quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Mahavishnu Orchestra 'dance of mya' clip 1972

Jean-Luc Ponty - Imaginary Voyage Pt.4

Pós-neoliberalismo: da luta social à luta política

Emir Sader


Os movimentos sociais desempenharam o papel estratégico central nas lutas de resistência contra os programas e os governos neoliberais. Seja porque a grande maioria dos partidos aderiram a esses programas, seja porque o neoliberalismo é uma máquina cruel de expropriação de direitos sociais, afetando diretamente aos setores congregados ou representados pelos movimentos sociais.

Foram os movimentos sociais – do EZLN ao MST, dos movimentos indígenas equatorianos aos bolivianos e aos piqueteros – os maiores protagonistas das lutas populares durante mais de uma década. Foram os principais responsáveis pela perda de legitimidade e pela queda de tantos governos no continente – de Sanchez de Lozada a de La Rua, de Lucio Gutierrez a Fujimori , assim como pela derrota eleitoral de Menem, de FHC, entre outros.

O esgotamento do modelo neoliberal levou a uma fase distinta, em que se colocava para o movimento popular a questão da disputa hegemônica – a formulação de projetos anti-neoliberais, a constituição de um bloco de forças alternativo e a luta pela conquista do governo. A questão foi se colocando generalizadamente no continente, conforme os governos neoliberais se esgotavam: na Venezuela, no Brasil, na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, no Equador, no México, no Peru, no Paraguai, na Nicarágua.

Iniciou-se um período de prolongada instabilidade no continente, frente a um modelo esgotado e das dificuldades de construção e triunfo de projetos alternativos. Profundas crises em algunas casos – como na Argentina, na Bolívia, no Equador, na Venezuela -, processos eleitorais com vitórias da oposição – como no Brasil, no Uruguai, na Nicarágua.

A partir desse momento os movimentos sociais passaram a enfrentar dificuldades maiores, porque sua característica está adaptada para a resistência, mas teriam, desse momento para frente, que construir alternativas políticas. Três caminhos distintos trilharam os movimentos sociais: o da renúncia a partir da disputa político-institucional, como foram os casos dos piqueteiros argentinos na eleição presidencial de 2003 e dos zapatistas em todas as eleições mexicanas desde sua aparição em 1994. Um segundo caminho foi o dos movimentos sociais no Brasil e no Uruguai, que não apresentaram alterantivas próprias, nem se abstiveram mas, com críticas, apoiaram os candidatos da esquerda – Lula e Tabaré Vazquez. O terceiro caminho foi o da Bolívia, em que os movimentos sociais construíram seu proprio partido político – o MAS. Um caso especial foi o Equador, em que os movimentos sociais – da mesma forma que na Bolívia – protagonizaram a derrubada de sucessivos governos, que pretendiam manter o modelo neoliberal. Delegaram politicamente a um candidato – Lucio Gutierrez – e foram traídos ainda antes de que este assumisse a presidência. Nas eleições recentes, Rafael Correa triunfou e canalizou a força social e política acumulada para um projeto pós-neoliberal.

No caso argentino, a incapacidade de construir uma alternativa política, levou à divisão do movimento piquetero e mantem a ausência de um campo político da esquerda. No caso mexicano, as grandes mobilizações populares – Chiapas, Oaxaca, contra a fraude eleitoral –não conseguiram projetar-se no campo político, levando quase que obrigatoriamente a um refluxo das mobilizações.

Nos casos brasileiro e uruguaio, os movimentos sociais se mantém numa perspectiva de apoio crítico aos governos, sem ter conseguido mudanças substanciais nas políticas desses governos, nem a construção, até aqui, de força política alternativa.

Na Bolívia, no Equador e também na Venezuela – cada um de forma distinta – se caminha para conseguir uma rearticulação entre as lutas sociais e as lutas políticas. Não por acaso é nesses países que se dá a ruptura com o modelo neoliberal, com os que souberam acumular força popular na luta de resistência ao neoliberalismo, mas puderam transformar essa energia em força política.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Professores protestam contra fim da estabilidade


Lei sancionada por Alan García obriga docentes a passarem por três avaliações; caso sejam reprovados, o vínculo empregatício com o Estado é rompido


Danielle Almeida Pereira,
de Cusco (Peru)

Naquela segunda-feira (9), não tinha idéia do que acontecia quando desci do ônibus e me deparei com um êxodo de peruanos de um lado da estrada e um engarrafamento de carros, caminhões e ônibus de outro. Perguntei o que se passava a uma das transeuntes. Apesar da pressa, ela foi gentil em me explicar que a rodovia estava bloqueada: “Não se passa. Os professores protestam contra a lei”.

A ley de Carrera Pública Magisterial sancionada pelo presidente do Peru, Alan García, determina, dentre outras coisas, que os professores passem por três avaliações anuais. Se não forem aprovados nestas três etapas, será rompido o vínculo empregatício com o funcionário.

