terça-feira, 12 de junho de 2007

Estados Unidos lideram corrida armamentista no planeta

Os gastos militares dos EUA chegaram a 528,7 bilhões de dólares em 2006, valor que representa 46% do conjunto de todos os gastos militares no mundo. Chances de redução desses gastos são mínimas, diz instituto sueco, que prevê novos conflitos em função da escassez de gás e petróleo.

Os gastos militares mundiais aumentaram 37% nos últimos 10 anos, chegando a 1,2 trilhão de dólares. Os Estados Unidos seguem liderando a corrida armamentista no planeta. Os gastos militares dos EUA chegaram a 528,7 bilhões de dólares em 2006, valor que representa 46% do conjunto de todos os gastos militares no mundo. Os dados são do relatório anual do Instituto Internacional para as Pesquisas sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI), divulgado nesta segunda-feira (11).

Segundo o relatório do instituto, o aumento dos gastos militares nos EUA deve-se principalmente às políticas relacionadas à “guerra mundial contra o terrorismo”. A dimensão dos gastos militares norte-americanos fica mais clara quando eles são comparados com os outros países que lideram o ranking: Inglaterra, França, China e Japão, cada um com gastos militares entre 4 e 5% do total global, em 2006.

As vendas de armas também aumentaram no mundo. Segundo o SIPRI, elas cresceram 3% em 2005, com as empresas norte-americanas e européias liderando esse mercado. Neste ano, essas empresas venderam cerca de 290 bilhões de dólares em armas, valor que representa 92% do comércio global nessa área.

Conforme a avaliação do instituto, as chances de uma redução rápida dos gastos militares mundiais são mínimas, uma vez que “o país do mundo que mais gasta no setor militar está em guerra”. O relatório observa que a política do governo dos EUA, após os atentados de 11 de setembro de 2001, provocou o aumento da demanda por parte do Ministério da Defesa (em função das guerras no Afeganistão e no Iraque) e também o aumento das exportações de armas. Em relação aos números registrados em 2005, os gastos militares no mundo aumentaram 3,5% em 2006.

Ásia Central tem maior aumento de gastos


No ano passado, o leste europeu foi a região que apresentou maior aumento de gastos com armamentos (12%). Nos últimos dez anos, a Ásia Central registrou o maior aumento (73%). Azerbaijão e Bielorússia tiveram os maiores aumentos de gastos militares em 2006, com 82% e 56%, respectivamente. A Rússia, quarto país na Europa atrás da Inglaterra, França e Alemanha, também vem aumentando seus gastos. Em 2005, esses gastos aumentaram 19% e, em 2006, 12%.

Ainda na Ásia, a China superou o Japão e passou a ocupar o quarto lugar global do ranking de gastos com armamentos, totalizando cerca de US$ 50 bilhões, contra US$ 43,7 do Japão. No Oriente Médio, os países que lideram a corrida armamentista são aliados dos Estados Unidos, o que motivou uma observação crítica por parte do Instituto Internacional para as Pesquisas sobre a Paz:

“Enquanto a mídia dedica grande parte de sua atenção às compras de armas feitas pelo Irã, a maior parte delas junto à Rússia, as transferências de armas feitas pelos Estados Unidos e pela União Européia a países como Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos são significativamente maiores”, afirmou o instituto, principal monitor do comércio de armas hoje no mundo.

Gastos crescem desde 2002


Os gastos mundiais com armamentos vêm crescendo de forma contínua desde 2002. Estados Unidos e Rússia seguem sendo os principais vendedores de armamentos no mundo enquanto China e Índia figuram como os maiores compradores. Os cinco países que comandam o Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Inglaterra) possuíam juntos, no início de 2007, mais de 26 mil ogivas nucleares, o suficiente para destruir o mundo várias vezes. Apesar do número de ogivas estar em queda, esses cinco países estão trabalhando para renovar seus arsenais nucleares, advertiu ainda o instituto.

O relatório sobre o ano de 2006 confirma a tendência verificada no ano anterior pelo mesmo instituto. Em 2005, os gastos dos EUA no Iraque e no Afeganistão ajudaram a aumentar as despesas militares no mundo em 3,5 por cento, alcançando 1,12 trilhão de dólares. Naquele ano, os EUA eram responsáveis por 48% dos gastos mundiais em armamentos, seguidos à distância por Inglaterra, França, Japão e China, que investiam de 4 a 5% cada um.

Esses cinco países totalizavam, portanto, em 2005, 68% dos gastos mundiais com armas, ficando os restantes 32% para a soma de todos os demais países do mundo. Naquele mesmo ano, os gastos com armas representaram cerca de 2,5% do Produto Interno Bruto Mundial, uma média de despesas de 173 dólares per capita. A situação atual dos conflitos no Iraque, no Afeganistão e no Oriente Médio não autoriza previsões otimistas sobre o futuro.

Novos conflitos no horizonte


Segundo a análise do SIPRI, a escassez de petróleo e gás em um futuro próximo está alimentando a gestação de novos conflitos militares no mundo. E esse risco não se restringe ao Oriente Médio. O relatório anual do instituto afirma:

“Apesar de a maioria dos Estados considerarem hoje o início de um conflito armado como uma medida extrema, é provável que recursos energéticos provoquem conflitos internos, particularmente na África. A importância estratégica de regiões ricas em reservas de petróleo e gás vai certamente aumentar. Não somente no Oriente Médio, mas África, Ásia Central, América do Sul e sudoeste da Ásia serão potencialmente zonas de conflito nas próximas décadas". As preocupações também são crescentes, acrescenta o relatório do instituto, por acontecimentos externos como os ataques terroristas contra a infra-estrutura energética e fenômenos climáticos. Em resumo, não parece ser nada bom o que vem por aí.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Beijing redescobre a questão social

Uma nova lei de incentivo ao emprego chama atenção para o quebra-cabeças em que se transformou o mundo do trabalho na China. A "oficina do mundo" já oferece salários melhores, mas convive ao mesmo tempo com desemprego em massa e informalidade

Jean Louis Rocca

Estará o trabalho em vias de se transformar no cavalo de Tróia de um novo "perigo amarelo"? É o que se pode imaginar à luz das previsões sobre a China, "fábrica do mundo", "nosso pesadelo" ou "nosso futuro". O modo de trabalho "chinês" acabou se tornando uma fonte de fantasmas e medos, como o do desemprego causado pelo deslocamento das fábricas e o do retorno ao "inferno capitalista" ( talvez também no resto do mundo). Tais previsões pressupõem, em paralelo, a existência de um "poder" globalizado, que estaria se expressando no "Império do Meio" sob uma forma "capitalista-comunista", fundindo o regime autoritário "de esquerda" com a exploração capitalista.

Porém, a situação não pode ser resumida a uma frase feita, ou a alguma especificidade cultural que faria dos chineses industriosos por natureza. Nem é o caso de ponderar sobre os "bons e os maus lados" do capitalismo chinês. Melhor seria considerar a questão como um conjunto heterogêneo, às vezes até contraditório, de elementos econômicos, políticos e culturais. As indústrias de trabalho pesado e o modo de exploração do tipo "revolução industrial" ocidental abrangem apenas uma parte da população. Essa é a parte visível do iceberg, a parte que permite fazer com que "a coisa ande".

Na China, o único setor que escapou das tranformações capitalistas, em termos gerais, foi a agricultura. Ali, a mão-de-obra não sofreu mercantilização. Nem a volta da pequena exploração familiar, nem a entrada para a OMC contribuíram para a aparição de novas formas de exploração do trabalho. A própria manutenção da propriedade coletiva das terras, mesmo ameaçada pelo aparecimento de um mercado dos "direitos de exploração" [1], exprime essa ambição conservadora que caracteriza as autoridades públicas.

