quarta-feira, 27 de junho de 2007

Por que uma conferência democrática de comunicações?

Entidades progressistas acreditam que a Conferência Nacional de Comunicações pode cumprir o papel de tirar a discussão sobre as políticas para o setor dos gabitenes e colocá-la na arena pública.

O ativista estadunidense Robert McChesney desenvolveu interessante trabalho em seu livro “Batle for the Control of US Broadcasting: 1928-1935” ao buscar nos primórdios do rádio nos Estados Unidos a existência de forte conflito sobre qual modelo este meio adotaria no País que saía da I Guerra Mundial buscando sua condição de maior potência militar e econômica do mundo. Nesta obra, ele mostrou que a formação do sistema baseado em grandes cadeias de emissoras comandadas por cabeças-de-rede, como a NBC e a CBS, não foi algo natural e havia grande resistência de radiodifusores ligados a universidades que buscavam um equilíbrio entre as rádios comerciais e educativas.

Um dos objetivos na empreitada quase arqueológica de McChesney foi mostrar que durante a história dos EUA já houve embates acerca dos rumos da mídia daquele País, nos quais representantes da sociedade civil buscaram questionar a manutenção da lógica mercantil travestida de “única e natural opção”. Uma rigorosa história da mídia brasileira demandaria esforço semelhante, que resgatasse momentos em que diferentes agentes questionaram a simples adequação do modelo estadunidense para a radiodifusão aqui.

Sem nos estendermos, vale lembrar os 52 vetos do presidente João Goulart ao projeto de Código Brasileiro de Telecomunicações derrubados em 1962 pelo Congresso Nacional a partir do lobby dos radiodifusores, as emendas populares da Federação Nacional dos Jornalistas na Constituinte, que garantiram a inclusão do Conselho de Comunicação Social e outros artigos progressistas na Carta Magna, e a participação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação na definição sobre a legislação para a cabodifusão em 1995.

Em época mais recente, houve ainda o levante dos agentes da sociedade civil na dura batalha pela definição do modelo de televisão digital, cobrando que este não significasse apenas a manutenção do oligopólio comercial da mídia, mas aproveitasse o potencial tecnológico para democratizar a televisão. No entanto, apesar dos esforços, as decisões na história do País sempre refletiram, de maneira mais ou menos integral, os interesses dos radiodifusores. Esta situação levou o professor aposentado da UnB e pesquisador Venício Lima a classificar as organizações progressistas da área da comunicação de “não-atores”, dada seu alijamento dos processos de construção e aprovação das políticas para o setor.

Agora, os “não-atores” buscam reverter esta situação apostando na realização de uma Conferência Nacional de Comunicações. Assim como em outras áreas, como Saúde, Cidades, Segurança Alimentar e Meio Ambiente, as entidades acreditam que a Conferência pode cumprir o papel de colocar a discussão sobre as políticas para o setor em uma arena pública na qual grupos que sempre tiveram acesso privilegiado aos gabinetes da Esplanada dos Ministérios ou utilizaram seus potentes instrumentos de difusão de informação e opinião teriam de sentar e disputar com o pólo passivo do processo de comunicação sobre o melhor modelo de mídia para o País.

Este campo se articulou junto às comissões de Direitos Humanos e Minorias(CDHM) e Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados e organizou nos últimos dias 21 e 22 o Encontro Nacional de Comunicação. A idéia era que o Encontro funcionasse como fato político para iniciar um debate mais amplo sobre a importância da realização da Conferência. Mas um pequeno fato mostrou como a condição de “não-ator” é resultante de uma ação pró-ativa dos setores pró-radiodifusão para manter as decisões a portas fechadas.

O ministro das comunicações, Hélio Costa, notório defensor do empresariado de rádio e televisão, ao saber da realização do Encontro e do movimento pró-Conferência, se adiantou e anunciou um evento para o mês de agosto com o mesmo nome. A versão inicial da programação mostra que a idéia é realizar um ciclo de palestras, muito diferente de todas as outras conferências realizadas e em organização neste governo. A regra, a qual o evento de Costa confirma enquanto exceção, vem sendo a noção de Conferência enquanto um processo formado por etapas locais, estaduais e regionais, culminando em um momento nacional no qual são debatidas e aprovadas diretrizes para as políticas de cada setor.

