sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Domínio militar é tragédia paquistanesa

É difícil imaginar que algo de bom possa surgir dessa tragédia, mas existe uma possibilidade. O Paquistão precisa desesperadamente de um partido político que fale em nome das necessidades sociais da maioria de seu povo. A análise é de Tariq Ali.

Mesmo aqueles dentre nós que criticavam severamente o comportamento de Benazir Bhutto e as políticas que ela adotou quando estava no poder e depois de perdê-lo se sentem atônitos e enraivecidos diante de sua morte. Indignação e medo tomam o país uma vez mais. Foi essa estranha coexistência entre despotismo militar e anarquia que gerou as condições que resultaram no assassinato de Benazir.

No passado, o governo militar tinha por objetivo preservar a ordem. Mas isso deixou de ser verdade. Hoje, o domínio militar cria desordem e destrói o domínio da lei. Que outra explicação poderíamos encontrar para a demissão do presidente e de oito outros juízes da Suprema Corte paquistanesa por terem tentado sujeitar a polícia e os serviços de informações aos ditames da lei? Os substitutos não têm firmeza moral para tomar providência alguma, quanto mais conduzir a investigação sobre os delitos das agências, a fim de encorajar a revelação da verdade por trás do assassinato cuidadosamente organizado de uma importante líder política.

De que maneira o Paquistão seria outra coisa que não uma conflagração de desespero hoje? Presume-se que os assassinos sejam jihadistas fanáticos. Pode ser verdade, mas agiram por conta própria?

EUA e coragem
Benazir, segundo fontes próximas a ela, sentiu-se tentada a boicotar as falsas eleições, mas não teve coragem política de desafiar Washington. Tinha muita coragem física, e recusava-se a ceder às ameaças de seus oponentes locais. Bhutto estava discursando em um ato em Liaquat Bagh. É um espaço batizado em homenagem ao premiê que formou o primeiro governo paquistanês, Liaquat Ali Khan, assassinado por um atirador em 1953. O matador foi imediatamente abatido a tiros por ordem de um policial envolvido no complô.

Não muito longe dali, existia uma estrutura da era colonial que servia de prisão aos militantes nacionalistas. Era a prisão de Rawalpindi, o local em que Zulfikar Ali Bhutto, pai de Benazir, foi executado em 1979.

O tirano militar responsável por seu assassinato fez desaparecer o lugar da execução. A morte de Zukfikar Bhutto envenenou o relacionamento entre o seu Partido do Povo do Paquistão e o Exército; ativistas do partido foram torturados, humilhados e, ocasionalmente, mortos.

A turbulenta história do Paquistão, como resultado de contínuo domínio militar e de alianças internacionais impopulares, agora apresenta sérias escolhas à elite governante, que parece não ter qualquer objetivo positivo. A maioria esmagadora do país desaprova a política externa. O povo também se sente irritado pela falta de uma política doméstica séria, se excetuarmos os esforços para enriquecer ainda mais uma elite insensível, cujas fileiras incluem as Forças Armadas, superdimensionadas e parasitárias -as mesmas que assistem, impotentes, ao assassinato de líderes políticos.

Benazir foi atingida por tiros e logo houve uma explosão. Os assassinos garantiram duplamente a operação, dessa vez. Queriam-na morta. Agora, é impossível a realização de uma eleição, ainda que fraudulenta. O pleito terá de ser adiado e as Forças Armadas estão contemplando a imposição de um novo período de domínio militar direto caso a situação se agrave, o que pode facilmente ocorrer.

O assassinato representa uma tragédia multidimensional em um país que está na estrada para novas tragédias. Há despenhadeiros e cataratas à frente. E há a tragédia pessoal. A família Bhutto perdeu mais um membro. Pai, dois filhos e agora a filha.

Morte do pai
Fui apresentado a Benazir na casa de seu pai, em Karachi, quando ela era uma adolescente que só queria se divertir, e voltei a encontrá-la mais tarde, em Oxford. A política não era sua inclinação natural, e ela desejava ser diplomata, mas a história e suas tragédias pessoais a conduziram em outra direção. A morte de seu pai a transformou. Ela tornou-se uma pessoa nova, determinada a enfrentar o ditador militar daquela era.

