteiras ao estabelecer uma relação direta entre sua religião e os partidos extremistas que instrumentalizaram essa religião em nome de objetivos políticos. Recusar conceitos fraudulentos como “islamofascismo” não significa de maneira alguma que se deva proibir de criticar os crimes dos islâmicos e sua visão do mundo. Diversos intelectuais muçulmanos não se privaram disso. O brilhante intelectual paquistanês Eqbal Ahmad comprovou uma coragem excepcional ao defender Salman Rushdie diante de multidões paquistanesas em cólera, e isso no momento em que alguns filósofos franceses posavam de heróis por o terem defendido diante do público profano de Saint-Germain-des-Prés.

Todas essas considerações sobre a definição exata do fascismo simplesmente têm pouca importância do ponto de vista dos jacksonianos [12] e dos neoconservadores que dominam a política externa dos Estados Unidos, para os quais o uso da expressão “fascismo islâmico” é útil sobretudo por sua carga emocional, pois permite semear o medo. E é aí que reside o principal perigo. Ao acreditar na idéia de que o Ocidente combate um novo fascismo e novos Hitler, prepara-se a opinião pública para aceitar a idéia de que a guerra pode e deve ser “preventiva”; que a resposta para a “ameaça fascista” deve ser pesada; e que, portatanto, está justificada quaisquer que sejam as conseqüências a vidas humanas. “Os aliados bombardearam Dresden”, retrucam os neoconservadores diante das críticas ao lançamento, pelos F16 israelenses, de centenas de bombas com submunições nos bairros libaneses de alta densidade residencial.

Essa obstinação em querer “nazificar” seu adversário não é nova. Periodicamente, os meios de comunicação ocidentais descobrem um “IV Reich” e um “novo Füher”. Sucessivamente, Gamal Abdel Nasser, Yasser Arafat, Saddam Hussein, Slobodan Milosevic e, hoje, Mahmoud Ahmadinejad foram comparados a Hitler. Nasser foi chamado de o “Hitler do Nilo”. Menahem Begin chamou Arafat de o “Hitler árabe”.

Como se procura preparar uma guerra

Hoje, o caricatural presidente iraniano Ahmadinejad, e seus discursos que negam o geonício judeu, oferecem um novo terreno fértil para as manipulações da mídia. Foi assim que o neoconservador iraniano Amir Taheri, ex-colaborador do Xá, lançou uma “notícia” de que o Irã se apressava em obrigar os judeus iranianos a usarem a estrela amarela. Ainda que falsa, essa informação apareceu na primeira página do jornal canadense The National Post, fundado por Conrad Black, com uma grande manchete: “O IV Reich”. Mesmo que essa informação tenha sido vigorosamente contestada pelos judeus iranianos e por toda a imprensa, nada mudou relativamente à questão. O “golpe da mídia” teve êxito e, a partir de então, centenas de milhares de canadenses e de norte-americanos ficaram convencidos de que os judeus iranianos usam a estrela amarela e que o Irã representa exatamente um IV Reich. O que será, obviamente, muito útil se os Estados Unidos decidirem lançar, contra o Irã, uma nova guerra preventiva que fará milhares de vítimas civis.

Os utilizadores da expressão “islamo-fascismo” têm em comum querer atacar e praticar as ações militares preventivas conduzidas em nome da “guerra mundial contra o terrorismo”. Ao longo dos anos, Bernard Lewis popularizou mais ou menos abertamente a noção de acordo com a qual os árabes e os “orientais” somente compreendem pela força, noção de que os generais franceses Jacques Massu e Marcel Bigeard também compartilham e que colocaram em prática na Argélia, com o conhecido sucesso. Lewis teria se inspirado muito bem na leitura de Hannah Arendt, que escreveu: “Não obstante todas as esperanças do contrário, parece que há um argumento que os árabes são incapazes de compreender: é a força” [13].

Unir sob uma única bandeira, a de “islamo-fascistas”, dezenas de movimentos extraordinariamente diferentes, sempre em conflito uns com os outros, e tendo objetivos muito diferentes, permite enraizar o mito de um complô islâmico mundial, ocultar assim as questões geopolíticas e puramente profanas. E, portanto, não mais evocar as causas que levam ao nascimento da maior parte desses movimentos, principalmente as ocupações militares e os conflitos territoriais dos quais somente uma justa resolução pode permitir drenar o terreno sobre o qual prospera o terrorismo contemporâneo.

Prepara-se assim a opinião pública para novas guerras, simula-se sem muito trabalho a postura de Churchill e permite-se tratar simetricamente de “partidários do acordo de Munique” todos aqueles que se opõem a essas guerras tão absurdas quanto contraprodutivas. Em vez de neles ver espíritos lúcidos, são apresentados como “idiotas úteis”, encarnações modernas de Edouard Daladier e de Neville Chamberlain que, em 1938, assinaram os acordos de Munique com Hitler. “Nada pior dos que as pretensas lições da História, quando ela é mal compreendida e mal interpretada”, dizia Paul Valéry!

Tradução: Wanda Caldeira Brant
wbrant@globo.com



[1] Texto inicialmente publicado como suplemento no no. 24 da revista bimestral Minuit, Paris, maio de 1977.

[2] Ver seu artigo de 17 de agosto de 2006, “What is islamofascism?”

[3] 8 de setembro de 1990: “O autoritarismo governamental, para não dizer o islamo-fascismo, é mais regra do que exceção do Marrocos ao Paquistão.”

[4] Ler Alain Gresh, "Bernard Lewis et le gène de l’islam", Le Monde diplomatique, agosto de 2005.

[5] Porque, para ele, "um fascismo religioso inevitavelmente limitaria os poderes de seu dirigente, não só devido à oposição cultural do clérigo, mas também devido aos preceitos e aos valores veiculados pela religião tradicional”.

[6] Ver Démocratie et totalitarisme, Gallimard, Paris, 1965.

[7] Para simplificar, a teoria de Durkheim opõe a “solidariedade orgânica”, caracterizada pela diferenciação e por uma fraca consciência coletiva, à “solidariedade mecânica”, caracterizada pelas semelhanças e por uma forte consciência coletiva.

[8] Ver Le fascisme en action, Seuil, Paris, 2004, p. 345.

[9] Esse artigo foi republicado pelo Courrier International de 3 de novembro de 2005, com o título “Cause toujours, Ahmadinejad”.

[10] Reuters do dia 31 de agosto de 2006. Em outros tempos, essa notícia teria saído na primeira página dos grandes jornais norte-americanos.

[11] Para um panorama global dessas ligações perigosas, principalmente no Sudeste Asiático, ver a obra do professor da Columbia, Mahmood Mamdani, Good Muslim, Bad Muslim, America, the Cold War and the roots of terror (Pantheon, Nova York, 2004).

[12] Walter Russel Mead denomina jacksonianos, em alusão ao presidente Andrew Jackson (entre 1829 e 1837), os ultranacionalistas que não hesitam em intervir no exterior, mas que, ao contrário dos neoconservadores, não procuram se empenhar na “construção da nação”. Dick Cheney e Donald Rumsfeld podem ser qualificados de jacksonianos.

[13] Ler, de Hannah Arendt, “Peace or Armistice in the Near East”, in Review of Politics, Notre Dame, Indiana, janeiro de 1950.

REFUGIADOS PALESTINOS NO LIBANO