As pedras espalhadas pela estrada que liga Cusco à Puno, na beira do famoso lago Titicaca, já eram um indício do movimento que se formava mais à frente. O bloqueio não era grande, menos de cem professores estavam reunidos perto das fileiras de pedras que fechavam os dois sentidos da rodovia. Genaro alimentava a fogueira improvisada com palha e pneu. A fumaça escura se misturava à neblina das bonitas montanhas a mais de 3 mil metros de altitude.

“Para que és?”, pergunta-me com uma simpática desconfiança. Genaro, segundo ele mesmo afirma, é um dos 18 mil professores de Cusco. Passadas as suspeitas, ele conta o que pensa da lei: “Vai tirar nossa estabilidade no trabalho”.

O arquivamento da Lei de Carrera Pública Magisterial é a principal reivindicação do Sindicato Único dos Trabalhadores na Educação (SUTE). “A lei tira a estabilidade no trabalho e, em parte, busca a privatização da educação”, defende Oscar Urviola Ramos, dirigente do Sute em Puno. De acordo com ele, a lei segue um modelo imposto pelo Banco Mundial que exige do estado a privatização dos serviços de saúde e educação.

Mesmo sendo essa a principal luta da categoria, o professor Genaro reclama dos baixos salários. “Deveríamos receber 3 mil soles, mas ganhamos cerca de 900 soles”, desabafa. O dirigente do Sute em Puno reconhece a importância desta questão, mas garante: “Neste momento, não pedimos aumento de salário, mas sim estabilidade e que a educação siga à cargo do estado”.

Precariedade

Entre os 300 mil professores de todo o Peru, 22 mil estão em Puno, cidade peruana que é ponto de partida para quem quer conhecer o mais alto lago navegável do mundo. De acordo com o dirigente do Sute em Puno, a maior parte dos professores deste município trabalha em escolas rurais onde não há infra-estrutura necessária: “Sem teto, sem cadeiras, sem quadros. O Estado se esqueceu da zona rural”. Oscar Ramos se lamenta ao dizer que “apenas 3% de todo o Produto Interno Bruto do Peru vai para a educação”.

Os protestos contra a lei de Carrera Pública Magisterial se espalham há dias por todo o país, através especialmente de bloqueios nas estradas. As mobilizações parecem ter transformado o Sindicato Único dos Trabalhadores na Educaçáo em personas non gratas para o estado peruano. Tanto que o Poder Executivo reforçou o poderio da Policia Nacional com a adição das Forças Armadas que irão, por trinta dias, “proteger” portos, aeroportos, centrais elétricas, e outros “pontos estratégicos para o desenvolvimento dos serviços básicos do país”, segundo publicou um jornal de grande circulação do Peru.Mas a intenção dos professores, que também aderiram à greve nacional decretada nesta quarta-feira, é persistir nos protestos contra a lei do governo de Alan García, como bem lembra Oscar Ramos: “Queremos que nos capacitem, que nos avaliem para servimos bem na educação, mas que não seja uma forma de nos demitir”.





Belchior - na hora do almoço (primeiro compacto) [1971]




Na hora do almoço 3:50
(Belchior)
gravação: Belchior, Jorginho Telles e Jorge Nery
Copacabana CS M-1018
(P) 1971

Anos mais tarde, o acervo da Copacabana foi adquirido pela ABW. Mais um tempo se passou, a obscura ABW também fechou as portas. Hoje seu acervo está sob a guarda da EMI, em um depósito terceirizado em São Paulo. Fiz várias sugestões para o departamento de Marketing da EMI, que não deu a mínima. Nem para comemorar os 60 anos de Belchior, completados no ano passado.

Esclarecimentos: esta gravação de "Na hora do almoço" não é a mesma que foi incluída no primeiro LP de Belchior, que seria lançado três anos depois, pela Continental. Outra: nenhum desses dois Jorges é Jorge Melo, futuro parceiro e sócio de Belchior na gravadora Paraíso. Quem me passou a informação foi o próprio Jorge Melo, que hoje tem escritório de advocacia em São Paulo e continua fazendo shows pelo Brasil.

extraia o sumo : download Belchior - na hora do almoço (primeiro compacto) [1971]

Opção 2: Resmaterizado por Escriba77: http://www.mediafire.com/?ztdamkdgmi3

*bela contribuição de Sílvio.
Copiado de:SomBarato

Oswaldo Montenegro - A Dança dos Signos [1983]





Ficha Técnica:
Direção: Oswaldo Montenegro
Arranjos: Oswaldo Montenegro
Capa: Renato Ferrari
Gravado nos estúdios da Polygram

Extraia o sumo: Oswaldo Montenegro - A Dança dos Signos [1983]

Faixas:
1. Aos filhos de Áries (Oswaldo Montenegro)
2. Aos filhos de Touro (Oswaldo Montenegro/Chico Xaves)
3. Aos filhos de Gêmeos (Oswaldo Montenegro)
4. Aos filhos de Câncer (Oswaldo Montenegro)
5. Aos filhos de Leão (Oswaldo Montenegro)
6. Aos filhos de Virgem (Oswaldo Montenegro)
7. Aos filhos de Libra (Oswaldo Montenegro)
8. Aos filhos de Escorpião (Oswaldo Montenegro)
9. Aos filhos de Sagitário (Oswaldo Montenegro)
10. Aos filhos de Capricórnio (Oswaldo Montenegro)
11. Aos filhos de Aquário (Oswaldo Montenegro)
12. Aos filhos de Peixes (Oswaldo Montenegro)