O documento final do Encontro Nacional de Comunicação destaca muito apropriadamente que, para além da necessidade de abrir as políticas de comunicação aos mais interessados nela - a sociedade -, a Conferência deve cumprir papel fundamental de realizar um profundo debate sobre os desafios para a mídia em um momento marcado pelo consenso sobre a revisão das regras que organizam os meios no Brasil frente à chegada da convergência digital.

Mais do que atualizar a legislação para incorporar novos serviços resultantes do avanço tecnológico, esta revisão deve cumprir a agenda inconclusa de criar um sistema público de comunicação e definir limites ao sistema privado já no ambiente digital para o qual o conjunto destes meios está migrando. Junto a isso, o novo regramento deve garantir que as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) possam ser efetivamente apropriadas pela população, e não somente servirem como novas formas de acumulação dos grandes conglomerados de mídia.

A vitória do interesse público sobre os interesses comerciais e da comunicação como direito contra a comunicação como negócio neste cenário passa pela realização da Conferência. Se a iniciativa do ministro objetiva manter a condição de “não-atores” da sociedade organizada, cabe ao governo federal ser coerente com os procedimentos realizados em outras áreas e realizar uma legítima e democrática Conferência Nacional de Comunicações. É ao lado destes setores, que apóiam a democratização da mídia brasileira, que uma mudança neste setor é possível.

Do contrário, ao vigorar as negociatas de gabinetes, as forças progressistas podem ganhar governos e ampliar sua força institucional, mas sempre estarão marginalizadas na principal arena de disputa ideológica da sociedade atual. A manipulação da cobertura nas eleições presidenciais de 2006 e o boicote das emissoras e jornais ao Congresso do MST realizado em Brasília, há duas semanas, são exemplos claros de que lado os radiodifusores estão. Cabe ao governo escolher o seu.


Jonas Valente é repórter da Sucursal de Brasília da Carta Maior e integrante do coletivo Intervozes.

Fonte: CartaMaior

terça-feira, 26 de junho de 2007

Creedence Clearwater Revival - Completo







- Disco 1 -

01. Who'll Stop The Rain
02. Proud Mary
03. Bad Moon Rising
04. Lodi
05. It Came Out of The Sky
06. Tombstone Shadow
07. Suzie Q
08. Commotion
09. Up Around The Bend
10. Down on The Corner
11. The Midnight Special
12. Green River
13. Fortunate Son
14. Lookin' Out My Backdoor
15. Cross-Tie Walker
16. Good Golly, Miss Molly


- Disco 2 -


01. Have You Ever Seen The Rain
02. Hey Tonight
03. Sweet Hitch Hiker
04. Lookin' For A Reason
05. Hello Mary Lou
06. Don't Look Now
07. Someday Never Comes
08. I Put A Spell On You
09. Born On The Bayou
10. Long As I Can See The Light
11. I Heard It Through The Grapevine
12. Run Through The Jungle
13. Cottonfields
14. Travelin' Band

Consertando o PC...



... quando estamos com problemas no computador acabamos necessitando de uma série de ferramentas para resolve-los.

São várias as causas que podem ter evoluído para o tal problema apareça.

Já falei de diversas ferramentas que nos ajudam em vários desses problemas.

Os administradores do site Daily Cup of Tech tiveram a idéia de colocar várias ferramentas dentro de um pendrive e resolver muitos dos eventuais problemas que ocorrem a qualquer usuário.

Neste pacote de 37 aplicações tem muita coisa interessante, aplicações para fazer backups do registo, aplicações que descobrem passwords dissimuladas, aplicações de informações de sistemas, ferramentas de reparo e limpeza do registo, etc.

É muito simples instalar esta verdadeira caixa de ferramentas em seu pendrive,

- Faça o download do arquivo
- Descompacte no pendrive o conteúdo o arquivo recebido
- Desconecte o pendrive do computador
- Reconecte o pendrive no computador

Entre os arquivos existe um "readme" que deverá ser seguido para executar este pacote de ferramentas como um disco virtual.

Agora é só experimentar e analisar a utilidade de cada uma das aplicações abaixo listadas e quando nos podem ser úteis.

