domingo, 28 de outubro de 2007

O Império enxerga seu declínio

As divergências no interior do stablishment norte-americano tornam-se agudas, num sinal de que a guerra contra o Iraque pode ter revelado as debilidades do exército e, ainda mais grave, devastado a "legitimidade mundial da América"

Philip S. Golub - LeMondeDilomatique

No centro da elite do poder norte-americano, as conseqüências desastrosas da invasão e ocupação do Iraque provocaram uma crise ainda mais profunda do que a desencadeada pela derrota no Vietnã, há 30 anos. Para cúmulo da ironia, essa crise afeta a coalizão de ultra-nacionalistas e neoconservadores que se formou nos anos 70, exatamente para tentar pôr fim à “síndrome do Vietnã”, restaurar o poder norte-americano e fazer reviver o “anseio de vitória” dos Estados Unidos.

Se ainda não houve protestos em massa populares e organizados, como durante a guerra do Vietnã, é, sem dúvida, em razão de o exército ser composto principalmente de voluntários egressos dos meios sociais mais pobres; bem como pelo fato de essa guerra ser financiada "mal-e-mal" pelos capitais estrangeiros (por quanto tempo mais?). Mas, entre a “elite”, a crise rompeu o establishment de segurança nacional que governa o país desde a Segunda Guerra Mundial.

O desacordo expresso publicamente, por meia dúzia de generais da reserva, acerca da condução da guerra [1] — um fato sem precedentes —, veio se juntar à manifestação recorrente de dissenso entre as agências de informação e o Departamento de Estado, desde 2003. Isso denota uma tendência mais profunda, que atinge importantes setores da elite e as principais instituições do Estado. Mas poucos criticos da guerra são tão diretos quanto o general da reserva William Odom. Ele repete incansavelmente que a invasão do Iraque representa o “mais importante desastre estratégico da história dos Estados Unidos” [2]. Ou quanto o coronel Larry Wilkerson, ex-chefe do estado-maior de Colin Powell, que denuncia um “erro de dimensão histórica” e pede a destituição do chefe de Estado [3]. Ou ainda o ex-diretor do Conselho Nacional de Segurança, Zbigniew Brzezinski, que qualificou a Guerra no Iraque e a ocupação do país de “calamidade histórica, estratégica e moral” [4].

"Bando incompetente, arrogante e corrupto" (um oficial de alta patente, sobre o governo Bush)

Em sua maioria, as críticas da elite feitas publicamente não vão tão longe. Em geral, dirigem-se ao modo como a guerra e a ocupação tiveram início, mais do que à questão fundamental da invasão em si. Mas isso não muda o fato de que a discórdia é profunda e generalizada, com diferentes secretários [ministros] do governo rejeitando o erro e se acusando mutuamente de serem os responsáveis pela “perda do Iraque” [5]. Em privado, antigos dirigentes de alto escalão entregam-se a acessos de raiva impotente, denunciam “cabalas” sombrias e vituperam contra a Casa Branca. Sem a menor ironia, um ex-oficial do Conselho de Segurança Nacional compara os atuais ocupantes da instituição com “a família Corleone”, imortalizada no filme O Poderoso Chefão. “Por conta de um bando incompetente, arrogante e corrupto”, diz outro oficial de alta patente, “estamos perdendo nossa posição dominante no Oriente Médio”. Veterano do Vietnã, um senador republicano afirma: “A Casa Branca quebrou o exército e ultrajou sua honra”.

Nenhum desses críticos institucionais poderia ser de algum modo considerado “santo”: sejam quais forem suas afiliações políticas ou opiniões pessoais, eles foram, ou ainda são, guardiães do poder, gestores do Estado de segurança nacional. Foram, por vezes, atores de intervenções imperialistas abertas ou clandestinas, empreendidas no “Terceiro Mundo” durante e depois da guerra Fria. Foram (ou ainda são) “gestores de sistema” do aparelho burocrático de segurança nacional, que o sociólogo C. Wright Mills foi o primeiro a dissecar e cuja função é produzir e reproduzir o poder.

Conseqüentemente, não podemos distinguir tais “realistas”, enquanto grupo social, do objeto de suas críticas, no que diz respeito à disposição em empregar a força ou ao caráter implacável com que, a história está de prova, perseguiram os objetivos do Estado. A causa de seu descontentamento não pode ser atribuída a convicções divergentes em matéria de ética, normas e valores (ainda que tais diferenças possam motivar alguns indivíduos). A discordância é resultado de uma constatação fria, racional, de que a guerra no Iraque deixou “o exército norte-americano quase arruinado” [6] e comprometeu seriamente, até mesmo de maneira irreparável, “a legitimidade mundial da América” [7] — isto é, sua capacidade de moldar as preferências mundiais e de definir a ordem do dia no planeta. Em suas expressões mais sofisticadas, como no caso de Brzezinski, essa divergência traduz a compreensão do fato de que o poderio não se limita ao poder de coerção e que a legitimidade hegemônica, uma vez perdida, é difícil de ser restabelecida.

Américas, Ásia, Europa, Oriente Médio... Em toda parte, sinais de uma hegemonia em crise

Os sinais de queda da hegemonia norte-americana são visíveis em todos os lugares: na América Latina, onde a influência dos Estados Unidos é a mais baixa em décadas; no leste asiático, onde Washington, de má vontade, teve de negociar com a Coréia do Norte e reconhecer na China um ator indispensável à segurança regional; na Europa, onde o projeto de instalar baterias antimísseis é contestado pela Alemanha e outros países da União Européia; no Golfo Pérsico, onde os aliados de longa data, como a Arábia Saudita, perseguem objetivos regionais autônomos que, somente em parte, coincidem com os dos Estados Unidos; no seio das instituições internacionais, seja a ONU, seja o Banco Mundial (cujo presidente, o norte-americano Paul Wolfowitz, envolvido em um esquema de nepotismo, teve de entregar o cargo, em 30 de junho), onde Washington não tem mais condições de determinar a ordem do dia.

Ao mesmo tempo, as pesquisas de opinião internacionais, realizadas regularmente pelo PEW Research Center de Washington [8], apontam uma atitude sistemática de desafio à política externa norte-americana em nível quase mundial e um desgaste do “soft power”, o fascínio exercido pelos Estados Unidos no mundo. O “sonho norte-americano” afundou, diante da imagem de um leviatã militar que exibe apenas desprezo pela opinião pública internacional e viola as regras que os próprios Estados Unidos instituíram [9]. A opinião mundial pode não pôr fim às guerras, mas pesa de forma mais sutil nas relações internacionais.