Os múltiplas ocupações dos migrantes internos

Além da questão da segurança alimentar, a função do trabalho agrícola é de ordem política. Ele permite fixar, nos locais de origem, uma população que, se fosse privada de seus meios de produção e de um convívio social saudável, poderia deixar as pequenas cidades. O objetivo não é impedir as migrações, mas regulá-las, permitindo a volta às províncias de origem no caso de uma crise conjuntural, além de evitar uma urbanização brutal. Práticas convergentes dão andamento a essa estratégia. A maior parte dos migrantes não sente a partida como uma ruptura, mas como uma experiência múltipla, que opera em diversos níveis no tempo e no espaço. O espaço agrícola é mantido como um refúgio, e o meio social serve como estrutura para os deslocamentos da população. Além disso, a maioria dos migrantes são apresentados a seus empregadores por amigos ou membros da família.

Esses fenômenos migratórios levam a formas bastante variadas de exploração do trabalho. A população que está fadada a padecer sob a exploração capitalista "selvagem" é apenas uma pequena parcela, em relação aos 120 ou 150 milhões de camponeses migrantes. Na verdade, um pouco mais da metade desses trabalhadores camponeses (mingong) está empregada na produção manufatureira e na construção. O resto se concentra no setor de alimentação, hotelaria, comércio, segurança privada ou mesmo em atividades "independentes", como a reciclagem [2].

É preciso ressaltar que 80% dos migrantes que deixam a terra sem deixar o campo são empregados da indústria rural, e metade deles não precisa sair da sua província natal. Acabam escapando das fábricas. As condições de vida e trabalho não são necessariamente superiores às de seus companheiros empregados nas "oficinas do mundo" os "sweat-shops" [3]da costa, mas não se assemelham com as imagens convencionais de um "inferno capitalista". A não ser quando se trata da exploração de minérios [4].

Quando os dramas sociais já não podem ser desprezados

A atitude das autoridades públicas diante dessas migrações alterou-se profundamente, nas últimas décadas. Os anos 80 e o começo dos 90 foram marcados por um desprezo quase total sobre as questões sociais relacionadas às migrações. Ele baseava-se na confiança em uma certa utopia liberal de gestão do emprego e na certeza de que as migrações não seriam maciças e nem definitivas. O desenvolvimento e as escolhas políticas recentes – especialmente a entrada na OMC – fazem a questão do trabalho rural retornar com força total .

A estagnação da agricultura, assim como a importância dos setores pouco capitalizados e da construção em fase de crescimento, deram uma importância estratégica às migrações. Pesquisadores e funcionários públicos acreditam que haverá uma urbanização progressiva, provocada pela busca de melhor padrão de vida — uma demanda interna antiga. As autoridades públicas precisam da "economia política" das migrações. Como alojar os migrantes nas cidades onde a especulação imobiliária os exclui completamente? Como garantir a saúde pública de uma população que não tem acesso a benefícios sociais? Como assegurar a educação das crianças migrantes que, na sua maioria, não conseguem ter acesso ao sistema de educação urbano? Como obrigar os patrões (não apenas os típicos capitalistas liberais mas também os dirigentes das empresas públicas de construção) a pagar seus empregados?

A questão não se refere, a priori, a grandes princípios filosóficos, nem a um efeito das pressões civilizatórias externas — mas à busca pelo crescimento num clima de relativa estabilidade social. Por outro lado, não é correto ver, nas discussões e debates inflamados sobre o lugar social dos migrantes, apenas um efeito do utilitarismo dominante.

Contra os liberais, surge uma corrente de "capitalismo social"

Pode-se notar a aparição de uma corrente que poderíamos chamar de "capitalismo social", que une sociólogos, jornalistas, deputados, funcionários públicos ou simples membros do Partido Comunista Chinês (PCC). Compartilham a idéia de que, se o capitalismo pode ser uma coisa boa, não consegue funcionar corretamente sem políticas sociais. A introdução de um mecanismo de redistribuição das riqueza parece indispensável; a revalorização dos salários baixos resolveria, segundo eles, uma demanda interna insuficiente, e asseguraria uma menor dependência em relação à demanda externa. Essas mesmas pessoas defendem, com freqüência, a idéia de uma "classe-medianização" da sociedade chinesa como único remédio contra a guerra de classes entre ricos e pobres,. Calculam que uma parte dos migrantes deverá ter acesso a essa "nova" classe média. Essa corrente se opõe — às vezes duramente, mas na maioria das vezes de maneira velada — ao clã dos "liberais", pouco inclinados a ouvir a voz do social.

No entanto, não se trata de dois grandes grupos constituídos ao longo de uma divisão do tipo reforma/conservadorismo. Alguns "social-capitalistas" têm uma concepção bastante nacionalista do capitalismo, e sonham com multinacionais públicas capazes de reinar sobre o mundo; outros são partidários de um capitalismo mais "mercadológico". E os liberais não estão mais unidos do que os outros: alguns são "ultra", outros, ligeiramente sociais. As convicções políticas também são diversas. Aquele que se diz liberal, nu e cru, pode se revelar um anti-democrata convicto – acreditando que apenas um governo forte poderá "impor o mercado" em matéria de economia. Em resumo, a questão do trabalho faz parte de um movimento geral de diversificação de opiniões no interior de uma certa elite relacionada não apenas aos dirigentes do Partido Comunista e seus altos funcionários mas também aos "eleitos", aos líderes dos movimentos sociais e à "intelligentsia".

A adoção de políticas sociais em favor dos migrantes continua problemática, por razões ligadas às disponibilidades financeiras e ao impacto de tais "concessões" no esforço em favor do "milagre chinês". Muitos dirigentes se perguntam: o encarecimento da mão-de-obra e o aumento da demanda por benefícios sociais pode colocar em cheque a competitividade da economia? Alguns também citam um novo fenômeno: a falta de mão-de-obra não-qualificada em algumas partes da província de Guangdong. Os trabalhadores estariam recusando as condições de trabalho e de remuneração propostas pelas fábricas, atraídos pelos investimentos maciços no desenvolvimento do oeste do país, onde se oferecem novas oportunidades de emprego? Ou seria um simples efeito demográfico da política do filho único [5]? Sem dúvida é um pouco de tudo.

Paga-se melhor os trabalhadores qualificados. Mas persiste o desemprego

No entanto, é evidente que o aumento dos salários e dos benefícios sociais, principalmente em Xangai e no Fujian – onde os empregadores não parecem sentir, ou pelo menos não se queixam tanto da falta de mão-de-obra – estimula muitos migrantes a deixar Guangdong em direção ao norte. Do mesmo modo, o anúncio de um aumento de 23% no salário mínimo, na cidade de Shenzhen, demonstra que a renda da classe trabalhadora tornou-se uma preocupação mais presente. Em compensação, o retorno maciço dos migrantes ao campo continua hipotético. Por um lado, as pesquisas mostram que muitos camponeses acreditam que o futuro está nas cidades. Por outro, o desenvolvimento do oeste ainda se inicia.

Talvez assistamos a uma diversificação geográfica, causada por uma mudança nos modos de produção nas zonas costeiras. As indústrias carentes de mão-de-obra se mudaram para as regiões centrais, e as províncias orientais estão se voltando para atividades de maior valor agregado. Esse reequilíbrio explicaria o aparecimento de iniciativas locais de proteção social: as empresas da costa precisam de mão-de-obra mais qualificada e estável.

Mas a "fábrica do mundo" é um lugar onde, também, reina o desemprego. Não esqueçamos que, atuamente, a China é vista como o "Império do Trabalho". O número oficial da taxa de desemprego é, sem dúvida, muito baixo (4,1% da população urbana no fim de 2006), mas não inclui os migrantes desempregados, os trabalhadores que perderam o emprego, mas ainda dependem da empresa ou do sistema de proteção social (os famosos xiagang zhigong) [6], os desempregados sem direitos e, tampouco, os jovens que nunca trabalharam formalmente e que não têm direito a seguro desemprego.

Anuncia-se uma alta significativa nas ofertas de emprego desde 2004. Porém, os números correspondem, na sua maioria, a empregos informais (feizhenggui), sem contrato e benefícios sociais. A proporção de empregos formais é muito pequena nas zonas urbanas [7]. Antigos funcionários públicos continuam inativos ou só conseguem emprego no setor não-comercial, como auxiliares da guarda de trânsito, seguranças etc [8].

