terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Niemeyer ficou emocionado em citação de Fidel

O arquiteto Oscar Niemeyer se emocionou nesta terça-feira com a carta de renúncia do amigo Fidel Castro. Primeiro, por ter sido citado no trecho em que o presidente cubano diz que pensa "como Niemeyer, que é preciso ser conseqüente até o final". Depois, porque um dos seus cinco netos, Carlos Eduardo, que está em Cuba há um mês, telefonou para dar a notícia de manhã cedo e contou detalhes da repercussão em Havana.

— Meu neto ficou profundamente emocionado vendo a tristeza que cobre o povo cubano. Mas ao mesmo tempo disse que os cubanos permanecem unidos, de mãos dadas, prontos para enfrentar o grande inimigo, os Estados Unidos — disse, aos 100 anos, ele que é socialista desde a juventude e afirmou que Fidel é o grande líder da América Latina: — Eu sempre segui a mesma ideologia que ele. Mesmo deixando o governo, ele vai continuar orientando o povo cubano. É um homem inteligente, decidido.

Niemeyer ficou feliz de ter sido citado nos termos em que Fidel fez. Ele disse que o cubano "foi generoso" em lembrar seu nome e que concorda com a frase, pois "o ser humano é tão insignificante, é preciso ser coerente até o final da vida". O arquiteto nunca foi a Cuba porque tem medo de avião. Porém, Fidel já visitou o seu escritório em Copacabana, no Rio de Janeiro. A pedido do ex-presidente, Niemeyer projetou uma escultura para ficar em Havana, uma praça para colocar a escultura e, por último, um teatro para a praça. Ele fez tudo de graça.

VALEU, FIDEL!!!!

O presidente de Cuba, Fidel Castro, anunciou nesta terça-feira que não aspirará nem pleiteiará o cargo de presidente do Conselho de Estado e comandante em chefe na sessão do Parlamento Cubano que se instalará no próximo domingo (24). ''Não me despeço de vocês. Desejo apenas combater como um soldado das idéias'', diz Fidel.


Fidel em foto recente: "serei cauteloso"

''Continuarei escrevendo sob o título das Reflexões do companheiro Fidel. Será uma arma a mais, no arsenal com que se poderá contar. Talvez minha voz seja escutada. Serei cuidadoso'', afirma ainda o líder da Revolução Cubana, na mensagem divulgada hoje. Veja o texto na íntegra, divulgado pela agência cubana Prensa Latina:

''Queridos compatriotas:

Prometi na sexta-feira passada, 15 de fevereiro, que na próxima Reflexão abordaria um tema do interesse de muitos compatriotas. Esta Reflexão adquire a forma de uma mensagem.

Chegou o momento de candidatar e eleger o Conselho de Estado (órgão executivo cubano), seu presidente, vice-presidente e secretário..

Desempenhei o honroso cargo de presidente ao longo de muitos anos. Em 15 de fevereiro de 1976 aprovou-se a Constituição Socialista, pelo voto livre, direto e secreto de mais de 95% dos cidadãos com direito a voto. A primeira Assembléia Nacional constituiu-se em 2 de dezembro daquele ano e elegeu o Conselho de Estado, com sua presidência. Antes, durante quase 18 anos, eu exercera o cargo de primeiro ministro. Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária, com o apoio da imensa maioria do povo.

Conhecendo meu estado crítico de saúde, muitos no exterior pensavam que minha renúncia provisória do cargo de presidente do Conselho de Estado, deixado em mãos do vice-presidente Raúl Castro Ruz em 31 de julho de 2006, era definitiva. O próprio Raúl, que por méritos pessoais ocupa também o cargo de ministro das FAR (Forças Armadas Revolucionárias), e os demais companheiros da direção do partido e do Estado, relutaram em considerar-me afastado de meus cargos, apesar de meu estado precário de saúde.

Era incômoda a minha posição, frente a um adversário que fez tudo que se podia imaginar para se desfazer de mim, e em nada me agradava satisfazê-lo.

