sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Fundador da Attac propõe distribuição da riqueza

Adital


Dentro da programação do simpósio Pobre Mundo Rico, o diretor geral do Le Monde Diplomatique e Fundador da Attac (Associação por uma Taxação das Transnacionais financeiras de Apoio à Cidadania), Bernard Cassen, abordou em Ferrol, na Espanha, a oligarquia e concentração da riqueza, o desperdício da sociedade do consumo e o papel dos meios de comunicação como veículos da ideologia neoliberal.

Cassen abordou, assim, as características de uma classe social de "super ricos", que são cada vez mais ricos e mais numerosos, uma riqueza que, por outro lado, fica concentrada nos países do Norte. Ressaltou o patrimônio desorbitado dessa capa superior, que aglutina a 9,5 milhões de ricos, no que apenas das 1.000 pessoas mais ricas do mundo se corresponde com a dívida pública de todos os páises em desenvolvimento.

O fundador da Attac quis indicar que estes ‘super ricos’ não são outros: os dirigentes das grandes corporações, que ganham 15.000 euros diários na França, e 430 vezes o salário médio dos trabalhadores de suas empresas nos Estados Unidos. Hoje em dia, afirmou, "o planeta está governado por una oligarquia que acumula lucros com uma voracidade digna dos ladrões do final do século XIX, a época do capitalismo selvagem dos Estados Unidos".

Desta forma, propôs a respeito uma nova divisão da riqueza: "diminuir os lucros da camada superior da sociedade e repartir o benefício para causas e problemas urgentes e imediatos."

Outro benefício que se deriva desta medida de repartição seria o que se limitaria aos efeitos da "rivalidade", explicou. Trouxe como exemplo a definição dos pobres disposta pelo Conselho da Europa, em 1984, segundo a qual são "pobres as pessoas com menos recursos (materiais, econômicos, sociais), que são debilitados, que estão excluídos dos modos de vida mínimos aceitáveis das sociedades".

Fonte: Clube Internacional de Prensa
www.clubinternacionaldeprensa.org

Somente para Lembrar....

Pistolagem fardada agride trabalhadores a mando de latifundiário




Denunciamos por meio desta o mais recente ato de violência contra o povo pobre do campo na região do Alto Paranaíba.

Na madrugada de sábado para domingo últimos, cerca de 50 famílias camponesas ocuparam a Fazenda Samambaia, em busca de terra para trabalhar e fugir da miséria que se abate sobre o campo em nosso país, e para a qual a única solução apontada pelo governo são os seus programas de chantagem em massa (bolsas esmola) e mais repressão.

O suposto dono desta fazenda é o traficante Henrique Rodrigues, filho de José Pinheiro Rodrigues. Como tantas outras, apesar do histórico de trabalho escravo e das denúncias de tráfico de drogas que pesam sobre o latifundiário, a fazenda continua em seu nome e abandonada há anos sem produzir nada para a região.


Depois de ocupada pelos camponeses, neste domingo, por volta das vinte horas, a Polícia Militar de Monte Carmelo esteve no local da ocupação em uma viatura comandada pelo Cabo Souza, que se pôs a fazer ameaças às famílias que ali estavam.

Passados alguns momentos (cerca de vinte e uma horas) chegou ao local um forte efetivo policial, que de imediato tirou qualquer dúvida das famílias de que talvez a polícia estivesse ali para, como manda a lei e todo o ordenamento legal referente a conflitos agrários, simplesmente registrar a ocorrência da ocupação da área para em seguida tomar outras medidas.


O que de fato ocorreu é que chegado o reforço policial o acampamento foi invadido e as famílias dispersadas a base de tiros. Todo o acampamento foi queimado, mantimentos foram roubados e transportados nas próprias viaturas, dois homens e uma mulher foram agredidos a pancadas.

Enquanto os policiais queimavam seus pertences e os barracos de lona, as famílias se refugiaram na mata e só se encontraram novamente na tarde de hoje (29/10), sendo que uma menina de apenas seis anos permanece desaparecida.