Limitar, em parte, esse desgaste seria talvez possível sob a condução de outros dirigentes e em circunstâncias totalmente novas. É, no entanto, difícil imaginar como um novo consenso interno poderia ser restabelecido no curto prazo. Foram necessários muitos anos para reconstruir o exército, após submetê-lo a duras provas na Guerra do Vietnã, bem como repensar as doutrinas e definir um novo consenso das elites, quando não popular, sobre o uso da força. Depois do Iraque, não será fácil mobilizar o sentimento nacionalista para empreender novas aventuras no exterior. Da mesma forma, não se pode esperar um retorno ao status quo anterior da política mundial.

Em xeque, idéias sobre o papel internacional dos EUA que animaram o país desde os anos 1940

A invasão e a ocupação do Iraque não são as únicas causas das tendências mundiais evocadas acima. A guerra somente acentuou um momento em que forças centrífugas maiores já estavam em ação: o desgaste e o posterior desmoronamento do “Consenso de Washington” e o aumento da influência de novos centros gravitacionais econômicos — sobretudo na Ásia —, já bem estabelecidos quando George W. Bush tomou a decisão calamitosa de invadir o Iraque. A história avança, enquanto os Estados Unidos permanecem atolados em um conflito que absorve todas as energias do país.

Aos olhos das elites no poder, essa configuração é profundamente preocupante. Desde a metade do século 20, os dirigentes norte-americanos passaram a achar que tinham a responsabilidade histórica singular de dirigir e governar o sistema internacional. Ocupando o topo do mundo desde a década de 1940, eles partiam do princípio que, a exemplo da Grã-Bretanha no século 19, os Estados Unidos estavam destinados a agir como hegemon — Estado dominante detentor da vontade e dos meios de estabelecer e manter a ordem internacional, bem como de assegurar a paz e uma economia mundial liberal aberta e em expansão. Na interpretação seletiva que fizeram da história, foi a incapacidade da Grã-Bretanha de manter esse papel, e a reticência simultânea dos Estados Unidos em assumir sua responsabilidade (o “isolacionismo”), que propiciaram o ciclo guerra mundial-depressão-guerra mundial, durante a primeira metade do século 20.

Essa hipótese, profundamente arraigada nas mentes, tem por corolário um argumento circular: uma vez que a ordem requer um centro dominante, manter tal ordem (ou evitar o caos) requer perpetuar a hegemonia. Esse sistema de pensamento, que os pesquisadores norte-americanos na década de 70 definiram como “teoria da estabilidade hegemônica”, pauta a política externa dos Estados Unidos desde que o país emergiu da Segunda Guerra Mundial como centro ocidental do sistema mundial.

As elites política e econômica norte-americanas entreviam, desde 1940, uma “grande revolução no equilíbrio do poder”. Washington iria se “tornar o herdeiro universal e administrador do patrimônio econômico e político do Império britânico. O cetro [passaria] para as mãos dos Estados Unidos” [10]. Um ano mais tarde, Henry R. Luce anunciava a chegada do famoso “século norte-americano”. “Esse primeiro século em que a América será uma potência dominante no mundo”, escrevia ele, significava que o povo norte-americano deveria “aceitar sem reserva [seu] dever e [sua] perspectiva de futuro como a nação mais poderosa e vital, e exercer sobre o mundo o pleno impacto de [sua] influência pelos meios que [lhe] parecessem apropriados” [11]. Em meados dos anos 40, os contornos do “século norte-americano” já se desenhavam claramente: predomínio econômico reforçado por uma supremacia estratégica baseada em uma rede planetária de bases militares estendendo-se do Ártico à Cidade do Cabo; do Atlântico ao Pacífico.

Presidindo a construção do Estado de segurança nacional, os dirigentes do pós-guerra estavam tomados — para retomar a expressão do historiador William Appleman Williams — de “visões de onipotência” [12]. Os Estados Unidos beneficiavam-se de enormes vantagens econômicas e de um avanço tecnológico considerável e detiveram por um curto período o monopólio atômico. O impasse coreano (1953) e os programas soviéticos de armas e mísseis nucleares certamente abalaram a confiança dos EUA, mas foram a derrota no Vietnã, e as turbulências sociais que acompanharam a guerra no plano interno, que revelaram os limites do poderio.

Inevitável paralelo com o início do declínio britânico, também marcado por uma guerra desastrosa

O “realismo em uma era de declínio” preconizado por Henry Kissinger e Richard Nixon, era somente uma forma de admitir, a contragosto, que o tipo de hegemonia global exercido havia mais de 20 anos não poderia durar para sempre. Mas o Vietnã e a era Nixon marcaram uma virada mais paradoxal. Eles prepararam a reação dos anos 80: a “revolução conservadora” e os esforços conjuntos para restabelecer e renovar o Estado de segurança nacional e o poderio mundial norte-americano. Quando a União Soviética desmoronou, alguns anos mais tarde, as ilusões de onipotência ressurgiram. Os triunfalistas conservadores voltaram a sonhar com uma “primazia” internacional de longa duração. O Iraque era uma experiência estratégica, destinada a inaugurar o “segundo século norte-americano”. A experiência deu errado, assim como a política externa estadunidense.

As analogias históricas nunca são perfeitas, mas o exemplo da Grã-Bretanha e da prolongada derrocada do império pode lançar uma luz sobre o momento histórico atual. No crepúsculo do século 19, raros eram os dirigentes britânicos que podiam imaginar seu fim. Quando foi celebrado o Diamond Jubilee da rainha Vitória, em 1897, a Grã-Bretanha estava à frente de um império transoceânico formal, que englobava um quarto dos territórios do mundo e 300 milhões de súditos — ou mais do dobro, se incluirmos a China, colônia virtual de 430 milhões de habitantes. A City londrina era o centro de um império comercial e financeiro ainda mais vasto, cuja teia abarcava o mundo inteiro. Portanto, não é nada surpreendente que uma importante parte da elite britânica pensasse, apesar do receio suscitado pela concorrência manufatureira norte-americana e alemã, que a Grã-Bretanha recebera “como presente do todo-poderoso um arrendamento do universo por toda a eternidade”.

O Jubilee devia ser “o último raio de sol de uma confiança total na capacidade britânica de governar” [13]. A segunda Guerra dos Bôeres (1899-1902) [14], empreendida na África do Sul para preservar a rota das Índias e reforçar o “elo mais fraco da corrente imperial”, foi um enorme desperdício humano e financeiro. Além disso, ela revelou as atrocidades da política da terra arrasada, a uma opinião pública inglesa cada vez menos dócil. “A guerra sul-africana foi, para a potência imperial britânica, a provação mais importante desde a Rebelião Indiana, e a guerra mais vasta e mais onerosa empreendida pela Grã-Bretanha entre a derrota de Napoleão e a Primeira Guerra Mundial” [15].

