sábado, 16 de fevereiro de 2008

Gente do Choro (1977)




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Os candidatos à Casa Branca e a política internacional : Irã



Escrito por Luiz Eça

O governo do Irã desenvolve um programa secreto para a produção de bombas nucleares, tendo atingido uma etapa fundamental que é o enriquecimento do urânio. Sendo governado por aiatolás "insanos", a posse desse engenho apocalíptico poria em risco não só a paz mundial, como também a sobrevivência da espécie humana. Por isso, o governo americano, aliado a potências européias, exige que Teerã interrompa o enriquecimento de urânio.

Diante da recusa, impôs uma série de sanções econômicas para forçar o Irã a obedecer. Mas ele se nega. Sanções mais pesadas são necessárias, sustadas até agora pelo poder de veto da Rússia e da China. Persistindo o impasse, a guerra seria a solução.

Esta é a posição do governo Bush no affair "Irã nuclear". Ele rejeita a explicação iraniana de que seu programa, no qual o enriquecimento do urânio é vital, tem fins exclusivamente pacíficos. No entanto, a IAEA (a agência internacional de energia atômica da ONU) aceita.

Seu presidente, El Baradei, laureado com o prêmio Nobel da Paz, declara que não há nada provando a existência de um programa nuclear militar, pois todas as informações solicitadas pela ONU, desde fins do ano passado, estavam sendo prestadas pelo governo iraniano, trazendo transparência ao que era secreto. O próprio Serviço de Inteligência dos Estados Unidos somou-se a El Baradei, ao afirmar que, desde 2003, não havia qualquer programa visando produção de armas nucleares no Irã. Portanto, o caminho seria continuar fiscalizando e tratando possíveis pendências via diplomacia. Nada disso abalou Bush. Ou Teerã interrompe o enriquecimento do urânio ou... sai de baixo!

Para convencer a opinião pública do seu país, ele vem promovendo uma propaganda maciça que, segundo o colunista Larry Chin, do New York Times, é "estritamente semelhante à campanha de Hitler contra a Polônia". Muito eficiente, aliás, pois deu certo.

Segundo pesquisa do Rasmussen Reports (10-12-2007), 66% da população americana acredita que o Irã não interrompeu seu programa de armas nucleares.

Seja por estar de olho nos votos dessas pessoas, seja por convicção própria ou influência dos lobbies pró-Israel e do complexo industrial-militar, todos os candidatos à presidência concordam com a posição de Bush. As diferenças são muito pequenas, apenas na agressividade maior exibida por três deles.

Referindo-se á situação no Irã, McCain acha que não tem jeito: "Sinto dizer, mas vai haver outras guerras", falou em comício recente.

Por sua vez, Huckabee aplaude de pé as ações anti-Irã de Bush (ele parece ter as mais vagas idéias a respeito do problema). Sem nenhuma restrição.

Hillary, não. Chegou a criticar a "brandura" de Bush, que teria perdido tempo com negociações diplomáticas em vez de apelar logo para sanções econômicas e ameaças (entrevista ao Washington Post, 20-1-2006). Ela se revelou implacável inimiga do regime de Teerã. Ao explicar como seria a retirada do exército americano do Iraque, informou que deixaria um contingente com capacidade para atacar rápido, tendo, entre outros objetivos, o de "enviar uma mensagem ao Irã de que eles não teriam mãos livres no Iraque, apesar de sua considerável influência e conexões religiosas e pessoais". Mais uma vez foi além de Bush, que nunca admitiu instalar bases na região ameaçando o Irã.

Hillary também votou entusiasticamente a favor da lei que taxa de terrorista a Guarda Revolucionária, uma unidade militar do governo iraniano. Obama foi contra, pois, graças a esta lei, Bush pode agora alegar direito de atacar o Irã, sem aprovação do Senado. O que é extremamente perigoso, dados os precedentes do atual ocupante da Casa Branca.

Os israelenses não gostaram nada da atitude de Obama, pois, como diz o Jerusalem Post (21-1-2008), ele "... considerou os riscos de uma resposta militar dos Estados Unidos ao Irã. E do prolongamento de sua permanência no Iraque como maiores e mais importantes do que o risco de que as sanções internacionais sejam muito fracas para impedir o Irã de se tornar um poder nuclear".

Mas é só nesse ponto que Obama diverge de Hillary. Como a ex-primeira dama, ele sustenta que o regime iraniano é uma ameaça para o mundo. Que seu programa nuclear tem de ser detido: se não pela diplomacia, que seja pela força. O candidato deplora, pois isso alienaria a simpatia do povo árabe. Mas, para ele, o que vem em primeiro lugar seria a segurança de Israel, assombrada pelos avanços nucleares de Teerã. Tudo isso foi declarado em alto e bom som, em Washington, na reunião geral de 2007 da AIPAC (America Israel Public Action Comittee), o mais poderoso lobby judaico dos Estados Unidos.

Como se vê, as posições dos candidatos face ao problema do Irã são similares. Obama, pelo menos, não é tão agressivo quanto os republicanos. E nem mesmo quanto Hillary, chamada de "a senhora da guerra" pelo jornalista Justin Raymondo (do site Anti-War). Chegou a declarar que, eleito presidente, negociaria com o Irã e outros países desafetos dos Estados Unidos. No que foi acremente censurado pela senhora Clinton, como "irresponsável e ingênuo", pois esses "inimigos’ usariam as reuniões para propaganda. De quê, ela não contou...

Embora todos os candidatos sejam unânimes no apoio às linhas mestras da política imperial do governo Bush, pode-se esperar de Obama maior serenidade e prudência. Possivelmente, menos chances de ele lançar mão de foguetes infernais e bombas arrasa-comunidades. O que tornaria muitos milhares de iranianos e mesmo de soldados americanos eternamente gratos por permitir que continuassem vivendo.

Luiz Eça é jornalista.

Guerra contra o Terror de Israel...


No velório do comandante da Resistência, Nassralah promete uma guerra aberta contra o terror de Israel

Lameh Smeili*

No velório de Imad Faiez Maghnieat, assassinado terça-feira, dia 12/02 em Damasco, capital da Síria, o secretário geral do Hizbollah, Hassan Nassrallah, prometeu uma guerra aberta contra “as forças do satanás”, em referência o Estado sionista de Israel.

