domingo, 20 de maio de 2007

Os Brasas [1968]

Os Brasas


Donwload: Os Brasas

Musicolor/Continental LPK 20.145

faixas
01 - A distância (Oriental sandness)
(Anires - L. Ransford)
02 - Beija-me agora
(Fernando Adour - Márcio Greyck)
03 - Um dia falaremos de amor
(Tom Gomes - Renato de Oliveira - Luiz Vagner)
04 - Quando o amor bater na porta (When love comes knockin' at your door)
(Tom Gomes - Sedaka - C. King)
05 - Meu eterno amor
(Tom Gomes - Luiz Vagner)
06 - Quem te faz sonhar linda garota (What makes you dream, pretty girl?)
(Anires - M. Garson - J. Wilson)
07 - Pancho Lopes
(G. Bruns - T. Blackburt)
08 - Ao partir encontrei meu amor
(Osvaldo - Hugo)
09 - Benzinho não aperte
(Tom Gomes - Luiz Vagner)
10 - Tema sem nome (Theme without a name)
(Clark - Davidson)
11 - Não vá me deixar
(Tom Gomes - Luiz Vagner)
12 - Sou triste por te amar
(Tom Gomes - Luiz Vagner)



Em 68, Os Brasas inaugurou mix de rock inglês, psicodelia & Jovem Guarda do rock gaúcho
* Flávio Sillas Jr.
Uma das melhores bandas dos anos sessenta, Os Brasas, de Porto Alegre, ainda não conta o com devido reconhecimento na história do rock brasileiro. Talvez por isso, seu único disco, batizado apenas com o nome de ‘Os Brasas’, e lançado em 1968, pela gravadora Musicolor/Continental, ainda permaneça inédito, apesar de ser um dos mais bem acabados lançamentos daquela década, inclusive com uma das capas mais modernas de sua época. Além de um repertório de grande qualidade, a banda contava com ótimos instrumentistas.
No disco, pela primeira vez, está presente um perfeito ‘crossover’ entre o rock inglês, a psicodelia e a Jovem Guarda, antecipando, de certa forma, a linha mestra da construção da sonoridade do rock gaúcho. Não de graça, o disco abre com 'A Distância', uma ótima versão para 'Oriental Sadness', original dos Hollies, além de outras canções com orientação 'beat', como 'Benzinho Não Aperte', ‘Beija-me Agora’, ‘Pancho Lopez’ e a garageira ‘Não Vá Me Deixar’, que poderia dar aos Brasas o título de primeira ‘guitar-band’ do Brasil, e que já deveria ter merecido um cover. Ainda integram o repertório do disco, que tem doze faixas, as músicas ‘Um Dia Falaremos de Amor’, ‘Quando o Amor Bater na Porta’, ‘Meu Eterno Amor’, ‘Que Te Faz Sonhar Linda Garota’, ‘Ao Partir Encontrarei Meu Amor’, ‘Theme Without a Name’ e ‘Sou Triste Por Te Amar’. As músicas evidenciam uma das grandes qualidades do grupo gaúcho, que era a sua qualidade autoral, em parte devido ao talento de Luiz Vagner. Inédito em CD, o disco circula no mundo independente por meio de um CDr que, além das músicas do álbum, ainda reúne os compactos gravados pela banda, também de grande qualidade autoral.
Os Brasas contava com a guitarra de Luiz Vagner, que levava para a Jovem Guarda a pegada e a sonoridade da psicodelia, e que está presente em boa parte das músicas desse disco. São suas as guitarras, e também a autoria em muitos casos, de clássicos do gênero com outros artistas, como Vanusa e Os Caçulas (‘A Moça do Karmanguia Vermelho’, dele e Tom Gomes). Exceto a versão de ‘Pancho Lopes’ (original de Trini Lopez), que fez algum sucesso na época, o disco não traz nenhum outro grande sucesso, mas muitas de suas músicas ficaram na lembrança de seus fãs.
O grupo Os Brasas começou por volta de 1965, em Porto Alegre, com o nome de The Jetsons, fazendo sucesso no programa Juventude em Brasa, na TV Piratini. Em 1967, grava seu primeiro compacto – ‘Lutamos Para Viver’/’Piange Con Me’. The Jetsons, e depois Os Brasas, tinha em sua formação Luiz Vagner, que após o fim do grupo fez carreira solo, atuando até hoje como cantor de reggae, Franco, Anyres Rodrigues e Eddy. Um dos precursores do rock gaúcho, o grupo mudou-se para São Paulo, onde apresentava-se em programas de televisão, como ‘Juventude e Ternura’, ‘Linha de Frente’ e ‘O Bom’.

* Flávio Sillas Jr. é colaborador de Senhor F.

fonte: http://www.senhorf.com.br/

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Raimundo Fagner

Cearense de Orós, aos 5 anos ganhou um concurso infantil na rádio local. Na adolescência formou grupos musicais vocais e instrumentais e começou a compor suas próprias músicas.

Venceu em 1968 o IV Festival de Música Popular do Ceará com a música "Nada Sou", parceria sua e de Marcus Francisco. Tornou-se popular no estado e juntou-se a outros compositores cearenses como Belchior, Rodger Rogério, Ednardo e Ricardo Bezerra.

Mudou-se para Brasília em 1971, classificando-se em primeiro lugar no Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com "Mucuripe" (com Belchior). Ainda em 71 foi para o Rio de Janeiro, onde Elis Regina gravou "Mucuripe", que se tornou o primeiro sucesso de Fagner como compositor e também como cantor, pois gravou a mesma música em um compacto da série Disco de Bolso, que tinha, do outro lado, Caetano Veloso interpretando "Asa Branca".

O primeiro LP, "Manera, Fru-fru, Manera", veio em 1973 pela Philips, incluindo "Canteiros", um de seus maiores sucessos, música sobre poesia de Cecília Meireles. Mais tarde fez a trilha sonora do filme "Joana, a Francesa", que o levou à França, onde teve aulas de violão flamenco e canto.

De volta ao Brasil, lança outros LPs na segunda metade dos anos 70, combinando um repertório romântico a partir de "Raimundo Fagner", de 1976, com a linha nordestina de seu trabalho. Ao mesmo tempo grava músicas de sambistas, como "Sinal Fechado", de Paulinho da Viola.

Outros trabalhos, como "Orós", disco que teve arranjos e direção musical de Hermeto Pascoal, demonstram uma atitude mais vanguardista e menos preocupada com o sucesso comercial.

