segunda-feira, 3 de março de 2008

Vendaval

Fernando Pessoa


Ó vento do norte, tão fundo e tão frio,

Não achas, soprando por tanta solidão,

Deserto, penhasco, coval mais vazio

Que o meu coração!


Indômita praia, que a raiva do oceano

Faz louco lugar, caverna sem fim,

Não são tão deixados do alegre e do humano

Como a alma que há em mim!


Mas dura planície, praia atra em fereza,

Só têm a tristeza que a gente lhes vê

E nisto que em mim é vácuo e tristeza

É o visto o que vê.


Ah, mágoa de ter consciência da vida!

Tu, vento do norte, teimoso, iracundo,

Que rasgas os robles - teu pulso divida

Minh'alma do mundo!


Ah, se, como levas as folhas e a areia,

A alma que tenho pudesses levar -

Fosse pr'onde fosse, pra longe da idéia

De eu ter que pensar!


Abismo da noite, da chuva, do vento,

Mar torvo do caos que parece volver -

Porque é que não entras no meu pensamento

Para ele morrer?


Horror de ser sempre com vida a consciência!

Horror de sentir a alma sempre a pensar!

Arranca-me, é vento; do chão da existência,

De ser um lugar!


E, pela alta noite que fazes mais'scura,

Pelo caos furioso que crias no mundo,

Dissolve em areia esta minha amargura,

Meu tédio profundo.


E contra as vidraças dos que há que têm lares,

Telhados daqueles que têm razão,

Atira, já pária desfeito dos ares,

O meu coração!


Meu coração triste, meu coração ermo,

Tornado a substância dispersa e negada

Do vento sem forma, da noite sem termo,

Do abismo e do nada!



Milton Nascimento - Acústico Na Suiça (Áudio do DVD 1981)




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domingo, 2 de março de 2008

Gualberto - Vericuetos - 1976



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  1. Luz de invierno 4:09
  2. Continuando el dialogo 6:48
  3. Corre vuela que te pillo 4:51
  4. Noche de Rota 5:40
  5. La mañana siguiente 9:04

Duração total: 29:52

  • Gualberto: Shitar , guitarras
  • Arthur Wolh : violin
  • Antonio Diaz : bajo
  • Marcos Mantero : teclados
  • Tico Balanza : bateria

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Última entrevista de Raul Reyes: o que pensam as Farc


"As últimas libertações são a mais contundente manifestação da vontade de intercâmbio das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)", disse Raúl Reyes nesta quinta-feira (28), aos jornalistas Anibal Garzón e Ingrid Storgen, do site Kaos en la Red. Foi a última entrevista do dirigente guerrilheiro, morto na madrugada deste sábado (1º) numa ação conjunta do exército e polícia. Veja o que pensava Reyes.


Reyes: Colombia 'não será a exceção' na AL

Kaos en la Red: Quando se pôs em marcha a famosa "Operação Emanuel" (de libertação de prisioneiros das Farc), teve de ser adiada por causa de operações militares do Estado no lugar onde ocorreriam as libertações (departamento de Meta). Qual os objetivos, para as Farc, da tática de Uribe (Álvaro Uribe, presidente da Colômbia), de realizar essas atividades no mesmo lugar da Operação?


Raúl Reyes: Por trás da tática militarista de Uribe, de impedir a libertação dos prisioneiros, sãos e salvos, está a completa recusa desse governo ao intercâmbio e às saídas negociadas. Não lhe importa por em grave risco a vida dos prisioneiros. Afinal, são mais de cinco anos sem que esse governo se interesse em facilitar a libertação dessa gente, produto da assinatura de um acordo humanitário. Isso requer a desmilitarização dos municípios de Pradera e Florida, garantia negada pelo presidente Uribe, e sem a qual as Farc não aceitam entrevistas com funcionários governamentais em lugar algum.

Kaos: Que mudanças haveria para as Farc, e para o contexto colombiano em geral, caso se efetivasse a proposta de Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela), de outorgar-lhe o status de ator beligerante?


Reyes: O reconhecimento de beligerância, proposto pelo presidente Hugo Chávez, expressa conhecimento cabal do conflito interno colombiano. Uma solução definidora requer saídas políticas, o reconhecimento da existência de dois exércitos, confrontados por interesses políticos, sociais e econômicos muito distintos. O exército oficial, apoiado pelo paramilitarismo de Estado, e do outro lado o exército formado pelas guerrilhas revolucionárias das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN).