Estava instalada em um pequeno apartamento em Londres, no qual discutíamos o futuro do país. Ela concordava quanto à necessidade de uma reforma agrária, grandes programas educativos e uma política externa independente, como passos cruciais para salvar o país dos abutres que estavam à espreita, com ou sem uniforme. Sua base eleitoral eram os pobres, e ela se orgulhava disso. Mas Benazir mudou de novo, ao se tornar primeira-ministra.

No início de seu governo costumávamos discutir, e ela dizia que o mundo havia mudado. Ela não podia se colocar ''do lado errado'' da história. E, como outros, fez as pazes com Washington. Foi isso que a levou, por fim, a fechar um acordo com Musharraf e voltar ao país. Em diversas ocasiões ela me disse que não temia a morte. Era um dos perigos inerentes da vida política paquistanesa.

É difícil imaginar que algo de bom possa surgir dessa tragédia, mas existe uma possibilidade. O Paquistão precisa desesperadamente de um partido político que fale em nome das necessidades sociais da maioria de seu povo. O Partido do Povo, fundado por Zulfikar Ali Bhutto, foi criado pelos ativistas do único movimento popular de massa que o país já viu: estudantes, camponeses e trabalhadores que lutaram durante três meses, em1968/9, pela derrubada do primeiro ditador militar do país. Os militantes consideravam a organização como o seu partido, e o sentimento persiste ainda hoje em determinadas áreas do país.

A morte horrível de Benazir deveria fazer com que seus colegas parem e reflitam. Depender de uma pessoa ou família talvez seja ocasionalmente necessário, mas isso representa uma fraqueza estrutural, e não uma vantagem para uma organização política.

O Partido do Povo precisa ser recriado como organização moderna e democrática, aberta ao debate e discussão honestos, defendendo os direitos sociais e humanos, por meio da união dos muitos grupos e indivíduos paquistaneses dispersos que estão desesperados por qualquer opção de governo minimamente decente e que apresente propostas concretas para estabilizar o Afeganistão, ocupado e dilacerado pela guerra. Isso pode e deve ser feito. Não deveríamos solicitar novos sacrifícios à família Bhutto.

* Escritor, historiador anglo-paquistanês e editor da revista New Left Review

Publicado no site Vermelho

Da lama para o mundo

Conheça a história do Mangue Beat, mistura de rock com maracatu idealizada por Chico Science que abriu caminho para a cultura da periferia do Recife e conquistou admiradores mundo afora

Texto, fotos e vídeos de João Mauro Araújo, especial para a Repórter Brasil

Dez anos atrás, um acidente automobilístico tirava a vida de Chico Science, o músico que promoveu a fusão entre maracatu e rock e, com isso, agitou o cenário artístico do Recife, dando origem ao movimento que ficou conhecido como Mangue Beat - numa referência aos próprios mangues, abundantes na cidade.
Grafite em túnel do Recife homenageia o criador do Mangue Beat

Ao aliar a batida forte de tambores com o som distorcido de guitarras elétricas, Science criou um gênero musical que conquistaria admiradores pelo Brasil afora e também no exterior, onde ele e sua banda, a Nação Zumbi, realizaram algumas turnês. Com letras ao mesmo tempo bem-humoradas e recheadas de crítica social, ele influenciou não só músicos, como artistas de outras áreas.

Além de colocar, na década de 1990, a capital pernambucana na vanguarda da produção musical, o Mangue Beat teve o mérito de despertar a auto-estima da juventude da periferia, ao valorizar as manifestações artísticas de grupos locais e tradicionais.

Mangue Beat associou complexidade dos manguezais a cena musical diversificada
Corria o segundo semestre de 1992 quando um release com um título estranho - "Caranguejos com cérebro" - chegou à redação dos principais jornais do Recife. O texto, considerado o primeiro manifesto do Mangue Beat, falava de um grupo que vinha realizando eventos musicais na capital pernambucana e nos municípios de Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Inspirados na biodiversidade dos manguezais, os jovens que integravam esse movimento pretendiam criar um gênero que unisse elementos da cultura popular com as vibrações sonoras mundiais.