Para milhões — inclusive jovens — resta apenas o emprego informal

As últimas pesquisas na área revelam uma situação bastante tensa. Em 2006, a China deveria ter aberto 25 milhões de postos de trabalho para a população urbana, dos quais 9 milhões deveriam ser destinados aos ingressantes no mercado de trabalho, 3 milhões aos migrantes internos – a simples menção dessa categoria mostra, mais uma vez, a mudança no discurso oficial – e 13 milhões aos trabalhadores que perderam seus empregos por causa da reestruturação do setor público. Na realidade, apenas 11,84 milhões de empregos formais com direito a benefícios sociais foram criados em 2006 [9]. Em 2007 houve 24 milhões de novos ingressantes no mercado de trabalho, contra apenas 12 milhões de novos empregos (inclusive contando com as vagas abertas pelos que se aposentaram) [10]. Como de costume, a lacuna foi parcialmente preenchida pelo emprego informal.

O efeito da grande reestruturação industrial da segunda metade dos anos 90 (quando milhões de funcionários públicos foram aposentados) não terminou [11]. E o perigo do desemprego nas áreas urbanas não se limita mais às gerações dos que trabalharam no mesmo lugar a vida toda. Para livrar-se desses, o discurso e a prática se utilizaram de argumentos baseados em análises demográficas: inaptas às mudanças, as gerações "excedentes" deveriam desaparecer para dar lugar a jovens melhor preparados e adaptados ao mercado de trabalho.

Uma pesquisa feita em 2005, em quatro cidades – Dalian, Tianjin, Changsha et Liuzhou – indicou que o desemprego entre os jovens (de 15 a 29 anos) atingia 9%, contra 6,1% para o total da população urbana. Além disso, de acordo com o sociólogo Shen Jie, "a maior parte dos empregos para jovens não dá direito a benefícios e nem proporciona estabilidade; eles trabalham muitas horas por salários bastante baixos [12]"

Faltam vagas para profissionais médios e universitários

Trata-se, em geral, de pessoas sem qualificação, que saem do sistema escolar com um nível equivalente ao ensino médio completo. Não cogitam concorrer a sub-empregos com os migrantes, que também não têm formação necessária para obter um emprego nos novos setores. Formam-se filas de jovens à procura de emprego. São atendidos pelas associações de bairro e "postos de rua" (a esfera mais local de administração). E ocupam cargos mais ou menos temporários no setor não-comercial "comunitário" (segurança, manutenção), ou empregos de nivel básico nas novas atividades comerciais que se desenvolvem nos bairros (hotéis, grandes restaurantes, lojas). As vagas que lhes são reservadas são de funções subalternas, mas melhor remuneradas e mais "bem vistas" do que as reservadas aos migrantes. Transformam-se em um tipo de "proletariado" assistido, intermediário entre classe média e os migrantes. Os que se recusam a ocupar esses cargos menores vivem às custas dos pais. Alguns familiares enviam seus filhos para estudar no exterior, para que obtenham um diploma de alguma escola de comércio de segunda linha ou de hotelaria. A França é um dos destinos favoritos.

Mas o desemprego também atinge os que já têm diploma do ensino superior. O número de formados subiu de 1,07 milhões, em 2000, para 4,3 milhões, em 2006 – 13% ao ano [13]. Em 2010, a proporção deverá atingir 23% [14]. A economia chinesa tem muita dificuldade em absorver um número tão grande, que corresponde a quase metade dos 9 milhões dos ingressantes do mercado de trabalho em 2006, e que esperam um emprego no "novo setor" [15]. Estima-se que 60% dos formados em 2006 não tenha conseguido arranjar emprego nesse mesmo ano.

Um paradoxo ronda essa questão: as grandes empresas chinesas e estrangeiras queixam-se de não ter uma mão-de-obra "high-tech" à disposição. Por outro lado os jovens formados vivem situações dramáticas (ver, nessa edição). Os empregadores afirmam que a formação não está adaptada às necessidades reais. Ao mesmo tempo, esbarram nos limites de um modelo de desenvolvimento amplamente baseado nas indústrias que se utilizam de mão-de-obra não-qualificada. Por fim, a remuneração média dos primeiros empregos continua muito baixa. Segundo uma pesquisa feita em 2005, mais de 1/5 (20,3%) dos formados ganha menos de 1000 Yuans (100 Euros) por mês e quase 2/3 (65,4%) ganha entre 1000 e 2000 Yuans [16]. Ao que parece, um projeto de "classe-medianização" da sociedade chinesa é bastante inviável nesses termos.

A nova lei de emprego e as esperanças de associações e sindicatos

Diante da gravidade da situação, a última sessão da Assembléia Nacional discutiu uma lei de incentivo ao emprego. Baseia-se em objetivos amplos: melhor coordenação entre as cidades e o campo, a gratuidade total dos serviços das agências de emprego, o combate a qualquer forma de segregação no momento da contratação, atenção particular aos jovens que não têm diploma (de nível universitário ou secundário), maior desenvolvimento das formações profissionais e, enfim, ajuda mais eficaz aos jovens formados para a obtenção do seu primeiro emprego. A realização desses objetivos dependerá das medidas concretas adotadas pelas autoridades nacionais e locais.

Na verdade, o modo de trabalho "chinês" ainda é pouco conhecido. As pesquisas são raras e segmentadas e as categorias utilizadas pelas estatísticas oficiais raramente são confiáveis. De qualquer modo, parece que a diversidade de modos de utilização da mão-de-obra faz parte de uma lógica de economia política que tem a estabilidade como motivação primordial. A existência de um "setor protegido" pelo Estado limitaria a concorrência dos trabalhadores urbanos com os migrantes; a manutenção de um setor "tradicional" nos campos permite fixar nos locais de origem uma parte da população potencialmente "migrante" e liberar outra, que não precisaria chegar "sem lenço nem documento", às cidades. Simultaneamente, o trabalho considerado "moderno", que se desenvolve nos novos setores (telecomunicações, finanças, publicidade etc), permite a assimilação, "pelo topo", de uma parte dos filhos e filhas dos trabalhadores do Estado que foram dispensados pela reestruturação da economia pública. Também satisfaz as necessidades de seu retorno futuro (ou já em curso) às produções mais sofisticadas.

De qualquer maneira, tal configuração não pode ser compreendida no contexto de uma gestão do trabalho centralizada e onisciente, que teria como resposta ainda mais agitação. A concepção da polícia com relação às condições de vida dos migrantes ou à estabilidade social é diferente do ponto de vista dos responsáveis pela política econômica ou pela gestão da proteção social Isso — sem falar da opinião dos ideólogos e dos resposáveis pelos sindicatos oficiais. Essas eventuais divergências dão margem, por exemplo, à ação das associações que defendem os direitos dos migrantes. Essas associações podem sustentar que a melhor estratégia seria demonstrar, aos governos locais e aos patrões, que os proletários bem tratados seriam ao mesmo tempo mais eficazes e mais estáveis. Nesse terreno encontram, também, o apoio de alguns sindicalistas, que esperam que os conflitos entre trabalhadores e patrões privados recupere a legitimidade. Pois, assim como explica um deles, "opôr-se a ações ilegais dos capitalistas não é o mesmo que opor-se a uma política do governo. Ao contrário, é defender a lei".

Tradução: Patrícia Andrade
pat.patricia@voila.fr


[1] A terra continua sendo propriedade coletiva, mas os camponeses têm direitos ao uso e poder de arrendar suas terras.

[2] A limpeza das grandes cidades chinesas é em grande parte devida aos mendigos que vagam pelas grandes avenidas à procura de objetos recicláveis, que vendem a preços muito baixos a empresas de reciclagem.