Vinil enviado por Paulo Afonso [Goiania/GO]

Copiado de: SomBarato

segunda-feira, 30 de julho de 2007

domingo, 29 de julho de 2007

Confúcio



Confúcio (Kung futsé), nasceu no Estado de Lu, na atual província de Xantung, provavelmente no ano 551 a.C., era de descendência nobre, dos duques de Song e da casa real dos Yin.
Nasceu com poucos recursos, quase na pobreza, o que não foi impedimento para que ele se dedicasse desde a adolescência ao estudo. Intrigas na casa ducal do Estado de Lu fizeram com que ele, abandonando a terra natal, se tornasse num sábio itinerante.
Vagou por alguns anos, acompanhado por um punhado de discípulos, de corte em corte atrás de um governante que se dedicasse à construção de um Estado Ideal. Foi talvez o sábio mais influente de todos os tempos.
Sempre exerceu enorme presença junto ao seu povo. Pregador moralista, tratadista e legislador, deixou ao povo dos Han um conjunto de normas e elevados valores morais expressos em frases curtas, de fácil entendimento, educando assim, ao longo dos últimos 2.500 anos, milhões de chineses nos princípios da retidão, parcimônia e busca da harmonia. Faleceu em 479 a.C.
Copiado de:AmigosDoFreud

La Guitara Badi Assad

Os mortos Pan-Americanos

Infelizmente, parece que o Rio 2007 será lembrado mais pelos seus mortos do que pelos jogos. As mesmas forças policiais que pretendem dar segurança ao Pan são responsáveis por invasões de comunidades. No Brasil, o chamado espírito olímpico é fatal.

Em vez de contagem de medalhas, estamos contando corpos. Infelizmente, parece que o Rio 2007 será lembrado mais pelos seus mortos do que pelos jogos. As mesmas forças policiais que pretendem dar segurança ao Pan são responsáveis por invasões de comunidades, e já levaram à morte, no mínimo, 44 pessoas no Complexo do Alemão: são os mortos pan-americanos. No Brasil, o chamado espírito olímpico é fatal.

Mega eventos iguais ao Pan têm históricos violentos. O governo mexicano matou 25 estudantes que protestavam pacificamente contra o autoritarismo do governo no início das Olimpíadas de 1968, no que ficou conhecido como Massacre de Tlatelolco. No dia da abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2003, a polícia da República Dominicana atirou em um grupo de sindicalistas que organizavam uma "Tocha contra a Fome". Em 2006, o Vietnam fez uma campanha de "limpeza social" com detenções em massa, recolhimento forçado de crianças e outros abusos contra sua população de rua, tudo por causa do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.

Existem outros exemplos. No Rio de Janeiro, além das violações de direitos durante a ECO 92, a cada Carnaval a "Operação Verão" traz seus excessos policiais. No dia-a-dia, autoridades municipais e estaduais vêm realizando uma "limpeza social" silenciosa, através, por exemplo, do recolhimento arbitrário de crianças na "Operação Turismo Seguro" e na destruição de pertences dos moradores de rua na "Operação Cata-Tralha”.

No histórico comparativo de violência institucional durante mega eventos no mundo, o Brasil se destaca pelo alto número de pessoas mortas: 44 mortos do Complexo do Alemão. As autoridades policiais conseguiram, inclusive, agregar maior crueldade aos seus já conhecidos abusos: revistar crianças sob a mira de fuzil em comunidades pobres. Se essas mortes e abusos policiais ficarem impunes, resta a evidente e direta responsabilidade do secretário de Segurança Pública e do governador do Estado.

Às execuções cometidas por esquadrões da morte (no passado), pelo tráfico, pelas milícias e grupos de extermínio, soma-se esse elevado padrão de letalidade policial, onde a execução sumária adquire um caráter supostamente “legal” ao ser registrada como auto de resistência. Entramos na era do Caveirão, afinal. O Estado não esconde mais sua violência. Ele se orgulha. A polícia invade as comunidades a bordo de blindados com símbolo de caveira anunciando "Eu vou pegar sua alma". Trata-se do projeto de criminalização da pobreza, que associa o morador de favelas à criminalidade e assume o número de mortos como um resultado positivo, como critério de eficiência policial.

Que vergonha! Pela criminalização da população negra e pobre; por utilizar violência policial como suposta solução de enfrentamento da criminalidade; por gastar bilhões com o Pan, enquanto milhões de pessoas moram em barracos; por executar seus cidadãos: que vergonha! É esse o chamado legado social do Pan, ou “pandemônio”, como o evento ficou conhecido em grande parte das comunidades pobres.


Sandra Carvalho é diretora e Fernando Delgado é pesquisador do Centro de Justiça Global, organização brasileira de defesa dos direitos humanos: www.global.org.br.