Nassralllah disse que Israel matou Naghnieat como resposta à derrota que sofreu na guerra de julho de 2006. Ele garantiu que essa guerra continua de forma política e econômica. Salientou que não existe uma decisão de cessar-fogo.

O secretário de Hizbollah dirigiu suas palavras às lideranças israelenses, diante de milhares de simpatizantes, na sala dos mártires, ao sul de Beirute, dizendo: “Se querem uma guerra aberta do mesmo modo, então será uma guerra aberta”, apontando para o corpo de Maghnieat. Nassrallah prosseguiu: “Antes a guerra entre nós era sobre as terras do Líbano, nós resistíamos em nossa terra, e atirávamos em defesa de nossas famílias, mas já que vocês decidiram mudar a tática, então será uma guerra do modo que vocês escolheram”.

Nassrallah afirmou que a cada liderança da resistência assassinada, a resposta será como um terremoto que vai ajudar a abalar suas raízes assassinas. “Desta vez o nosso terremoto será muito mais potente e doloroso”. “Nossos combatentes estão preparados e já estão em fase de iniciar a resposta. Imad Maghnieat já tinha terminado toda a preparação, faltava apenas alguns detalhes”.
Nassrallah se dirigiu aos israelenses novamente e afirmou: “Nesta próxima guerra vocês verão dezenas de milhares de combatentes pela liberdade, filhos e alunos de Imad Maghnieat”.

Em relação aos libaneses, Nassrallah garantiu “a unidade da resistência em defesa de um Líbano sem divisões”. Disse que se tem alguém contra a resistência no Líbano “então que vá para os braços de Israel e Estados Unidos, porque o nosso País continuará da resistência à opressão”.


O comandante Imad foi “arquiteto” da resistência contra Israel em julho de 2006. Pela primeira vez na história, os guerrilheiros impedem a penetração de tropas sionistas em solo libanês e atingem alvos em praticamente toda a palestina ocupada. A guerra durou 33 dias. E apesar de Israel ter um dos mais bem armados exércitos do mundo, os resistentes foram considerados vencedores.
*Lameh Smeili é jornalista

Missing - Desaparecido


Num restaurante em Santiago do Chile, um jovem jornalista norte-americano, residente nesse país, acaba escutando uma conversa na mesa ao lado, entre um agente da CIA e militares chilenos, que deixa clara a participação do governo norte-americano no golpe militar que depôs o governo socialista de Salvador Allende e inaugurou a ditadura do general Augusto Pinochet.
A obra de Costa Gavras focaliza inicialmente o cotidiano do jornalista no Chile, até seu desaparecimento, dias após o golpe de Estado do general Pinochet. O filme prossegue até o final com a busca desesperada do pai e da mulher do jornalista, na tentativa de encontrá-lo.
O Chile pós-golpe de Estado, os primeiros dias da repressão e todo horror da ditadura chilena, considerada uma das mais violentas da América Latina, são fielmente retratados pelo filme, que venceu a Palma de Ouro e o prêmio de melhor ator no festival de Cannes, além do Oscar de melhor roteiro adaptado.

Créditos:MakingOff - Santoro
Gênero:
Drama Político
Diretor: Costa-Gavras
Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 1982
País de Origem: EUA
Idioma do Áudio: Francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0084335/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XvID
Vídeo Bitrate: 125 Kbps
Áudio Codec: MPEG L3
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 640 x 352
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate:

Tamanho: 861 Mb
Legendas: No torrent

Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, melhor ator, melhor atriz, fotografia.

BAFTA - Melhor filme e melhor roteiro.

Cannes - Palma de ouro melhor filme. Melhor ator.

Vários outros.
- Foi filmado no México sob forte esquema de segurança.
O conteúdo era considerado deveras controverso pelos produtores.

- O Diretor e o elenco lamentaram de nunca ter havido justiça com relação aos
fatos narrados.

- Um teste de DNA provou, anos mais tarde, que o corpo enviado aos EUA (como é
mostrado no filme), não era do filho de Charles Horman.

CONTEXTO HISTÓRICO

Após a Revolução Cubana em 1959, a guerra fria se radicalizou na América Latina, onde qualquer proposta política mais popular, democrática ou nacionalista, era tida como esquerdista e anti-capitalista, ou seja, anti-EUA.
Entre 1964 e 1970, o Chile conheceu alguns avanços sociais com o governo democrata-cristão de Eduardo Frei.
Em 1970 através de eleições, Salvador Allende, candidato da União Popular (frente progressista liderada por comunistas e socialistas), assumiu a presidência do país. Já nos primeiros meses, Allende nacionalizou as minas e os bancos e acelerou o processo de reforma agrária, iniciado no governo de Eduardo Frei. Essas medidas contrastavam-se cada vez mais com o contexto de radicalização da Guerra Fria, e Salvador Allende, começava a sofrer uma forte oposição por parte das oligarquias internas, temerosas com os avanços populares. Soma-se a essa oposição, o boicote norte-americano, que agravou a crise econômica do país, isolando ainda mais o governo socialista de Allende, que perdia o apoio dos democratas-cristãos e de representativos setores da classe média.

Nesse cenário, em 11 de setembro de 1973, Salvador Allende foi deposto e assassinado por um golpe militar. Iniciava-se no Chile uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina, comandada pelo general Augusto Pinochet, proclamado no ano seguinte "Chefe Supremo da Nação".
Imediatamente após o golpe, o general inicia uma repressão cruel contra as oposições, proibindo qualquer atividade política e oprimindo os setores de esquerda com prisões, torturas e execuções em massa, espalhando o terror por todo país.

Já no final dos anos 80 pressões internacionais contribuíram para algumas liberdades, como o retorno ao país de vários exilados políticos. No plebiscito de 1988, o "não" à manutenção de Pinochet na presidência venceu com 54% dos votos. O general deixou o comando do país em 11 de março de 1990, após a vitória do democrata-cristão Patrício Aylwin nas eleições presidenciais. Contudo, Pinochet permaneceu à frente das Forças Armadas chilenas, provocando uma série de conflitos com o poder executivo. Em março de 1991, o relatório da Comissão de Verdade e Reconciliação, revelou perto de 2.300 assassinatos políticos cometidos pelo governo de Pinochet entre 1973 e 1990.
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.