DCoT Menu
Active@ ISO Burner
AutoCompress
Brute Benchmark
CCleaner
CDmage
DriveImage XML
Double Killer
DTaskManager
encopy Eraser
ERUNT
explore2fs
File Assassin
Filemon
Hash
HDDScan
ICE ECC
LC ISO Creator
LSASecretsView
NTREGOPT
Patcher
PMMon
ProcessExplorer
ProduKey
Regmon
Restoration
Roadkil's CommTest
Roadkil's Disk Image
Rootkit Revealer
SequoiaView
System Information for Windows
TweakUI
Universal Extract
Virtual CD Control Panel
What Changed?
Why Reboot?
WirelessKeyView

Licença: Freeware
Download: PC Repair System [14.17MB]
Homepage: Daily Cup of Tech

Créditos:www.clehfeld.blogspot.com

Como pesquisar no Google?


Sim, pode parecer a coisa mais comum do mundo , mas verificando as estatísticas todo blogueiro se depara com alguma busca engraçada ou estranha provando que muita gente não sabe usar o Google.
Então, vamos às dicas:
Opções básicas
O Google não diferencia letras maiúsculas, minúsculas ou acentuação. Para o programa, coração é a mesma coisa que coracao ou CoRaÇÃo.

1) Busca simples
Você pode fazer uma busca com uma ou mais palavras: quando elas são separadas por um espaço, o sistema procura uma E também a outra. Exemplo : Cópia Carbono. Como resultado, o programa vai trazer todo os sites que tenham as palavras Cópia E Carbono, mesmo se elas estiverem separadas no texto.

2) Frase exata
Colocando as duas palavras entre aspas, a busca será efetuada com todas as palavras, na ordem em que foram escritas. Exemplo:Cópia Carbono. O resultado irá apresentar todos os sites nos quais a palavra Cópia é obrigatoriamente seguida pela palavra Carbono.

3) Excluindo uma palavra
É possível fazer isso colocando um sinal de menos (-) na frente da palavra que deseja excluir . Exemplo: “carros novos” -Ford. O resultado vai apresentar sites que tenham “carros novos”, nesta ordem, e não contenham a palavra Ford.


Opções avançadas

1) Busca no título da página
Para buscar o título da página, esse que aparece lá no topo da janela, escreva o termo intitle:, seguido da expressão que quer encontrar. Exemplo: intitle:”fotos da Playboy”. O resultado irá apresentar as páginas que contenham a expressão “fotos da Playboy” no título, e não necessariamente no corpo da página. Use allintitle: para buscar por todas as palavras e expressões no título .

2) Procurar em um site específico
Você pode procurar dentro de um site específico, usando o termo “site:” acrescido da URL básica do site. Exemplo : “fotos da Playboy” site:copiacarbono.blogspot.com. O resultado irá apresentar todos os registros da expressão “fotos da Playboy” apenas no Cópia Carbono

3) Todas as palavras no texto da página
Quando você quiser garantir que todas as palavras estão no texto da página (não em links, título e etc), use allintext:. Exemplo: allintext: “fotos”. O resultado irá apresentar apenas sites em que a expressão “fotos” esteja no corpo do texto.

4) Busca por intervalo entre números
Se você está procurando um produto e quer apenas os resultados de busca entre duas faixas de preço, use valor 1..valor 2Exemplo: “Câmera digital” 500..1.000. O resultado conterá sites com a expressão “câmera digital” e números inteiros entre 500 e 1.000.

5) Busca por tipos específicos de arquivos
Pode ser que alguma vez seja necessário encontrar um arquivo com uma extensão específica, como um arquivo PDF de um manual que você perdeu. Para isso, Use o termo filetype: ou ext: acrescido da extensão que você quer. Exemplo: “manual Corsa” ext:PDF. O resultado irá apresentar apenas documentos PDF com o a expressão “manual Corsa” em seu conteúdo.

5) Palavras descartáveis
O Google ignora palavras e caracteres comuns, conhecidos como palavras descartáveis. O Google automaticamente descarta termos como "http" e ".com", assim como dígitos ou letras isoladas, porque eles raramente ajudam na busca e podem torná-la consideravelmente mais lenta.
Use o sinal "+" para incluir palavras descartáveis na sua pesquisa. Tenha a certeza de incluir um espaço antes do sinal "+". Você pode também incluir o sinal "+" na busca de frases.
NÚMEROS
Também é possível fazer cálculos matemáticos, conversão de moedas, etc.

1) Operações matemáticas
Soma: número + número
Subtração: número - número
Multiplicação: número * número
Divisão: número / número
Clique aqui para ver a lista completa de operações.