Mais adiante pude alcançar novamente o completo domínio de minha mente, a possibilidade de ler e meditar muito, obrigado pelo repouso. Acompanhavam-me forças físicas suficientes para escrever por longas horas, que eu dividia com a recuperação e os programas pertinentes.

Um elementar senso-comum indicava-me que esta atividade estava ao meu alcance. Por outro lado, sempre tive a preocupação, ao falar de minha saúde, de evitar ilusões que, no caso de um desfecho adverso, trariam notícias traumáticas para nosso povo em meio à batalha. Minha primeira preocupação, depois de tantos anos de luta, era prepará-lo para minha ausência, sociológica e politicamente. Nunca deixei de assinalar que era uma convalescência ''não isenta de riscos''.

Meu desejo sempre foi cumprir meu dever, até o último alento. É o que posso oferecer.

Comunico a meus queridos compatriotas, que me fizeram a imensa honra de eleger-me recentemente como membro do Parlamento – em cujo seio se deve adotar acordos importantes para o destino de nossa revolução – que não aspirarei e nem pleiteiarei o cargo de presidente do Conselho de Estado e comandante em chefe.

Em breves cartas dirigidas a Randy Alonso, diretor do programa Mesa Redonda da Televisão Nacional, divulgadas por solicitação minha, constavam discretamente elementos desta mensagem que escrevo hoje. Nem o destinatário das missivas conhecia o meu propósito. Eu confiava em Randy porque conheci-o bem quando era estudante universitário de Jornalismo, e eu me reunia quase todas as semanas com os principais representantes dos universitários, na biblioteca da vasta Casa de Kohly, que os abrigava. Hoje, todo o país é uma imensa universidade.

Parágrafos selecionados da carta enviada a Randy em 17 de dezembro de 2007:

''Minha mais profunda convicção é que as respostas para os problemas atuais da sociedade cubana – que possui uma escolaridade média de cerca de 12 anos, quase um milhão de graduados universitários e a possibilidade real de estudo para seus cidadãos, sem nenhuma discriminação – requerem mais variantes de respostas para cada problema concreto que as contidas em um tabuleiro de xadrez. Não se pode ignorar um só detalhe. Não se trata de um caminho fácil, se é que a inteligência do ser humano em uma sociedade revolucionária há de prevalecer sobre seus instintos.''

''Meu dever mais elementar é não me aferrar a cargos, nem muito menos obstruir o passo das pessoas mais jovens, mas trazer experiências e idéias, cujo modesto valor provém da época excepcional em que me coube viver.''

''Penso como Niemeyer (seu amigo, o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer), que é preciso ser conseqüente até o fim.''

E da carta de 8 de janeiro de 2008:

''...Sou decidido partidário do voto unido (um princípio que preserva o mérito ignorado). Foi ele que permitiu evitar as tendências a copiar o que vinha dos países do antigo campo socialista, entre elas o retrato de um candidato único, tão solitário como também solidário com Cuba. Respeito muito aquela primeira tentativa de construir o socialismo, graças à qual pudemos continuar pelo caminho escolhido.''

''Eu tinha muito presente que toda a glória do mundo cabe em um grão de milho'', declarava naquela carta.

Eu atraiçoaria portanto a minha consciência se ocupasse uma responsabilidade que precisa de energia e mobilidade totais, que não estou em condições físicas de oferecer. Explico-o sem drama.

Felizmente nosso processo ainda conta com quadros da velha guarda, junto com outros que eram muito jovens quando começou a primeira etapa da Revolução. Alguns deles se incorporaram quase meninos aos combatentes das montanhas e depois encheram o país de glória, , com seu heroísmo e suas missões internacionais. Contam com autoridade e experiência para garantir a substituição. Nosso processo dispõe igualmente da geração intermediária, que aprendeu junto conosco os elementos da complexa e quase inacessível arte de organizar e dirigir uma revolução.