[3] "Lojas de suor", na tradução literal. O termo refere-se a indústrias, muitas vezes subcontratadas por corporações transnacionais, onde as jornadas e condições de trabalho são massacrantes e os salários, baixíssimos (Nota da edição brasileira)

[4] Se a expliração de minérios se caracteriza por terríveis condições de trabalho, muitas das empresas rurais são na verdade pequenas fábricas nas quais a ausência de proteção social combina-se com modo de produção familiar.

[5] A polêmica é grande entre os economstas chineses, como podemos ver no International Herald Tribune de 8 de abril 2006 e no Financial Times de 18 de abril e de 23 de maio 2006.

[6] Funcionários públicos aposentados, mas que ainda têm uma ligação salarial com a empresa de origem. Essa categoria deve desaparecer, e os xiagang zhigong serão progressivamente relegados às filas de desempregados.

[7] Segundo as estatísticas chinesas, o número seria próximo de 40%. No entanto, excluem empresas privadas e individuais, Wang Luolin e Wei Houkai, Dongbeidiqu jingji zhenxing zhanlüe yu zhengce (Políticas e estratégias de desenvolvimento da região nordeste), Shehui kexue wenxian chubanshe, Pequim, 2005, p. 343.

[8] Ver Martine Bulard, "Encruzilhada chinesa", Le Monde Diplomatique-Brasil, janeiro de 2006.

[9] Relatório do governo, de 2006.

[10] Relatório do governo, de 2007.

[11] Sobre esse assunto, ler Antoine Kernen, La Chine vers l’économie de marché. Les privatisations à Shenyang, Karthala, Paris, 2004.

[12] Shen Jie, "A situação da juventude em 2005", em Ru Xin, Lu Xueyi e Li Peilin, Shehui lanpishu 2006 (Livro azul da sociedade chinesa, de 2006), Shehui kexue wenxian chubanshe, Pequim, 2005, p. 354

[13] South China Morning Post, Hong Kong, 8 de maio de 2006. O ministério do Trabalho prevê que o números de formados atingirá 4,95 milhões em 2007.

[14] International Herald Tribune, abril de 2006.

[15] Cf. China Daily, 20 de fevereiro de 2006.

[16] Wang Ke, China.org.cn, 15 de fevereiro de 2006. A título de comparação, a renda mensal média da população urbana é inferior a 1000 Yuans.

O deserto verde no Uruguai


Plantações de eucalipto concentram terra e inviabilizam a produção agrícola no Sul do país


Jorge Pereira Filho

A CASA DO produtor rural Washington Lockhart está rodeada por paredes. Construções distintas essas. Não levam cimento nem tijolos. Tampouco têm aspecto áspero. São milhares de árvores que não estavam ali há 15 anos. Hoje, plantações de eucaliptos rodeiam o povoado onde mora esse camponês. Árvores que separam dois mundos. Um local, dos agricultores que trabalham para abastecer as cidades próximas de frutas, hortaliças, queijos, leite. E um outro, inserido no capitalismo global, das transnacionais e grandes grupos empresariais que exportam aos países ricos matéria-prima para a produção de papel.

Washington vive no povoado de Cerro Alegre, sul do Uruguai. Mas sua história se repete no Brasil, em regiões do Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Bahia; em países como Tailândia, Chile, e outros territórios que abriram suas fronteiras à monocultura de eucalipto e de pinus. Produtor de leite, esse uruguaio lembra que no início dos anos de 1990 as empresas compraram as primeiras terras. "Vivo neste lugar desde 1975, quando comecei a produzir leite. E sinto do lado de minha casa os efeitos desse modelo. Meus três filhos freqüentaram uma escola rural que atendia a 60 crianças e, hoje, sobraram 15 alunos. Já outra escola, de tamanho similar na época, está com apenas 2 estudantes. Há 1 quilômetro, havia armazéns, pequenas lojas, uma quadra de esportes que reunia nossa comunidade, mas nada disso restou. Agora, abro a janela de minha casa e não vejo o horizonte, apenas árvores", relata.
O povoado de Cerro Alegre está na rota da corrida das transnacionais e do capital internacional pela expansão das monoculturas de eucalipto e pinus. São empresas como as finlandesas Storea-Enso e Metsa-Botnia, a espanhola Ense, a Aracruz Celulose (de capital norueguês, brasileiro e inclusive do BNDES), entre outras, que disseminam essas plantações pelo mundo. "A expansão se insere hoje na estratégia dos grandes países consumidores de papel: Europa, Estados Unidos e Japão. Querem assegurar o fornecimento da indústria em longo prazo e espalham plantações de eucalipto no Sul, nas áreas tropicais e subtropicais, avalia o técnico florestal Ricardo Carrere, que hoje integra o Grupo Guayabira no Uruguai e é coordenador do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (IWRM, na sigla em inglês).
O Brasil, hoje, tem em território a maior extensão de área plantada de eucalipto do planeta - mais de 4 milhões de hectares. A produção, em sua maioria, é voltada para a exportação na forma de pasta de celulose que, nos países ricos, é transformada em papel. "Essa indústria cresce porque tem uma política de inventar novos usos para o papel. No Brasil, o consumo médio é de 30 quilos por pessoa. Na Europa, são 200 quilos, ainda menos do que os 330 quilos dos Estados Unidos e os 400 quilos da Finlândia. Sabemos que não falta papel, há desperdício, é demasiado", avalia Carrere. Em um estudo sobre o assunto, o pesquisador constatou que a maior parte do consumo é em embalagens. "Depois, as empresas são as maiores consumidoras. Livros e cadernos representam uma parte menor", revela o técnico florestal que esteve no Brasil para um seminário internacional sobre monoculturas realizado, entre os dias 18 e 20 de abril, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).
O Uruguai tem, atualmente, 1 milhão de hectares de eucalipto e pinus. Uma extensão representativa para o território total de 18 milhões de hectares. As primeiras mudas foram plantadas na região onde vive Washington com a promessa do desenvolvimento. Gerariam emprego, trariam investimentos e a prosperidade. Na década de 1980, após a assessoria de pesquisadores japoneses, o governo uruguaio elaborou um plano de expansão da cultura de eucaliptos e pinus. Determinou algumas regiões do país que receberiam essas mudas do progresso e, como contrapartida, isentou as empresas interessadas de impostos. Mais do que isso, definiu um subsídio: o povo uruguaio, por meio dos impostos, bancaria 50% do custo de produção. Era o que dizia a Lei Florestal, publicada em 1987. Esse último benefício foi revogado pelo presidente Taberé Vazquez. O discurso tinha outros elementos de sedução. Ampliaria a área verde do país (afinal, são árvores) e estimularia a produção de livros para as crianças, por exemplo. Já os impactos sociais e ambientais da expansão da monocultura foram tratados como questões menores

A água


Em outubro de 2002, o Uruguai escreveu uma página inédita na história dos direitos humanos com a realização de um plebiscito popular sobre a gestão da água. Mais de dois milhões de uruguaios, 64% do eleitorado do país, decidiram que os recursos hídricos deveriam ser considerados um recurso natural essencial à vida e, por isso, não deveriam ser privatizados.
Para a comunidade de Cerro Alegre, no Sul do país, essas letras inscritas na Constituição seguem distantes. Lá, o serviço de distribuição de água não foi privatizado. Mas os recursos hídricos não têm como destino o consumo da população. Em vez disso, abastecem as plantações de eucaliptos. "Há quatro anos, sentimos os primeiros efeitos. No meu caso, um riachinho que atravessava minha chácara secou totalmente. Desapareceu, ainda, na região uma área de cerca de 15 hectares de banhado. Um antigo vizinho que me visitou no início deste ano, e vendeu sua casa para as empresas, não acreditou. Desde 1975, a água para nosso consumo interno vinha de um poço, do lado de casa. Hoje, já não basta e tive de construir outros quatro", conta Washington.
Efeito do aquecimento global, falta de chuvas? Não é o caso. No Uruguai, a média de chuva é de 1,2 mil milímetros por ano e somente, entre 25 de fevereiro e 25 de março, caíram 700 milímetros. Depois da chegada das plantações de eucalipto, a maior parte da comunidade de Cerro Alegre é abastecida por um caminhão-pipa de 18 mil litros, que semanalmente percorre a região. Nem sempre há para todos e o impacto da escassez de água em uma região agrícola é ainda maior: inviabiliza- se a própria produção. "Um eucalipto consome em média 20 litros de água por dia, por isso cresce tão rápido. É uma bomba de água enviando os nutrientes do solo, e são sete anos apenas até o corte. Imagine agora que um hectare tem 1,1 mil árvores. A cada dia são consumidos 22 mil litros de água, mais do que a capacidade de um caminhão-pipa. Mesmo assim, o governo e as empresas dizem que não há evidências científicas desse consumo de água", afirma o técnico florestal Ricardo Carrere. Companhias como a Aracruz que, para rebater as críticas de ambientalistas, divulgam que poços de monitoramento constaram que o lençou freático fica estável a uma profundidade que varia de 16 a 25 metros, em áreas de eucalipto.