A grande projeção que as bandas Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A alcançaram, principalmente em meados da década de 1990, além de estimular a formação de novos conjuntos locais, teve forte influência sobre outros segmentos da produção artística pernambucana. Com o passar do tempo, porém, o movimento foi perdendo fôlego, e muitos músicos abandonaram o rótulo Mangue. Mesmo estes, no entanto, reconhecem a importância do papel dos "mangueboys" nos alicerces da cena atual.

Dez anos após o acidente de carro que vitimou Chico Science - notável articulador do movimento -, em fevereiro de 1997, a diversidade cultural introduzida pelo Mangue Beat continua a dar frutos. Basta acompanhar, durante o carnaval, as apresentações no palco do Pólo Mangue do Morro, no centro antigo do Recife, para constatar que ainda há muita gente tirando energia da lama.

Origem

As preocupações sociais de Chico Science são atribuídas à influência do pai, Francisco Luís França, que chegou a ser vereador em Olinda
A temática do mangue sempre esteve presente na obra de eminentes escritores, que reproduziram as imagens da penosa interação das pessoas pobres com esse ecossistema no cotidiano recifense. Perto do desfecho de Morte e Vida Severina, por exemplo, João Cabral de Melo Neto (1920-99) expõe ao personagem retirante a dramática situação dos mocambos, a partir do discurso de um de seus moradores: "Minha pobreza tal é/ que não trago presente grande:/ trago para a mãe caranguejos/ pescados por esses mangues;/ mamando leite de lama/ conservará nosso sangue". Já o professor Josué de Castro (1908-73) chegou a afirmar: "Não foi na Sorbonne nem em qualquer outra universidade sábia que travei conhecimento com o fenômeno da fome. A fome se revelou espontaneamente aos meus olhos nos mangues do Capibaribe, nos bairros miseráveis do Recife. (...) homens e caranguejos nascidos à beira do rio, à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama".

Ao contrário dos poetas que o antecederam, Francisco de Assis França, o Chico Science, conseguiu enxergar riqueza naquela paisagem pantanosa. Sua idéia foi associar a complexidade orgânica dos manguezais a uma proposta de cena musical diversificada.

Repentes e literatura de cordel acompanharam infância do compositor
Nascido no Recife, Science foi batizado com nome de santo por sua mãe, Rita Marques de França, que sonhava ver o filho padre. Ela conta com orgulho as peripécias do menino nos teatrinhos da igreja, embora já soubesse que aquele "não era o caminho dele". Dona Rita recorda que o avô de "Chiquinho" trazia repentistas para cantar em Surubim (PE), sua cidade natal: "Meu pai era apaixonado por tocador de viola e gostava muito daqueles folhetos, romances, que comprava e pedia para eu ler". Esse gosto foi transmitido ao neto, pois, segundo parentes e amigos, Science era também apreciador da literatura de cordel. Esses trabalhos poéticos - em que se contam histórias de Lampião, Antônio Conselheiro, causos policiais, pelejas clássicas... - seriam retomados nas letras do cantor.

As apresentações nos palcos e nos videoclipes gravados com a banda Nação Zumbi traziam sempre, também, referências a caranguejos, que Chico Science conhecia desde os quatro anos de idade, quando a família mudou para o bairro de Rio Doce, em Olinda. A irmã Maria Goretti Lima relembra essa época, quando ele costumava brincar de apanhá-los com os amigos: "Perto de casa havia um rio e um manguezal enorme. Às vezes apareciam alguns caranguejos até no nosso quintal". Já as preocupações sociais e uma certa inclinação política do Malungo (palavra de origem africana que significa "companheiro"), como Science também era conhecido, costumam ser atribuídas à influência do pai, Francisco Luís França, que compara o filho à estrela-d´alva, por conta da luz que se apaga de maneira repentina.

Técnico de enfermagem na área de saúde ocupacional, primeiro em hospital, depois na indústria, seu França militou no sindicato dos enfermeiros, no Recife, e chegou a ser vereador de Olinda. Vestindo um avental branco, os olhos ocultos por trás dos óculos escuros, ele conta que, certa vez, chegou a ser demitido por defender o direito dos trabalhadores.