O caminho sempre será difícil e precisará do esforço inteligente de todos. Desconfio dos atalhos aparentemente fáceis da apologética, ou de sua antítese, a autoflagelação. Devemos estar sempre preparado para as pior das variantes. Ser tão prudentes no êxito como firmes na adversidade. É um princípio que não se deve esquecer. O adversário a derrotar é sumamente forte, mas durante meio século nós o mantivemos a distância.

Não me despeço de vocês. Desejo apenas combater como um soldado das idéias. Continuarei escrevendo sob o título das Reflexões do companheiro Fidel. Será uma arma a mais, no arsenal com que se poderá contar. Talvez minha voz seja escutada. Serei cuidadoso.''

Fonte:Vermelho
Montagens fotográficas

Créditos:AhoraeaVez

Ensaio fotográfico do britânico Carl Warner, com cenário feito de alimentos. Chamado de "foodscapes" - paisagens de alimentos -, os cenários sugerem cavernas, florestas, cachoeiras, mares, montanhas, tudo feito com frutas, legumes, queijos e massas.
As fotos são tiradas sobre uma mesa de 1,2 metro de largura por 2,4 metro de comprimento. Warner pretende fazer um livro para promover alimentação saudável para crianças.
Clique nas imagens para ampliar













































Os Incríveis - Para Os Jovens Que Amam Os Beatles, Rolling Stones e... Os Incríveis (1967)




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DEPOIS DA SÉRVIA, GEORGIA PODE SER DESMEMBRADA

Blog do Azenha

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WASHINGTON - Kosovo declarou independência neste domingo. Sob protesto da Rússia, que é aliada da Sérvia. E com apoio dos Estados Unidos e da União Européia. Hoje a província abriga tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). E eu com isso, você vai dizer? Trata-se da repetição de uma fórmula antiga do colonialismo: promover a "independência" onde interessa, combatê-la onde não interessa, com claros objetivos políticos, econômicos e estratégicos.

Não faço juízo de valor. Vou dar informações a você que a mídia brasileira não dará, por falta de competência ou por reproduzir, sem crítica, o noticiário das agências internacionais. Olhem o mapa. A população de Kosovo é dividida: nela vivem sérvios e descendentes de albaneses. O argumento para apoiar a independência é de proteger a "minoria" de albaneses dentro da Sérvia. Como? Criando uma segunda Albânia.

Lembrem-se: estamos falando de uma região ainda não integrada plenamente à União Européia. Os balcãs permanecem campo de disputa geopolítica entre a Rússia e o Ocidente. Olhem a posição privilegiada da Albânia no mapa, na costa do mar Adriático. O país é um dos maiores aliados dos Estados Unidos no mundo, perdendo só para Israel.

O que existe em Kosovo, afinal, que interessa tanto assim a Washington? Uma grande base militar americana, chamada Campo Bondsteel, que ocupa 360 mil metros quadrados e inclui uma prisão. Quem construiu foi uma subsidiária da famosa Halliburton, empresa que já foi dirigida pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney.

Quem mais promove a independência de Kosovo? George Soros, o megainvestidor que prega a expansão da OTAN e dos interesses dos Estados Unidos na Europa Oriental. Soros financia o International Crisis Group (ICG). Quer criar condições para investimentos dentro de regras que beneficiem empresas ocidentais. O ICG abriga gente importante, como Wesley Clark - ex-comandante da OTAN -, Zbigniew Brzezinski - principal assessor de Barack Obama para política externa- e Joschka Fischer, ex-ministro das relações Exteriores da Alemanha.

A OTAN mantém em Kosovo a International Military Presence (IMP), que se atribuiu o mandato de desenvolver e treinar as forças de segurança de Kosovo. Como escreveu George Szamuely no site Counterpunch, Kosovo não terá autonomia completa para decidir sobre a cobrança de impostos, política externa ou de segurança. "A única coisa independente de Kosovo independente é que será independente da Sérvia", ele escreveu.

Para os americanos, segundo ele, "Kosovo não passa do território em volta de uma base militar gigante, um presença chave no Mediterrâneo em caso da Grécia e da Turquia não se mostrarem confiáveis".