Nas décadas de 80 e 90 seus discos se dividem entre o romântico e o nordestino, incluindo canções em trilhas de novelas e tornando Fagner um cantor conhecido em todo o país, intérprete e compositor de enormes sucessos, como "Ave Noturna" (com Cacá Diegues), "Astro Vagabundo" (com Fausto Lindo), "Última Mentira" (com Capinam), "Asa Partida" (com Abel Silva), "Corda de Aço" (com Clodô), "Cavalo Ferro" (com Ricardo Bezerra), "Fracassos", "Revelação" (Clodô/ Clésio) "Pensamento", "Guerreiro Menino" (Gonzaguinha), "Deslizes" (Sullivan/ Massadas) e "Borbulhas de Amor".

ÁLBUNS DISPONÍVEIS

Copiado de: Brmidia

Rumo a greve geral

Em contundente artigo para o Portal do Mundo do Trabalho, o secretário de Relações Internacionais e ex-presidente nacional da CUT, João Antonio Felício, denuncia "a postura preconceituosa e anti-sindical" que move o projeto de lei enviado pela Advocacia Geral da União à Casa Civil, regulamentando a lei de greve dos servidores públicos. De acordo com o dirigente cutista, "algumas das peças do baú de maldades são verdadeiras pérolas, jogadas aos porcos da grande mídia, cujos patrões insistem em pautar e impor o programa neoliberal derrotado nas últimas eleições como política de governo, desconstruindo o serviço público e ridicularizando os servidores para melhor viabilizar a privatização do Estado brasileiro".
Na avaliação de João Felício, o Projeto de Lei Complementar 01, "dá um tiro no pé do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ao limitar as despesas com pessoal da União nos próximos 10 anos à inflação mais 1,5% ao ano", o que "significa na prática uma política de arrocho salarial para os servidores públicos, engessando a política de concursos públicos, inviabilizando novas contratações e a necessária valorização dos serviços, reconhecidamente sucateados".
Agora, advertiu o líder cutista, "soma-se ao abusivo e absurdo PLP 01, medidas draconianas como a multa a sindicatos, a necessidade de assembléia com a presença de 2/3 da categoria para decretar greve, a classificação de todos os serviços como essenciais e a exigência de que 40% dos trabalhadores permaneçam em seus postos". "Ou seja, por um lado o governo anuncia o cadafalso, com uma proposta de arrocho sem precedentes, por outro tenta impedir o direito natural e constitucional dos trabalhadores a dizerem não, querendo impor regras até mesmo para a reação às mazelas que seriam praticadas nos próximos dez anos contra as condições de vida e de trabalho dos servidores. Não é à toa que esse projeto de degradação de direitos navega com tantos ventos a favor na grande mídia e arranca aplausos e risinhos de um ultradireitista como Alexandre Garcia e os pitbuls do neoliberalismo do PSDB e do PFL: ele representa uma afronta aos interesses dos trabalhadores, da sociedade e do país. Em última instância ele é a negação de tudo o que esperamos do presidente Lula".
"Vejam a situação do sindicalismo cutista: terceirização no Banco do Brasil, tentativa de imposição do PLP 01, reforma da Previdência, piso achatado do magistério. E ainda querem retirar nosso direito de greve. Durma-se com um barulho desses". Abaixo a íntegra do artigo.
Só falta a mordaça e as algemas
Estimulada pela postura preconceituosa e anti-sindical ainda existente na sociedade brasileira e em segmentos do próprio governo, a Advocacia Geral da União enviou projeto de lei à Casa Civil regulamentando a lei de greve.
Algumas das peças do baú de maldades são verdadeiras pérolas, jogadas aos porcos da grande mídia, cujos patrões insistem em pautar e impor o programa neoliberal derrotado nas últimas eleições como política de governo, desconstruindo o serviço público e ridicularizando os servidores para melhor viabilizar a privatização do Estado brasileiro.
Em oposição aos setores mais reacionários da sociedade, defendemos a aprovação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como importante resposta às expectativas da sociedade brasileira, que necessita de um Estado indutor do desenvolvimento, fortalecendo sua infra-estrutura e fazendo frente à enorme dívida social. Diante deste inegável avanço, onde as forças progressistas tomaram a dianteira na ação, qual foi a resposta dos setores elitistas, muitos deles incrustrados dentro do próprio governo federal? A aprovação do Projeto de Lei Complementar 01, dando um tiro no pé do PAC ao limitar as despesas com pessoal da União nos próximos 10 anos à inflação mais 1,5% ao ano significa na prática uma política de arrocho salarial para os servidores públicos, engessando a política de concursos públicos, inviabilizando novas contratações e a necessária valorização dos serviços, reconhecidamente sucateados.
Agora, soma-se ao abusivo e absurdo PLP 01, medidas draconianas como a multa a sindicatos, a necessidade de assembléia com a presença de 2/3 da categoria para decretar greve, a classificação de todos os serviços como essenciais e a exigência de que 40% dos trabalhadores permaneçam em seus postos. Ou seja, por um lado o governo anuncia o cadafalso, com uma proposta de arrocho sem precedentes, por outro tenta impedir o direito natural e constitucional dos trabalhadores a dizerem não, querendo impor regras até mesmo para a reação às mazelas que seriam praticadas nos próximos dez anos contra as condições de vida e de trabalho dos servidores. Não é à toa que esse projeto de degradação de direitos navega com tantos ventos a favor na grande mídia e arranca aplausos e risinhos de um ultradireitista como Alexandre Garcia e os pitbuls do neoliberalismo do PSDB e do PFL: ele representa uma afronta aos interesses dos trabalhadores, da sociedade e do país. Em última instância ele é a negação de tudo o que esperamos do presidente Lula.
Qual é a verdadeira situação do funcionalismo hoje? São trabalhadores sem direito à negociação coletiva, cuja imensa maioria ganha mal. Seus sindicatos não são sequer recebidos por governadores e prefeitos, seus dirigentes são perseguidos pelo poder público. Governos municipais e estaduais pressionam a base para não se associar, chegando ao cúmulo de cortarem o desconto em folha das mensalidades dos associados, como ocorreu recentemente em Pernambuco e Rondônia.