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Arquivo anexado Costa_Gavras___Missing__Desaparecido____1982___EUA.torrent ( 69.26KB )



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Mais de 200 livros de graça, é só baixar

Mais interessante do que pagar por um livro é tê-lo de graça. Nem num cebo, onde os livros costumam ser baratinhos, não se consegue uma obra gratuitamente. Mas no Portal Domínio Público você pode ler clássicos da literatura brasileira e estrangeira livremente, sem pagar nada.
Os autores variam desde Machado de Assis, Shakespeare, Fernando Pessoa, José Saramago, Eça de Queirós, Oscar Wilde e muitos outros. São mais de 200 obras que podem ser lidas sem nenhum custo. Basta clicar em cada título e baixar em PDF. Boa leitura!

Créditos: AHoraeaVez

A Divina Comédia -Dante Alighieri
A Comédia dos Erros -William Shakespeare
Poemas de Fernando Pessoa -Fernando Pessoa
Dom Casmurro -Machado de Assis
Cancioneiro -Fernando Pessoa
Romeu e Julieta -William Shakespeare
A Cartomante -Machado de Assis
Mensagem -Fernando Pessoa
A Carteira -Machado de Assis
A Megera Domada -William Shakespeare
A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca -William Shakespeare
Sonho de Uma Noite de Verão -William Shakespeare
O Eu profundo e os outros Eus. -Fernando Pessoa
Dom Casmurro -Machado de Assis
Do Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
Poesias Inéditas -Fernando Pessoa
Tudo Bem Quando Termina Bem -William Shakespeare
A Carta -Pero Vaz de Caminha
A Igreja do Diabo -Machado de Assis
Macbeth -William Shakespeare
Este mundo da injustiça globalizada -José Saramago
A Tempestade -William Shakespeare
O pastor amoroso -Fernando Pessoa
A Cidade e as Serras -José Maria Eça de Queirós
Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
A Carta de Pero Vaz de Caminha -Pero Vaz de Caminha
O Guardador de Rebanhos -Fernando Pessoa
O Mercador de Veneza -William Shakespeare
A Esfinge sem Segredo -Oscar Wilde
Trabalhos de Amor Perdidos -William Shakespeare
Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
A Mão e a Luva -Machado de Assis
Arte Poética -Aristóteles
Conto de Inverno -William Shakespeare
Otelo, O Mouro de Veneza -William Shakespeare
Antônio e Cleópatra -William Shakespeare
Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
A Metamorfose -Franz Kafka
A Cartomante -Machado de Assis
Rei Lear -William Shakespeare
A Causa Secreta -Machado de Assis
Poemas Traduzidos -Fernando Pessoa
Muito Barulho Por Nada -William Shakespeare
Júlio César -William Shakespeare
Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
Cancioneiro -Fernando Pessoa
Catálogo de Autores Brasileiros com a Obra em Domínio Público -Fundação Biblioteca Nacional
A Ela -Machado de Assis
O Banqueiro Anarquista -Fernando Pessoa
Dom Casmurro -Machado de Assis
A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
Adão e Eva -Machado de Assis
A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo
A Chinela Turca -Machado de Assis
As Alegres Senhoras de Windsor -William Shakespeare
Poemas Selecionados -Florbela Espanca
As Vítimas-Algozes -Joaquim Manuel de Macedo
Iracema -José de Alencar
A Mão e a Luva -Machado de Assis
Ricardo III -William Shakespeare
O Alienista -Machado de Assis
Poemas Inconjuntos -Fernando Pessoa
A Volta ao Mundo em 80 Dias -Júlio Verne
A Carteira -Machado de Assis
Primeiro Fausto -Fernando Pessoa
Senhora -José de Alencar
A Escrava Isaura -Bernardo Guimarães
Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
A Mensageira das Violetas -Florbela Espanca
Sonetos -Luís Vaz de Camões
Eu e Outras Poesias -Augusto dos Anjos
Fausto -Johann Wolfgang von Goethe
Iracema -José de Alencar
Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
Os Maias -José Maria Eça de Queirós
O Guarani -José de Alencar
A Mulher de Preto -Machado de Assis
A Desobediência Civil -Henry David Thoreau
A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
A Pianista -Machado de Assis
Poemas em Inglês -Fernando Pessoa
A Igreja do Diabo -Machado de Assis
A Herança -Machado de Assis
A chave -Machado de Assis
Eu -Augusto dos Anjos
As Primaveras -Casimiro de Abreu
A Desejada das Gentes -Machado de Assis
Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
Quincas Borba -Machado de Assis
A Segunda Vida -Machado de Assis
Os Sertões -Euclides da Cunha
Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
O Alienista -Machado de Assis
Don Quixote. Vol. 1 -Miguel de Cervantes Saavedra
Medida Por Medida -William Shakespeare
Os Dois Cavalheiros de Verona -William Shakespeare
A Alma do Lázaro -José de Alencar
A Vida Eterna -Machado de Assis
A Causa Secreta -Machado de Assis
14 de Julho na Roça -Raul Pompéia
Divina Comedia -Dante Alighieri
O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
Coriolano -William Shakespeare
Astúcias de Marido -Machado de Assis
Senhora -José de Alencar
Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
Noite na Taverna -Manuel Antônio Álvares de Azevedo
Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
A 'Não-me-toques'! -Artur Azevedo
Os Maias -José Maria Eça de Queirós
Obras Seletas -Rui Barbosa
A Mão e a Luva -Machado de Assis
Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
Aurora sem Dia -Machado de Assis
Édipo-Rei -Sófocles
O Abolicionismo -Joaquim Nabuco
Pai Contra Mãe -Machado de Assis
O Cortiço -Aluísio de Azevedo
Tito Andrônico -William Shakespeare
Adão e Eva -Machado de Assis
Os Sertões -Euclides da Cunha
Esaú e Jacó -Machado de Assis
Don Quixote -Miguel de Cervantes
Camões -Joaquim Nabuco
Antes que Cases -Machado de Assis
A melhor das noivas -Machado de Assis
Livro de Mágoas -Florbela Espanca
O Cortiço -Aluísio de Azevedo
A Relíquia -José Maria Eça de Queirós
Helena -Machado de Assis
Contos -José Maria Eça de Queirós
A Sereníssima República -Machado de Assis
Iliada -Homero
Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
A Brasileira de Prazins -Camilo Castelo Branco
Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
Sonetos e Outros Poemas -Manuel Maria de Barbosa du Bocage
Ficções do interlúdio: para além do outro oceano de Coelho Pacheco. -Fernando Pessoa
Anedota Pecuniária -Machado de Assis
A Carne -Júlio Ribeiro
O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
Don Quijote -Miguel de Cervantes
A Volta ao Mundo em Oitenta Dias -Júlio Verne
A Semana -Machado de Assis
A viúva Sobral -Machado de Assis
A Princesa de Babilônia -Voltaire
O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves
Catálogo de Publicações da Biblioteca Nacional -Fundação Biblioteca Nacional
Papéis Avulsos -Machado de Assis
Eterna Mágoa -Augusto dos Anjos
Cartas D'Amor -José Maria Eça de Queirós
O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
Anedota do Cabriolet -Machado de Assis
Canção do Exílio -Antônio Gonçalves Dias
A Desejada das Gentes -Machado de Assis
A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
Don Quixote. Vol. 2 -Miguel de Cervantes Saavedra
Almas Agradecidas -Machado de Assis
Cartas D'Amor - O Efêmero Feminino -José Maria Eça de Queirós
Contos Fluminenses -Machado de Assis
Odisséia -Homero
Quincas Borba -Machado de Assis
A Mulher de Preto -Machado de Assis
Balas de Estalo -Machado de Assis
A Senhora do Galvão -Machado de Assis
O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
A Inglezinha Barcelos -Machado de Assis
Capítulos de História Colonial (1500-1800) -João Capistrano de Abreu
CHARNECA EM FLOR -Florbela Espanca
Cinco Minutos -José de Alencar
Memórias de um Sargento de Milícias -Manuel Antônio de Almeida
Lucíola -José de Alencar
A Parasita Azul -Machado de Assis
A Viuvinha -José de Alencar
Utopia -Thomas Morus
Missa do Galo -Machado de Assis
Espumas Flutuantes -Antônio Frederico de Castro Alves
História da Literatura Brasileira: Fatores da Literatura Brasileira -Sílvio Romero
Hamlet -William Shakespeare
A Ama-Seca -Artur Azevedo
O Espelho -Machado de Assis
Helena -Machado de Assis
As Academias de Sião -Machado de Assis
A Carne -Júlio Ribeiro
A Ilustre Casa de Ramires -José Maria Eça de Queirós
Como e Por Que Sou Romancista -José de Alencar
Antes da Missa -Machado de Assis
A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
A Carta -Pero Vaz de Caminha
LIVRO DE SÓROR SAUDADE -Florbela Espanca
A mulher Pálida -Machado de Assis
Americanas -Machado de Assis
Cândido -Voltaire
Viagens de Gulliver -Jonathan Swift
El Arte de la Guerra -Sun Tzu
Conto de Escola -Machado de Assis
Redondilhas -Luís Vaz de Camões
Iluminuras -Arthur Rimbaud
Schopenhauer -Thomas Mann
Carolina -Casimiro de Abreu
A esfinge sem segredo -Oscar Wilde
Carta de Pero Vaz de Caminha. -Pero Vaz de Caminha
Memorial de Aires -Machado de Assis
Triste Fim de Policarpo Quaresma -Afonso Henriques de Lima Barreto
A última receita -Machado de Assis
7 Canções -Salomão Rovedo
Antologia -Antero de Quental
O Alienista -Machado de Assis
Outras Poesias -Augusto dos Anjos
Alma Inquieta -Olavo Bilac
SP gasta com cartões corporativos 42% a mais que governo federal