A reação da Rússia tem a ver com isso. A Sérvia é o último país aliado dos russos nessa região estratégica. Por isso o governo de Vladimir Putin quer levar o caso às Nações Unidas, para impedir a independência de Kosovo. Ou seja, por trás da fachada estão em jogos as velhas "esferas de influência".

Vocês nunca verão os Estados Unidos apoiando a independência de Chiapas, no México, ou do país basco, na Espanha. Mas Washington apoiou a soberania do Panamá em relação à Colômbia (onde depois construiu o canal) e agora defende a "soberania, a liberdade, a democracia" e todos os outros adjetivos que você vai ler nos jornais e ver na televisão em relação a Kosovo. Hoje é Kosovo, amanhã pode ser a Bolívia, depois de amanhã...

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WASHINGTON - Estados Unidos, França, Alemanha e Grã Bretanha reconheceram a independência de Kosovo nesta segunda-feira. Rússia, China e Espanha rejeitaram. Em Moscou o Parlamento aprovou moção apoiando dois enclaves separatistas da Georgia, Abkhazia e South Ossetia, que devem formalizar pedido de independência à Russia em algumas semanas. A China está preocupada com a independência de Taiwan e a Espanha teme o movimento separatista basco. Vou dar um pulinho no Departamento de Estado e ver se eles topam apoiar a criação da Grande Bauru.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Bubble - (Há-Buah)


Três jovens israelenses, Noam, vendedor de discos, Yali, gerente de Café, e Lulu, vendedora em loja de cosméticos, dividem um apartamento num bairro descolado de Tel Aviv, símbolo dessa "bolha", apelido dado à cidade. Nesse "casulo" quase desconectado da realidade dos territórios e dos conflitos políticos que agitam o país, eles levam uma vida comum, preferindo se concentrar em suas vidas amorosas.

Fonte: http://www.interfilmes.com/filme_18006_Bubble-(Ha.Buah).html

Créditos: makingOff - Distanásia
Gênero: Drama
Diretor: Eytan Fox
Duração: 117 minutos
País de Origem: Israel
Idioma do Áudio: Hebraico
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XVID
Vídeo Bitrate: 724 Kbps
Áudio Codec: MP3
Áudio Bitrate: 111
Resolução: 496 x 272
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 690 Mb
Legendas: Em anexo

Ohad Knoller ... Noam
Alon Friedman ... Yelli
Daniela Virtzer ... Lulu
Yousef 'Joe' Sweid ... Ashraf
Miki Kam ... Lulu's Mother
Shredi Jabarin ... Gihad
Lior Ashkenazi ... Himself
Tzion Baruch ... Shaul
Oded Leopold ... Sharon
Dorin Munir ... Pregnant Woman
Zohar Liba ... Golan
Yael Zafrir ... Orna
Noa Barkai ... Ella
Yotam Ishay ... Chiki
Avital Barak ... Dana

Downloads abaixo:


Detalhes do Link ed2k The.Bubble.2006.Israel.DVDRIP.XVID.Freedom.Black_Metal-Yakuza.avi (690.02 Mb)
Arquivo anexado buah.ha._2006_.pob.1cd._3122208_.zip ( 36.34KB ) legendas



Jornal Oriente Médio Vivo - Edição 90

Olá a todos!

Está publicada a Edição nº 90 do jornal Oriente Médio Vivo.

Você pode baixar a mais nova edição, assim como todas as anteriores, no nosso website, no endereço:
http://www.orientemediovivo.com.br

Para um link direto de download da Edição nº 90, clique no seguinte endereço:
http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_90.pdf

Nesta nova edição, as manchetes são:
- A linguagem da guerra da mídia
- Por que dissolver a Autoridade Palestina?
- Resistência Iraquiana - eventos da semana

Além disso, é claro, a continuação da História dos Conflitos (Parte 90), tratando da operação “Perna de Madeira”, conduzida por Israel em 1985.