Diante desta dura e crua realidade, regada a salários ínfimos, fica fácil de explicar as razões de tantas greves no funcionalismo. Paralisações que muitas vezes se transformam em longas e penosas jornadas, com graves conseqüências não apenas para a sociedade, mas também para os servidores e suas famílias. Como não há prejuízo econômico para os governos, eles apostam na maior lentidão possível para a resolução dos problemas, na ânsia de matar o movimento de inanição, manipulando com a mídia os sentimentos da sociedade, transformando as vítimas em culpados, tentando fazer crer que quem está com a greve está contra a população. Quanto à longevidade do movimento, é bom lembrar que mesmo na iniciativa privada onde o prejuízo econômico é evidente, já tivemos greves de 42 dias, como no ABC.
Como se tudo isso não bastasse, o presidente Lula declarou que quem está de greve por um período mais longo entra em férias, desconsiderando as razões que levam determinadas categorias a lançarem mão deste último recurso. Infelizmente, faltou sensibilidade na apreciação de um assunto tão delicado. No nosso entendimento, é direito dos trabalhadores poderem espernear, assim como é responsabilidade do executivo encontrar a melhor forma de gerir a administração pública, ampliando os canais de negociação e diálogo, com os seus servidores e a sociedade. Quando fui presidente da Apeoesp pude comprovar que muitas administrações tiveram de acabar cedendo após um longo período de paralisação, oferecendo os mesmos valores que uma vez pagos antes do seu início, a greve não teria ocorrido. Do ponto de vista do funcionalismo federal ocorreram muitos avanços, mas em vários casos não houve cumprimento do acordo. O governo não se antecipou, como no caso mais evidente dos controladores de vôo.
O problema é mais do que grave, chegando a uma situação insustentável como em Minas Gerais, onde o governador tucano Aécio Neves paga um salário miserável e os servidores não conseguem espaço algum na grande imprensa para denunciar, devido ao controle exercido pelas gordas verbas publicitárias.
A exigência da presença de dois terços de uma categoria em assembléia para a aprovação de uma greve representaria dezenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras, o que tornaria praticamente impossível a sua realização. Uma categoria de 200 mil, por exemplo, precisaria colocar 140 mil na assembléia. Se esta categoria for estadual, seria praticamente impossível mobilizar, se fosse nacional, estaria anulada a possibilidade de greve. Além do mais, se uma categoria conseguisse juntar numa única assembléia tanta gente seria desnecessário fazer a paralisação, pois o governo estaria praticamente sitiado.
Ao mesmo tempo, não aceitamos ser culpados pelo não oferecimento de um serviço essencial, quando o responsável é o poder público. Ou seriam as greves as responsáveis pela péssima qualidade do ensino, pelo trágico abandono dos hospitais e pela insegurança pública? Também não é verdade que as paralisações sejam um passeio em busca de um bônus - que na verdade é um direito -, pois o serviço é reposto posteriormente. Ninguém faz greve porque gosta. Além disso, no caso da educação, há uma exigência legal de que a criança necessita ter 200 dias letivos. Nunca nos recusamos a repor o serviço não prestado. Eu mesmo repus aulas aos sábados e no mês de janeiro por ter feito greve. Este sim é um objeto de negociação.
Na verdade, diante de tantos e tamanhos absurdos, como as criminosas condições de trabalho nos canaviais, temos poucas greves no país. Meu sonho é ver uma greve geral dos canavieiros brasileiros contra as condições desumanas impostas pelos usineiros.
Ao defender o projeto de regulamentação de greve, o presidente da República entra em choque com a sua base de sustentação, com o movimento sindical e social que foi às ruas para defender a democracia e derrotar o golpe da direita. Enquanto isso, é aplaudido pela mesma direita que tentou derrubá-lo, o que deve servir de elemento de reflexão e, mais do que isso, intensa preocupação. Definitivamente, o movimento sindical brasileiro não merece uma legislação que regulamente a sua vida.
Num país tão grande quanto desigual, nada mais natural que a existência de conflitos, cabendo aos dirigentes governamentais e sindicais a responsabilidade do diálogo, tendo como norte o bem comum. Neste sentido, tivemos importantes avanços como na negociação do salário mínimo ou mais recentemente quando a CUT, Apeoesp, Sindsaúde e Afuse acordaram com o ministro Luiz Marinho a manutenção da aposentadoria dos servidores pela rede pública no Estado de São Paulo. Mas, infelizmente, o que está colocado na mesa é pura imposição e as exceções, como a Mesa Nacional de Negociação Permanente concretizada com o governo federal no ano passado, apenas confirmam a regra.
De Norte a Sul do país, os conflitos com os governos se ampliam quando há uma aposta na terceirização, no não cumprimento de acordos, na imposição de políticas de abonos que arrocham e comprometem a aposentadoria. Ninguém em sã consciência, exceto as coisas e os pitbuls, defende que um eletricitário apague as luzes da cidade, que um operário abra as comportas de um reservatório ou um médico não atenda ao seu paciente agonizante. Mas o fato é que o movimento se auto-regulamenta, estabelecendo alternativas para o conflito, que não é uma luta de vale-tudo.
Assim penso e ajo. Na presidência da Apeoesp, sempre fomos contrários a convocar numa sexta-feira uma greve para que iniciasse na segunda, pois respeitamos o direito da comunidade escolar a estar informada. Por outro lado, como dirigente sindical, há dois anos não recebo do governo de São Paulo o salário devido, e esse é apenas um exemplo da selvageria existente na relação capital-trabalho no Estado mais rico do país.
Vejam a situação do sindicalismo cutista: terceirização no Banco do Brasil, tentativa de imposição do PLP 01, reforma da Previdência, piso achatado do magistério. E ainda querem retirar nosso direito de greve. Durma-se com um barulho desses.
Rechaçamos por extremamente graves esses ataques ao sindicalismo e aos servidores. Na nossa opinião este é um perigoso descaminho a ser trilhado, que irá se enfrentar a uma gigantesca onda de protestos da classe trabalhadora em defesa dos seus direitos e da justiça. Estão enganados os que crêem que essa regulamentação servirá para alguma coisa a não ser a lata de lixo da história. Para nós, está claro que para essa coisa se transformar em política de servidão, só falta a mordaça e as algemas.