Esta é a realidade do campo brasileiro. Enquanto o governo faz propagandas mentirosas na televisão dizendo que está promovendo a Reforma Agrária, o povo que se dispõe a lutar pelo seu sagrado direito a terra é acossado e violentado, ora por bandos armados particulares dos latifundiários, ora pela própria polícia que esbanjando a posição de "tropa de elite" atua à margem de qualquer lei, açulada e protegida pelo monopólio de imprensa. Para os camponeses que lutam por um pedaço de terra para viver e trabalhar só são oferecidos mais pedidos de paciência e mais repressão.

Exigimos a imediata punição para o mandante latifundiário e para os pistoleiros fardados da PM de Monte Carmelo. Conclamamos as instituições, sindicatos, organizações de Direitos Humanos e demais organizações, bem como pessoas comprometidas e democratas que anseiam por uma nação justa e próspera, que se posicionem em defesa dos direitos das famílias da Fazenda Samambaia. Conclamamos todos a manifestarem seu repúdio a mais esta ação do latifúndio e de seu estado que cada dia mais revela seu caráter reacionário. Que uma grande mobilização nacional se una para deter a escalada fascista. O povo quer terra, não repressão! Terra para quem nela trabalha!

Fonte: Liga dos Camponeses Pobres

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Alceu Valença

Format: MP3 Audio: 320 Kbps
Créditos:LagrimaPsicodelica - Alê
Milennium
01. Anunciação 4:49
02. Tropicana (Morena Tropicana) 3:52
03. Como Dois Animais 3:55
04. Cintura Fina 3:04
05. Anjo Avesso 2:56
06. Sol E Chuva 4:17
07. Solidão 3:13
08. Cavalo De Pau 3:37
09. Pelas Ruas Que Andei 2:48
10. Maracatu 3:32
11. Rouge Carmin 3:02
12. Arreio De Prata 2:43
13. Cabelo No Pente 3:46
14. No Balango Da Canoa [ao vivo] 2:58
15. Papagaio Do Futuro [ao vivo] 5:50
16. Espelho Cristalino 3:11
17. Punhal De Prata 6:59
18. Vem, Morena 2:43
19. Coração Bobo 3:39
20. Na Primeira Manhã 4:24

Part 1Part 2
Defensor da Reforma Agrária sofre atentado no sul do estado




No último sábado, dia 03/11, Bento Xavier (conhecido por Bentinho), morador de Airituba (Palmital), município de São José do Calçado, sofreu um atentado provocado pelo fazendeiro Walfrido Pereira Neto. Ele realizou disparos com arma de fogo contra Bentinho, que, felizmente, não foi atingido pelos disparos.

Bentinho é um grande apoiador do MST na região sul do estado e já trabalhou como agrônomo, por muitos anos, em diversos assentamentos do movimento. Sua família é de pequenos agricultores e sempre contribuiu com a luta dos Sem Terra na região, inclusive cedendo espaço de suas terras para abrigar acampamentos do movimento.

Como uma das áreas do fazendeiro em questão foi desapropriada no ano de 2004 para a criação do assentamento Florestan Fernandes, que fica localizado no município de Guaçuí, porém muito próximo do município de São José do Calçado, criou-se uma perseguição contra Bentinho por parte do fazendeiro, que o considera como um dos responsáveis pela articulação dos trabalhadores Sem Terra na região.

Desde esse período, ocorreram diversas formas de perseguição a Bentinho, que culminou no atentado do fim de semana. Vale ressaltar que o fazendeiro utiliza parte das terras da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que fica nas proximidades do assentamento Florestan Fernandes. Essa área está sendo reivindicada pelo Movimento Sem Terra do ES para a criação de mais um assentamento, onde poderiam ser assentadas cerca de 80 famílias. Esse fato também contribuiu para que se intensificasse a perseguição do fazendeiro contra Bentinho.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra entende que tal acontecimento é mais uma prova de que a violência gerada no campo advém da concentração da propriedade da terra. A solução para esse conflito é justamente a desapropriação da área da Cemig que vem sendo utilizada pelo fazendeiro, a fim de que se crie um novo assentamento. Nesse sentido, solicitamos que haja agilidade do processo de negociação para a desapropriação da área entre a Cemig, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o MST.