Aproveitando esse momento, gostaria de convidá-los para o Fórum de Discussão do Oriente Médio Vivo, no endereço abaixo:
http://www.orientemediovivo.com.br/forum

Agradecemos desde já pelo interesse e atenção.

Para qualquer outra informação, sugestão, crítica ou comentários, não hesite em entrar em contato conosco, através do e-mail:
contato@orientemediovivo.com.br

Mais uma vez, obrigado.

Cordialmente,
Humam al-Hamzah
Oriente Médio Vivo
http://www.orientemediovivo.com.br

Citizen Dog - (Mah Nakorn)


Pod é um rapaz sem sonhos que sai do campo para trabalhar em Bagcoc. Jin é uma camareira que carrega um misterioso livro branco que não consegue entender uma única palavra escrita no livro. O perdido Pod se apaixona por Jin, uma garota que sonha que um dia poderá decifrar o significado do livro.

Créditos:MakingOff - Billy
Gênero:
Comédia / Romance
Diretor: Wisit Sasanatieng
Duração: 94 minutos
Ano de Lançamento: 2004
País de Origem: Tailândia
Idioma do Áudio: Tailandês
IMDB: http://us.imdb.com/title/tt0444778/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Tamanho: 698 Mb
Legendas: No torrent

Download abaixo:
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No início da segunda etapa da crise global

A corte de admiradores do capitalismo global, que ao longo dos últimos anos nos encheu com suas reiterações sobre a solidez do sistema, hoje está em pleno recuo tático; seus integrantes já não negam a crise, mas tentam diminuir seu caráter dramático e reduzir suas raízes e extensão. A análise é do economista argentino, Jorge Benstein.

A recessão já se instalou no centro do Império; agora, o debate gira em torno da sua profundidade, duração e alcance mundial. A corte de admiradores de direita ou progressistas do capitalismo global, que ao longo dos últimos anos nos encheu com suas reiterações sobre a solidez do sistema, hoje está em pleno recuo tático; seus integrantes já não negam a crise, mas tentam diminuir seu caráter dramático e reduzir suas raízes e extensão. Alguns deles ensaiam explicações anedóticas, outros dizem tratar-se de uma "crise cíclica" —que é o mesmo que dizer passageira— e a maior parte deles refugia-se na explicação simplista que reduz o fenômeno a uma grande perturbação financeira combinada com um surto pessimista dos consumidores norte-americanos, provocado pelos devedores inadimplentes dos Estados Unidos (aqueles que não pagam seus créditos imobiliários) e por aqueles que deram a eles empréstimos generosos demais.

Segundo esse pessoal, os problemas serão superados em breve, graças às intervenções da Reserva Federal, da Casa Branca e das autoridades políticas e monetárias das outras grandes potências. O mítico estandarte do poder invencível dos amos do sistema ainda flameja nas alturas, mesmo que esteja ficando esfiapado rapidamente, no ritmo das trovoadas globais.

Crédito, consumo e dívidas
Uma vez que a crise está circunscrita ao estouro da "bolha imobiliária" norte-americana e aos seus impactos colaterais nos Estados Unidos e no resto do mundo, a "solução" parece clara: estimular os consumidores e investidores, aumentar o gasto público e injetar liqüidez no mercado.

É isso que estão fazendo agora o governo Bush e a Reserva Federal: o presidente acabou de promover uma redução de impostos e um gasto público recorde para 2009 — que chega a mais de 3 trilhões de dólares — e que, portanto, vai gerar um déficit fiscal gigantesco; ou seja, que a dívida pública logo vai superar os 10 trilhões de dólares. É claro que Bush faz tudo isso sempre a partir da direita: as reduções fiscais beneficiam basicamente os ricos e a classe média alta, o aumento do gasto público vai privilegiar as Forças Armadas, que terão o maior orçamento de toda a história dos EUA: o gasto militar total dos Estados Unidos chegou, em 2008, a quase 1,2 trilhões de dólares (se somamos as verbas do Departamento de Defesa e as dos outros setores do Estado), segundo o projeto de orçamento enviado ao Parlamento por Bush, em 2009 essa cifra será muito mais alta. Por sua vez, a Reserva Federal reduz ainda mais a taxa de juros.