Atualmente, seu França trabalha no Espaço Ciência, um imenso museu a céu aberto localizado entre Recife e Olinda. No pavilhão de exposições onde desempenha suas funções, há algumas fotos de Chico Science. Fora do prédio, o artista também é lembrado, e a homenagem não poderia ser melhor: desde outubro de 1997 o local onde fica a trilha ecológica do parque leva seu nome. A área, de aproximadamente 20 mil metros quadrados, é o que restou de um manguezal depois dos aterros realizados na segunda metade do século passado sobre o estuário dos rios Beberibe e Capibaribe.

VA - Best of Asian Beats 3CDs 2007

http://img151.imageshack.us/img151/91/1198147680bestofasianbect8.jpg

Label: Apace Music
Release Date: 19-12-2007
Genre: Lo-Fi
Encoder: LAME 3.97 -vbr-new
Quality: VBRkbps / 44,1kHz / Joint-Stereo
Total Time: 130:54
Size: 156,8 MB
Uploader: bienlon


CD 1


01. aerial maki - rise and fall [05:16]
02. teichi mecha - spiritual waterfalls (moods mix) [05:06]
03. nino drum quartet - fever (drummer boys mix) [01:57]
04. boudien - stars (meditation mix) [03:25]
05. ravi shaza - the child [03:52]
06. saffras - indian summer (orient twist mix) [04:11]
07. prav monks - our buddha [04:16]
08. aquarius - soft light (club dub) [04:34]
09. calm meditation - praise be [04:23]
10. prathi temple - sakyamuni [04:53]

CD 2

01. jose garndez - the garden (sweet zen) [04:04]
02. dayzz - journeyman [03:37]
03. nusarat - orient express (faze mix) [04:17]
04. loop light - eternal sun [04:19]
05. kalla - desire [04:23]
06. navva - shine (go go gong) [04:39]
07. jataka - peace rayer (rivers of tibet mix) [04:54]
08. ease to east - only you [05:03]
09. chau chi - flower lounge (garden mix) [05:58]
10. parmaha 3 - mainana [03:03]

CD 3

01. sanskrit - dreams [03:12]
02. tai fun - flure de grace (inferno) [04:09]
03. saloo - visions of beauty (beatz dub) [04:19]
04. vispanassana - stars of beauty [04:45]
05. studio - smoke (float lite pass) [04:11]
06. shira sushi - melonik [04:54]
07. joy - deep sleep [05:27]
08. viaman - dawn buddhist chants [03:48]
09. dove - asian soul [05:53]
10. pancha traptika - flowers (awakening mix) [04:06]

Downloads abaixo:
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Senha para descompactação: www.softvnn.com
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos,
de Pedro Almodóvar



Sinopse:
Pepa e Iván são atores dubladores de TV. Após uma relação amorosa de anos, Ivan rompe com Pepa e lhe deixa um recado na secretária eletrônica pedindo que lhe prepare uma mala com todas as suas coisas. Pepa não suporta sua casa cheia de recordações e a coloca para alugar. Iván não chega nem telefona, e enquanto Pepa o espera, ela descobre coisas sobre a solidão e a loucura através de todas as pessoas que passam com seus problemas por sua casa.

Título Original: Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios
Gênero: Comédia/Drama
Origem/Ano: ESP/1988
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar

Formato: rmvb
Áudio: Espanhol
Legendas: Português
Duração: 85 min
Tamanho: 306 MB
Partes: 4
Servidor: Rapidshare

Créditos:Forum - Eudes Honorato

Elenco:
Carmen Maura (Pepa Marcos)
Antonio Banderas (Carlos)
Julieta Serrano (Lucia)
Rossy de Palma (Marisa)
María Barranco (Candela)
Kiti Manver (Paulina Morales)
Fernando Guillén (Ivan)






Links:
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Outros filmes do mesmo diretor:

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

PRO INFERNO A MÍDIA E SEU NATAL!


Por Marcelo Salles

Este mês de Natal é uma boa oportunidade para pensarmos e repensarmos nossas próprias vidas. No entanto, muito antes de divagar sobre o significado da existência humana num plano filosófico distante, é preciso questionar essa realidade que enfrentamos diariamente, com o devido cuidado para não cair no discurso superficial.