2) Operações de conversão de moeda
Você precisa saber quanto vale US$ 100 em euros? Simples : escreva o valor, a moeda de origem, a palavra in e a moeda final. Exemplo: 100 USD in euros. Uma observação importante:se o google aparece em português para você, use no lugar de IN a opção EM: 200 USD em euros.
Bem , com essas dicas você já consegue achar as outras utilidades do Google

João Bosco - Corsário

WinAvi Software AIO


WinAVI DVD Copy 4.5 WinAVI DVD copy pode facilmente copiar DVDs, mesmo com discos com proteção de CSS. O DVD copiado pode ser playback com seus movimentação comrropidos. Como o áudio, os subtítulos e as características especiais, começam uma cópia perfeita e direta em uma velocidade muito melhor. WinAVI MP4 Converter 3.1 WinAVI 3GP/MP4/PSP/iPod Video Converter é um software para conversão de arquivos comuns em players portáteis como o iPod e o PSP. Ele pode converter a maioria dos formatos, por exemplo, DivX, XviD, MOV, RM, RMVB, MPEG, VOB, DVD, WMV, AVI para o iPod/PSP ou outros dispositivos portáteis como um player de MP4 ou smartphone. O programa possui uma velocidade incomparável e alta qualidade WinAVI Video Converter 8 Esse nem merecia comentário, mas... WinAVI Video Converter é uma solução completa para conversão de arquivos de vídeo e gravação. Suporta conversões de AVI para DVD, VCD, MPEG e WMV; DVD para AVI; e todos os formatos de vídeo para AVI, WMV e RM. WinAVI Video Converter também suporta a gravação de VCD, SVCD e DVD. WinAVI Video Capture 2.0 Você possui uma entrada AV (áudio e vídeo) no seu computador mas não consegue salvar seus vídeos? O WinAVI Video Capture captura e grava esses filmes. Você não apenas assiste, mas grava vídeos que podem ser da TV, de uma webcam, de um videocassete etc. O programa salva arquivos nos formatos AVI, WMV, DivX, RM, DVD, VCD, SVCD e MPEG1/2/4. Assim você pode gravar DVDs e assistir no seu aparelho convencional.
Copiado de: ClikouAxou

Discografia Velhas Virgens


O sujeito do consumo e os laços afetivos



“...A onipotência e a onipresença da mídia determinam o que se come, onde se vive, como e onde se morar e se divertir, o que trajar, o que se ler, em que se acreditar, como deve ser a história da vida cotidiana no terceiro milênio, na pós-modernidade. O consumo é a nova ordem e a nova lei que eternizam o bem descartável, no seu tempo veloz (mais rápido de que o “o infinito enquanto dure” do poetinha Vinícius de Moraes), enquanto não chega a nova tendência, ditada pelos interesses econômicos que tornam tudo substituível e superado, para garantia de novos lucros.
O consumismo cria necessidades artificiais com tal força e apelo que há o esvaziamento, ou uma perversão do senso crítico, a ponto de que ao se possuir um objeto que não seja o último lançamento, mesmo cumprindo sua finalidade, pode se enfrentar constrangimentos.
O exemplo dos celulares é pertinente: de uma semana para outra, aparecem novos modelos, com opções das mais variadas, que não se relacionam com sua finalidade básica. O novo aparelho é o que vende, é o que está na moda, é o que exibido, garante aceitação, é fashion.
Segundo Boltanski, a mídia é a grande divulgadora do consumo, investindo no público feminino, através de revistas que são lidas pelas mulheres das classes superiores, médias e populares, difundindo o comportamento e a necessidade da classe alta, aumentando o consumo de roupas, produto de beleza, bronzeadores, emagrecedores, etc. As necessidades virtuais são impostas como normas e padrões de consumo próprios das classes superiores, sob a ótica das classes dominantes. O autor cita as revistas francesas Elle e Marie-Claire, com versões em português para o Brasil, que visam as mulheres porque socialmente elas são detentoras da função de consumo. Elas prestam mais atenção ao corpo e exteriorizam mais seus gostos.