Os gastos do governo federal com o cartão corporativo somaram em 2007 R$ 75,6 milhões, enquanto que o governo do estado de São Paulo gastou a exorbitante quantia de R$ 108 milhões no mesmo período. Ou seja, 42% a mais.

Com a quantia de R$ 108 milhões é possível dar um bom fôlego na rede de hospitais públicos de uma região. Só pra se ter uma idéia, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado e Saúde e Defesa Civil comprou, no inicio de 2008, exatamente com o mesmo valor gasto pelo governo de São Paulo com os cartões corporativos, os seguintes equipamentos: 1900 leitos para enfermaria, mais 580 leitos de emergência, 300 leitos pediátricos, 200 leitos para Centros de Tratamento Intensivo (CTI), 30 leitos para pessoas obesas, 50 aparelhos para anestesia, 20 mesas cirúrgicas, 50 focos de teto, mais 70 focos auxiliares e um aparelho de ressonância magnética. De acordo com a Unicamp, somente uma máquina que modela crânio de forma tridimensional para a ressonância custa cerca de US$ 700 mil.

Dexter Gordon - More Than You Know (1975)

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Dexter Gordon - More Than You Know (1975)
Personagens:
Dexter Gordon (vocals, tenor e soprano saxophone), Palle Mikkelborg (trumpet, arranger, conductor), Allan Botschinsky, Benny Rosenfeld, Idrees Sulieman (trumpet, flugelhorn), Vincent Nilsson, Richard Boone (trombone), Axel Windfeld (bass trombone), Preben Garnov (french horn), Bent Larson (flute), Erwin Jocobsen (oboe, english horn), Luba Boschenko (harp), Per Walther, Mogens Holm Larsen, Age Knudsen (violin), Bjarne Boie Rasmussen (viola), Erling Christensen (cello), Thomas Clausen (piano), Kenneth Knudsen (synthesizer), Ole Molin (guitar), Niels-Henning Orsted Pedersen (bass), Ed Thigpen, Alex Riel (drums) Klaus Nordsoe (congas, percussion).

Gravado em Copenhagen em fevereiro e março de 1975.

músicas:
1. Naima
2. Good Morning Sun
3. Girl With the Purple Eyes
4. This Happy Madness
5. Ernie's Tune
6. Tivoli
7. More Than You Know

Downloads abaixo:

Part 1
Part 2

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

REVISTA VEJA E O JORNALISMO DE ESGOTO...

Nassif sofre perseguição por denunciar delitos de “Veja”

Ela quer manipular a Justiça, através dos seus paus-mandados, para calar a voz do jornalista e suas verdades

O jornalista Luis Nassif prestou um grande serviço ao país. Para ser exato, este serviço continua sendo prestado: sua série sobre a revista “Veja” ainda está em curso, chegando até agora ao décimo capítulo.