Estou falando de uma realidade em que 2,8 bilhões de pessoas sobrevivem com dois dólares por dia e 1 bilhão de seres humanos não têm acesso à água potável, de acordo com o relatório da WorldWatch de 2004. Trata-se de uma situação alarmante, escandalosa, mas que parece não sensibilizar aqueles que governam o mundo, a não ser quando promovem campanhas que apenas remedeiam a situação com dinheiro deduzido do Imposto de Renda. Pra poderem dormir com a consciência tranqüila.

Essa omissão generalizada só aprofunda a desigualdade, campo onde o Brasil ostenta o segundo lugar no mundo. E nada de concreto está sendo feito para mudar essa realidade, que piora a cada dia. Segundo o Banco Mundial, em 1950 a renda per capita dos países mais ricos era 35 vezes maior do que a dos países mais pobres. Em 1992, essa diferença havia subido para 72 vezes. Ao final desse ano, será de 135 vezes. Uma pesquisa divulgada este mês (05/12) pela ONU ratifica o quadro desolador: os 2% mais ricos do mundo controlam metade de toda a riqueza produzida no planeta, enquanto os 50% mais pobres dividem 1% da riqueza.

Naturalmente, um desenvolvimento calcado em bases desiguais só poderia resultar numa sociedade neurotizada e violenta, cujos valores se amesquinham e se superficializam progressivamente. Para constatar isso, basta sair às ruas das grandes cidades e olhar à volta.

A violência mais visível que assola os grandes centros urbanos não se origina espontaneamente. Ela deriva, em sua maior parte, dessa desigualdade administrada por governos e corporações e é potencializada pela publicidade capitalista. Esta diz a todo instante que se o sujeito não usar o tênis da moda ele será um fracassado, de modo que não deveria causar surpresa quando alguém mata por um nike ou um adidas. Essa surpresa meio babaca da mídia diante dos arrastões no Leblon não tem sentido, a não ser o de revelar a hipocrisia típica dos canalhas. O malandro não se arrisca a levar um couro da polícia apenas para cobrir os pés com borracha sintética; ele se arrisca por um objeto de desejo elaborado pela própria mídia.

Jamais será possível alcançar a paz enquanto houver exploração.

Entre as diversas formas de violência que oprimem o ser humano, umas são deixadas de lado e outras são bem divulgadas. Quem faz a seleção é a mídia comprometida com o sistema. Assim, qualquer carteira batida em Ipanema ganha destaque, enquanto a política de extermínio de jovens favelados é escamoteada. Pela lógica do tal mercado, quem não pode consumir torna-se descartável.

O ritmo de vida imposto pelo sistema capitalista - e pelos sistemas pretensamente capitalistas - não é compatível com a natureza do ser humano. Tempo não é dinheiro, a não ser que se queira encontrar um atalho para o infarto ou engrossar as estatísticas das doenças mentais (depressão, pânico, anorexia, etc.), que crescem alucinadamente. O mundo tem 1 bilhão de obesos e outro bilhão de desnutridos. Isso faz algum sentido?

Muita gente boa se tranqüiliza com a constatação de que o capitalismo é autofágico, achando que um belo dia ele vai se auto-destruir. Pura ilusão. O capitalismo se alimenta do caos que ele próprio estabelece. Na mesma proporção em que trabalha para concentrar cada vez mais a renda. As crises que surgem são previstas - e são também boas oportunidades de negócios.

O enredo da acumulação capitalista encerra uma espiral destrutiva, em que as corporações operam sob a espada de Dâmocles: ou aumentam sua produtividade ou são engolidas pela concorrência. De modo que mesmo diretores bem intencionados estarão sujeitos a esta regra, que freqüentemente exige a demissão de funcionários e submete os restantes a todo tipo de exploração que se possa imaginar.

E é bom deixar claro: aquilo que existe hoje nem chega a ser capitalismo na maioria dos países, visto que não há concorrência, transparência e outros requisitos básicos dessa modalidade de exploração sob controle. Estamos muito mais para uma espécie de feudalismo onde meia dúzia pode tudo e a maioria não pode nada, para usar uma frase de efeito de um ex-sindicalista brasileiro.