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sábado, 19 de maio de 2007

A histeria do aquecimento global

Ar quente & dinheiro frio – os comerciantes do medo

Alexander Cockburn [*]

Nenhuma resposta é mais previsível do que aquelas esganiçadas pelos que vendem o medo do efeito de estufa: dizem eles que qualquer um que questione as suas afirmações está na folha de pagamento das companhias de energia. Uma segunda réplica, igualmente previsível, contrasta o número sempre diminuto de agnósticos com as crescentes legiões de cientistas agora renascidos para a "verdade" de que o CO 2 antropogénico é responsável pela tendência para o aquecimento da Terra, a fusão das calotas polares, o alteamento dos mares, o aumento dos furacões, o declínio da fertilidade do pinguim e outros horrores demasiado numerosos para serem mencionados.

Realmente, as companhias de energia adaptaram-se há muito às fantasias em voga, recitando devidamente todo o catecismo acerca da neutralidade do carbono, descontraidamente e sem rir referem-se ao encantador endosso de Tom Friedman ao "carvão limpo", reposicionando-se a si próprias como pioneiras interessadíssimas na investigação de virtuosos combustíveis alternativos, a estabelecerem-se confortavelmente em novos lares, tais como o "Energy Biosciences Institute" da British Petroleum no Campus de Berkeley da Universidade da Califórnia, primeiro fruto de um acordo de US$ 500 milhões entre aquela companhia petrolífera e um campus cuja família fundadora, os Hearsts, afinal de contas fez a acumulação da sua fortuna no negócio mineiro.

De facto, quando se chega ao patrocínio corporativo de teorias insanas acerca da razão porque o mundo está a ficar mais quente, a conspiração de interesses mais bem documentada é entre os comerciantes do medo do aquecimento global e a indústria nuclear, agora largamente possuída por companhias de petróleo, cujas perspectivas vinte anos atrás pareciam negras, no meio de manchetes acerca das precipitações de Chernobyl, centrais a envelhecerem e depósitos de resíduos nucleares com fugas até à eternidade. Os que administram a fabricação do medo do efeito de estufa estão bem conscientes de que a única saída para a crise imaginária que têm estado a patrocinar é através de uma porta com a inscrição "energia nuclear", com uma porta de serviço lateral com a etiqueta "carvão limpo". James Lovelock, o Rasputin do Gaia, disse que "A energia nuclear tem uma importante contribuição a dar". (Àqueles que se sobressaltaram com as palavras "crise imaginária", remeto ao meu último artigo acerca deste tópico, onde enfatizo que ainda há zero evidência empírica de que a produção de CO 2 antropogénico esteja a dar qualquer contribuição mensurável à actual tendência para o aquecimento do mundo. Os comerciantes do medo do efeito de estufa confiam inteiramente em modelos computacionais não verificados, brutalmente super-simplificados, para apontar o dedo à contribuição pecaminosa da espécie humana).

O histérico mais bem conhecido do mundo, auto-promotor do tópico da responsabilidade física e moral do homem pelo aquecimento global, é Al Gore, um sócio da indústria nuclear e dos barões do carvão desde o primeiro dia em que entrou no Congresso encarregado do sagrado dever de proteger os interesses orçamentais e regulamentares do Tennessee Valley Authority e do Oakridge National Lab. As "task forces" da Casa Branca sobre alterações climáticas nos anos Clinton-Gore foram sempre bem despachadas por Gore e o seu conselheiro John Holdren com gente da indústria nuclear como John Papay da Bechtel.

Como cidadão de Washington desde os seus verdes anos, Gore sempre entendeu que a ameaça da inflação é a ferramenta mais segura para engordar orçamentos e incitar multidões de eleitores. Em meados da década de noventa ele posicionou-se como chefe da aliança estratégica e táctica formada em torno do "desafio das alterações climáticas", que agora avançava para ocupar o lugar do comunismo no teatro essencial a toda a vida política. Na verdade, foi no New Republic, um incansável agente publicitário da ameaça soviética em fins da década de 70, que Gore anunciou em 1989 que a guerra ao aquecimento global não poderia ser ganha sem uma renovação dos valores espirituais.

A infantaria nesta aliança tem sido os privilegiados modeladores climáticos e a sua Internacional, o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) da ONU, cuja perícia científica colectiva é reverentemente invocada por todos os devotos do catecismo dos fabricantes do medo do Efeito de Estufa. Fora o facto de que o cemitério de erros intelectuais está recheado com uma miríade de lápides de "esmagador consenso científico", o IPCC tem o exército habitual de funcionários e colectores de privilégios, e uns pequenos salpicos de cientistas reais com a qualificação primária de climatologistas ou físicos da atmosfera.

Identificar tanto os modeladores do clima financiados por governos como as suas tropas de choque, os membros do IPCC, com rigor e objectividade científica é tão irrealista quanto detectar tais atributos num craniologista financiado por Lombroso que estuda a cabeça de um assassino numa prisão do século XIX para criminosos insanos. Os dedos e compassos dos craniologistas foram programados pelos habituais incentivos de estipêndios, privilégios e ego profissional a fim de descobrir sulcos, protuberâncias e depressões na caveira daquele assassino, cada uma delas meticulosamente equacionada com uma ingovernável paixão, um défice étnico ou um desarranjo mental. A cabeça do indivíduo assassino tornou-se um modelo universal, o particular promovido a uma teoria inatacável.

Lombroso e os seus seguidores pelo menos mediam cabeças. Mas tudo o que Al Gore alguma vez precisou para promover a sua inatacável teoria do aquecimento global feito pelo homem foi de um dia quente ou alguma chuva forte. Viesse um Verão chuvoso (1995), um El Niño perfeitamente rotineiro (1997) ou um incêndio florestal na Florida (1998) e lá estava Gore para a foto oportunidade, com o dedo levantado a advertir da pioria do aquecimento por vir. O ano de 1997 também encontrou Gore no Parque Nacional de Glaciares, a apontar para o glaciar Grinnell e a dizer com gravidade à imprensa que ele estava a fundir, o que na verdade tem estado a acontecer desde o fim da Pequena Idade do Gelo, de 1450-1850 . Os glaciares das latitudes médias expandem-se, assim como se contraíram no Período do Aquecimento Medieval, mais quente do que hoje e portanto tão vexatório para alarmistas do clima como Michael Mann (agora um burocrata reinante do clima no IPCC) que eles o extirparam dos seus gráficos de temperaturas históricas, tal como um editor no tempo de Stalin recortou uma foto da equipa de antigos bolcheviques para livrar-se de indesejáveis que haviam sido anatematizados.