Trata-se de uma extensa, serena e muito bem escrita descrição do “jornalismo de esgoto” (uma precisa conceituação) praticado por aquela publicação. Por conta disso, dois chupa-caldos que exercem suas funções na redação da “Veja” anunciaram que processarão Nassif. Certamente, não é uma iniciativa pessoal. Aliás, na “Veja” nada é pessoal, exceto os ataques. Há alguns meses, um recordista em condenações por calúnia e difamação que lá opera revelou em entrevista que a “Veja” pagava as indenizações a que ele era condenado. Por isso, ele continua a caluniar e a difamar, ignorando a lei e a Justiça. O que, evidentemente, significa que a “Veja” assume como dela os delitos do elemento, e que este é apenas um pau-mandado. Ela paga para continuar desrespeitando a lei.

Mais desprezo pela Justiça, seria impossível conceber. No entanto, é exatamente a Justiça, que eles afrontam de forma tão despudorada, que pretendem usar contra Nassif – e, precisamente, porque ele disse a verdade.

SINAL

A “Veja” tem uma tiragem semanal de mais de um milhão de exemplares. Além disso, mais de 80% das revistas que se vêem nas bancas são do mesmo grupo. Não falta aos seus donos e feitores o acesso à TV. Aliás, são até proprietários – ou, mais precisamente, testas-de-ferro – de uma rede de canais a cabo, para não falar em seus tentáculos em outras áreas.

Portanto, não faltam à “Veja” meios de se defender ou contestar o que Nassif escreveu. Porém, com tudo isso, eles querem silenciar um jornalista que dispõe apenas de um site na Internet, usando a Justiça - ou, melhor, tendo a pretensão de manipular a Justiça. Naturalmente, também não falta dinheiro a eles para pagar um batalhão de causídicos.

No entanto, trata-se de um sinal de que acabou a época em que “Veja” perpetrava impune e sem limites o “assassinato de reputações” - para usar outra excelente expressão de Nassif. Daí, essa truculência fascista se travestir agora de recursos judiciais, ou seja, da tentativa de fazer com que a Justiça encarne o espírito da injustiça. Eles não mais garantem a si próprios. Por isso, querem usar a Justiça, como se esta existisse para ser capanga de alguns marginais.

É verdade que tal tentativa, ainda que mostre a decadência do jornalismo de esgoto, também mostra que ele permanece sem reconhecer os limites sociais. Naturalmente, a quem não tem esses limites, só é possível passar a reconhecê-los se a sociedade impede que eles possam ser ignorados.

Quando 182 parlamentares constituem uma CPI para investigar os negócios ilícitos do grupo de “Veja” - sua transgressão da lei ao passar o controle da TVA para a Telefónica - e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, contra a vontade de todos os partidos da sua própria base e de todas as entidades representativas da população, engaveta a CPI, isso somente serve - como somente serviu - para que os delinqüentes se sintam à solta até para tentar a manipulação da Justiça. Não se defende a sociedade e a ética colaborando com elementos anti-sociais e anti-éticos. Não se convive com o mal, senão combatendo-o, estabelecendo limites. Caso contrário, dentro em breve será preciso se submeter a ele em nome dessa estranha convivência - e vender a alma ao diabo.

A “Veja” é a flor mais pútrida do grupo Civita. E o que é o grupo Civita, hoje acumpliciado com os nazistas do apartheid sul-africano?

A melhor descrição de seus inícios foi feita por Genival Rabelo, um dos pioneiros da publicidade brasileira. Em 1946, a Constituição do Brasil estabeleceu que os órgãos de comunicação não poderiam pertencer a estrangeiros. Não se tratava de nada excepcional. Esse era - e continua a ser - o normal em todo o mundo. Essa proibição existe nos EUA e na maioria dos países – e o motivo é óbvio: não permitir que a população seja manipulada por interesses estranhos e mesmo opostos aos interesses nacionais.

Apenas quatro anos após a Constituição de 1946, emigrou para o Brasil um cidadão americano de nome Victor Civita, trazendo na bagagem alguns contratos de publicação de revistas da Disney. No entanto, sabe-se agora, houve mais do que isso: “O Chase Manhattan Bank [o banco da família Rockefeller], por sugestão do Governo americano, ajudou Victor Civita a se instalar no Brasil. Um advogado aposentado do Chase me contou, em Nova York, que o Governo americano considerava que Victor Civita se tornaria um aliado importante no Brasil. A ligação da Abril com o Chase se manteve depois da morte de Victor Civita, através de seu filho Roberto, e um executivo do Chase no Brasil, Bob Blocker” (cf. P. H. Amorim, “A CIA pagou a conta de FHC?”).

Portanto, era arguta a observação de Genival Rabelo, em seu livro de 1966 (“O Capital Estrangeiro na Imprensa Brasileira”), de que havia algo estranho em um cidadão americano residente em Nova Iorque chegar ao Brasil com o passaporte visado em Washington. Feita há 41 anos, essa observação mostra o quanto o autor estava atento às atividades de Civita, agora sob a proteção da ditadura, que cassou e perseguiu Rabelo.

Em suma, a infiltração de Civita no Brasil era uma burla à Constituição: um cidadão americano chega aqui, com contratos de republicação de revistas americanas, e se naturaliza brasileiro. Passa a monopolizar a propaganda, através das filiais de agências publicitárias americanas. Sustentado pelo principal grupo capitalista dos EUA, com o Chase Manhattan por trás, o sujeito esmaga os concorrentes e instala um monopólio editorial dentro de outro país.

DIFERENÇA

Mas, não era somente a do Brasil, a Constituição que estava sendo burlada. Na Argentina, que também proibia a propriedade de meios de comunicação por estrangeiros, chegou, quase ao mesmo tempo em que Victor Civita apareceu no Brasil, um certo Cesar Civita. Um era irmão do outro. Os dois tinham na mala os mesmos contratos da Disney. E os dois fizeram a mesma coisa. A diferença, naturalmente, é que o Civita da Argentina se naturalizou argentino. Ou seja, até a diferença era igual.

O jornalista Luis Nassif divulgou nota, pedindo aos homens e profissionais dignos que o ajudem a divulgar suas respostas aos ataques do para-jornalismo (mais uma expressão muito adequada) de “Veja”. De nossa parte, Nassif, pode contar conosco.