Resistência


"Por conta desses problemas, muitos produtores abandoram a região. Outros venderam suas terras para as empresas florestais e foram para a cidade. Sem água, é impossível trabalhar no campo", conta Washington. Segundo ele, os camponeses que permaneceram na terra iniciaram um movimento para resistir ao avanço da monocultura. "Tivemos de nos unir, apesar de todo o individualismo presente na comunidade. As pessoas são absorvidas pelo trabalho, estão acostumadas a cuidar de sua porção de terra, mas os problemas comuns dessa realidade se impuseram", afirma.
A articulação dos camponeses começou em 1994, quando a falta de água se agravou. As bandeiras do movimento continuam as mesmas desde a sua criação: nenhum eucalipto a mais, água como um direito de todos, fim dos benefícios da Lei Florestal e rejeição à proposta da construção das indústrias papeleiras no rio Uruguai.
Com apoio de organizações ambientalistas, os camponeses de Cerro Alegre realizaram um estudo para denunciar os impactos da introdução dos eucaliptos na região. A constatação: a monocultura gera 3 três empregos em média para cada mil hectares plantados; já a agricultura em média 10 postos de trabalho, entre grandes e pequenas propriedades. "Por isso falamos do ‘deserto verde’ desse modelo: expulsa as pessoas da terra, substitui a produção de alimentos, provoca o desaparecimento da flora, já que espécies vegetais não resistem nas proximidades dos eucaliptos, e da fauna, pois os animais originários perdem sua fonte de alimentação", resume Ricardo Carrere.

Fonte:BrasilDeFato

Prostíbulos fiscais

Emir Sader

A função dos prostíbulos na sociedade tradicional era permitir que os respeitáveis maridos garantissem a eternidade dos laços matrimoniais, descarregando suas necesidades não atendidas pela esposa nos prostíbulos. Um papel similar tem os ironicamente chamados “paraísos fiscais”, como linhas de escape dos grandes capitais, que ganham mais com a especulação e os investimentos nesses lugares que na produção de bens.

A porcentagem do comércio mundial que transita por esses paraísos fiscais subiu a mais da metade do total, mesmo se esses territórios que alugam sua soberania para negócios escusos somam apenas 3% do produto bruto mundial. Calcula-se que um bilhão de dólares de dinheiro sujo circulam anualmente nesses territórios, a metade proveniente dos países da periferia do capitalismo, a outra metade dos países centrais. Segundo um banqueiro suiço, apenas 0,01% do dinheiro sujo que passa pela Suíça é detectado.

Mas o que é um paraíso fiscal e onde eles estão localizados? Entre suas características estão as de que não-residentes pagam pouco ou nada de impostos; a ausência de intercâmbio de informações fiscais com outros países; a falta de transparência legalmente garantida pelas organizações que se estabelecem nesses territórios; a não obrigação para as empresas locais que pertencem a não-residentes de exercer qualquer atividade local significativa.

Pode-se passar a idéia de que eles estão situados na periferia do capitalismo, ainda mais que se costuma chamá-los de “offshore”. Mas não é assim: geograficamente eles podem estar situados em pequenas ilhas, mas a maioria dos paraísos fiscais estão, política e economicamente, ligados aos países da OCDE. Na economia britânica, por exemplo, a maior parte das transações offshore é controlada pela City – a Bolsa de Londres.

John Christensen, no livro “Evasão fiscal e pobreza”, publicado pelo Centro Tricontinental, classifica o Reino Unido em lugar de destaque entre os países mais corruptos do mundo.

No entanto, uma organização como Transparência Internacional, que publica anualmente a lista dos países mais corruptos se centra nos países da periferia do capitalismo. No entanto, na sua lista, segundo Christensen, 40% dos paises situados como os menos corrompidos, são paraisos fiscais offshore e centros financeiros como Singapura, Suíça, Reino Unido, Luxemburgo, Hong-Kong, Alemanha, Estados Unidos, Bélgica e Irlanda. Nas palavras de um dirigente nigeriano que investiga o tema: “É irônico que Transparência Internacional, situada na Europa, não pense em considerar a Suíça como a primeira ou a segunda nação corrupta do mundo, por ter abrigado, encorajado e incitado todos os ladrões dos tesouros públicos do mundo a colocar seu botim sob salvaguarda em suas asquerosas caixas fortes”. Em outras palavras, considera a corrupção do lado da oferta, mas não da procura ou ainda, coloca toda a responsabilidade nos corruptos, absolvendo os corruptores – via de regra governos do centro do capitalismo e empresas multinacionais.


Color 7 Vídeo Capture



Descrição
Color7 Video Converter pode gravar, converter, juntar e dividir vídeos nos formatos: AVI, MPEG, MPEG 1, MPEG 2, MPEG 4, VCD, DVD, SVCD, RMVB, RM, WMV e muitos outros. É um software para uso em casa, trableh com vídeos para home theater ou para armanezar no PC. Grava DVDs, VCDs e SVCDs, e, suporta dispositivos de captura variados como câmeras digitais, webcams, vídeo cassete e transmissões on-line da Internet.

Informações
Tamanho:13,5 mb
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CORELDRAW GRAPHICS SUITE X3






Dados do Aplicativo
Nome: CORELDRAW GRAPHICS SUITE X3
Estilo: Design
Fabricante: Corel
Ano de Lançamento: 2007


Descrição
A Suíte de Aplicativos Gráficos CorelDRAW X3 ajuda estudantes e professores a realizar projetos gráficos sofisticados, personalizando seu trabalho e transformando suas idéias em resultados profissionais. Num mundo cada vez mais visual, essa suíte de aplicativos gráficos é fácil de aprender e ajuda os estudantes a ter bons resultados ao produzirem uma ampla variedade de projetos escolares, incluindo apresentações, pôsteres, faixas e relatórios. Agora que conta com recursos avançados de ilustração, layouts de pagina e edição de fotos, uma poderosa ferramenta de conversão de bitmap em vetor, além de novas e úteis ferramentas de aprendizado, a Suíte de Aplicativos Gráficos CorelDRAW X3 fornece a melhor combinação de recursos superiores de design, velocidade, facilidade de uso e preço acessível, insuperáveis por qualquer outro software gráfico.

Informações
Tamanho: 269 MB
Formato: EXE
Idioma: Portugues
Copiado de:BaixariaNaNet






Repostando....Analisando o outro lado da história!!!


Paradise Now é um filme dirigido pelo diretor palestino NANY ABU-ASSAD, seus protagonistas também são palestinos, rodado quase que em sua totalidade na cidade de NABLUS e pretende responder a uma pergunta terrivelmente atual: o que move as pessoas a se converterem em HOMENS-BOMBAS. É a religião? é a política? ou é o fanatismo?
Desde o dia 11 de setembro de 2001, que o ocidente plata essa pergunta que culminou com a realidade atual da invasão iraquiana, porém, até agora não encontrou uma resposta adequanda.
ABU-ASSAD tenta oferecer uma reflexão num filme que movimentará a todos os espectadores.
Kaled(Ali Suliman) e Said(Kais Nashef) são dois jovens palestinos, amigos desde a infância, recrutados para levar a cabo um atentado suicida em Tel Aviv.
Depois de passarem a noite com suas familias, partem rumo a fronteira com esplosivos junto ao corpo.
Vários imprevistos os obriga a separar-se.
Este filme, rodado em Nablus, propõe uma interessante visão da vida cotidiana de pessoas em circunstâncias desesperadoras. Explora as legítimas razões da resistência à ocupação sem justificar em nenhum momento a perda de vidas humanas. Muito intrigante e desvelador!