Economistas neoliberais, além de prometer o paraíso num futuro que só Deus sabe quando chegará, costumam afirmar que o desemprego não é interessante para o capitalismo. Eles dizem que quanto mais pessoas empregadas, melhor, pois o consumo tende a aumentar. E quanto menos o Estado intervier na economia, mais empregos serão criados, já que o tal mercado possui a capacidade mágica de se auto-regular.

Esse raciocínio até faria sentido, caso não negasse a essência do próprio capitalismo: reduzir custos e maximizar as vendas - sempre. Quando a corporação demite funcionários, ela não apenas reduz seu custo de produção, mas aumenta o número de desempregados. E a mera existência desse contingente de reserva é o suficiente para criar um ambiente favorável à exploração do trabalhador. Em sã consciência, qual corporação vai deixar a jugular exposta em nome do "desenvolvimento sustentável"? Os EUA já avisaram: não aderem ao Protocolo de Kioto. E convém não esquecer que os "big players" almoçam e jantam juntos.

Que sentido pode haver num planeta onde habitam 6,5 bilhões de pessoas, cuja produção de comida é suficiente para alimentar 11 bilhões de seres humanos, mas que ainda assim 1,3 bilhão desses passam fome, segundo dados da ONU? Que sentido pode haver num país como o Brasil, dono de uma das maiores riquezas naturais do mundo, se a cada 12 minutos uma criança morre por desnutrição?

O Natal marca o nascimento de Jesus Cristo, alguém que lutou contra a desigualdade, expulsou os capitalistas do templo e foi preso por isso. Foi torturado por isso. Foi crucificado por isso. Jesus foi um preso político, é sempre bom lembrar - sobretudo nessa época em que filmes e propagandas de presentes caros despolitizam o significado do Natal.

Jesus Cristo também nos ensinou a solidariedade, que depois a Igreja capitalista tentou transformar em caridade. São coisas diferentes. A caridade é vertical, ela humilha quem recebe. Por outro lado, solidariedade é estar ao lado de quem precisa. É pegar chuva, sentir fome, frio, medo, apenas para confortar alguém com sua presença. E se a caridade pode ser cotada pelo mercado, além de aliviar consciências em troca de moedas, a solidariedade desconhece tais valores.

Enquanto tentam reduzir o significado do Natal a uma corrida maluca por presentes, quero deixar registrado o seguinte: pro inferno esse sistema e sua mídia que incentivam o consumo desenfreado enquanto milhões passam fome.

E tem outra coisa: por mais que sua máquina trabalhe a todo vapor para impor um comportamento alienado, haverá sempre aqueles que em vez de presentes caros trocam abraços sinceros. Aqueles que não cedem aos apelos consumistas e compreendem que o mais importante é sentir o coração do companheiro batendo, bem pertinho do seu peito. Onde há a vida que respeita a vida. E é essa vida, esse carinho, essa ternura que transformarão o planeta num lugar mais justo para se viver.

Judas traiu Jesus com uma informação: um beijo. Com um beijo Judas informou ao Exército romano quem era o líder da revolução. Do mesmo jeito a mídia corporativa trai a humanidade todo santo dia. E faz isso ao veicular informações mentirosas, tendenciosas, envenenadas. Ao criminalizar os pobres. Ao omitir a exploração do país. Ao defender o imperialismo que ceifa vidas inocentes. E de tantas outras maneiras, geralmente tão doces e sutis quanto um beijo. Foi assim neste ano que se encerra e provavelmente será assim no ano que se aproxima.

Contra essa traição cotidiana, no entanto, haverá sempre - sempre - quem combata as mentiras e se insurja contra a exploração dos povos. Esses serão também portadores das informações comprometidas com a vida, com o ser humano. E por isso, apenas por isso, esses portadores serão revolucionários. Tão revolucionários quanto Jesus Cristo, pois as informações que levam e trazem podem remover montanhas. Basta que acreditem nisso com todas as suas forças.