O que eles estão fazendo agora é uma espécie de repetição, em condições infinitamente mais graves, do que já fizeram em 2001. Eles não têm nenhum roteiro diferente. Só que naquela época a dívida pública norte-americana chegava a 5,7 trilhões de dólares e agora está muito próxima de 9,2 trilhões e se somarmos a isso o resto do endividamento dos setores públicos e privados chegaremos aos 50 trilhões de dólares (equivalente ao Produto Bruto Mundial). E ainda é preciso acrescentar a acumulação de déficit fiscais e comerciais e um volume de gastos militares totais que em 2009 poderia chegar a representar 10% do PIB norte-americano.

Em 2001 a situação era difícil, mas havia margens econômicas e políticas que permitiram que o Poder (mediante auto-atentado terrorista) saísse da recessão acelerando as tendências dominantes do sistema: hipertrofia especulativa, concentração de renda, consumismo (com forte queda da poupança pessoal), crescimento das dívidas públicas e privadas e keynesianismo militar. Todos esses aspectos foram ficando exarcebados ao extremo nos últimos sete anos, as aventuras coloniais na área euro-asiática terminaram num impasse (o aparato militar aparece agora como uma pesada máquina, tão sofisticada e cara quanto incompetente) enquanto o Estado e a população estão afogados em dívidas.

A recessão norte-americana é mais uma crise de dívida do que uma depressão causada pela retração do consumo; a primeira é o fundamento da segunda. A super dívida estatal chegou a um ponto tal que sua expansão entrou no círculo vicioso que entrelaça de modo perverso as emissões de título públicos e os dólares cada vez mais desvalorizados, a alternativa estaria em que o Estado reduzisse seus gastos e/ou aumentasse a arrecadação fiscal, o que poderia afundar a economia em uma recessão ainda mais profunda.

Por sua vez, a população de média e baixa renda tem sofrido as conseqüências do congelamento (e para um importante setor, até a queda) dos seus salários reais, a renda familiar média é, atualmente, menor que no ano 2000. Quando a "bolha imobiliária" começou a se formar, com uma avalanche de créditos baratos, ao mesmo tempo se estava restringindo a solvência a médio prazo de uma grande massa de devedores e a serpente neoliberal acabou mordendo o próprio rabo: em meados de 2006 o mercado imobiliário estava saturado, os preços de imóveis começaram a cair e, em 2007, explodiu a inadimplência. O que veio a seguir é bem conhecido.

Nos anos em que estava no auge, o tema do iminente esgotamento do crescimento da economia norte-americana, sobrecarregada por dívidas, foi abertamente ignorado ou negado por jornalistas, especialistas, grandes empresários e dirigentes políticos dessa superpotência. Os negócios iam bem e quem teria ousado, nesse período, dizer que os grandes lucros da época seriam a base de um próximo desastre? Os poucos que ousaram foram marginalizados e ridicularizados, apontados como catastrofistas, pessoas amargas ou amantes dos terremotos.

Mas se a direita pretende fazer mais da mesma coisa, os progressistas imperais não vão muito mais longe. Joseph Stiglitz, uma das vozes desse setor, acabou de propor uma variação “popular” do remédio, também orientada para a reabilitação do consumo aumentando o gasto público e, consequentemente, o déficit fiscal e a dívida. Segundo essa proposta, os beneficiários não seriam os militares e os ricos, mas os desempregados, os programas de desenvolvimento de infra-estrutura, do setor educacional, da saúde, de economia de energia e de redução da contaminação ambiental. A aspirina progressista (incompatível com o atual sistema de poder dos EUA) e a repetição conservadora não passam de pequenos band-aids impotentes diante de uma realidade desbordante.