Fonte: MST

Curdos e o aliado improvável



Mateus Alves - CorreioDaCidadania

O norte do Iraque, região de população majoritariamente curda e parte do virtual Curdistão, esteve sob relativa paz durante grande parte da guerra iniciada com a ocupação do país pela coalizão liderada pelo exército norte-americano em 2003.

Em dias recentes, porém, a região, fronteiriça com a Turquia, transformou-se em mais um hot spot iraquiano, assimilando a turbulência - e um pouco da violência - que toma conta do resto do país. Tropas turcas, aliado tradicional dos EUA, aglomeram-se na divisa entre os dois países para frear a ameaça do PKK - o partido nacionalista curdo, considerado ilegal e "terrorista" tanto pela nação otomana quanto pelos norte-americanos -, que ameaça transbordar a seus solos.

Os embates entre turcos e separatistas curdos datam de 1984, ano em que o PKK iniciou as suas atividades. Entre 14 e 19 milhões de curdos vivem na Turquia atualmente - muitos descontentes com as políticas de Ancara em relação à etnia, freqüentemente relegada à margem da sociedade no país. As regiões curdas estão entre as mais pobres de um país também majoritariamente pobre - e, além do alto desemprego, a população ainda sofre com a crueldade das intempéries no desértico leste turco, onde tanto invernos como verões são rigorosos.

Do outro lado da fronteira, o Curdistão iraquiano conta com um governo autônomo, responsável pela manutenção da segurança na região. O que incomoda Ancara, no entanto, é a conivência das autoridades locais com a presença de 3 mil militantes armados do PKK no norte do Iraque - e a possibilidade de avançarem as atividades guerrilheiras no lado turco.

Ancara já concentrou entre 100 e 140 mil homens de seu exército na região, e oficiais dizem que uma ação mais profunda no norte iraquiano pode ser realizada "a qualquer momento". Embora apenas a possibilidade de uma agressão já não agrade aos norte-americanos, por tratar-se de um golpe fatal à custosa estabilidade do Curdistão iraquiano, o fator mais preocupante é a possibilidade de os turcos contarem com um improvável aliado no combate ao PKK: o Irã.

Os aiatolás vêem com bons olhos o combate ao PKK, uma vez que a nação persa também possui uma grande população de etnia curda - cerca de 4 milhões. Em tempos recentes, denúncias de que os Estados Unidos têm fomentado movimentos separatistas como maneira de desestabilizar o governo iraniano estão se provando verídicas, e a Teerã pouco interessa o fortalecimento de um nacionalismo curdo interno.

Embora a situação dos curdos no Irã seja de relativa estabilidade após o reconhecimento de um "Curdistão iraniano" pelo ex-presidente Mohammed Khatami em 1997 - apesar de certo abalo em 1999, quando manifestantes pró-PKK sofreram imensa repressão ao exigirem liberdade para o líder curdo Abdullah Ocelan, pertencente ao partido nacionalista -, a invasão do Iraque pelas tropas da coalizão trouxe novos ânimos e anseios de autonomia que reverberaram não só no país, mas também nas comunidades curdas de seus países vizinhos.

Uma breve experiência de autonomia foi conquistada pelos curdos iranianos no início do século quando, com o apoio da União Soviética, nacionalistas criaram um Estado independente no noroeste iraniano, sob a liderança de Qazi Mohammad. A República de Mahabad durou, no entanto, pouco tempo, sendo reprimida pelo governo do Irã - que, na época, contava com o apoio de norte-americanos preocupados com o avanço das regiões sob a influência no Oriente Médio.

A independência na região de Mahabad não atingiu um ano de existência, sofrendo também com o declínio do suporte soviético. Para Teerã, no entanto, o ocorrido assemelha-se ao que poderá acontecer na Turquia caso ações mais drásticas não sejam tomadas, sendo a causa da necessariedade de um apoio às decisões turcas sobre o Curdistão - quaisquer sejam elas. Para os aiatolás, evitar o renascimento de um nacionalismo curdo no Irã é essencial e vital à integridade da Revolução Islâmica.