América Latina
A classe media, os movimentos sociais e a esquerda

por James Petras [*]

O comportamento social e político da classe média é determinado pela sua posição e interesses de classe e o contexto político-económico com o qual se confronta. No contexto de um regime de direita com economia em expansão, créditos baratos e importações de bens de consumo a baixos preços, a classe média é atraída para a direita. No contexto de um regime de direita em profunda crise económica, a classe média pode ser parte de uma vasta frente popular, procurando recuperar sua a propriedade, as poupanças e o emprego perdidos. Quando há um governo popular anti-ditatorial e anti-imperialista, a classe média apoia reformas democráticas mas opõe-se a qualquer radicalização que torne as suas condições iguais às da classe trabalhadora.

Três exemplos, Brasil, Argentina e Bolívia, ilustram a mudança de orientação bem como as divisões internas da classe média. No Brasil, a classe média ascendente, composta por funcionários, profissionais, advogados trabalhistas e burocratas sindicais assumiram o comando do Partido do Trabalhadores (PT) liderado por Lula da Silva. Com 75% dos delegados, eles apoiaram uma aliança eleitoral com o Partido Liberal do big business e com o sector financeiro. Uma vez no poder, eles moveram-se das posições social-democratas para as dos políticos neoliberais. Os movimentos sociais, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Pobres Urbanos Sem Casa (MSC), apoiaram a eleição de Lula na base das promessas pré-eleitorais, deixando de aplicar uma análise de classe às mudanças na política, na liderança e no programa.

O resultado foi que os movimentos sociais desperdiçaram cinco anos a argumentar que o regime Lula era 'território em disputa' e que poderia ser empurrado para a esquerda. Em consequência, o MST perdeu terreno político, ficou organizativamente isolado e os seus militantes desorientados durante aproximadamente cinco anos. Durante esse período, Lula cortou as pensões dos trabalhadores sindicalizados do sector público (professores, empregados dos correios, trabalhadores da saúde, funcionários, etc) em 30%, aumentou a idade de aposentadoria e privatizou fundos de pensão públicos. Por isso os sindicatos de funcionários públicos romperam com o governo e com a confederação sindical pró-governo (CUT) e aderiu a outros sindicatos independentes para constituir uma nova confederação, a CONLUTA, que inclui estudantes, ecologistas e outros grupos. Em 2007, numa assembleia nacional, a CONLUTA recebeu o apoio do MST e de sectores da CUT para a organização de uma greve geral no fim de Maio … As ligações de movimentos sociais às políticas eleitorais de partidos social-democratas, que estão a rumar para políticas neoliberais, é um desastre político. A falta de um programa político independente com base na classe e de uma liderança orientada para o poder do Estado entre os movimentos sociais forçou-os a subordinarem-se ao antigo Partido dos Trabalhadores social-democrata, o qual estava ligado ao imperialismo, às finanças e ao capital agro-mineral. Por outro lado, o sindicato dos funcionários públicos e o sector político da classe média foram forçados a romper com Lula e a procurar aliados na esquerda radical, incluindo movimentos sociais, e a rejeitar laços com a grande e pequena burguesia do sector privado.

Na Argentina, a classe média, especialmente a pequena burguesia do sector privado, apoiou o regime neoliberal de Menem na década de 1990. O seu apoio baseou-se no crédito barato (baixas taxas de juro), importações baratas de bens de consumo, uma economia dolarizada e uma economia em expansão baseada em empréstimos externos. Com as crises económicas (1999-2002) e o colapso da economia (Dezembro 2001-Dezembro 2002), a classe média viu as suas contas bancárias congeladas, perdeu os seus empregos, os negócios entraram em bancarrota e a pobreza atingiu mais de 50% da população. Em consequência, a classe média 'radicalizou-se': ela foi às ruas numa rebelião em massa a fim de protestar em frente aos bancos, ao Congresso e ao Palácio Presidencial. Por todas as grandes cidades, nos bairros da classe formaram-se assembleias populares que confraternizaram com organizações de trabalhadores desempregados (piqueteros) no bloqueamento das principais auto-estradas e ruas. Esta rebelião espontânea da classe média adoptou o slogan "Que se vayan todos!", o que reflecte a rejeição do status quo neoliberal mas também qualquer solução radical. A esquerda do sindicato de funcionários públicos (CTA) o sindicato direitista do sector privado (CGT) pouco ajudaram na liderança — no melhor dos casos membros individuais desempenharam um papel nos novos movimentos sociais com base nas "villas miséria" — os vastos bairros da lata urbanos. A esquerda e os partidos marxistas intervieram para fragmentar o movimento de massa de trabalhadores desempregados ao super-ideologizar e dissolver as assembleias de moradores da classe média. Em meados de 2003 a classe média mudou de política eleitoral e votou por Kirchner que fez campanha como social-democrata de 'centro-esquerda'. A partir de 2003 os preços das commodities mundiais ascenderam significativamente, a Argentina adiou e posteriormente reduziu seus pagamentos da dívida e Kirchner estabilizou a economia, descongelou as contas bancárias da classe média a qual então se virou em direcção ao centro.

Enquanto isso Kirchner aproveitou-se do fragmentado movimento de trabalhadores desempregados e cooptou muitos líderes, proporcionou subsídios mensais de US$ 50 a cada família e começou um processo de negociações selectivas e de exclusão seguida de repressão, isolando os radicais da esquerda reformista. Em 2007, as principais lutas de classe envolvem os empregados do sector público ou a classe média e o regime Kirchner quanto a salários. O movimento da ocupação de fábricas foi cooptado dentro do Estado. Os movimentos de trabalhadores desempregados ainda existem mas com força muito mais reduzida. A classe média privada, tendo recuperado e desfrutado um crescimento elevado, está a mover-se do centro-esquerda para o centro-direita.

A Argentina ilustra como a política da classe média pode mudar dramaticamente da conformidade à rebelião, mas na falta de qualquer direcção política retrocede para a direita. Com a estabilização, a classe média privada separa-se dos funcionários públicos, com os primeiros a apoiarem neoliberais e os últimos a social-democracia.

O governo do MAS (Movimento para o Socialismo) na Bolívia tem uma base de massa eleitoral constituída por pobres urbanos e rurais-urbanos, mas os seus ministros são todos profissionais burgueses, tecnocratas e juristas com uns poucos líderes de movimentos cooptados. Evo Morales combina demagogia política para as massas, como 'nacionalização do petróleo e do gás' e 'reforma agrária' com práticas liberais tais como assinar acordos de joint venture com todas as grandes companhias internacionais de petróleo e gás e excluir da expropriação para a reforma agrária grandes plantações 'produtivas' possuídas pela oligarquia. Enquanto isso, os pequeno-burgueses privados que inicialmente apoiaram Evo Morales para pacificar a rebelião dos índios e trabalhadores, subsequentemente viram para a direita. Além disso, como Morales apoia políticas de estabilização macroeconómica austeras tipo FMI, ele fez com que os grandes sindicatos de funcionários públicos (nomeadamente professores e trabalhadores da saúde) fossem à greve.

As consequências para os movimentos, como no Brasil e na Argentina, incluem a fragmentação, divisões e o retorno da classe média privada para o centro-direita. Os movimentos sociais são desmobilizados e há descontentamento crescente entre a classe média do sector público acerca de aumentos salariais que mal excedem a elevação do custo de vida, apesar do grande aumento nas receitas do governo devido ao alto preços das exportações minerais.