Recessão e inflação
Agora que a recessão chegou ao centro da economia mundial, suas autoridades entram em pânico, percebem que suas ações são ineficazes ou, inclusive, contraproducentes. As medidas anti-recessão, como os cortes fiscais que estão em curso, as drásticas quedas nas taxas de juro ou o aumento do gasto público, certamente trarão mais déficit e dívidas e, caso cheguem a ter algum sucesso, mesmo que seja medíocre, trarão um aumento da inflação. Em ambos os casos, darão impulso à desvalorização internacional do dólar. A recessão e a inflação chegam juntas porque a crise financeira converge com a crise energética que faz subir o preço do petróleo, puxando para cima um amplo leque de matérias-primas. Os custos de produção aumentam não só quando a economia mundial cresce, fazendo aumentar a demanda por esses produtos, mas também quando ela fica parada, ou mesmo quando sofre quedas. Isso ocorre porque a extração de petróleo no mundo está chegando ao seu nível máximo e, logo atrás dela, as de outros recursos energéticos não renováveis, como o carvão e o urânio, que seguirão o mesmo caminho a mais longo prazo, mas bem antes de meados do século XXI. E, como já sabemos, a substituição do petróleo pelos biocombustíveis leva a um rápido encarecimento generalizado da produção agrícola, especialmente de alimentos.

Em síntese, as autoridades norte-americanas sabem que se tentarem reverter a recessão reanimando o mercado estarão dando fôlego à inflação e à queda do dólar, o que, cedo ou tarde, trará mais recessão; mas também sabem que se tentarem conter a inflação esfriando a economia, a recessão vai se aprofundar: um beco sem saída.

Alguns especialistas, por enquanto discretos, começam a alimentar ilusões com a possibilidade de uma paralisação prolongada mas ordenada, sem explosões sociais nem crises institucionais graves. O modelo para isto seria o Japão dos anos 1990, mas eles esquecem que se tratava de uma potência de segunda ordem que contou, nesse momento, com duas tábuas de salvação externas que ajudaram a suavizar a aterrissagem: em primeiro lugar, as "bolhas" de prosperidade do leste da Ásia, que deram fôlego ao Japão até a crise de 1997, e, principalmente, os Estados Unidos, seu principal cliente comercial, cujo mercado absorveu exportações e investimentos japoneses. Mas os Estados Unidos é um país grande demais, não existe uma tábua de salvação externa à sua medida. O resto do mundo vinha amortecendo seus desajustes fiscais e comerciais, acumulando montanhas de papeis dolarizados que a cada dia valem menos, mas essa capacidade está quase esgotada.

A ilusão do descolamento
Na última reunião de Davos houve muita discussão em torno do possível "descolamento" entre os Estados Unidos e as outras potências industriais que, deste modo, ficariam distanciadas do naufrágio do seu irmão maior.

Até hoje, a globalização era apresentada pela propaganda neoliberal como uma rede da qual ninguém podia escapar. Agora, sem maiores explicações, dizem o contrário: pelo visto, a rede global permite que uma ampla variedade de países fujam do desastre. Dirigentes e comunicadores de algumas economias desenvolvidas incluem seus países na lista de sobreviventes e inclusive em muitos países periféricos as mídias locais tentam tranqüilizar suas populações explicando que, graças ao nível das suas reservas (em dólares), à natureza das suas exportações, à sua localização geográfica ou a outra benção do destino, essa nação não será afetada pela recessão norte-americana (ou será muito pouco).