A união de forças entre os dois países, algo previamente inusitado, parece estar próxima. Caso se concretize, será um choque para os Estados Unidos e um reforço aos equívocos das políticas da Casa Branca para o Oriente Médio, responsáveis primárias pelo caos que aumenta a cada instante na região e que iria muito além dos piores pesadelos de Condoleezza Rice e George W. Bush caso o Irã se firme como força essencial à definição do futuro do Iraque.

Mateus Alves é jornalista.

Kagemusha - A Sombra do Samurai
(Kagemusha)


Ficha Técnica:
Título Original: Kagemusha
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 159 minutos
Ano de Lançamento (Japão): 1980
Estúdio: Toho
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Masato Ide e Akira Kurosawa
Produção: Akira Kurosawa
Música: Shinichirô Ikebe
Fotografia: Takao Saitô e Masaharu Ueda
Desenho de Produção: Yoshirô Muraki
Direção de Arte: Yoshirô Muraki
Figurino: Seiichiro Momosawa
RMVB Legendado
Cor



Elenco:
Tatsuya Nakadai (Shingen Takeda / Kagemusha)
Tsutomu Yamazaki (Nobukado Takeda)
Kenichi Hagiwara (Katsuyori Takeda)
Jinpachi Nezu (Sohachiro Tsuchiya)
Shuji Otaki (Masakage Yamagata)
Daisuke Ryu (Nobunaga Oda)
Masayuki Yui (Ieyasu Tokugawa)
Kaori Momoi (Otsuyanokata)
Mitsuko Baisho (Oyunokata)
Hideo Murota (Nobufusa Baba)
Takayuki Shiho (Masatoyo Naito)
Koji Shimizu (Katsusuke Atobe)
Noburo Shimizu (Masatane Hara)
Sen Yamamoto (Nobushige Oyamada)
Shuhei Sugimori (Masanobu Kosaka)
Copiado de:RapaduraAzucarada - Stirner



Sinopse:
Shingen, um poderoso senhor do Japão feudal, tornou-se tão lendário
como o lema que tremula em suas bandeiras: "Rápido como o vento,
silencioso como a floresta, poderoso como o fogo, imutável como as
montanhas". Ferido gravemente em batalha, Shingen ordena que seja
localizado um sósia para substituí-lo e que sua morte seja mantida em
segredo, para que seus inimigos não ataquem seu feudo. O Kagemusha
(a sombra do samurai) é um ladrão que precisa se transformar em
grande líder e comandar 25.000 samurais. Um drama épico do Japão
feudal do séc. XVI, Kagemusha venceu o prêmio principal do Festival
Cinematográfico de Cannes de 1980, e foi um marco na carreira de
Akira Kurosawa.

Links Rapidshare em nove partes divididos em dois discos:
Disco 1
http://rapidshare.com/files/67728207/KAGEMUSHA_PT_1.Title1.DVDRip.part1.rar
http://rapidshare.com/files/67751536/KAGEMUSHA_PT_1.Title1.DVDRip.part2.rar
http://rapidshare.com/files/67757995/KAGEMUSHA_PT_1.Title1.DVDRip.part3.rar
http://rapidshare.com/files/67763273/KAGEMUSHA_PT_1.Title1.DVDRip.part4.rar
Disco 2
http://rapidshare.com/files/67804267/KAGEMUSHA_PT_2.Title1.DVDRip.part1.rar
http://rapidshare.com/files/67813632/KAGEMUSHA_PT_2.Title1.DVDRip.part2.rar
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http://rapidshare.com/files/67837745/KAGEMUSHA_PT_2.Title1.DVDRip.part4.rar
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quarta-feira, 7 de novembro de 2007



Instituída em 1997, a Fundação Quinteto Violado - FQV reúne a experiência do grupo que lhe dá nome, com o objetivo de explorar, promover e incentivar, sob todas as formas, o desenvolvimento da cultura do Nordeste do Brasil. A ligação do Quinteto com o trabalho deste compositor paraibano já tem longa data. Gerando Vandré, compositor de muita força poética e com emoção inimitável em sua interpretação, já teve suas canções interpretadas pelo Quinteto em 1980, quando o grupo montou um espetáculo homônimo, que terminou sem registro em disco.