Preços de commodities. Os novos programas de centro-esquerda (CE) de Lula, Kirchner e Morales na verdade são a nova face da direita neoliberal. Os regimes de CE seguiram as mesmas políticas macroeconómicas, recusaram-se a reverter as privatizações ilegais dos regimes anteriores, mantiveram as brutais desigualdades de classes e enfraqueceram os movimentos sociais. Os regimes CE foram estabilizados pelo boom nos preços das commodities [ver gráficos] e por excedentes orçamentais e comerciais, que lhes permitiram proporcionar programas mínimos de alívio da pobreza. O seu principal êxito foi desmobilizar a esquerda, restaurar a hegemonia capitalista e um grau de autonomia relativa em relação aos EUA através da diversificação com mercados da Ásia.

O principal problema dos movimentos sociais foi o fracasso em desenvolver uma liderança política e um programa para o poder do Estado e, portanto, depender dos políticos eleitorais da classe média de profissionais com mobilidade em ascensão. Tão logo os movimentos subordinaram políticas extra-parlamentares aos partidos eleitorais, eles foram capturados em alianças eleitorais entre os líderes da classe média e os grandes capitalistas.

A centro-esquerda, aproveitando condições económicas internacionais favoráveis (altos preços das commodities, alta liquidez), pode estabilizar a economia, baixar o desemprego e reduzir a pobreza, mas não pode resolver os problemas básicos do desenvolvimento desigual, do sub-emprego, da concentração de riqueza e poder e da exploração e desigualdades.

A relação da esquerda com a classe média tem uma abordagem de direita e de esquerda. A abordagem de direita envolve o abandono das exigências anti-capitalistas e anti-imperialistas a fim de ganhar o apoio do sector privado da classe média. Isto significa sacrificar mudanças estruturais, favoráveis à classe trabalhadora, camponeses e desempregados, em prol de vagas promessas de emprego, estabilidade, protecção de negócios locais e crescimento. A abordagem de esquerda destina-se a apoiar o sector público da classe média em oposição a medidas neoliberais como privatizações, e apoiando a renacionalização de indústrias básicas, aumentos de salários, pensões e garantias de segurança social, saúde público e educação superior. O desafio chave para a esquerda é combinar a oposição da classe média do sector público ao neoliberalismo com o anti-capitalismo e o anti-imperialismo, apoiado pelos sectores militantes dos trabalhadores e do campesinato.



[*] Sociólogo. O seu ultimo livro é The Power of Israel in the United States (encomendas através deste link permitem que resistir.info receba uma pequena comissão).

O original encontra-se em http://www.axisoflogic.com/artman/publish/article_24647.shtml

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .











INTER VENCE O SANTOS


O jogo teve sério risco de ser adiado. Uma chuva muito forte deixou o gramado com muitas poças de água, o que fez com que se mantivesse a dúvida sobre a realização do jogo até as 18h10min. Somente a essa hora que o árbitro decidiu dar condições de jogo, mas decidiu adiar o começo para as 18h30min.


Gramado do Beira-Rio cerca de uma hora antes do jogo

Em um gramado encharcado, o Inter foi a campo com o mesmo time que goleou o Pachuca por 4 a 0 e conquistou a Recopa e a Tríplice Coroa na última quinta-feira. Já o Santos não contou com Zé Roberto, que se despediu da equipe na última sexta-feira.

Com o dilúvio que caiu sobre Porto Alegre, o jogo foi muito difícil para os dois times e teve poucas chances de gol no primeiro tempo. Sem condições de trocar passes, a ordem era chutão pra frente e arriscar cruzamentos e chutes de qualquer distância. Foi assim na saída de jogo com Wellington Monteiro batendo de longe aos 20 segundos para defesa de Roger.


Wellington Monteiro tenta a jogada sobre Rodrigo Tabata

A dificuldade de se manter em pé no piso escorregadio era grande para todos. Até para o trio de arbitragem. Aos 50 segundos, um bandeirinha levou um tombo quando tentou marcar o impedimento.

Aos 19min, saiu Iarley no Inter, com uma lesão no olho, pra a entrada de Wellington. Aos 23min, Alexandre Pato ganhou jogada em velocidade, entrou na área, mas Roger salvou em boa saída do gol. No rebote, Domingos afastou com um chutão. Aos 37min25seg, Cléber Santana tentou surpreendeu com uma falta de fora da área que passou perto, ao lado do gol.


Atacante Wellington entrou no lugar de Iarley ainda no primeiro tempo

Aos 40min50seg, o Inter abriu o placar. Pinga ergueu a bola na área, o goleiro Roger afastou de soco, mas a bola sobrou para Alexandre Pato. O atacante colorado matou a bola e chutou com categoria no ângulo, marcando um golaço. Na comemoração, Pato se atirou de peixinho em uma poça localizada atrás do gol. Foi o segundo gol do garoto no Brasileirão, o sétimo do artilheiro da temporada e o novo com a camisa colorada.


Pato em ação contra o Santos

O Santos tentou responder aos 42min30seg em um cruzamento de Kleber da esquerda que Marcos Aurélio cabeceou com perigo ao lado. Foi o último lance de perigo da primeira etapa.

Na etapa final, a chuva diminuiu, mas o campo seguiu muito encharcado, fazendo com que o panorama não se modificasse. O Santos tentou avançar em busca do empate, enquanto o Inter procurou marcar bem para garantir o resultado.

Aos 55seg, Kleber pegou rebote e chutou forte, da intermediária, ao lado do gol. Aos 11min, Alex cobrou falta e Wellington cabeceou para defesa sensacional de Roger. O juiz, porém, anulou o lance por impedimento. Aos 14min20seg, Rodrigo Tabata chutou forte uma cobrança de falta e Clemer defendeu em dois tempos.

Aos 16min, entrou Morais e saiu o volante Adriano no Santos. Aos 17min20seg, Pato deu grande toque para Pinga que recuou para Alex chutar forte ao lado do gol. Aos 17min30seg, Rubens Cardoso deixou o gramado para a entrada de Mineiro.

Aos 19min5seg, depois de uma confusão na área colorada, a bola sobrou para Morais concluir forte e Clemer fazer grande defesa para escanteio. Aos 22min30seg, saiu o atacante Marcos Aurélio para a entrada do zagueiro Marcelo em busca da jogada aérea na área do Inter. Aos 26min30seg, Alex deixou o campo para a entrada de Maycon.

Na defesa, Sidnei estava firme e afastava todas. Nas bolas erguidas par a área, Clemer saía bem do gol e afastava a bola com socos. No meio-campo, Pinga também se destacava com passes inteligentes, não deixando que a bola parasse nas poças do gramado.


Pinga avança com a bola: meia teve mais uma boa atuação

Aos 29min30seg, saiu Renatinho e entrou Jonas no Santos. Enquanto isso, o Inter se defrendia com muita raça e disposição, distribuindo carrinhos e chutões.

Aos 36min50seg, Mineiro cobrou falta, Roger soltou e Edinho chutou para nova defesa do goleiro santista. O lance, porém, foi anulado por impedimento. Aos 45min30seg, Kléber cruzou e Jonas cabeceou ao lado. Aos 47min, em novo cruzamento de Kléber, Marcelo concluiu por cima. Foi o último lance de perigo do jogo.


Edinho quase ampliou o placar no segundo tempo

Foi a terceira vitória seguida do Internacional, a segunda no Brasileirão. Com isso, o time colorado foi para a 13ª colocação. Na próxima rodada, enfrenta o Flamengo no Rio de Janeiro. Se vencer, poderá ingressar na zona de classificação para a Copa Sul-Americana.


Pato teve mais uma grande atuação antes da apresentação à seleção sub-20

“Consegui fazer o gol da vitória para esta torcida maravilhosa que veio mesmo com essa chuva toda. Agora é ir para seleção e ficar torcendo lá pelos meus companheiros aqui”, afirmou Alexandre Pato, que na saída do campo jogou a sua camisa para os torcedores. O garoto irá se apresentar nesta segunda-feira à seleção sub-20 para o Mundial da categoria.