Apenas doze anos depois, teve início a Primeira Guerra Mundial, levando os seus protagonistas europeus à derrocada e ao esgotamento. O longo fim da era britânica havia começado. Mas o Império não somente resistiu à crise imediata como perdurou por décadas, ultrapassando a Segunda Guerra Mundial, antes de ver um fim sem glória, pela mão dos norte-americanos, em Suez, em 1956. No entanto, um século mais tarde, a nostalgia da grandeza persiste, como vemos nas desventuras mesopotâmicas do primeiro-ministro Tony Blair. Os últimos resquícios imperiais ainda não foram extintos.

Para a elite no poder dos Estados Unidos, manter-se no topo do mundo há mais de meio século é considerado um fato natural. A hegemonia, como o ar que respiramos, tornou-se um modo de ser, um estilo de vida, um estado de espírito. Os críticos institucionais “realistas” são, certamente, mais prudentes do que aqueles a quem criticam. Mas eles não dispõem, ainda, de um quadro conceitual onde as relações internacionais sejam baseadas em outra coisa que não a força, o confronto ou a predominância estratégica.

A crise atual e o impacto crescente dos problemas mundiais, sem solução no âmbito nacional, originarão, talvez, novos impulsos em matéria de cooperação e interdependência. Em todo caso, é preciso esperar. Mas é provável que a política norte-americana permaneça imprevisível: como mostram todas as experiências pós-coloniais, desfazer um império pode ser uma processo longo e traumático.



[1] Ver “Retired Generals Speak Out to Oppose Rumsfeld”, The Wall Street Journal, 14 abr. 2006.

[2] Associated Press, 5 out. 2005. O general Odom estava à frente da National Security Agency (NSA) na gestão de Ronald Reagan.

[3] Citado em “Breaking Ranks”, The Washington Post, 19 jan. 2006.

[4] Declaração diante da Comissão de Relações Exteriores do Senado, 1 fev. 2007.

[5] O ex-diretor da CIA George Tenet, em seu livro At the Center of the Storm, responsabiliza a Casa Branca pelos erros estratégicos cometidos no Iraque e afirma que nunca houve um “debate sério” sobre a questão de saber se esse país representava uma ameaça iminente ou se não seria melhor simplesmente reforçar as sanções e descartar a guerra. Trata-se do último desentendimento público opondo a CIA à Casa Branca desde, pelo menos, 2003.

[6] Para citar o ex-secretário de Estado Colin Powell durante o programa televisivo “Face the Nation”, na CBS, em 17 dez. 2006.

[7] Zbigniew Brzezinski, declaração diante da Comissão de Relações Exteriores do Senado, 1º de fevereiro 2007.

[8] Ver: The Pew Research Center for the People and the Press.

[9] Ver: PEW Global Attitudes Project

[10] Discurso do presidente do conselho da National Industrial Conference no congresso anual da Investment Bankers Association, 10 dez. 1940. Citado em James J. Martin, Revisionist Viewpoints, Ralph Myles Publisher, Colorado Springs, 1971.

[11] Henry R. Luce, “The American Century”, Life Magazine, 1941, artigo reeditado no Diplomatic History, primavera 1999, vol. 23, n. 2.

[12] William Appleman Williams, The Tragedy of American Diplomacy. Nova York: Delta Books, 1962.

[13] Citado em Elisabeth Monroe, Britain’s Moment in the Middle East, 1914-1956. Londres: Chatto & Windus, 1963.

[14] Tanto o segundo quanto o primeiro conflito (1880-1881) opunham os britânicos e os colonos de origem neozelandesa (bôeres).

[15] C. Saunders e I. R. Smith, “Southern Africa, 1795-1901”, in The Oxford History of the British Empire, vol. , The Nineteenth Century.

sábado, 27 de outubro de 2007

The Call of Cthulhu



Formato: Rmvb
Audio: Mudo
Legenda: Pt
Duração: 46 min
Tamanho: 146 Mb dividio em 02 partes
Servidor: Rapidshare

Copiado de:RapaduraAzucarada - Charlemagne

História de Lovecraft

O Chamado de Cthulhu é a estória mais famosa de H.P. Lovecraft(confesso que é a única que conheço). É a única estória a apresentar o renomado monstro Cthulhu, e de muitas formas ela resume as idéias que se perpetuaram nos mitos de Cthulhu de Lovecraft. O filme segue a sequência narrativa de três partes da estória, e se move de 1920 a 1908 a 1870 e volta, asim como o filme. A estória engloba a visão do mundo niilista de Lovecraft, a sua perspectiva cósmica, e seu sentimento de que a humanidade está condenada por sua própria insignificância. E é uma aventura que faz você viajar.

Sinopse

Um professor em seu leito de morte, deixa para seu sobrinho-neto uma coleção de documentos que pertencem ao culto do Cthulhu. O sobrinho começa então a prender porque o culto ao Cthulhu fascinava tanto o seu tio-avô. Pouco a pouco, ele começa a juntar as peças sobre as terríveis implicações das pesquisas de seu tio-avô, e logo ele começa a investigar por conta própria o culto ao Cthulhu. Ao passo que vai juntando as peças dessa macabra e perturbadora realidade, sua própria sanidade entra em colapso. Ao final, ele “passa a tocha” para seu psiquiatra, que, em resposta, ouve o Chamado do Cthulhu.






Links

http://rapidshare.com/files/65110957/TheCallOfCthulhu-Stile-Ups-ImmerElektro.part1.rar
http://rapidshare.com/files/65113161/TheCallOfCthulhu-Stile-Ups-ImmerElektro.part2.rar

Mais informações sobre H.P. Lovecraft

http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/lovecraft.htm

Mais informações sobre o filme (English)
O SALÁRIO DO MEDO




Tipo de arquivo: RMVB
Áudio: Francês
Legenda: português
Tamanho: 575 MB
Duração: 148 minutos
P/B

Título Original: Le Salaire de La Peur
Gênero: Drama
Origem/Ano: FRA-ITA/1952
Direção: Henri-Georges Clouzot
Copiado de:RapaduraAzucarada - Stirner




Prêmios: Academia Britânica - Prêmio de Melhor Filme
Festival de Berlim - Prêmio Urso de Ouro (Henri-Georges Clouzot)
Festival de Cannes - Grande Prêmio do Festival (Henri-Georges Clouzot)
Festival de Cannes - Menção Especial por sua atuação (Charles Vanel)