Mas acontece que — para desgraça dos neoliberais— os neoliberais tinham razão: as interdependências econômicas mundiais são tão densas que, como estamos comprovando todos os dias, não há maneira de "descolar" as sacudidas norte-americanas (bancárias, da bolsa, etc.) do funcionamento financeiro internacional. A "bolha imobiliária" norte-americana foi a vanguarda de uma variada série de outras bolhas parecidas em diversos lugares do planeta, países como Espanha, Inglaterra, Holanda, Austrália, Irlanda e Nova Zelândia fizeram parte ativa desta festa. Na Espanha, a bolha já começou a murchar: recentemente, Carlos March, cabeça de um dos grupos financeiros decisivos desse país, declarou que “a crise imobiliária (espanhola) vai durar muito tempo, pelo menos três anos". Por outro lado, numerosos bancos europeus e asiáticos estão sendo atingidos pela desvalorização de títulos norte-americanos atrelados a dívidas hipotecárias de alto risco, que compraram por atacado em pleno auge especulativo. A recessão norte-americana já afeta o Japão, intimamente associado à superpotência nos níveis comercial, financeiro, político-militar, etc. O Japão e os EUA compram o grosso das exportações industriais da China e são a coluna vertebral da sua prosperidade econômica, a qual, por outro lado, acumula mais de 1,4 trilhões de dólares e papéis dolarizados em suas reservas e também tem suas próprias bolhas (da bolsa, imobiliária, etc.).

Muito mais fortes são as inter-relações entre a União Européia e os Estados Unidos... o que não impediu o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, de declarar (no início de fevereiro de 2008 e sem mexer um só músculo da cara) que “na Europa não há risco de recessão, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos”.

* Economista argentino, professor na Universidade de Buenos Aires. É autor, entre outros livros, de "Capitalismo senil, a grande crise da economia global".
Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

OS ATENTADOS DE EL PAÍS

Cronopiando – Por Koldo Campos Sagaseta

Leio em El País[1] que "Um atentado mata em Damasco um alto dirigente de Hezbolá…" e me pergunto se será um erro do redator que ninguém corrigiu ou se para El País determinados atentados não precisam de sujeito. Ou o que dá na mesma, um terrorista que atente. Porque da leitura da manchete e a notícia o que se desprende é que são os próprios atentados os que atentam.

Persisto, mesmo assim, na leitura da manchete e por fim encontro o que procurava, "…e um dos terroristas mais procurados pelos EUA" esse sujeito que explicara o atentado, esse terrorista que o levara à prática, só que, neste caso, o único terrorista a quem El País faz referencia em sua manchete, é a vítima do atentado. De forma que, poderia inferir-se, um atentado mata um terrorista.

A notícia, bastante extensa graças aos generosos aportes dos arquivos israelenses e estadunidenses, mencionava em 5 ocasiões a palavra terrorista, além da que aparecia na manchete, mas sempre para definir a vítima do "atentado". Se era um dos terroristas mais procurados pelos Estados Unidos, também era um dos terroristas mais perigosos para Israel. Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, McCormack, "era um assassino a sangue frio, um assassino de massas e um terrorista responsável da perda de incontáveis vidas inocentes". Israel, por sua parte, declarava não ter nada a ver com o "atentado" e acusava a "grupos terroristas" de difamar seu bom nome. A quinta oportunidade em que o jornal aludia ao termo terrorista era para falar do grupo terrorista que tinha dirigido a vítima do atentado.

Qualquer leitor poderia coincidir, após conhecer a novelesca biografia da vítima do atentado oferecida pelo jornal, com a sentença que oferecia o Departamento de Estado dos Estados Unidos de que "o mundo é um lugar melhor sem ele", ponto de vista que já expressaram em outras ocasiões que, deveriam considerá-lo, tem o mesmo peso e razão que o expressado pelos que decidiram que o mundo era um lugar melhor sem torres gêmeas.

Imad Mughniyah morreu quando explodiu um carro bomba no interior de um estacionamento em una zona residencial da capital síria, mas obviamente neste caso o carro bomba não era terrorista, também não era a ação, nem seus autores, nem os que os que assinalam os objetivos ou os justificam nos meios de comunicação, nem seus acobertados, nem os que estão no umbral ou se mexem no entorno.

O único terrorista era a vítima do atentado.

Sorte que amanhã, os editoriais bempensantes voltarão a condenar a violência, na espera que outro atentado cobre vida própria, se torne sujeito e predicado, e decida atentar por atentar.

[1] El País: jornal espanhol.

Versão em português: Tali Feld Gleiser de América Latina Palavra Viva.