Tendo em vista que o índice de analfabetismo é alto no Brasil e o poder aquisitivo bem mais restrito que o francês, há que se pensar que as novelas, principalmente as da “emissora do plim, plim”, têm cumprido esse papel de manipulador e que vem massificando as escolhas. Para o mesmo autor, perder peso, fazer plástica e lipo aspiração são os cânones de beleza das classes superiores e o mal estar, a vergonha de não usufruir desses valores é a “vergonha de classe”.

O apelo ao consumo universaliza metaforicamente a finitude humana. As relações de afeto interpessoais e intrafamiliares são fragilizadas e inconsistentes nos programas e nas propagandas televisivas, que bombardeiam a qualquer hora, sem distinção da faixa etária que deve ser atingida. A exemplo dos objetos que se compra, utiliza por algum tempo e logo se despreza, o sujeito não cria vínculos estáveis com sua família nuclear, mas submete-se à tirania de ter mais e cada vez mais. É a alienação do poder econômico, gerando a alienação do consumismo, que por sua vez, gera a alienação das relações parentais. Essa deve ser uma das razões porque filhos abastados ou drogaditos têm sido notícia por terem assassinado seus genitores. Eles representavam uma lei ultrapassada, uma lei que devia permanecer, e por isso, eram um obstáculo ao vício do consumo.

A sociedade coletivamente não se deita no divã, mas o indivíduo ao deitar-se a traz consigo na sua formação, na sua subjetividade, na sua história, na sua cultura, nas suas relações sociais. O sintoma fala do sujeito singular e o habitus, segundo Bourdieu, fala do sujeito da cultura, analisado coletivamente. A sociedade é a grande família, as instituições sociais, funcionam como a grande lei que interdita. O desejo de consumo não existe apenas entre os que detêm o poder de adquiri-los. O apelo da mídia desperta necessidades de consumo em todas as camadas sociais. O consumismo desenfreado que parece nivelar a todos na pseudo democratização do desejo, tem sua face discriminatória e exclui o acesso. Muitos são chamados e pouco são os escolhidos. Muitos são seduzidos e poucos são os que podem se satisfazer.

Alguns burlam ou sublimam sua frustração aderindo às alternativas, aos similares, aos genéricos. Para Boltanski, quem tem dinheiro compra uma roupa de couro e quem não tem usa napa; quem pode, usa jóia e quem não pode, enfeita-se de bijuterias. Constata-se que há poder aquisitivo para o Mac Donald, para o Habibs e para os vendedores de lanche ambulantes. Há produção de objetos personalizados, caros, de produção restrita, com o nome e ao gosto do freguês para o primeiro grupo. Para o segundo, há uma produção em massa, indiferenciada, homogenizadora.
Existe o terceiro grupo que é maior em quantidade e não tem poder aquisitivo algum. É uma grande parcela da população que é hipnotizada pela mídia, tem o convite universal ao consumo, mas são todos excluídos, por não terem poder de compra. Essa frustração renovada é uma das causas da violência urbana, que banaliza a vida do ser humano, a ponto de valer menos do que um tênis, entre os rebeldes, aqueles mobilizam a força policial nos grandes centros, principalmente, nas grandes festas de consumo, tais como Natal e Carnaval. A frustração também causa a “doença dos nervos” que se manifesta nos corpos e no psiquismo dos enquadrados, dos que se resignam.

Exagerados ou sensíveis ao desenrolar dos acontecimentos, os diretores e roteiristas da sétima arte focalizam o outro lado da moeda. Estão anunciando que o homem, a sua realidade e sentimentos não passam de uma grande construção: tão frágil, quanto virtual. Anunciam que há o tempo de caçar e há o tempo de ser caçado. Sugerem que pode ocorrer a inversão e o grande consumidor pode ser consumido. É possível que nessa leitura cinematográfica, que questiona e ameaça o domínio e o direito do homem sobre sua vida e atos nas sociedades modernas, esteja a paranóia do criador que na sua ambivalência admira e teme o que criou...”

Dalva de Andrade Monteiro, Médica homeopata, psicanalista
A morte de um mestre



Mário Maestri

Na madrugada desta sexta-feira, 22 de junho, faleceu, em Pernambuco, Manuel Correia de Andrade, aos 84 anos. O destacado geógrafo, historiador e cidadão brasileiro nasceu, em Pernambuco, em 3 de agosto de 1922, no engenho Jundiá, de sua família, no mesmo ano da fundação do Partido Comunista Brasileiro. Desde menino, foi sensível à realidade social, com a qual se deparou na própria propriedade rural familiar. No início dos anos 1940, ao completar os estudos secundários, decidiu-se tornar-se sociólogo. Em 1933 e 1936, o também pernambucano Gilberto Freyre obtivera consagração nacional e mundial com Casa-grande & senzala e Sobrados e mucambos.