A teoria de um aquecimento global produzido pelo homem é alimentada por previsões pseudo quantitativas de carreiristas do clima a extraírem [dados] primariamente do grande mega-computador Modelos de Circulação Geral (MCG), os quais incluem o National Center for Atmospheric Research (NCAR), o Goddard Institute for Space Studies da NASA, o Geophysical Fluid Dynamics Lab do Departamento do Comércio, um MCG privado que costumava estar no estado de Oregon antes de a Universidade de Illinois atrair a equipe para outro lugar. Há um outro em Livermore e um na Inglaterra, em Hadley.

Estas burocracias da programação do modelo computacional manobram muitos milhares de milhões de dólares e pretendem a sua auto-preservação e reforços orçamentais tal como as burocracias nucleares cognatas de Oakridge e Los Álamos.

É tão improvável que desenvolvam modelos refutando a hipótese do aquecimento global induzido por humanos quanto o IPCC de dizer que o tempo possivelmente está a ficar um pouco mais quente mas que não há grande motivo para alarme e na verdade até alguma razão para regozijo, uma vez que este aquecimento (cujas causas naturais discuti naquele artigo recente) dão-nos uma estação de plantio mais longa e CO2 acrescido, um poderoso fertilizante de plantas. Bem vindo ao amadurecimento global.

Remontando ao princípio da década de 1970, em agências tais como a Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento (Conference on Trade and Development, UNCTAD) a ONU alimentou alguns planos bastante radicais para uma nova ordem económica internacional, os quais estabeleciam termos de comércio mais favoráveis para os países mais pobres. No fim da década dos 70 tais esperanças estavam a esvanecer-se sob a maré neoliberal e a era Reagan-Clinton pôs-lhe fim. No fim da década de 1980 os altos escalões da ONU perceberam claramente que o "desafio" das alterações climáticas poderia ser o cavalo de batalha para reconstruir a cada vez mais esfarrapada autoridade moral da organização, e para reclamar um papel além daquele de ser um óbvio garoto de recados americano. Em 1988, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, criado originalmente em 1972, foi unido num não sagrado matrimónio burocrático à Organização Metereológica Mundial da ONU, dando-nos o IPCC.

O ciclo de previsões alarmistas agora está bem estabelecido. Não muito antes de algum novo debate da ONU sobre "O que fazer acerca do clima", algum conhecido vendedor de medo como James Hansen ou Michael Mann fará uma trémula declaração acerca da aceleração do tempo e das dimensões da crise do aquecimento.

A choradeira é então retomada pelo IPCC (e na década de 1990 pelo par Clinton/Gore - Casa Branca), com os comunicados de imprensa postos em manchete pelo New York Times, exactamente com a mesma falta intencional de avaliação crítica com que aquele jornal reciclou as mentiras do governo acerca das armas de destruição maciça de Saddam. Meses e anos mais tarde virão as qualificações e retractações, muito depois de novos contratos e privilégios terem sido concedidos, e novas legiões contratadas para os impérios sempre em expansão dos fabricantes do medo. (O Pentágono pelo menos entendeu a situação, e instruído por um brilhante almirante que conduz o estudo do Center for Naval Analysis, está a construir o fundamento intelectual para enormes novos aumentos orçamentais com base em hipotéticas conexões entre aquecimento global e terrorismo explosivo devido à fome).

Quando a realidade medida não coopera com as apavorantes previsões do modelo, são cozinhados novos "factores" compensadores, tais como os – populares por breve tempo – dos aerossóis da década de 1990, recrutados para arrefecer o calor obviamente excessivo previsto pelos modelos. Ou os existentes dados inconvenientes são despachados como aconteceu com as amostras dos cilindros de gelo que deixaram de confirmar as necessidades dos modeladores de temperaturas recorde hoje a serem opostas às de meio milhão de anos atrás. Como observou Richard Kerr, o homem do aquecimento global na revista Science, "Os modeladores climáticos têm estado a trapacear por tanto tempo que isto se torna quase respeitável".

A consequência? Tal como a espiral de gastos com armas fomentadas pelos mercadores do medo da Guerra Fria, vastas quantias de dinheiro serão gastas inutilmente em programas que não funcionam contra um inimigo que não existe. Enquanto isso, perigos reais e ambientais sanáveis são tratados superficialmente ou ignorados. A histeria governa estes dias, afogando necessidades urgentes de limpeza no nosso quintal enquanto aplaina o caminho para a indústria nuclear colher as suas recompensas globais.



[*] Co-editor de CounterPunch e co-autor de Dime's Worth Of Difference: Beyond The Lesser Of Two Evils

Fonte: http://resistir.info/ .

Lamentável!!!!!mais um gol contra do Lula...

Projeto do governo quer acabar com direito de greve


Escrito por Fernando Silva


É de enorme gravidade a tentativa do governo Lula em atacar amplamente o direito de greve. Foram dois fatos públicos na semana: a entrevista coletiva do presidente e o anúncio do Projeto de Lei de greve do governo, elaborado pelo Ministério do Planejamento e atualmente sob análise da Advocacia Geral da União.

A declaração do presidente de que os trabalhadores que fazem greve e querem garantia dos seus dias parados estão de férias não se constitui lá em uma novidade. Por mais incrível que isso possa parecer. Já no primeiro mandato de Lula, não foram poucas as vezes que tais palavras foram proferidas, em alguns casos, palavras que viraram atos, como no corte de ponto dos previdenciários em uma greve no ano de 2005.


Mas além de insultar os trabalhadores, este tipo de declaração brinca com a própria história. Pois faz parte da legítima tradição dos movimentos grevistas a busca do não desconto dos dias parados, normalmente incluído em qualquer processo de negociação para a solução de uma greve.


Isto sempre aconteceu, no setor público como no privado. Não é de lembrança distante que, nas longas greves metalúrgicas dos anos 70 e 80, as lideranças sindicais, como o próprio presidente, lutavam para que os trabalhadores não tivessem o desconto e, como sabemos, o maior ou menor sucesso desta e de outras reivindicações trabalhistas dependiam da relação de forças estabelecida.

Que o presidente e um governo, oriundos da classe trabalhadora, queiram contribuir decisivamente para que a relação de forças penda ainda mais para o lado do Capital e do seu Estado nos movimentos grevistas, a ponto de praticamente impedi-los de fazer greve (quanto mais de receber dias parados), só atesta o quanto esse governo não tem nada a ver com a defesa dos interesses mais elementares da classe trabalhadora.