Elenco
Yves Montand
Charles Vanel
Peter van Eyck
Antonio Centa
Luis de Lima
Jo Dest
Darío Moreno
William Tubbs
Véra Clouzot
Folco Lulli
René Baranger
Grégoire Gromoff
Pat Hurst



Sinopse:

No começo tudo parece desinteressante, mas, aos poucos, um clima de suspense toma conta da história e o espectador fica sem fôlego, tal o ritmo emocionante que Clouzot imprime a seu filme - narra a vida sem
perspectivas de quatro estrangeiros num vilarejo de país não
especificado da América Central. Mario (Yves Montand) vive de bicos e sonha em voltar para a França. Uma companhia de petróleo americana, que domina a região, vai pagar US$ 2.000 para que ele vá, junto com os três amigos, levar um carregamento de nitroglicerina para explodir um poço de petróleo em chamas. Todos estão dispostos a arriscar a vida e fazem a viagem nas esburacadas estradas, onde qualquer solavanco mais forte poderá jogar os aventureiros pelos ares. Houve um remake desse filme em 1997, Sorcerer, dirigido por William Friedkin.

Links Rapidshare em seis partes:

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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A hora da verdade para Teerã?

Restando pouco mais de um ano de governo, Bush já é de fato um dos piores presidentes da História dos Estados Unidos. Qualquer ação no sentido de superar esta mancha na sua história deveria dar-se nos próximos 3 a 5 meses.

Desde as eleições presidenciais que levaram Mahmud Ahmenidjad ao poder em Teerã, este país vive em um estado permanente de sobressaltos e crises em sua política interna e externa. Em política interna acentuou-se a penúria de bens, aumentou a inflação e outros bens – paradoxalmente a gasolina! – quase desapareceram. No último dia 8 de outubro de 2007 algumas centenas de estudantes da Universidade de Teerã desafiaram o esquema policial iraniano e gritaram fortes slogans contra Ahmenidjad. No plano externo as ações de enfrentamento com os Estados Unidos acentuaram, nos últimos dias, o conflito entre os dois países.

Energia Nuclear e Geopolítica Regional.
O ponto central do contencioso entre Teerã e Washington centra-se na produção e posse de armas nucleares. O Irã é signatário do Tratado Contra a Proliferação de Armas Nucleares e reafirma constantemente o seu objetivo de dotar-se de energia nuclear exclusivamente para fins pacíficos. Contudo, a natureza fechada, autoritária, do regime iraniano não permite qualquer avaliação concreta sobre o que se passa nas principais usinas nucleares do país.

Os vizinhos dos iranianos – em seus dois flancos – são regimes adversários possuidores de armas nucleares. Referimos-nos a Israel, a quem Teerã vota a maior parte de suas energias em política externa e, do outro lado da fronteira, o Paquistão, dominantemente sunita e wahabita, e um forte aliado dos Estados Unidos. Além disso, o mais importante vizinho do Norte, às margens do Mar Cáspio, é a Federação Russa. Também é notório que a frota americana estacionada no Golfo Pérsico é dotada de forte armamento nuclear. Assim, não seria Teerã o introdutor de “armas de destruição em massa” na complexa geopolítica regional. O ponto central, contudo, para os Estados Unidos seria a caracterização da política externa do Irã (i.) de rompimento do TNP, portanto o Irã transformar-se-ia em um “Out-law State” e (ii.) o caráter não confiável do regime religioso existente no país.

A primeira questão, o Irã como um “Out-law State” é complexa e não representaria, de forma alguma, um casus beli clássico. A França, em 1993, no Atol de Mururoa no Pacífico realizou vários testes nucleares de superfície, contrariando frontalmente a comunidade mundial. Outros países, como o Sudão ou Mianmar, agem de forma brutal, mesmo genocidária, contra suas populações sem mereceram uma ação armada da comunidade mundial. Em relação a ser um “regime não-confiável” não podemos deixar de esquecer que o Paquistão – uma ditadura militar comandada por Pervez Musharaf e assediada por grupos islâmicos radicais – possui varias ogivas nucleares e é um dos maiores aliados dos Estados Unidos.

Onde, em fim, reside a ameaça iraniana?

Golfo Pérsico/Ásia Central: uma geopolítica delicada:
Na verdade, a produção de armas atômicas no Irã – tecnicamente possível para fontes neutras num espaço de 3 até 5 anos – seria um mudança brutal de status estratégico para Israel. As relações com as duas outras potências nucleares da região – Rússia, Paquistão – praticamente não seriam alteradas, posto que ambos os países possuem dossiês mais complexos com outros atores regionais. Contudo, no caso de Israel a mudança seria drástica. O poder dissuasório final de Israel – fragilizado em termos demográficos e pela ausência de profundidade territorial – baseado na possibilidade de uso das armas nucleares, seria anulado pelo poder (futuro) nuclear de Teerã. Na verdade, devemos destacar isso, Teerã, e o Hamas na Faixa de Gaza, são hoje os únicos adversários em frente aberta de Israel. O apoio, municiamento e financiamento do Hizbollah, em 2006, durante a chamada “Guerra dos 34 Dias”, no Líbano, já teria quebrado aspectos centrais da estratégia militar israelense. A excelência da Inteligência israelense, bem como o seu poder dissuasório baseado numa maciça retaliação convencional – embora tenha se dado, com a destruição ampla da infra-estrutura libanesa – não foi suficiente para dobrar o Hizbollah ou alcançar seus objetivos no Líbano.

Assim, a posse de armas nucleares por Teerã acentuaria, num percepção israelense, de forma insuportável a perda de dissuasão por Israel. Devemos notar, ainda, que Teerã desenvolveu uma balística comprovadamente eficiente no raio de até 3000 quilômetros, dotando-se assim de vetores competentes para uma eventual arma nuclear.

Para outros aliados de Washington na Região Golfo Pérsico/Oriente Médio a situação não é melhor. O primeiro estado árabe sunita a se fragilizar seria a Arábia Saudita. Dominantemente sunita, mesmo wahabita, Riad possui – exatamente no Golfo e nas suas importantes regiões petrolíferas, uma vasta população xiita -, que se identifica e relaciona com outros xiitas do Golfo Pérsico. Várias das chamadas “Petro-Monarquias” do Golfo, são dominantemente xiitas, como o Bahrein. Um aumento de poder iraniano na região – que poderia ser fortalecido pela vitória xiita no Iraque ou ao menos na formação de uma República Islâmica no sul do Iraque, em torno de Basra – seria um tremendo fator de desestabilização do Reino Saudita, abrindo caminho para uma República Islâmica na Península.