A troca ou intercâmbio de prisioneiros se dará entre o govdrno e as Farc. Uma das travas colocadas pelo próprio governo colombiano para firmar acordos com a insurgência revolucionária é negar sua existência histórica na vida política da Colômbia. Ele se obnstina em fechar os olhos para uma realidade, que o presidente Chávez, sim, observa com critério bolivariano, com seu generoso empenho em levar a paz aos colombianos. Em lugar nenhum do mundo é possível lograr a reconciliação e a paz entre contendentes sem se reconhecer a existência do adversário político.

Kaos: Qual sua opinião sobre o movimento de 4 de fevereiro contra as Farc, nacional e com ações internacionais? Que comparação se pode fazer com a resposta anunciada para 6 de março pelo Movimento das Vítimas de Crimes de Estado?


Reyes: A marcha do passado dia 4 foi organizada, promovida e financiada pelo governo de Álvaro Uribe. Contou com a ajuda dos meios de comunicação. Os paramilitares chamaram à participação nela. Os funcionários públicos do estado foram forçados a se empenhar nela.As embaixadas e os consulados receberam instruções da chancelaria para que fossem às marchas e solicitassem aos amigos seu apoio em cada país. É a marcha do governo da parapolítica, contra o intercâmbio de prisioneiros e a busca da paz. Com o propósito de gerar ambiente nacional e internacional para promover a segunda reeleição de Álvaro Uribe.


Kaos: Diz-se que as Farc vão libertar mais três ou quatro prisioneiros políticos. Que meta se busca com isso, em nível nacional e internacional? Existirá alguma resposta de Uribe?


Reyes: A libertação dos ex-congressistas uis Eladio Pérez, Gloria Polanco, Orlando Beltrán e Jorge Eduardo Gechen Turbay, e antes de Consuelo González e de Clara Rojas, é um resultado da persistência humanitária e da sincera preocupação pela paz na Colômbia por parte do presidente Hugio Chávez e da senadora Piedad Córdoba. Também é a mais contundente manifestação da vontade de intercâmbio das Farc – o que requer a desmilitarização de Pradera e Florida por 45 dias, com presença guerrilheira e da comunidade internacional como fiadores, para pactuar com esse governo, naquele espaço, a libertação dos guerrilheiros e dos prisioneiros de guerra em poder das Farc.


Kaos:A queda da União Soviética afetou negativamente o comunismo internacional. As Farc acreditam que a retirada de Fidel da presidência do governo cubano afetará o socialismo cubano e consequentemente o auge dos movimentos sociais latino-americanos e os governos de esquerda?


Reyes: Sim, inesperada queda da URSS afetou negativamente boa parte dos partidos comunistas e sobretudo a construção socialista em países da Europa teve um sério e longo retrocesso. A derrubada do socialismo russo mostrou sem lugar para dúvidas grandes falências ideológicas, políticas e estruturais nesse modelo. Se debilitou os partidos, ao mesmo tempo produziu no interior deles a depuração dos elementos farsantes e traidores, que regressaram ao sistema capitalista sem vergonha alguma. Os partidos e seus militantes de convicções sólidas se mantiveram fiéis ao acervo dos clássicos do marxismo-leninismo. Sem se deixarem confundir pela tempestade capitalista proclamando o fim do socialismo, Cuba se manteve, conduzida por seu partido e pelo comandante em chefe dessa revolução triunfante, As Farc, representadas pelo comandante Jacobo Arenas (morto em 1990), condenaram com contundência a traição cozinhada na Rússia por Gorbatchev depois da farsa da Perestroika e da Glasnost. Dissemos naquela época: nem a fome, nem a pobresa, nem a miséria desapareceram da vida dos pobres com a queda do Muro de Berlim e do socialismo; por isso a luta pela libertação dos povos e a construção socialista conserva plena atualidade...


Tal como naqueles tempos, ratificamos uma vez mais que a opção da humanidade é o socialismo.


O comandante Fidel Castro continua a iluminar com luz própria e experimentada a construção do socialismo. O partido, seu povo e o novo chefe de Estado e de governo de Cuba avançam sem descanso pelo caminho traçado por Fidel e seus companheiros de heróica luta.


Kaos: Há alguns anos começaram diversos enfrentamentos entre o ELN e as Farc, em departamentos como Arauca, Nariño, Valle del Cauca e Cauca. Como foi isso? Que repercussão teve no conflito contra o Estado uribista? Que solução as Farc enxergam?


Reyes: Na verdade nada justifica os enfrentamentos armados entre o ELN e as Farc, pois se trata de organizações revolucionárias comprometidas com a criação das premissas da luta pela conquista do poder político para dar início à construção de uma sociedade livre de exploradores e explorados.