CARLOS LOPES

  • Socialismo e Espiritismo, Aproximações Dialéticas

  • Dora Incontri e Alessandro Cesar Bigheto


    Resumo: Este artigo pretende resgatar a ala esquerda do Espiritismo, romontando-a já desde Pestalozzi, mestre de Kardec, pelo próprio fundador do Espiritismo e seus discípulos na França e no Brasil. Apesar de o movimento espírita brasileiro revelar traços conservadores, existe um Espiritismo à esquerda, cultivado na América Latina, incluindo o Brasil e que descende do Espiritismo francês, entendido como proposta social, aplicada na educação.

    Palavras-chaves: Espiritismo, socialismo, Kardec, Pestalozzi, socialistas utópicos, dialética espiritualista, educação, socialismo espírita.

    Estes apontamentos pretendem apenas indicar uma vasta linha de pesquisa ainda pouco trilhada, que aponta as relações históricas e teóricas entre Socialismo e Espiritismo. Não é assunto pacífico nem para socialistas (sobretudo marxistas) nem para espíritas, mas trata-se de demonstrar que houve aproximações, diálogos e influências mútuas neste campo. Aliás, a dialética, que se propõe como método de entender as contradições e chegar a sínteses, não deveria permitir o dogmatismo ideológico que impede a aproximação do que parece, à primeira vista, paradoxal.

    Tudo começa com o mestre de Allan Kardec (Rivail), Johann Heinrich Pestalozzi, que, ao contrário da análise pouco informada de alguns, que ignoram a complexidade de sua obra e de sua trajetória, passou da crença no despotismo esclarecido a um pensamento social, que não pode ser meramente considerado burguês, pois, ao mesmo tempo, em que ele foi condecorado como membro honorário da Revolução Francesa, foi crítico dela. Em seu pensamento, (ver INCONTRI:1996), existem traços de uma dialética original – que é espiritualista, se dá na história, mas não tem o totalitarismo panteísta de Hegel ou de Fichte. Com este último, Pestalozzi manteve fecundo diálogo.

    Tendo Pestalozzi uma vasta e multifacetada obra, a interpretação a respeito é bastante controversa. Alguns o vêem como um pensador romântico, outros como típico representante do iluminismo. Mas, existe uma leitura mais à esquerda, que identifica elementos bastante originais do seu pensamento. Por exemplo, TOLLKÖTTER (s.d) estabelece comparações entre Marx e Pestalozzi, em relação ao trabalho, à sociedade e à educação. (1) SCHLEUNER (1974), faz interessante estudo comparativo entre a experiência de Pestalozzi em Stans e a experiência socialista de Makarenko. (2)

    Assim também entre os autores espíritas, já de início com o próprio Kardec, discípulo e herdeiro de Pestatalozzi, há polêmicas e diversas leituras, dependendo da lente ideológica dos estudiosos. Humberti Mariotti fala de uma “esquerda kardeciana” (HOLZMANN NETTO, 1970).

    Mas é inegável que houve confluências e influências entre Socialismo e Espiritismo.

    Em primeiro lugar, descrevamos resumidamente os fatos, para depois analisarmos algumas idéias:

    Kardec era um educador preocupado com as questões sociais, que militava pela educação popular. Já, aos 24 anos de idade, escreveu o brilhante ensaio Proposta para a melhoria da Instrução Pública (ver RIVAIL, 2000) e durante décadas deu cursos gratuitos, em sua própria casa, de Química, Matemática, Astronomia, Fisiologia, Gramática… numa tentativa de democratizar o conhecimento.

    Ao que parece, manteve relações com os socialistas (depois chamados de utópicos por Marx e Engels), pois em sua fase espírita, os cita constantemente, entre eles, Fourier, e Saint-Simon. (Robert Owen, por sua vez, recebeu influência de Pestalozzi, pois o visitou em Iverdon e mais tarde tornou-se adepto do Espiritismo). O pesquisador francês François Gaudin descobriu recentemente documentos ainda inéditos, revelando a parceria de Kardec com o amigo Maurice Lachâtre, conhecido socialista de tendência anarquista e editor das obras de Marx, em fascículos populares. Ambos tiveram um projeto economicamente fracassado da fundação de um banco popular, possivelmente nos moldes do que queriam os socialistas pré-marxianos e os anarquistas, como Proudhon.

    O sucessor de Kardec, que liderou o movimento espírita francês até depois da Primeira Guerra Mundial, foi Léon Denis, um operário de Tours, autodidata, amigo e companheiro de Jean Jaurès, socialista espiritualista. Denis escreveu a obra Socialismo e Espiritismo, um clássico da literatura social espírita. Nesta obra, Denis relata seu profundo envolvimento com o movimento operário francês, e os conflitos entre um socialismo materialista e um socialismo espiritualista, quando da sua participação de um ciclo de conferências na Bélgica, com Volders e Oskar Beck. Volders organizou o Congresso Socialista Internacional em Bruxelas, em 1891. (Ver DENIS, 1987:38) (3)

    Na América Latina, o pensamento socialista espírita teve vários representantes. Entre eles, os argentinos Manuel S. Porteiro, que escreveu Espiritismo Dialectico, Cosme Mariño e Humberto Mariotti, autores respectivamente de Concepto Espiritista del Socialismo e Parapsicologia e Materialismo Histórico; os brasileiros Eusínio Lavigne e Souza do Prado, de tendências stalinistas, com a obra Os Espíritas e as Questões Sociais, Jacob Holzmann Netto, que participou do Movimento Universitário Espírita na década de 70 (depois abafado pela ditadura militar), com o livreto Espiritismo e Marxismo e, o maior expoente da intelectualidade espírita no Brasil, o jornalista e filósofo J. Herculano Pires, autor de Espiritismo Dialético e O Reino.