Também a Turquia, aliada dos Estados Unidos e cooperante com Israel, poderia se sentir obrigada a entrar na corrida armamentista, evitando tornar-se, frente a um Irã atômico, uma potência de segunda ordem. Identicamente o Egito, em face a uma crise política e religiosa na Arábia Saudita, e dos movimentos de armamentismo na Turquia estaria na “obrigação” de buscar o diferenciador nuclear. Isto poderia desestabilizar todo o Maghreb – o norte da África árabe – e levar a Argélia na mesma direção. Nestas condições, os países europeus do Mediterrâneo – em especial Espanha, Itália e França – ver-se-iam em um impensável estado de insegurança.

Assim, o movimento iraniano em direção às armas nucleares, embora de razões claramente fincadas na geopolítica regional do Golfo Pérsico, poderia ser o estopim para um dominó nuclear de amplas dimensões e imensas conseqüências.

Dissuadindo o Irã:
Mais uma vez as potências do Conselho de Segurança da ONU não conseguem chegar a uma mínimo consenso sobre a questão. Até a eleição de Nicolas Sarkozy, em 2007, a França, Rússia e a China Popular haviam assumido uma posição contraria a qualquer ação militar contra o Irã. Já duvidosos do êxito americano no Iraque e da OTAN no Afeganistão, os três países associaram-se numa tentativa de deter uma ação unilateral dos Estados Unidos. Ao final de 2006 tal frente diplomática – aliada ao endurecimento da resistência iraquiana e ao clímax da Crise Coreana (por idênticas razões) conseguiu eficazmente manter o contencioso no plano diplomático.

De outro lado, os Estados Unidos e a Inglaterra (que no início de 2006 teve um enfrentamento direto com Teerã, pela apreensão de um barco patrulha britânico) e a França (agora com Sarkozy) deixaram claro que “todas as opções” (incluindo aí as ações militares) estão sendo estudadas para evitar que o Irã tenha armas nucleares. O Ministro francês de Relações Exteriores chegou, mesmo, a advertir sobre a possibilidade de uso máximo de força do Ocidente contra o Irã.

Assim as ações do “Grupo de Contato” europeu – França, Inglaterra e Alemanha – esgotaram-se desde 2006 e estes países passaram a uma clara posição de exigência de renúncia unilateral por parte de Teerã à posse de armas nucleares.

Para a Federação Russa qualquer ação unilateral e militar seria uma catástrofe para a região. Um grande tumulto militar e político na Região do Mar Cáspio, onde Moscou possui interesses diretos, soberanos e importantíssimos poderia abrir outra brecha de agitação islâmica em seu território. Além disso, traria os Estados Unidos – possivelmente através do uso de portos e aeroportos do Azerbaidjão (ex-república da URSS) - para dentro da região de imensas jazimentos de gás e petróleo. Por tais razões – muito mais relevantes do que o florescente comércio de armas, máquinas e equipamentos entre Moscou e Teerã – é que a Rússia insiste na “metodologia coreana de negociações”. Seria a formação de um grupo regional de contato, mais Estados Unidos, para uma negociação direta e ampla sobre todos os temas (e não só sobre arma nucleares) entre Washington e Teerã. Para Teerã seria uma vitória, uma das razões da recusa americana em aceitar a proposta russa.

Os Estados Unidos, que haviam chegado ao limiar do enfrentamento no começo de 2006, estavam por demais envolvidos na Batalha de Bagdá, buscando garantir um mínimo de segurança para alguns bairros centrais da capital iraquiana na ocasião, perdendo autonomia para uma nova frente de ação militar. Por outro lado, a Administração Bush encontrava-se sob fogo cerrado, da mídia e da oposição democrata, sendo obrigado a demitir colabores próximos da presidência (Karl Rove, Alberto Gonzáles e Donald Rumsfeld). Por fim, o dossiê coreano – com forte risco de descontrole regional e envolvimento numa guerra convencional de grande porte podendo escalar para um conflito nuclear – paralisou os homens em Washington.

Contudo, depois de agosto de 2007 Washington sentiu mais segura para deslanchar uma ação definitiva na Região Golfo Pérsico/Oriente Médio.
Assim, em 2006, o conflito que estava agendado foi adiado. Até quando?

Por que os Estados Unidos atacariam?
O Irã pratica, depois de 2006, uma extensa e intensa política externa, buscando diversificar suas relações políticas e comerciais, além de estabelecer apoios para um eventual enfrentamento na ONU com os Estados Unidos. Assim, de forma inédita, e para grande irritação de Washington, o Irã investiu fortemente na América Latina. Conduzido por outro desafeto americano, o Comandante Hugo Chavez. Ahmandinejad estabeleceu acordos com Caracas, Manágua e La Paz, além de ter fechado protocolos de cooperação com Brasília.

Toda esta movimentação, “en el pátio” estadunidense, deixa claro para Washington que as ações iranianas – ainda mais associadas a Caracas – são um forte desprestígio para a política externa americana. Além disso, e de forma central no pensamento estratégico americano, Teerã desafia as posições americanas junta aos aliados tradicionais dos Estados Unidos no Golfo/Oriente Médio. O crescimento político do Irã, depois do começo da Guerra do Iraque em 2003 e do malfadado discurso de Bush sobre o Eixo do Mal, em 2002, pode relativizar a influência americana em Riad, Ancara e Cairo. Da mesma forma, Israel ficaria fortemente isolado na região e os movimentos radicais de resistência, tais como o Hamas e o Hizbollah – pagos e armados por Teerã – teriam um papel crescente na região.

Além disso, teríamos típicas razões de política interna e mesmo de psicologia própria da Administração Bush para explicar um eventual ataque americano ao Irã. Restando pouco mais de um ano de governo, Bush já é de fato um dos piores presidentes da História dos Estados Unidos. Qualquer ação no sentido de superar esta mancha na sua história deveria dar-se nos próximos 3 a 5 meses. E, estaria aí, a chance de alterar os sinais da corrida eleitoral em curso, desbancando o favoritismo dos Democratas.

Trata-se, em suma, de um típico projeto de “rabo que abana cachorro”.