“Retornamos ao espírito do ano passado. Temos muita coisa pela frente neste Brasileirão”, disse o volante Wellington Monteiro.

“Fizemos um jogo bastante aguerrido. Hoje não tinha técnica, era só garra”, analisou o zagueiro Índio.

“Não teve esquema tático nem técnica nessa situação de hoje. Tivemos que dar o máximo para vencer. O mais importante foram os três pontos”, afirmou o lateral Ceará.

"A formatação tática da equipe mostrou que a gente encontrou o caminho. Agora é seguir melhorando", analisou o vice-presidente de futebol, Giovanni Luigi.

"Jogamos muito firmes na marcação e com inteligência. A compreensão tática dos jogadores tem sido brilhante. É um grupo muito bom de se trabalhar. Temos muito a fazer e muito a trilhar no Brasileiro", avaliou o técnico Alexandre Gallo.

Internacional (1): Clemer; Ceará. Índio, Sidnei e Rubens Cardoso (Mineiro, 17min30seg2ºt); Edinho, Wellington Monteiro, Alex (Maycon, 26min30seg2ºt) e Pinga; Alexandre Pato e Iarley (Wellington, 19min1ºt). Técnico: Alexandre Gallo.

Santos (0): Roger; Alessandro, Domingos, Adaílton e Kleber; Rodrigo Souto, Adriano (Morais), Cléber Santana e Rodrigo Tabata; Renatinho (Jonas) e Marcos Aurélio (Marcelo). Técnico: Wanderley Luxemburgo.

Gol: Alexandre Pato (I), aos 40min50seg do primeiro tempo. Cartões amarelos: Rodrigo Souto, Morais, Adriano (S), Alexandre Pato (I). Renda: R$ 42.164,00. Público: 3.901 (3.220 pagantes). Arbitragem: Luiz Antônio Silva Santos, com Diberti Moisés e Ediney Mascarenhas (trio carioca). Local: Estádio Beira-Rio.

Fotos: Alexandre Lops

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Telemarketing: exploração antiga com tecnologia moderna

Mariana Cristina

Unidades com milhares de funcionários, trabalho automático, robotizado, uniforme, sem criatividade e liberdade do trabalhador, estressante, cansativo e com altos riscos de prejuízo à saúde. Veio-lhe à cabeça a imagem dos “Tempos Modernos”, do Chaplin? Pois é, é disto que estou falando, mas não são as fábricas, as grandes metalúrgicas, que estão em questão aqui, mas sim, as empresas de telemarketing.

As transformações que o sistema capitalista obteve após o início da década de 70 provocaram grandes alterações no mundo do trabalho. O desenvolvimento científico-tecnológico, junto com os grandes movimentos sociais ocorridos à partir da década de 60, que denunciaram as precárias condições de trabalho, impulsionaram uma dispersão na concentração de trabalhadores em várias unidades.

Em busca do maior lucro

Agora, não são mais necessários tantos funcionários para desempenhar as mesmas tarefas que antes, e existe uma enorme mobilidade nas unidades das empresas, que podem se deslocar para onde obtiverem maior lucro.

Contudo isso nem precisamos falar no enorme desemprego e na situação de miséria que ficaram muitos trabalhadores. Muitas pessoas, em busca da sobrevivência, se submeteram aos trabalhos precários e outras adentraram ao trabalho informal, sem direitos trabalhistas e a menor seguridade do trabalhador. Junto com isso vieram as terceirizações, assim as funções das empresas que não exigiam trabalho intelectual foram terceirizadas, o que poupou aos patrões pagamentos de benefícios aos funcionários.

É neste cenário que estréiam nossos amigos, operadores de telemarketing, ou melhor, amigas, já que a categoria é hegemonizada por mulheres. A grande maioria são jovens, que não possuem alternativa de trabalho, por isso são obrigados a se submeterem as péssimas condições do telemarketing.

Trabalho terceirizado

O Call Center desenvolve o trabalho que antes ocorria dentro dos bancos e demais empresas, e vem potencializar os lucros das mesmas, ou cobrando clientes, ou vendendo produtos. Mas não são sós os bancos, empresas de telefonia (como a Telefônica) e outras empresas que lucram nesta brincadeira, as empresas de tele marketing também saem com os bolsos cheios. E quem perde nesta história?

Bem, enquanto o Bradesco lucra 6 bilhões, os operadores de telemarketing ganham o salário de miséria, 311-367 reais, abaixo do salário mínimo. Dos teleoperadores, 90% sofrem de dor de cabeça, já tiveram gastrites em algum momento, tendinite, depressão e estresse constante. Os casos de doença do trabalho em telemarketing não param de crescer, e muitos são camuflados por serem atendidos nos ambulatórios das próprias empresas que omitem os dados.

Para o lucro ser maior, os teleoperadores são “espremidos até a última gota”. A pressão que sofrem é cotidiana. Cotas, metas, cotas, metas, cotas. Aqueles que não batem as metas servem de exemplo para os demais, tem seus nomes colocados no mural como pior vendedor, são ofendidos e xingados na frente de todos. “Por quê você não vai vender pastel na feira?” Você acredita que uma funcionária teve que ouvir isto de sua supervisora?

Condições impossíveis

Mas, isto ainda não é nada, como bater as metas se o teleoperador não tem onde trabalhar, faltam heads (telefones fixos na cabeça), PA (cabine onde trabalham), as condições são super precárias, e o teleoperador fica seis horas ali, com 15 minutos de intervalo, se é que podemos chamar de intervalo, porque ou o operador vai ao banheiro ou come algumas coisa. Já que boa parte destes 15 minutos são gastos na fila do elevador.

Descontos no salário e retirado do bônus são freqüentes, respirou a mais, perdeu. Para não pagar os direitos trabalhistas, os funcionários só são mandados embora por justa causa. Então os supervisores inventam suspensões para justificarem as demissões. Até as faltas com atestado médico são descontadas.

“Senta, pega o head, aceita a ligação, deixe o cliente esperando, para que ele desista e desligue, aceita outra ligação. Ops ! Não pode tossir, o tempo passa, o cliente não para de falar, o supervisor a encara, precisa desligar. Ufa, desligou! Outra ligação, finge que não está escutando, o cliente desliga, próxima ligação. Click ! Essa ligação foi gravada e eu não falei a ordem das palavras corretas. Maria, Telefônica, bom dia, como posso ajudá-lo? Maria, Telefônica, bom dia, como posso ajudá-lo ? Maria ...Telefônica.... bom dia... como.... posso... ajuda-lo... Mariaaaaaaaaa..........”

Se o Chaplin vivesse hoje, o cenário do seu filme seria outro. As empresas de telemarketing camuflam a precariedade do trabalho e a enorme exploração por ser um trabalho “limpo”, de escritório, sem grandes esforços físicos. Essa é a nova forma de manifestação do mercado do século XXI. Assim, o telemarketing representa o futuro das diferentes categorias.

Eu quero pedir uma licença, rápida, para você que não é trabalhador do telemarketing, você pode pular direto para o último parágrafo! E você, teleoperador, vamos ser francos: O que você vai fazer?
“Meu, fala sério, que você não se identificou com a menina da ligação acima, que você nunca sofreu assédio moral, foi humilhado, e além de tudo, no fim do mês não tem mais dinheiro para pagar as contas? A resposta é sim, eu sei disto, então você não vai fazer nada? Vai continuar só quebrando o seu head para dar trabalho para a empresa que terá que consertá-lo, ou vai continuar bloqueando sua senha todos os dias para adiar o início do trabalho?”

Então, como eu estava dizendo, a luta dos teleoperadores é a luta de toda a classe trabalhadora contra as diferentes formas de exploração, contra a constante retirada de direitos, contra os ataques neoliberais, ou seja, contra o sistema que é regido pelo enorme acúmulo de riquezas de poucos e pela transformação da maioria da população em verdadeiros “pesos de papel”.

Esse texto foi publicado originalmente no Jornal Socialismo Revolucionário n° 42 (maio 2007)

* estudante de psicologia na PUC-SP