Condor Pasa - Espíritu Andino

Os brasileiros do Condor

Os brasileiros do Condor

Marcelo Soares

A Justiça italiana expediu 13 mandados de prisão contra brasileiros envolvidos na Operação Condor, informa a Folha de S.Paulo. Os nomes desses cidadãos não foram revelados, mas pelas minhas contas será a primeira vez em que brasileiros serão levados à Justiça, internacionalmente, por envolvimento em crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar.
Estes são os brasileiros denunciados na Itália por participação na Operação Condor:

- Octávio de Medeiros, ex-ministro do Serviço Nacional de Informações (SNI)
- Cel. Carlos Alberto Ponzi, chefe do SNI no Rio Grande do Sul nos anos 80 (acusado pelo desaparecimento de Lorenzo Viñas em Uruguaiana)
- Cel. Luís Macksen de Castro, ex-superintendente da PF no Rio Grande do Sul
- Gen. Euclydes de Oliveira Figueiredo Filho (irmão do ex-presidente Figueiredo)
- Gen. Henrique Domingues
- Agnello de Araújo Britto, ex-superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro
- Edmundo Murgel, ex-secretário de Segurança do Rio
- Antônio Bandeira, ex-comandante do 3º Exército
- João Leivas Job, ex-secretário de Segurança do Rio Grande do Sul
- Átila Rohrsetzer, ex-diretor da Divisão Central de Informação (acusado pela prisão, tortura e morte do sargento Manoel Raimundo Soares)
- Marco Aurélio da Silva Reis, ex-diretor do DOPS no RS (ouvido no caso do seqüestro dos uruguaios)

A morte de Benazir, ou foram-se os dedos

Bourdoukan

Foram-se os dedos, ficaram os anéis. Isto, e apenas isto, representa a morte da senhora Benazir Bhutto. Ela era a última oportunidade de os Estados Unidos continuarem mandando por alguns aninhos a mais no país do sanguinário ditador Pervez Musharaf.

Em seu Il Gattopardo, Giuseppe Tomasi di Lampedusa escreveu que os donos do poder realizavam sempre mudanças para que tudo continuasse como estava. E era isso que os Estados Unidos pretendiam quando convidaram a ex-primieiro ministro Benazir Bhutto a retornar ao Paquistão.

Sabiam que Musharaf estava com os dias contados e temiam uma revolução popular que poderia se alastrar por toda a Ásia e, principalmente Oriente Médio. Benazir eram os dedos e Musharaf, os anéis.

Precisavam se livrar dos anéis para manter os dedos. Deu tudo errado porque para um sanguinário da estirpe de Musharaf a História sempre reserva uma morte violenta. Não há transição pacífica.

Com a morte de Benazir e o cai-não-cai Musharaf, à gang do delinqüente Bush resta uma tênue esperança:Nawaz Sharif, também ele ex-primeiro ministro, também ele um gatuno, a exemplo de Benazir e Musharaf. O problema é que ele, exilado na Arábia Saudita (um feudo americano na terra do Profeta) não tem muito que oferecer ao sofrido povo paquistanês. Daí porque...

Daí porque, não se enganem com o que os pilantras midiáticos vão escrever ou falar. Nada além de lamúrias, mentiras e, como sempre, ameaçando a humanidade com os muçulmanos...

Discografia: Belchior

Belchior - Um Concerto Bárbaro (1995)



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Belchior - Alucinação (1976)


Belchior - Bahiuno (1993)


Ednardo, Amelinha & Belchior - Pessoal do Ceará (2002)



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Belchior - Projeto Fanzine (1990)






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Bob James - Restoration (The Best Of)

http://ecx.images-amazon.com/images/I/4186D6Q62KL._AA240_.jpg


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Disc: 1

1. Feel Like Making Love
2. Nautilus
3. Farandole (L'Arlesienne Suite #2)
4. Westchester Lady
5. Storm King
6. Tappan Zee
7. Night Crawler
8. Angela (Theme From "Taxi")
9. Touchdown
10. Kari - Bob James & Earl Klugh
11. Snowbird Fantasy
12. Shamboozie
13. Brighton By The Sea (Remix '01)

Disc: 2

1. Maputo - Bob James & David Sanborn
2. Ashanti
3. Restoration
4. Bare Bones
5. Movin' On - Bob James & Earl Klugh
6. Lotus Leaves
7. Restless
8. Storm Warning - Hillary James & Bob James
9. Kickin' Back - Bob James & Kirk Whalum
10. Hockney - Bob James Trio
11. The River Returns
12. Mind Games
13. Raise The Roof
14. Joy Ride
15. Dancing On The Water
Downloads abaixo:
Part 1
Part 2