Uma tragédia, sem dúvida, mas assim é.

Até porque, para além das declarações do presidente, está em gestação o Projeto de Lei em si.

Uma afronta, pois, entre outras medidas, a lei quer enquadrar todos os serviços públicos das três esferas na categoria de serviços essenciais, quer criar a categoria de serviços públicos essenciais inadiáveis, onde estariam enquadrados 19 tipos de serviços, como pagamento de benefícios do INSS, controle aéreo, abastecimento de água, entre outros. Estabelece condições mais duras para a deflagração de uma greve, chegando a ponto de querer determinar quantos trabalhadores podem estar em uma assembléia para que se possa decretar uma paralisação!! Fazem parte ainda do Projeto de Lei as multas draconianas sobre os sindicatos e a proibição de piquetes de greve.


É a mais ampla e profunda tentativa de intervenção estatal no movimento sindical desde a ditadura militar.

Não estamos diante de uma “regulamentação”, mas sim de uma tentativa de acabar com o direito de greve nos serviços públicos, nos setores de transportes, bancos, petroleiros, e quebrar respectivamente os sindicatos que os representam.

Um autêntico processo de criminalização dos movimentos urbanos da classe trabalhadora.

É urgente que os sindicatos, partidos da esquerda socialista, movimentos populares e estudantil se unam para deflagrar uma ampla campanha de massas pelo direito irrestrito de greve e contra a lei do governo Lula, começando por dar o devido peso a esse assunto na jornada do dia 23 de maio.

Campanha que precisa também ser ideológica, para convencer a ampla maioria da população de que a greve, além de instrumento legítimo de defesa dos explorados, não “atinge” ou “prejudica” a população.

A greve atinge o lucro do Capital e os interesses do Estado capitalista, no caso atual, os interesses de um Estado que prefere congelar salários dos seus servidores, sucatear serviços sociais, congelar a reforma agrária a ter que retirar um centavo sequer da remuneração ao capital financeiro, que consome metade do Orçamento da União; aliás, orçamento elaborado para este fim pelo mesmo Ministério que “planeja”, agora, o fim do direito de greve.

Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.

Fonte: correio da cidadania

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Celtic Woman - A New Journey



Celtic Woman - A New Journey


Celtic Woman, grupo musical feminino,é formado por 4 vocalistas irlandesas e uma violinista. As 4 vocalistas são Chloë Agnew, Lisa Kelly, Méav e Orla Fallon e a violinista é Mairead Nesbitt.
O repertório do grupo inclui músicas clássicas, músicas tradicionais celtas e modernas.
O grupo já lançou 3 albuns :"Celtic Woman", "Celtic Woman:A Christmas Celebration" e "Celtic Woman- A new Journey". O primeiro álbum Celtic Woman foi filmado no Teatro Helix,Dublin,Irlanda em setembro de 2004 para ser exibido pela PBS TV nos Estados Unidos. A estréia foi em março de 2005 e o sucesso foi enorme. O album e o DVD foram lançados simultaneamente e conquistaram o disco de platina.
O segundo album " Celtic Woman -A christmas celebration" foi lançado em outubro de 2006.
O lançamento do terceiro album e DVD correspondente aconteceu no dia 30 de janeiro de 2007. O concerto foi filmado ao vivo no castelo de Slane, Irlanda.A convidada, o soprano Hayley Westenra, participou da gravação de " A New Journey". Ela também aceitou fazer parte da turnê 2007 "Celtic Woman - A new journey" nos Estados Unidos e tem alternado datas de shows com Méav.
1. The Sky and the Dawn and the Sun
2. The Prayer
3. Newgrange
4. Over the Rainbow
5. Granuaile's Dance
6. The Blessing
7. Dúlaman
8. Beyond the Sea
9. The Last Rose of Summer
10. Caledonia
11. Lascia Ch'io Pianga
12. Carrickfergus
13. Vivaldi's Rain
14. The Voice
15. Scarborough Fair
16. Mo Ghile Mear
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Memória Palestina...

A MEMÓRIA: UMA CHAVE PARA O FUTURO



George Bisharat, The San Francisco Chronicle/Rebelión



Por que alguns têm o poder para lembrar enquanto a outros se pede que esqueçam?


Esta pergunta é especialmente crítica nesta época do ano, na qual passamos do dia do Holocausto, no início da primavera, ao aniversário da declaração de independência de Israel em 14 de maio de 1948.

Nos meses próximos desta data, as forças judaicas expulsaram, ou intimidaram até fazê-los fugir, cerca de 750.000 palestinos. Esmagou-se e fragmentou-se uma sociedade cheia de vida que havia existido na Palestina durante séculos e, sobre suas ruínas, se construiu outra nova sociedade.

São poucas as famílias que não guardam um relato de perda daquela época, um tio assassinado ou uma parte da família fugindo para o norte enquanto outra parte fugia para o leste para nunca mais voltar a se juntar, ou casas, oficinas, hortas e outras propriedades arrebatadas. Desde então, os palestinos do mundo inteiro têm comemorado o dia 15 de maio como o dia da Nakba, da catástrofe.

Nenhuma pessoa ética aconselharia os judeus a esquecerem do Holocausto. De fato, nas últimas décadas, e com toda razão, são lembradas as vítimas deste terrível episódio e parte delas tem conseguido recuperar alguns dos bens confiscados pelos Nazistas.

Outras vítimas de injustiças de massa, os estadunidenses de origem japonesa presos, os escravos afro-americanos e os armênios assassinados no genocídio, a atrocidade que muito provavelmente serviu para que Hitler se convencesse da viabilidade dos assassinatos em massa, recebem, no mínimo, uma consideração respeitosa para seus casos, ainda que, às vezes, as respostas a suas queixas não sejam as esperadas.

Contudo, em diálogos com israelenses e alguns estadunidenses, sempre se aconselha aos palestinos que “esqueçam o passado”, que olhar para trás “não é construtivo” e “não leva a nenhuma solução”. Ironicamente, dia após dia, os palestinos vivem as conseqüências do passado, seja como exilados de sua pátria que como membros de uma minoria oprimida em Israel ou como vítimas de uma brutal e violenta ocupação militar.