extraia o sumo - download Quinteto Violado canta Vandré[1997]

1
Na terra como no céu
(Geraldo Vandré)
2
Cantiga brava
(Geraldo Vandré)
3
Fica mal com Deus
(Geraldo Vandré)
4
República brasileira
(Geraldo Vandré)
5
Hora de lutar
(Geraldo Vandré)
6
A canção primeira
(Geraldo Vandré)
7
Disparada
(Théo Barros - Geraldo Vandré)
8
O plantador
(Hilton Acioli - Geraldo Vandré)
9
Ventania [De como um homem perdeu]
(Hilton Acioli - Geraldo Vandré)
10
Vem, vem
(Geraldo Vandré)
11
Prá não dizer que não falei das flores [Caminhando]
(Geraldo Vandré)
12
Canção da despedida
(Geraldo Azevedo - Geraldo Vandré)

*contribuição de Aranha

Copiado de:SomBarato

Para “Veja”, vale tudo contra a democracia na Venezuela

Nessa linha, “Época” foi atrás e fraudou até foto

Jornal HoraDoPovo


Há algum tempo, a “Veja”, sempre na vanguarda de tudo o que não presta, falsificou uma foto de João Pedro Stédile, líder do MST, manipulando-a por computador para apresentá-lo com feições sinistras e algo diabólicas. Pois a “Época”, da Globo, resolveu imitar a sua congênere. Foi exatamente o que fez com a imagem do presidente venezuelano Hugo Chávez, na capa da semana passada.

Verdade seja dita, nesse terreno – o da falta de escrúpulos, da canalhice, em suma, do fascismo editorial – a “Veja” continua sem competidores. Haja vista a matéria de capa desta semana, cujo assunto - de surpresa nós não vamos morrer - é o presidente Hugo Chávez.

POPULAÇÃO

Quem revelou a falsificação na capa de “Época” foi nada menos que o diretor de arte da revista, Marcos Marques (v. suas declarações em nossa primeira página). Não estava fazendo uma denúncia. Pelo contrário, estava expondo a competência do departamento que dirige. O incrível é que o diretor de arte e seus comandados parecem achar absolutamente normal esse procedimento. Parecem achar que a profissão é uma licença para fazer qualquer coisa que o patrão mandar, inclusive, ludibriar os leitores.

Chávez não falsificou nenhum retrato – e nenhuma história – da família Marinho. No entanto, os Marinho acham que podem chamar Chávez de ditador, falsificando a foto e os fatos...

Quanto à matéria, é de uma estupidez garrafal. Quem pode acreditar que Chávez está reaparelhando as forças armadas da Venezuela para atacar o Brasil, e não para se defender dos americanos? É preciso uma mente asinina para crer em tamanha estultice. Mesmo assim, não é qualquer asno que consegue achar que o Brasil, 9 vezes maior - e com uma população que é 7 vezes a do país vizinho – está ameaçado pela Venezuela.

Quanto à “Veja”, é outra coisa. Nesta semana, em 11 páginas de xingamentos, a prova de que Chávez é um ditador se resume a 7 artigos da Constituição – entre os 350 que a compõem. Os artigos são os seguintes:

1) O artigo 11, que dá poderes ao presidente para estabelecer regiões militares especais em qualquer parte do país.

“Veja” sabe perfeitamente que este é um dispositivo que existe em qualquer Constituição – inclusive na dos EUA e na do Brasil.

2) O artigo 16, que estabelece o Poder Popular baseado nas comunidades locais.

“Veja” quer passar a idéia de que trata-se de um poder paralelo ao do Estado, quando é apenas uma forma, que não se sobrepõe ao poder federal, estadual ou municipal, de complementar e democratizar o poder político em comunidades localizadas.

3) O artigo 115, que define que, por utilidade pública ou interesse social, poderão ser desapropriados determinados bens.