    A CRÍTICA SOCIAL EM O LIVRO DOS ESPÍRITOS

    Ao contrário da interpretação popular do Espiritismo brasileiro, nas obras de Kardec, consideradas pelos seguidores como fundamentais, não há a aceitação de um fatalismo social, determinado pela idéia da reencarnação. Sobretudo em O Livro dos Espíritos, aparecem críticas à estrutura social injusta e indicações de que é preciso transformar a sociedade, junto ao apelo constante à transformação do homem. Dentro da perspectiva evolucionista, a evolução social interage dialeticamente com a evolução individual. Como explicaria depois Herculano Pires: “Transformar o mundo pela transformação do homem e transformar o homem pela transformação do mundo. Eis a dialética do Reino, que o cristão deve seguir.” (PIRES, 1967:136)

    Entre as questões levantadas por Kardec na referida obra está a da propriedade, que era, como se sabe, objeto de discussão de socialistas e anarquistas de todos os matizes. A idéia expressa em O Livro dos Espíritos vai no sentido da propriedade coletiva, com a crítica ao acúmulo de capital, que se manifesta no plano moral, como egoísmo:

    “O direito de viver confere ao homem o direito de ajuntar o que necessita para viver e repousar, quando não mais puder trabalhar? — Sim, mas deve fazê-lo em comum, como a abelha, através de um trabalho honesto, e não ajuntar como um egoísta.” (KARDEC, item 881)

    Em seguida, Kardec indaga, a partir do ponto de vista liberal, que sempre defendeu a idéia de que a riqueza é uma questão de mérito (e não de injustiça) e a resposta mais uma vez é crítica.

    “A desigualdade das riquezas não tem sua origem na desigualdade das faculdades, que dão a uns mais meios de adquirir do que a outros? — Sim e não. Que dizes da astúcia e do roubo?” (KARDEC, item 801)

    Em várias outras passagens há críticas ao supérfluo de uns e à miséria de outros, à criação artificial de necessidades – em suma, o que poderíamos hoje chamar de consumismo excludente:

    “Há, entretanto, uma medida comum de felicidade para todos os homens? — Para a vida material, a posse do necessário; para a vida moral, a consciência pura e a fé no futuro.” (KARDEC, item 922) “Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome.”

    Isso apenas para introduzir brevemente algumas questões sociais tratadas por Kardec de maneira nada alienada, nem conformista.

    DIALÉTICA E ESPIRITISMO

    Entretanto, o que nos interessa mais aqui é discutir a dialética, do ponto de vista filosófico, pois parece que há uma posição original a ser descrita, a partir da obra de Kardec e de seus intérpretes à esquerda.

    Diz Piettre (e essa é uma posição mais ou menos generalizada a respeito) que existem duas maneiras de encarar a realidade: a do ser e a do devir. Conforme explica:

    “Resumindo-se por alto a longa peregrinação do pensamento humano, pode-se dizer que sempre existiram não mais do que duas filosofias, duas maneiras de representar o mundo: a filosofia do ser e a do vir a ser (…)” (PIETTRE, 1969:27)

    A filosofia clássica, de herança platônica, estaria ligada à primeira forma de percepção de mundo: o absoluto estático, a identidade permanente do Ser. A dialética, que descende de Heráclito, depois revivida por Hegel, entende a realidade como transformação permanente. O Ser não é, está sendo. No processo de ser, há um momento de negação, de não-ser. Nesta visão, a concepção trinitária de tese-antítese-síntese é a dinâmica do Ser através de contradições e superações.

    Em Hegel, esta interpretação de mundo está inserida num espiritualismo panteísta em que o Ser é o próprio absoluto, que se encarna no processo histórico. Marx, como se sabe, recebeu uma forte influência da concepção hegeliana da dialética. Para Marx e Engels, a dialética que se manifesta no processo histórico é sobretudo material, sem nenhuma imanência ou transcendência espiritual. São as forças produtivas que engendram a história e o homem é, ao mesmo tempo, por ela determinado, e sujeito, capaz de transformá-la.

    Temos, assim, três posturas filosóficas aqui descritas: a espiritualista estática, com o absoluto divino e a identidade espiritual do sujeito; a dialética espiritualista (ou idealista), com a dissolução da identidade tanto do Absoluto (que está em processo de devir), quanto do sujeito individual (que se perde no todo); a dialética materialista, com a negação do absoluto e a identidade do sujeito submetida às leis da história, à identidade de classe, ao determinismo biológico e social, e, apesar disso, capaz de fazer a história.

    Antes de continuar esta análise, é preciso definir bem os termos. O que significa idealismo e materialismo? A definição de Bukharin pode ser aceita por ambas as correntes:

    “O materialismo considera a matéria como causa primária e fundamental; o idealismo, ao contrário, considera em primeiro lugar o espírito. Para os materialistas, o espírito é um produto da matéria; para os idealistas, ao contrário, é a matéria que é produto do espírito.” (BUKHARIN, s/d: 57)

    A visão dialética (tanto a idealista, quanto a materialista) é histórica, ao passo que o espiritualismo clássico situa o ser acima da história. Isto, apesar do fato já muito discutido e estudado de que a idéia de história nasce com a tradição judaico-cristã. (4)

    A visão espírita apresenta-se como uma síntese dessas posições. Admite a identidade absoluta (e não sujeita ao devir) de Deus, como causa de todas as coisas, mas admite o devir permanente dos seres, da história, num processo dialético entre o indivídual e o coletivo. Não aceita a finalidade da história como algo pré-determinado (e nesse ponto assemelha-se ao anarquismo). Avisa Porteiro: “…não estamos nem com o individualismo, nem com o fatalismo histórico, seja este último de Santo Agostinho ou de Marx.” (PORTEIRO, 1960:141)

    A questão da liberdade, aí, se põe como fundamental. Não existe um fatalismo previsível da história, porque o homem de fato faz a história e este homem não é apenas determinado socialmente, porque é espírito. Explica muito bem Mariotti:

    “O Homem, para Kardec, é um espírito encarnado, que reconhecerá o seu passado histórico, à medida que ilumine sua visão e intuição espirituais. É por isso que, com a Doutrina Social Espírita, podemos falar de um homem-que-reencontra-a-história, isto é, de um homem que construirá um mundo melhor para reencontrar-se a si mesmo, segundo tenham sido seus atos para construí-lo e edificá-lo.” (MARIOTTI, 1983:29)

    Evolucionismo individuado, (como classificamos em INCONTRI:2004), historicidade com liberdade coletiva e individual, dialética com visão de imanência e transcendência – assim poderíamos definir essa dialética espírita, tratada pelos autores espíritas da esquerda.

    As questões que opõem marxismo e Espiritismo se radicam em dois pontos (e em nenhum outro): o materialismo versus espiritualismo e a aceitação do uso da violência como necessidade histórica contra a renúncia ao uso de todo poder de força (mesmo em legítima defesa). Em ambos os pontos, o Espiritismo está mais próximo dos socialistas pré-marxianos e dos anarquistas cristãos, da linha de Tolstoi.