No Ocidente, nos lembram sempre o sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Na medida em que se aproxima o dia do Holocausto, uma festa nacional em Israel amplamente apoiada nos Estados Unidos, nossos jornais publicam vários testemunhos de sobreviventes da barbárie nazista. Da quinta a oitava série, minha filha tem lido, no mínimo, um livro por ano sobre o holocausto nazista. No ano passado, ao ingressar no ensino médio, leu três só nas aulas de literatura inglesa. Por outro lado, raramente nos deparamos com o impacto que as políticas israelenses têm sobre os palestinos.

É pela “segurança do povo judeu” que tem se racionalizado que o estado israelense se apodere das terras palestinas, isso tanto no passado em Israel como mais recentemente nos Territórios Ocupados, onde, todo dia, as crianças palestinas enfrentam um dos 500 postos de controle ou outras restrições aos deslocamentos para ir à escola. Enquanto isso, o programa israelense de colonização dos Territórios Ocupados avança implacavelmente, trazendo mais colonos judeus que devem ser “protegidos” dos palestinos que não aceitam o roubo de suas terras e lavouras.

Raramente se questiona a primazia da segurança judaica sobre os direitos dos palestinos à propriedade, à educação, à saúde, à oportunidade de ganhar a vida, e também à segurança.

Infelizmente, lembrar o Holocausto Nazista, algo que moralmente todos nós devemos fazer, parece estar relacionado com a amnésia que se impõe aos palestinos, e inclusive se usa isso como instrumento para reforçá-la. Israel está envolvido numa áurea de propriedade ética que torna indecoroso, e até “anti-semita”, que se questione a negação dos direitos palestinos.

Amira Hass, uma jornalista israelense, comentou recentemente: “Transformar o Holocausto em ferramenta política ajuda, sobretudo, Israel em sua luta contra os palestinos. Quando o Holocausto está num lado da balança, junto ao merecido sentimento de culpa do Ocidente, a expulsão do povo palestino de sua terra em 1948 se minimiza e se esfuma”.

Isso demonstra que a memória não é uma mera capacidade sem uso. Melhor, é uma expressão de poder de quem pode lembrar diante daquele que é obrigado a esquecer.

Contudo a memória pode ser uma chave para o futuro, um modelo a seguir para chegar a uma solução ou evitar um resultado. Meu pai era palestino de Jerusalém e se criou nesta cidade antes da criação do Estado de Israel e da expulsão dos palestinos, quando muçulmanos, cristãos e judeus viviam em paz e respeito mútuo. Lembrar deste passado nos traz uma visão para uma alternativa de futuro na qual haja igualdade e tolerância no lugar da dominação de um grupo étnico-religioso sobre os demais.

Assim, aos palestinos se pede não só que esqueçam do seu passado, mas que esqueçam também do seu futuro, e eles jamais vão fazer isso.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Jean Luc Ponty, concerto

“Os verdadeiros piratas são as grandes gravadoras”


O coordenador de políticas digitais do Ministério da Cultura, Cláudio Prado, fala sobre desafios dos novos paradigmas trazidos pelos avanços tecnológicos.

O coordenador de políticas digitais do Ministério da Cultura, Cláudio Prado, é uma figura singular. No currículo, uma bagagem musical invejável: já foi produtor de bandas como Mutantes e Novos Baianos e dos festivais de Glastonbury, maior festival de rock do Reino Unido, e de Águas Claras, conhecido como o "Woodstock brasileiro". Quase sempre trajando roupas coloridas, define-se como hippie, reclama da burocracia que, em grande parte, serve à corrupção, e define seu papel dentro do Ministério como de agente da “contracultura”. Ele conta, sem esconder uma pitada de orgulho quixotesco, que faz parte do único governo que possui uma área para tratar exclusivamente dos avanços tecnológicos sob o prisma cultural. Entre as prioridades, acompanhar o avanço dos debates sobre o tema no Brasil e no mundo e avaliar o impacto do amplo espectro digital nas inúmeras esferas que ele atinge.

Um amplo universo também conhecido como ciberespaço, que abrange temas como direito autoral, patentes, distribuição, software livre, entre outros diferentes elementos, todos pressionados a se adaptarem aos novos paradigmas impostos neste começo de século. “Tudo pede novos modelos de negócio, essa é uma discussão trazida pela convergência das tecnologias, mas que também traz a necessidade de unificar as agendas dos diferentes temas tocados pelo digital, que até então caminhavam isoladamente”, defende. Os obstáculos são vários, começam, segundo ele, nas próprias contradições da legislação brasileira. “Há um paradoxo na Constituição que opõe o direito do autor sobre sua produção intelectual e acesso ao conhecimento”.

Pouco antes de embarcar para Brasília, onde participaria do 1º Fórum de TVs públicas, realizado entre 8 e 11 de maio, Cláudio Prado recebeu em seu apartamento em São Paulo, esta reportagem para uma entrevista exclusiva. Entre ligações e preparativos para a viagem, falou cerca de uma hora sobre diversos assuntos – sobrou bordoada até para o músico Lobão, que desistiu dos processos que movia contra a gravadora Sony/BMG. Mas, apesar do tom ácido, mostrou-se um otimista visionário declarado: “A internet precipita uma revolução ética, ela foi criada por pessoas que não pensaram no próprio bolso, e sim no avanço da humanidade. Neste cenário, os verdadeiros piratas são as grandes gravadoras”. Leia, a seguir, trechos da entrevista.

Carta Maior - Há uma previsão de que o digital acabará com a música, tal qual a conhecemos hoje, você acredita nisso?
Cláudio Prado - O digital nos colocou em uma grande encruzilhada, dizem que ele traz prejuízos, que viabiliza a pirataria, eu discordo frontalmente. Quem afirma isso tem interesse que o modelo analógico continue. O digital sugere novos modelos de negócio. Não faz sentido transportar e distribuir CD em caminhão, quando isso poderia ser feito por meio de um clic. Seria o mesmo que impedir a criação do motor a vapor, porque danaria a vida do construtor de mastros e velas, alegando-se ser pirataria. A história não quer saber dos dramas que o avanço na tecnologia de navegação trouxe aos empresários que detinham modelos antigos, ela diz: dane-se! Se o mundo digital acabará com a música, no formato que a conhecemos hoje, fazer o quê? O problema é que as pessoas estão presas a velhas formas de ganhar dinheiro, isso vale, sobretudo, para os intermediários. O digital elimina os intermediários que não agregam valor. Não faz mais sentido, por exemplo, gravadoras no velho formato que conhecemos. Precisamos de novas intermediações que tornem as minorias possíveis. Em vez de apenas cinco gravadoras, monopolizando o mercado, podemos ter 500 mil selos com uma distribuição de música muito maior.