O Civita, americano que o é, não deve ter lido o artigo 5º da nossa Constituição, incisos XXIII e XXIV. O Estado brasileiro tem o mesmo poder e o nosso texto constitucional tem quase a mesma redação do venezuelano. Mas o Civita & matilha querem ter o monopólio da expropriação dos bens de outros...

4) O artigo 153, que propõe que a Venezuela envide esforços para construir na América um projeto supranacional.

Desde que o presidente Sarney fundou o Mercosul, o Brasil está envidando esforços exatamente no mesmo sentido, o que foi retomado pelo presidente Lula, inclusive com a CASA (Comunidade Sul-americana de Nações). Mas o Civita prefere a Alca, ou seja, em vez de um projeto supranacional, um de submissão nacional.

5) O artigo 230, que acaba com as restrições a que o povo possa reeleger o presidente.

Até Eisenhower, apesar de republicano, era a favor desse direito democrático. Disse ele que “o povo americano deve eleger quem ele quiser, quantas vezes quiser”. As restrições à reeleição consistem em limitações à democracia, cuja essência é a vontade do povo, não o impedimento à vontade do povo.

6) O artigo 318, que estabelece que a política monetária deverá ser estabelecida em conjunto pelo Executivo e o Banco Central.

O presidente Chávez é um homem moderado. O Brasil é mais radical: constitucionalmente, é o Executivo que estabelece a política monetária. O BC é um mero aplicador. Até o Meirelles sabe disso, pois vive citando o conteúdo desse dispositivo.

7) O artigo 337, que estabelece que o presidente poderá decretar estados de exceção no país.

Pois é, aqui também (artigo 21 da nossa Constituição).

Muito interessante, também, são os conceitos emitidos sobre democracia, pela “Veja”. Por exemplo: “Hugo Chávez foi escolhido em eleições democráticas em 1998. O partido nazista teve um terço dos votos em 1933. Á frente de sua milícia, Mussolini impôs sua nomeação como primeiro-ministro. Para todos eles, isso foi a etapa inicial da ditadura”.

Logo, a democracia é a etapa inicial da ditadura e não há outro jeito de evitar as ditaduras, senão acabando com a democracia. Não é brincadeira, leitor. O problema de Chávez não é que ele seja um ditador, o problema é que ele é um democrata, logo, segundo a “Veja”, é inevitável que ele seja um ditador. Por isso, ela coloca no mesmo saco as eleições democráticas da Venezuela e as eleições de 1933 na Alemanha, realizadas depois da proibição do Partido Social-Democrata e do Partido Comunista e da prisão em massa dos dirigentes e militantes de ambos os partidos. Da mesma forma, a “marcha sobre Roma”, de Mussolini, cujo objetivo era passar por cima das instituições - inclusive, e sobretudo, das eleições – virou exemplo de democracia. Mas, realmente, essa é a democracia do Civita, isto é, o fascismo.

DIAS

O resto é um besteirol de mesmo teor:

a) Chávez “arrancou do parlamento a autorização para governar sem o parlamento”. Parece até que as medidas provisórias e as ordens executivas dos EUA são alguma novidade.

b) A “milícia” da Constituição da Venezuela não são de Chávez; são a reserva do exército, isto é, todos os reservistas, organizados e comandados pelo exército.

c) Chávez não fez expurgo algum do Judiciário. Apenas, como qualquer presidente, inclusive o nosso, cumpre a ele nomear juízes de determinadas instâncias.

d) O que “Veja” chama de “lavagem cerebral” da juventude é que a educação deixou de ser privilégio dos brancos e ricos, e o ensino passou a ter algo a ver com a realidade do país.

Por último, não há perseguição aos opositores, que continuam proprietários da maioria dos órgãos de comunicação do país. A oposição é que tentou dar um golpe, rasgar a constituição, fechar o Congresso e o Judiciário, no que foi efusivamente saudada pela “Veja”. Mas a esbórnia durou apenas dois dias.