Quais os sinais evidentes da crise atual?
Nas últimas semanas os Estados Unidos se movimentaram com uma agilidade diplomática não vista nos últimos 7 anos. Vejamos:

i. O Presidente Bush garantiu o apoio e a continuidade da assistência dos Estados Unidos ao governo ditatorial de Pervez Musharaf – sob forte pressão da oposição interna - no Paquistão. Trata-se de uma base fundamental, na fronteira do Irã, para garantir a segurança de ações contra Teerã;

ii. Condoleeza Rice e Robert Gates estiveram na Arábia Saudita e Egito e assinaram acordos no valor de U$40 bilhões para a transferência de complexos sistemas de detecção adiantada de ataques aéreos ( mísseis e aviação ) além de sistemas de defesa antiaérea;

iii. Os americanos enviaram “pessoal técnico” para o Azerbaidjão – na fronteira norte do Irã, junto ao Mar Cáspio, para examinar as condições de portos e aeródromos locais;

iv. Condoleeza Rice foi em missão preparatória a Israel e a Palestina visando garantir o sucesso da Conferência de Anápolis, em novembro de 2008, entre palestinos e israelenses. Temas tabus da Questão Palestina ( saída das colônias judias, partilha de Jerusalém ) foram colocados em pauta;

v. Vladimir Putin, da Rússia, multiplicou seus esforços diplomáticos em encontros sucessivos com Angela Merkel ( Alemanha ) e Nicolas Sarkozy ( França ) em favor de uma abordagem diplomática da questão. Em seguida a tais encontros Putin foi a Teerã, onde defendeu um mundo multipolar e a excelência das ações diplomáticas.

A Guerra Americana contra o Irã
O encadeamento de tais ações apontaria para a construção de uma retaguarda diplomática e para o estabelecimento das condições estratégicas para um ataque americano ao Irã. Este ataque seria radicalmente diferente da “nova guerra altamente tecnológica” que Rumsfeld criou para o Iraque. Em vez de uma “Blitzkrieg tecnológica”, os Estados Unidos (secundados por Israel, Inglaterra e França) deslanchariam uma poderoso ataque aeronaval contra o Irã.

O ataque deveria ter o caráter preempção e manter o principio de “Espanto e Terror”, só que não seria acompanhado de qualquer ação de “boots on the ground” e deveria potencializar os ataques aéreos (partindo de bases e da marinha deslocada para o local) de forma intensa e contínua. Os primeiros ataques deveriam ser tão poderosos que a capacidade balística iraniana deveria ser anulada sem qualquer possibilidade de retaliação. O uso de armas nucleares táticas não seria assim descartado, bem ao contrário. Os Estados Unidos deveriam direcionar, simultaneamente, seus ataques para as instalações nucleares (Bushsher, Natanz, Araki, etc...) e para o sistema de defesa e resposta do Irã. Assim, as bases navais no Golfo Pérsico e as bases de mísseis distribuídas pelo interior do país deveriam se atingidas simultaneamente, cobrindo mais de 100 alvos diferentes diários e contínuos. O ataque maciço e preemptivo deveriam contar com elementos da Guerra dos Seis Dias, de Israel contra os países árabes, e da Guerra de Kossovo, usando ao máximo poder aéreo para evitar uma retaliação contra Israel, Arábia Saudita e mesmo as tropas aliadas em embasadas no Iraque.


Francisco Carlos Teixeira é professor Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Esquerda, volver... ma non troppo.

Depois de uma década de pequenos sucessos e grandes derrotas, em toda Europa social-democratas e socialistas tentam reencontrar-se com seu passado. Chegou a vez da Alemanha, onde novas lideranças prometem “corrigir o rumo” do Partido Social-Democrata (SPD, conforme a sigla alemã). Será que vai funcionar?

Os resultados pífios dos social-democratas nas recentes eleições na Suíça e na Polônia, onde decididamente não estiveram entre as figuras relevantes para as decisões, parecem ter acendido uma luz vermelha (a cor é adequada) no SPD alemão, como também já vinha ocorrendo em outros países, entre os partidos descritos como de centro-esquerda.

O SPD alemão é o partido mais antigo do país, e dos mais antigos da Europa e do mundo, com seus respeitáveis 114 anos de história. Mas passa por dificuldades gritantes. Depois da queda do muro de Berlim, em 1989, e da subseqüente dissolução da União Soviética, o Partido Social-Democrata alemão tornou-se exemplar no que toca à ventania política que levou todos os partidos do gênero, na Europa, a se moverem para a direita.

O líder desta virada na Alemanha foi Gerard Schröder, que chegou a ser primeiro ministro no começo do século XXI. Schröder, seguindo vaga mundial, fez uma série de reformas no sistema social alemão, adequando-o aos tempos de liberalismo requentado (também chamado de neo-liberalismo...) que marcaram esse momento. Basicamente isso consistia, como alhures, em desconstruir direitos trabalhistas e fazer do Estado o vigilante dessa batida em retirada e restrição do campo social.

Aparentemente, isso devia assegurar uma nova popularidade ao partido, com um sucesso eleitoral duradouro. Não foi o que aconteceu. Derrotas eleitorais em eleições provinciais levaram Schröder a antecipar as eleições gerais, e o resultado foi algo surpreendente, pois a líder da conservadora União Democrata Cristã (CDU), Ângela Merkel, tornou-se a primeira ministra quando seu partido venceu o pleito, ainda que por estreita margem.

Merkel leu corretamente o resultado, e diante de um eleitorado dividido praticamente pela metade, chamou o SPD para uma coalizão, e a cúpula deste partido aceitou o chamado. Novamente, o plano era um, mas o resultado foi outro. A aproximação com Merkel afastou ainda mais a base da cúpula do partido.

A própria Ângela Merkel surpreendeu o eleitorado e a Europa. Eleita com um discurso conservador, prometendo arrancar mais direitos sociais, Merkel fez um movimento considerado brilhante pelos analistas políticos convencionais na Alemanha. Compensou seu discurso com uma preocupação assistencialista com os idosos, os doentes e aqueles que podem ser descritos como “padecendo de fragilidade social” (mulheres em necessidade, jovens mães, por exemplo). Tendo ao lado vizinhos que brandem discursos ferozmente eurocêntricos, como Nicolas Sarkozy na França e Cristoph Blocher na Suíça (este último beirando o racismo explícito), Merkel caracterizou-se por uma fala bem mais branda com relação aos imigrantes, embora mantenha uma posição dura em relação ao Irã e ao que aqui é chamado de “extremismo islâmico”. Para completar, Merkel compreendeu rapidamente o “fator Al Gore” na cena mundial,e num país onde existem leis rígidas e amplas em relação aos direitos do consumidor, e o meio-ambiente é uma preocupação permanente e em escala mundial (nada deixa um humanista alemão com maior brilho no olhos do que falar em “Amazônia”, por exemplo), ela tornou-se uma campeã do tema.

Na reunião do G-8 (os sete países mais industrializadas do hemisfério norte mais a Rússia), em junho deste ano, realizada em Rostok, no norte da Alemanha, Merkel agitou suficientemente a questão ambiental, o efeito estufa, e temas associados, para considerar-se na imprensa que ela de fato enfrentou a indiferença a respeito sempre manifesta pelo governo Bush.