Obrigado por dificuldades econômicas familiares a estudar em Pernambuco, Manuel Correia de Andrade ingressou na Escola de Direito de Recife e, três anos mais tarde, na Faculdade Particular de Geografia e História, fundada pelos jesuítas, hoje Universidade Católica de Pernambuco. Após formar-se, em Direito, em 1945, e Geografia e História, em 1947, dedicou-se a advogar, sobretudo para sindicatos operários, e à docência, nas disciplinas história e geografia, no ensino médio e superior, em Recife. Em 1952, optou pela dedicação exclusiva ao ensino e pesquisa, atividades que abraçou, por toda a vida, com singular brilhantismo.

Em entrevista publicada, em julho-setembro de 2000, na Revista Teoria e Debate, de São Paulo, com o seu bom humor proverbial, Manuel Correia de Andrade lembrou que foi introduzido ao marxismo pela mão de professor integralista, que apreciava a crítica social de Marx, apesar de impugnar suas propostas sociais. Na ocasião, destacou a importância que tiveram igualmente em sua formação Engels, Kautsky, Rosa Luxemburgo e Lenin.

Lembrou também que encerrou seus rápidos meses de militância comunista, após a queda da ditadura getulista, por lhe exigirem que interrompesse a leitura de Minha vida, de León Trotksy, pensador pelo qual teve, nesses anos de formação, “verdadeiro embevecimento”. Porém, as obras do marxista russo chegaram-lhes às mãos por caminhos menos exóticos, ao lhe serem entregues pelo primo Mário Pedrosa, o celebre intelectual e militante trotskista, também pernambucano.

Entre os pensadores nacionais que mais o influenciaram, Manuel Correia de Andrade destacava Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Manoel Bomfim, Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Nelson Werneck, Sodré Josué de Castro. A Gilberto Freyre, agradeceu sempre pela indicação da leitura de A interpretação econômica da história, do historiador estadunidense Seligmann, professor do sociólogo na Universidade da Colúmbia.

Manuel Correia de Andrade destacou sempre a importância em sua formação do livro Evolução política do Brasil, do historiador marxista Caio Prado Júnior, de 1933, a quem era muito grato por lhe ter encomendado, prefaciado e publicado, na Editora Brasiliense, de sua propriedade, seu mais conhecido livro, A terra e o homem no Nordeste: contribuição ao estudo da questão agrária no Nordeste, mal-aceito nos meios acadêmicos da época pelo seu sentido social. Não sem maldade, lembrava que, se “tivesse publicado o livro em Pernambuco, ninguém teria tomado conhecimento”! Esse texto célebre seria proibido e apreendido, após 1964, por ordem da alta oficialidade do Exército.

Apesar de ter sido preso, quando jovem, duas vezes, por atividades políticas, Manuel Correia de Andrade jamais se envolveu sistematicamente na militância partidária, destacando-se sobretudo pela vida acadêmica e científica, longa, profícua e de profundo sentido social, na qual manteve, irredutível, as visões sociais de mundo que abraçara na juventude. Mesmo formando-se décadas antes do surgimento dos primeiros programas de Pós-graduação no Brasil, destacou-se na direção de trabalhos de pós-graduação e na fundação e direção do mestrado em Economia [1970-75] e de Geografia [1975-79] e como professor dos programas de Sociologia e de Desenvolvimento Urbano, todos em Pernambuco.

Conhecido sobretudo como geógrafo, Manuel Correia de Andrade era historiador criativo e perspicaz. Na interpretação do passado de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil, teve sempre presente a enorme e permanente importância da questão escravista. Seu estudo A guerra dos Cabanos, de 1964, é um clássico da história da luta de cativos e brancos-pobres em Alagoas e Pernambuco, no período regencial. Ao igual que Celso Furtado, preocupou-se muito com o processo de constituição tardio, desigual e inconcluso da unidade nacional brasileira. Em 1999, publicou As raízes do separatismo no Brasil, de cintilante atualidade.