FALAH ALWAN: IRAQUE É UMA QUESTÃO INTERNACIONAL


Em entrevista ao Pravda em português, Falah Alwan, presidente da Federação de Conselhos de Trabalhadores e Sindicatos do Iraque, declarou que a questão do Iraque é internacional e, por isso, a sua resolução deverá passar pela comunidade internacional e as suas associações e instituições.

Alwan revela que Saddam Hussein tinha perdido o poder anos antes da invasão e os americanos sabiam disso: "A qualquer altura, um governo revolucionário socialista poderia ter surgido e não teria sido difícil derrubar Saddam nos últimos tempos do seu regime, era uma questão de quando, não se".

* * *

No tempo em que Saddam Hussein era todo poderoso no Iraque, Falah Alwan já trabalhava nos bastidores secretamente, organizando comissões de trabalhadores e tentando angariar fundos para compensar as famílias em caso de acidentes - no Iraque de Saddam Hussein, os sindicatos eram proibidos.

Eleito em 2005 pela segunda vez presidente da Federação de Conselhos de Trabalhadores e Sindicatos do Iraque, Falah Alwan continua a lutar contra os velhos decretos de Saddam, utilizados por um governo fantoche que continua a praticar muitos dos abusos do antigo regime, continua a dificultar a formação de sindicatos e que não é mais do que o braço político das várias facções armadas no país, cuja autoridade está restrita à Zona Verde em Bagdad.

Em Lisboa, a convite do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, Falah Alwan falou ao PRAVDA.Ru.

Qual é a situação atual do movimento sindical no Iraque?

As autoridades continuam a evocar os decretos de Saddam Hussein, que esmagou tentativas de formar sindicatos de trabalhadores, por isso continua a ser uma luta constante que precisa do apoio dos movimentos internacionais. Começamos com o Sindicato dos Desempregados e tivemos 13 manifestações com a lema “Emprego ou Segurança Social”, movimento que obrigou as autoridades a instalarem um fundo de desemprego, embora elas se referem a isso como extensão do sistema que já existia e nunca admitiriam que fosse uma vitória nossa. Continuamos na Federação de Conselhos de Trabalhadores e Sindicatos do Iraque a trabalhar ativamente na construção de Comissões de Trabalhadores para coordenar as suas atividades com Conselhos de Trabalhadores.

E como se pode descrever a vida diária do cidadão no Iraque de hoje?

Além da violência, o desemprego aumentou em flecha. As pequenas fábricas do tempo de Saddam Hussein, que empregavam principalmente mulheres na área de têxteis, desapareceram, e as grandes indústrias que empregavam milhares de homens também, levando a uma situação em que as autoridades admitem uma taxa de desemprego de 30 até 35 por cento, mas a cifra real seria de 50% ou mais.

O custo das necessidades básicas subiu muito. O custo de combustível, num país que produz tanto, aumentou e em grandes áreas nem há electricidade, por isso as firmas paralisaram. Isso é o resultado da ocupação, que não serve para nada. E para dar um exemplo do dia a dia, por exemplo, no centro de Bagdad, uma viagem de táxi do centro da cidade até o aeroporto, uma viagem de meia hora, custa 60 dólares americanos, por ser tão perigoso, e o caminho se chama “caminho da morte”. Há assassinatos, há raptos, há ataques com bombas todos os dias.

E o que faz o governo e as tropas de ocupação para reduzir a violência e criminalidade?

O governo não está interessado no desenvolvimento de segurança porque, se houver segurança, muitas facções no governo perderiam a sua posição. Elas não são mais do que o braço político das facções armadas, que por sua vez são as facções armadas das formações políticas no governo.

Estas facções no governo falam com as facções armadas e discutem como reterem o poder e as suas posições, como manter o equilíbrio de poder. E quanto aos americanos, ficam nas suas bases, porque sabem que não conseguem manter a paz. A violência é um resultado direto da ocupação. E está ficando pior.

A sociedade iraquiana está dividida como nunca antes, está dividida entre seitas, religiões, línguas, grupos étnicos que pela primeira vez assumem importância. Dentro de Bagdad há uma muralha entre as várias secções da sociedade, como uma Muralha de Berlim dentro de Bagdad.