Essa ofensiva de Merkel roubou a cena aos social-democratas e até mesmo, em parte, ao Partido Verde. Para completar o cenário difícil, uma parte dos dissidentes do SPD uniu-se a uma parte dos remanescentes comunistas e fundaram um novo partido, Die Linke, literalmente A Esquerda.

Acossados pelos dissidentes, por Merkel, pelos Verdes, que atraem uma parte do eleitorado jovem e/ou também de esquerda, o SPD ameaçava soçobrar na perda completa de identidade. Entretanto um novo fator, chamado Kurt Beck, apareceu no horizonte, galvanizando o temor das numerosas bases do partido, ainda remanescentes, de que o SPD se tornasse apenas um partido conservador com umas pintas róseas, mais do que vermelhas, no passado.

Enfrentando a resistência dos spedistas que estão no governo, inclusive a do atual ministro do Trabalho, Franz Münfering, Beck conseguiu reverter algumas das posições cristalizadas no partido desde o tempo de Schröder. Recentemente o pleno do SPD decidiu abraçar a proposta de ampliar direitos sociais, como: passar o tempo de salário-desemprego pleno de 18 para 24 meses, no caso de quem tenha mais de 55 anos; aumentar a pensão dada aos trabalhadores de mais de 60 anos que continuem trabalhando; opor-se à proposta de que a idade de aposentadoria passe de 65 para 67 anos (na Alemanha o cidadão se aposenta no dia em que completa 65 anos, sem consideração de outros fatores). Fala-se até em discutir uma proposta de salário mínimo!

Será possível que isto interrompa o que vem sendo descrito na imprensa como a “hemorragia de perda de votos” que vem atingindo o partido? Não se sabe. Beck é um líder ousado, toma atitudes aqui descritas como “populistas”, freqüentando festas populares, tirando fotos com marcas de beijos na bochecha, e assim por diante. Conseguiu, é certo, galvanizar o descontentamento interno do partido. Se o fará em relação ao eleitorado, cavando espaço entre Merkel, os Verdes e a Die Linke, é outra história.

Ele tem a seu favor a percepção pessimista do eleitorado quanto a sua situação econômica, pois é grande a descrença na população de que vá ter melhorias de vida nos próximos tempos. Além disso, há certas condições de vida que estão piorando. O sistema de saúde está com problemas no país.

Recentemente há um outro fato que desperta preocupações. Outro dia minha companheira ao sair de casa de manhã cedo tropeçou (literalmente)... numa raposa. O animal se escondeu logo no jardim de uma escola próxima. O fato pitoresco na verdade é sintoma de um problema grave. As raposas estão invadindo as cidades alemãs. O que isso significa? Isso significa que os campos próximos não estão mais lhes oferecendo condições adequadas de sobrevivência. E por outro lado, isso significa que nas cidades está havendo uma proliferação de ratos. Ratos e raposas conjugados transmitem pelas fezes doenças incuráveis para os seres humanos... Bom, além de uma preocupação sócio-ambiental, isto já é tema para o flautista de Hamelin.




Formato: rmvb/P&B
Áudio: Inglês
Legendas: Português (BR)
Duração: 1:19
Tamanho: 343 MB
Dividido em 04 Partes
Servidor: Rapidshare



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Zelig
(Zelig, EUA, 1983, P&B/Cor, 79')
De: Woody Allen
Com: Woody Allen, Mia Farrow, Garrett M. Brown, Stephanie Farrow, Will Holt, Sol Lomita
Copiado de:RapaduraAzucarada - Eudesnorato


Sinopse:

Leonard Zelig (Allen) é um artista camaleão, cuja insegurança totalmente neurótica obriga a imitar - fisica e mentalmente - qualquer pessoa que esteja em sua companhia.

Fazendo tratamento com a Dra. Eudora Fletcher (Mia Farrow), Zelig cura-se lentamente, e durante o processo evolui de aberração a celebridade nacional - e até mesmo noivo de Eudora!

Mas quando as manchas do passado da personalidade múltipla de Zelig começam a aparecer (furto, bigamia e uma apendicectomia não autorizada), o camaleão humano tem que fugir novamente, e Eudora precisa revirar o mundo para encontrar - e salvar - o único homem que é todos os homens que ela já desejou!








La Jornada: O Explosivo Curdistão


As consequências para os EUA do atoleiro em que se afundam por causa da invasão do Iraque estão longe de se esgotar neste país. Provocado pela invasão do Iraque, o incremento do problema curdo — outra nação a qual é recusado o direito a um Estado — é mais um beco sem saída provocado por George Bush. Editorial do jornal La Jornada, de 22 de outubro de 2007.


Os recentes combates entre o exército turco e as forças do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) nas fronteiras turco-iraquianas constituem um novo fator explosivo numa região do mundo cheia deles, como a faixa que vai da Ásia Menor à Ásia Central, passando pelo Oriente Médio, e vêm deitar mais gasolina no fogo do drama iraquiano.


Ontem [21 de Outubro], enquanto as tropas de Washington bombardeavam a população xiita de Bagdá — com um saldo provisório de meia centena de mortos e outros tantos feridos e várias casas e escolas destruídas pelo ataque —, a artilharia de Ankara atacava povos curdos do Iraque, em resposta à humilhante derrota sofrida pelas suas tropas regulares na localidade de Colemerg, a zona do Curdistão controlada pela Turquia. Como resultado, o preço do petróleo nos mercados internacionais conhecia o enésimo aumento.


Reprimidos com extrema crueldade pelo regime encabeçado por Saddam Hussein, os curdos iraquianos apoiaram majoritariamente a invasão anglo-estadunidense de 2003 e, posteriormente, um dos mais importantes líderes dessa etnia, Jalal Talabani, foi colocado como presidente no governo títere de Bagdá, enquanto outro, Masud Barzani, preside ao regime semi-autônomo do Curdistão iraquiano no norte do país, onde estão as principais reservas petrolíferas da nação ocupada. Se é verdade que ambos reagiram com prudência e espírito conciliador aos ataques turcos, o segundo declarou que não entregará à Turquia os chefes do PKK refugiados no Iraque nem — compreende-se — os milhares de combatentes dessa organização.


A intervenção empreendida por George Bush perturbou, em suma, a correlação de forças entre o Curdistão histórico e os países que o repartiram, ao arrepio do Tratado de Sèvres (1918), em que se definia o desmantelamento do império otomano, derrotado na Primeira Guerra Mundial. Cabe recordar que a região curda estende-se do oriente da Anatólia turca até ocidente do Irão, e desde a Armênia até ao noroeste da Síria. Esse povo foi perseguido e reprimido, em diferentes momentos, pelos governos de Ancara, Bagdá, Damasco e Teerã.