CM - Você vê algum sinal de mudança de postura por parte da grande indústria fonográfica?
CP - Há uma catástrofe, que eles, obviamente, estão percebendo, mas eu não creio que possuam capacidade de olhar para um novo paradigma. Novas gravadoras que estão surgindo são mais interessantes. Veja o Lobão, por exemplo, que voltou a assinar com a Sony/BMG e anda dizendo que as gravadoras mudaram de mentalidade. Não me parece honesto o que está fazendo agora em relação ao discurso que manteve durante anos, em minha opinião, ele adapta seu discurso às necessidades, está querendo ganhar dinheiro pelo sistema velho, somente isso.

CM - Em relação ao movimento de software livre, você acredita na possibilidade de uma articulação de atores ligados ao Governo Federal para estratégias conjuntas?
CP - Se não for uma ação centralizadora eu acho ótimo, porque o software livre é justamente o fruto de uma ação sem poder central, e um dos pilares de sustentação do novo paradigma do século 21. Isso graças a um maluco, Richard Stallman, que propôs uma coisa que ninguém acreditou, e que, em si, já é o resultado de uma revolução ética, a internet foi pensada para todo mundo e não para enriquecer ninguém. Mas claro que as articulações são necessárias, e mudanças também.

CM - Você esteve presente no 8º Fórum Internacional de Software Livre [Fisl 8.0] (leia aqui), que avanços você destacaria? Houve algum desdobramento importante no âmbito do MinC, por exemplo?
CP - O Fórum de Porto Alegre é interessante, aborda questões relevantes, mas acho que o mundo do software livre corre um sério perigo de tornar-se uma coisa fundamentalista, fechada em si mesmo, olhando para o próprio umbigo, deixando de enxergar seu papel no mundo. Por exemplo, houve, neste evento, uma redução enorme nas discussões culturais e políticas, que são questões fundamentais. O software livre está sujeito a ficar restrito a um grupo de especialistas e, como tal, virar mais um ramo da ciência descontextualizado, que não tem consciência daquilo que está fazendo, quando é justamente a ferramenta necessária para que as pessoas tenham autonomia, liberdade, para inventar, produzir, trabalhar, partilhar novos caminhos e percepções, na direção de mudanças necessárias para o desenvolvimento do planeta.

CM - Com a prevalência do posicionamento do Ministério das Comunicações em relação à digitalização dos meios de comunicação, ainda há espaço para os argumentos do MinC, mais alinhados com a sociedade civil, serem contemplados?
CP - Existe espaço total, o Fórum de TVs Públicas é uma amostra disso. Aliás, ele nasce de lacunas que surgiram no processo de criação da TV digital brasileira que omitiu varias questões em seus debates. Sou um dos representantes do MinC no comitê gestor da TV digital, lá discutimos exaustivamente que modelo de televisão queremos. Afinal, o que é uma TV pública digital? Ela não é uma conseqüência direta e natural da TV analógica, assim como o computador não foi conseqüência da máquina de escrever. Não podemos olhar para TV que existe no ar hoje como se ela fosse continuar a mesma, isso seria retrógrado, seria pensar de uma maneira absolutamente burra. No caso da TV pública, é preciso olhar para as possibilidades de interatividade de comunicação e de regulação da canalização de uma forma totalmente nova, usando as possibilidades que a tecnologia traz para aumentar e democratizar o acesso à informação estabelecendo um novo paradigma nas comunicações e no acesso. É necessário aproximar a televisão e a internet, buscando uma simbiose entre elas. Não há mais razão tecnológica para separar uma coisa da outra. A TV pública precisa ser conjugada com a internet.

CM - Foi criado um grupo pela ONU para trabalhar a questão da regulação da internet. Em que nível encontra-se essa discussão?
CP - Hoje os governos correm para tentar a regulação da internet, invertendo o processo de uma maneira interessante. Antes as coisas existiam, eram reguladas e tornavam-se públicas, agora é o contrário. Mas não vão conseguir, não há como regular a internet. Na realidade, a regulação que precisa haver é a que garanta a liberdade, a autonomia e a neutralidade da rede em relação a governos e corporações. E por trás disso, sou a favor de uma política pública de banda larga, defendida, aliás, pelo MinC, que dê condições de acesso a todos. Outro ponto relevante é o seguinte: não é mais possível discutir o digital localmente, trata-se de uma questão transnacional, só será possível pensar a internet mundialmente, mas acho difícil que isso aconteça no âmbito da ONU, que, obviamente, não tem poderes para isso. É preciso criar uma instância com poderes efetivos, infelizmente isso ainda não me parece próximo.

CM - Qual sua opinião sobre o recente convênio entre a Fapesp e a Microsoft para desenvolvimento de TI (saiba mais)?
CP - Um convênio que prevê a obrigatoriedade de patente é uma burrada, retroage em relação àquilo que de mais precioso existe hoje, que é a possibilidade de democratizar acesso à informação. A Fapesp, em tese, deveria priorizar a democratização do conhecimento e não privilegiar aspectos privados de alguma empresa. Não sou contra ganhar dinheiro, mas há outros modelos de negócios que transcendem a idéia da patente, dos modelos fechados, e que partem de novos paradigmas. Temos que nos livrar dos velhos padrões, o século 20 foi um equívoco que deu em um beco sem saída. O século 21 é uma nova história, é o contrário do anterior, que apontava para o fim da vida e do planeta, que nos levou a um mundo que produz três vezes a quantidade de alimentos necessária para alimentar a todos e, no entanto, metade da população passa fome enquanto a outra é obesa. Hoje, a corrupção nos governos e nas corporações é uma constante, podemos praticamente definir o século 20 como um período de engano e mentira que não olhou para nada que não fosse dinheiro. Só poderia dar nisto: em ladrão, pirataria. Na minha concepção, no mundo da música, por exemplo, os piratas são as gravadoras, elas que é que ganham muito dinheiro. Não podemos ficar enroscados nessa idéia de que só a patente oferece garantias ao autor. No caso da medicina e no conhecimento tradicional indígena, sei que há patentes engavetadas de remédios que curam, porque outros que não curam ainda não foram pagos, isso é criminoso.

(*)Carlos Minuano é cooperador do 100Canais - jornalismo cultural independente
Copiado de: Cartamaior