E esta situação não existia no Iraque de Saddam Hussein?

Esta divisão não existia mas também Saddam Hussein tinha perdido o poder antes da invasão, uns anos antes e os americanos sabiam disso. A qualquer altura, um governo revolucionário socialista poderia ter surgido e não teria sido difícil derrubar Saddam nos últimos tempos do seu regime, era uma questão de quando, não se. Talvez para neutralizar a ocorrência deste tipo de governo no Iraque, e as ondas de choque que teria tido na região, eles invadiram. Lembremos que 70% dos iraquianos vivem nas cidades, muitos são operários.

Relativamente aos sindicatos e movimentos operários internacionais, têm recebido apoio?

Sim, recentemente quando o Ministro de Petróleo decretou que os organizadores de uma greve neste setor deveriam ser presos, houve uma onda de indignação de movimentos nos Estados Unidos, Reino Unido e outros países, que fizeram com que o Ministro recuasse. Isso foi em julho de 2007. O governo em si nada faz para nos ajudar porque nos trata como ilegais e impede os operários de se organizarem, utilizando medidas draconianas do tempo de Saddam. Mas o governo representa a si próprio e na Zona Verde.

No discurso do governo, seus inimigos são terroristas ou os restos do regime de Saddam, quando de fato cada facção no Governo tem sua milícia. Pode dizer-se que este governo depende em grande parte da milícia controlada pelo Iran, mas mesmo dentro das milícias há muitas divisões e mini-facções.

Os britânicos recentemente saíram da Basra e disseram que “o trabalho estava feito”. Comentários?

Vou dar-lhe um exemplo. Quando em Basra uns militantes estabeleceram um ponto de controle e queriam espancar uma mulher que não usava o véu, esses soldados britânicos disseram que não tinha nada a ver com eles, pois eram costumes locais e não defenderam a mulher. Que o trabalho está feito em Basra? Bem, eu diria que a cidade de Basra e aquela região está sob a influência do Iran, seus agentes e gangues criminosas. Quem manda aí são grupos armados de milícias e o Reino Unido não fez nada para impedi-los de se impor na cidade.

E o caminho para a frente?

Está no interesse dos operários e trabalhadores terminarem a ocupação o quanto antes. Isso interessa a muitos setores. Há que mudar o equilíbrio de poder político, de estabelecer um poder político secular e não Islamistas políticos, que é o governo de hoje maioritariamente. Temos de impor um modelo diferente, de progresso social e temos aqui o potencial para os classes de operários organizar a sociedade iraquiana em base secular, polarizando à volta dos interesses dos trabalhadores, criando uma sociedade justa e de benefícios a todos.

Queríamos expandir o movimento secular dos trabalhadores e, para isso, precisamos de criar laços internacionais. Por esta razão estou aqui hoje. A invasão é uma questão internacional e, daí, tem de ser a comunidade internacional a resolver a questão do Iraque. É altura para o resto da comunidade internacional intervir. A nossa questão é como criar uma coordenação internacional para continuar a apelar pelo apoio de organismos e instituições que zelem pelos direitos dos operários, que já alcançaram as suas metas nos seus países. Nós estamos no início e precisamos de apoio.

Precisamos de apoio para estabelecer um modelo humanitário, um movimento internacionalista e um movimento secular que constitui uma alternativa viável, primeiro no Iraque. É altura para uma Nova Esquerda intervir.

Entrevista realizada por Timothy Bancroft-Hinchey, Diretor e Chefe de Redação do PRAVDA.Ru (versão portuguesa). Iniciativa do colaborador Luís de Carvalho, agradecimentos ao SPGL. É possível contactar Falah Alwan directamente em falahalwan@yahoo.com (inglês e/ou árabe). Sites: www.equality.org e www.uuiraq.org

Se porventura quiserem contactar Falah Alwan e não souberem inglês ou árabe, podem enviar a sua mensagem à PRAVDA.Ru (pravdaru@hotmail.com). O Pravda (http://port.pravda.ru/) fará a tradução e servirá de ligação entre as partes.

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