Nesses tempos bicudos de homens públicos minúsculos, que o Nordeste também tem brindado o Brasil em número pra lá de avultado, são singulares a coerência e a elegância que o mestre Manuel Correia de Andrade imprimiu a todos os atos de sua vida, sempre socialmente produtiva. Ao morrer, julgava-se um homem rico: possuía biblioteca de uns quarenta mil títulos e escrevera, ao todo, mais de cem livros e 250 artigos acadêmicos.

Mário Maestri, 58, é historiador e professor do PPGH em História da UPF. E-mail: maestri@via-rs.net

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Pegada ecológica e social

Para cada pessoa viver, é necessário uma pegada ecológica média geral (2,8 hectares). Mas Europa, EUA, Japão, Índia e China vivem muito acima daquilo que lhes é permitido por seus recursos ecológicos, com uma pegada que chega a 600%. O Planeta suportará?

Quanto aguenta a Terra em sua generosidade ao nos forncecer todas ascondições para que possamos viver, nos reproduzir e coevoluir? Não só nósmas toda a comunidade de vida que vai das bactérias aos vegetais e animais?

Ela é um planeta pequeno, finito em seus recursos e já velho. Temos queviver dentro das capacidades de fornecimento e de reposição, próprios daTerra e não ao nosso bel prazer. A espécie homo sapiens/demens ocupou 83% do planeta e consumiu excessivamente a ponto de a Terra já ter ultrapassado em 25% sua capacidade de recarga. A seguir esta lógica, o planeta quebra como qualquer empresa que gasta mais do que ganha.

Como todos extraem da Terra seus recursos para viver, quanto de chão cada um precisa para garantir sua sobrevivência? Quanto de terra produtiva, áre aflorestal, energia, habitação, água, mar, urbanização e capacidade de absorção dos dejetos cada pessoa necessita? A esse conjunto de fatores ecológicos e sociais se chama de pegada ecológica e social, expressão cunhada por Martin Rees e Mathis Wackernagel ao fazerem um estudo sobre o tema para o Conselho da Terra em 1977. Eles tomaram como referência de cálculo o número de hectares necessários para que cada um, cada cidade e cada pais possam viver de forma minimamente decente. O planeta dispõe de 10,8 bilhões de hectares produtivos que é menos que 25% de sua superfície.

Para cada pessoa viver fazem-se necessários pelo menos 2,8 hectares. Esta seria a pegada ecológica média geral.

Como 18% da humanidade consome 80% dos recursos vitais e os hábitos de consumo variam consoante as regiões e as culturas, varia também aporcentagem de hectares per capita usados. Assim a Europa, os EstadosUnidos, o Japão, a Índia e a China vivem muito acima daquilo que lhes épermitido por seus recursos ecológicos, com uma pegada que vai de 200% até 600% (é o caso do Japão) de sua biocapacidade nacional. Isto significa que se uma região se apropria de mais hectares para manter seu alto nível de consumo (Norte), a outra deverá forçosamente ocupar menos (Sul). Em outras palavras, o consumo alto de um pais ou região comporta um subconsumo baixo no outro. Por aí se entende a profunda falta de equidade na repartição dos bens e o caráter desigual de todo o processo de produção e consumo mundial.

A biocapacidade total do território brasileiro é de 18.615.000 pontos. Apegada ecológico-social brasileira é de 2,6 hectares. Nossa biocapacidadeexcede tanto a nossa demanda que o Brasil poderia ser a mesa posta para as fomes e as sedes do mundo inteiro. Mas nos paises notam-se profundasdiferenças. Enquanto um habitante de Bengladesh possui uma pegada de 0,5 hectares, a de uma norte-americano é de 9,6. Em outras palavras, se todos os habitantes da Terra tivessem o nível de consumo norte-americano,precisaríamos de três Terras semelhantes a nossa para garantirmos osrecursos energéticos e materiais suficientes. Vivemos, pois, sem nenhuma
humanidade e solidariedade. Por isso esse modo de viver é totalmenteinsustentável e pode levar ecologicamente a Terra a um colapso.

O ideal que a Carta da Terra propõe para todos é um "modo sustentável deviver": produzir em consonância com os sistemas vivos, contendo nossavoracidade e dando tempo para que a Terra se regenere e continue a oferecer a nós e à comunidade de vida tudo o que todos precisam.


Leonardo Boff é teólogo e escritor.