O problema curdo é, por outro lado, mais um dos becos sem saída em que Washington se meteu o invasor do Iraque, pois com o desaparecimento do regime de Hussein os curdos iraquianos obtiveram uma apreciável margem de manobra para apoiar — admitam-no ou não — os seus compatriotas do Curdistão turco, o que provoca a ira do governo de Ancara, imprescindível aliado dos Estados Unidos, contra o governo fantoche de Bagdá.


A solução do problema curdo parece impossível nas atuais circunstâncias históricas, porque passa necessariamente pela constituição de um Estado para essa nação despojada; isso requereria que a Turquia, o Iraque, o Irão e a Síria fizessem as cessões territoriais simultâneas. Face à dificuldade desta possibilidade, a opção teria sido manter a reivindicação nacional num baixo nível de conflitualidade, através dum intenso trabalho diplomático do Ocidente, mas a intervenção estadunidense no Iraque deu um impulso bélico ao diferendo.


Eis aí um dos saldos do desastre das incursões militares ordenadas por Bush com o pretexto de combater “o terrorismo internacional”, ainda que com o propósito real de multiplicar os lucros do círculo imperial que o rodeia.


Tradução de José Paulo Gascão. Publicado no site O Diario.info

Fonte:Vermelho


BO prova que dirigente do MST estava marcado para morrer


O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Valmir Mota de Oliveira, o Keno, morto no último domingo (21) em um confronto com seguranças particulares, estaria marcado para morrer desde março deste ano. A Subdivisão de Cascavel registrou, no dia 28 de março, um boletim de ocorrência sobre a ameaça de morte, alertada em um telefonema anônimo, contra Keno, Celso Ribeiro Barbosa e Célia Lourenço.


De acordo com o registro da ocorrência, a pessoa fez o alerta dizendo para que tomassem cuidado porque a “UDR (União Democrática Ruralista) estava preparando uma armadilha para eles”.

A advogada da ONG Terra de Direitos, Gisele Cassano, informou que o presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, contratou seguranças particulares para ameaçar os sem-terra.


“Meneghel declarou à imprensa que a cada reintegração que o governo não cumprisse, os próprios ruralistas iriam retirar os sem-terra das propriedades”, afirma Gisele. Segundo ela, a NF segurança é contratada pela Syngenta, Sociedade Rural do Oeste e pelo Movimento de Produtores Rurais para fazer as reintegrações de posse.

Os sem-terra confirmam que a intenção dos seguranças ao voltar na fazenda Syngenta no domingo passado era a de matar as lideranças.

"Temos certeza de que a intenção deles era matar o Keno, a Celinha e eu. Eu não estava lá à tarde e atiraram na Isabel Maria Nascimento de Souza, achando que era a Celinha, pois são parecidas. Deu para perceber que só atiraram para matar nos líderes, nos outros deram tiros no pé e em outros membros não vitais. Se eu estivesse lá naquela hora, com certeza teria sido assassinado e Keno já era carta marcada para morrer”, contou Celso Ribeiro Barbosa, uma das vítimas da ameaça e que pertence à coordenação estadual do MST e da Via Campesina.

Segundo Barbosa, os telefonemas de alerta no início do ano foram anônimos e feitos para o número da Secretaria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, em Cascavel.

“A recepcionista atendeu as ligações da pessoa avisando que nós iríamos morrer. Achamos que as ameaças vieram mesmo da UDR, mas é complicado de dizer ao certo quem é”, disse Barbosa.

Sob tortura psicológica

Ele contou que sua casa, que fica em um assentamento a 15 quilômetros da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, está sendo cercada e vigiada pela empresa NF de segurança o tempo todo.

“Eles ficam rondando a casa e acendem os faróis dos veículos todas as noites para ver se não tem ninguém. Por conta disso, eu e minha família não temos ido mais lá, por medo das ameaças. Muitos vizinhos estão dizendo para a gente não ir e não vamos mesmo, por medo”, relatou.

Ele contou ainda, que vigilantes da empresa NF teriam entrado algumas vezes no assentamento que faz divisa com a fazenda da Syngenta, dando tiros para o alto e fazendo ameaças.

“Eles ameaçam as famílias assentadas com o objetivo de intimidá-las, para que não ousem mais invadir”, disse.

Violação dos direitos humanos

A advogada da ONG Terra de Direitos, Gisele Cassano, confirma a informação fornecida por Barbosa sobre as ameaças e diz que entrou no caso por causa da violação dos direitos humanos.

“Eles vêm sofrendo ameaças e em novembro do ano passado, Keno já havia sido agredido pela Sociedade Rural Oeste (SRO) durante o encerramento da Jornada da Educação na Reforma Agrária, promovida pelo MST em Cascavel”.

Segundo ela, enquanto os participantes se dirigiam à fazenda da Syngenta, para uma manifestação pacífica, dentro de um ônibus, na estrada que liga Cascavel a Foz do Iguaçu, foram parados por um bloqueio feito pela Sociedade Rural do Oeste.

Seus integrantes, liderados pelo presidente Alessandro Meneghel, aguardavam o ônibus com pedaços de pau, barras de ferro e armas de fogo, fazendo uma barreira humana.

Mesmo com o bloqueio, os trabalhadores decidiram continuar a rota a pé, mas foram violentamente atacados.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007




Formato: RMVB
Idioma: Francês
Legendas: Português
Duração: 129 min.
Tamanho: 413 MB
Dividido em: 05 Partes
Servidor: Rapidshare



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Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain

Copiado de:RapaduraAzucarada

Direção: Jean-Pierre Jeunet
Roteiro: Guillaume Laurant, Jean-Pierre Jeunet
Gênero: Comédia/Romance
Origem: Alemanha/França
Duração: 122 minutos
Tipo: Longa


Com: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Lorella Cravotta, Serge Merlin, Jamél Debbouze, Claire Maurier, Clotilde Mollet, Isabelle Nantey, Dominique Pinon

Amélie Poulain (Tautou), uma jovem parisiense recatada e tímida, foi educada pelos pais, com poucos contactos com o mundo exterior. Com vinte e poucos anos, Amélie trabalha num pequeno café e mora num apartamento antigo, onde encontra uma caixa escondida há mais de 40 anos. Ao procurar o dono, virá a descobrir a satisfação de trazer a alegria aos outros. Numa estação de comboios depara com o hábito peculiar de um jovem (Kassovitz), que colecciona fotos tipo passe mandadas fora, frequentemente rasgadas, por utilizadores de uma máquina automática.

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CHAPAEV - O SOLDADO VERMELHO...


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