    A VIA DA EDUCAÇÃO

    Mesmo os espíritas mais à esquerda, como os que na década de 50 eram simpatizantes de Stalin, admitem que o modo de transformação social mais eficaz é através da educação.

    “Queremos mostrar, perante a realidade histórica, que a eficiência do ensino individual decorre, sobretudo, da libertação popular, de que resulta, por sua vez, o poder político-econômico nas mãos do povo organizado. Com isso, a produção coletiva destina-se ao bem de todos, a começar pelo ensino, enquanto concomitantemente, desaparece a exploração do homem pelo homem, com uma série incomensurável de proveitos intelectuais e morais para a superestrutura do espírito.” (LAVIGNE & PRADO, 1955: 33)

    Sendo o Espiritismo uma doutrina eminentemente pedagógica, fundada por um educador, a militância social através da educação tem sido uma constante, desde Kardec. Conta Denis, a respeito de sua própria experiência:

    “Depois da Guerra de 1870 compreendi que era preciso trabalhar com ardor para a educação do povo. Com este fim e o auxílio de alguns cidadãos devotados, havíamos fundado, em nossa região, a “Liga de Ensino”, da qual me tornei secretário- geral; foram criadas bibliotecas populares e se iniciaram, em pouco por toda a parte, séries de conferências.” (DENIS, 1987:36)


    Neste sentido, assumindo um otimismo essencialmente pedagógico (de que todos os seres humanos são educáveis, perfectíveis, capazes de transcender interesses pessoais, para devotar-se ao bem geral, o Espiritismo escapa da condenação eterna dos maus – do cristianismo tradicional – como da condenação à morte das classes dominantes, que se opõem ao progresso histórico. Educação universal, através dos séculos, porque a história se faz com seres que vão e voltam, se educam e aprendem, para a realização individual e coletiva da felicidade.

    No Brasil, a militância espírita pela educação pública e/ou gratuita (na maioria das vezes gratuita, mas nem sempre pública) começou no início do século 20, com o primeiro educador espírita brasileiro, Eurípedes Barsanulfo, que manteve uma escola popular para 200 crianças na cidade de Sacramento (MG). Anália Franco, outra espírita, educadora e feminista também demonstrou sua militância política e pedagógica, primeiro engajando-se na educação dos negros (logo após a Lei do Ventre Livre) e depois se dedicando a fundar mais de 100 escolas e abrigos no Estado de São Paulo, todas voltadas para atender crianças órfãs, predominantemente de mães solteiras, profissionalizando também as próprias mães.

    Na década de 60 e 70, houve a participação ativa dos espíritas, liderados pelo jornalista e escritor José Herculano Pires, em prol da defesa da escola pública.

    Assim, a ala mais intelectualizada e politizada do movimento espírita brasileiro tem dado sua contribuição, até agora bastante ignorada, numa militância pedagógica transformadora, que se enraíza na visão de um socialismo espiritualista.

    Notas

    (1) Diz Tollkötter, logo no início de seu trabalho, já estabelecendo os pontos de encontro entre Marx e Pestalozzi: “…que ambos exigem a humanização do homem e do mundo, e tentam realizá-la segundo o princípio de que o homem faz as circunstâncias e as circunstâncias fazem o homem e que portanto o homem e o mundo são fatores mutuamente determinantes.” (TOLLKÖTTER, s/d: 12)

    (2) Segundo Schleuner, não há diferença entre os métodos didáticos-pedagógicos empregados por Pestalozzi e Makarenko, ambos em situações-limite de guerra e revolução. Também se identificam ambos na sua doação pessoal, em situações parecidas de viverem entre os carentes, para recuperar sua condição humana, social e política.

    (3) Comenta Denis, já no fim da vida: “…sempre guardei contato com as classes trabalhadoras, partilhei de seus cuidados, suas aspirações para o progresso. Tornei-me muito interessado no movimento cooperativo e, por muito tempo, recebi, a título gracioso, os livros de um grupo de operários cordooeiros reunidos em um empreendimento comum.” (DENIS, 1997:36).

    (4) São bastante discutidas as ressonâncias messsiânicas no próprio Marx. A idéia de que a história tem uma finalidade, seja a da redenção cristã, da realização do Espírito absoluto, a do paraíso comunista ou da evolução permanente, nasceu no bojo judaico-cristão.

    Bibliografia

    BUKHARIN, N. Tratado de Materialismo Histórico. Centro do Livro Brasileiro, s/d.
    COLOMBO, Cleusa Beraldi. Idéias Sociais Espíritas. São Paulo, Comenius, 1998.
    DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo. Matão, O Clarim, 1987.
    HOLZMANN NETTO, Jacob. Espiritismo e Marxismo. Campinas, Edições Fagulha, 1970.
    INCONTRI, Dora. Pedagogia Espírita, um Projeto Brasileiro e suas Raízes. Bragança Paulista, Comenius, 2004.
    INCONTRI, Dora. Pesztalozzi, Educação e Ética. São Paulo, Scipione, 1996.
    KARDEC, Allan. Le Livre des Esprits, Paris, Dervy-Livres, 1972.
    LAVIGNE, Eusínio & PRADO, Sousa do. Os Espíritas e as Questões Sociais. Niterói, Editora Renovação Ltda, 1955.
    MARIÑO, Cosme. Concepto Espiritista del Socialismo. Buenos Aires, Victor Hugo, 1960.
    MARIOTTI, Humberto. Parapsicologia e Materialismo Histórico. São Paulo, Edicel, 1983.
    PIRES, J. Herculano. O Reino. São Paulo, Edicel, 1967.
    PORTEIRO, Manuel S. Espiritismo Dialectico. Buenos Aires, Victor Hugo, 1960.
    RIVAIL, Hippolyte Léon Denizard. Textos Pedagógicos. São Paulo, Comenius, 2000.

    Dora Incontri, jornalista, doutora em Educação pela USP, autora de várias obras, como Pedagogia Espírita, um Projeto Brasileiro e Suas Raízes; Pestalozzi, Educação e Ética; Todos os Jeitos de Crer.

    Alessandro Cesar Bigheto, pedagogo, mestrando em História da Educação na Unicamp, co-autor de Todos os Jeitos de Crer.
    Este artigo foi publicado na Revista on-line do Histedbr, Unicamp, em dezembro de 2004. http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revis.html