Explicar os fatores históricos da contraposição entre as duas forças é sumamente complicado neste espaço, e de maneira alguma considero presente descarregar toda a responsabilidade sobre uma das partes. Ao meu ver, existe culpa de parte a parte, assim como na busca de soluções não se encontra menor ou maior responsabilidade no ELN ou nas Farc. O mais importante, agora, é parar a confrontação entre revolucionários, assumindo nos dois lados o compromisso com a localização dos elementos infiltrados do inimigo que alimentam a discórdia, o desrespeito a combatentes de massas, além de propagar boatos para estimular hostilidades, ou cria-las onde não existem. Estamos em vias de um encontro das duas direções, que ponha fim a essa situação e fortaleça a unidade de ação, para consolidar a luta contra o imperialismo e a oligarquia, pela nova Colômbia, a Pátria Grande e o socialismo.

Kaos:Em 1987 criou-se a Coordenadora Guerrilheira Simón Bolívar, uma coalizão de grupos insurgentes (ELN, Farc M-19, EPL, Frente Quintín Lame, MIR, PRT). Hoje seria positivo, e possível, recriar a Coordenadora para unir o projeto revolucionário contra o governo de Uribe?


Reyes: A unidade da esquerda revolucionária, onde estão as guerrilhas do EPL, ELN e das Farc, é uma necessidade de ordem estratégica. O nome da Coordenadora Guerrilheira Simón Bolívar se situa justamente dentro desta convicção bolivariana. No entanto, o mais importante é superar a forma fatal de superar diferenças.


Kaos: As Farc foram fundadas como audodefesa dos camponeses e mais tarde seu objetivo foi a conquista do poder estatal para fazer a revolução socialista. Atualmente a tática-estratégia parlamentar tem sido a mais utilizada pela esquerda latino-americana, desde a vitória de Hugo Chávez em 1998. As Farc continuam a defender a possibilidade de chegar ao poder através da luta armada, ataque? Ou só usam essa tática como defesa contra a repressão, com possibilidade de futuras reformas esquerdistas em um governo mais social-democrata?


Reyes: As Farc são uma organização político-militar que aplica a combinação de todas as formas de luta revolucionária pela conquista do poder. Coerentes com esta declaração de princípio, não subestimam a via eleitoral, através de uma grande coalizão de forças antiimperialistas, bolivarianas, progressistas, revolucionárias, com um programa de governo que garanta a suoperação da crise, comprometa-se com o intercâmbio de prisioneiros e com saídas políticas para o conflito interno dos colombianos. Esta idéia está explícita em nossa Plataforma Bolivariana e no manifesto assinado por nosso Secretariado, por um novo governo que assegure a paz com democracia e justiça social.

Kaos: Nos anos 80, depois das negociações de paz com Belisario Betancourt, foi fundada a União Patriótica, como referência da esquerda e de uma possível negociação de paz. Com a elevada repressão, os milhares de assassinatos nas filas da UP, as Farc repensam a possibilidade dessa estratégia como caminho da paz?


Reyes: O genocídio contra a União patriótica e uma parte considerável do Partido Comunista Colombiano, a cargo do terrorismo de Estado, demonstrou ao mundo a intolerância criminosa da classe governante de meu país, que incita os revolucionários a engrossar as filas guerrilheiras, para salvar suas vidas e manter a luta política de armas na mão. A UP foi liquidada, a tiros, pelos inimigos da saída política. Fato que obriga a privilegiar o trabalho clandestino, como o Partido Comunista Clandestino e o Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia, cuja militância, para sobreviver e crescer, se mantém clandestina.


Kaos: Como as Farc enxergam a situação na América Latina a partir da onda de governos progressistas, junto com outros diretamente revolucionários?


Reyes: Observa-se na América Latina uma virada positiva à esquerda revolucionária, com a liderança de governos antmperialistas, progressistas, independentes, bolivarianos, a caminho do socialismo, com o compromisso de cumprir o mandato do Libertador, de proporcionar aos seus povos a maior soma de felicidade possível. A Colômbia não será a exceção. Como bolivarianos, em meio à confrontação com o governo da ultradireita fascista e paramilitar, vamos pelo mesmo caminho, nada nem ninguém nos impede.


Kaos: Qual o papel da solidariedade antiimperialista como muro de contenção?


Reyes: O caminho está no fortalecimento da luta antiimperialista, progressista, e da esquerda revolucionária com o propósito de unir esforços, aprender com a experiência de cada lugar, cerrar fileiras contra os sinistros planos dos impérios e das oligarquias nativas empenhadas em se perpetuar no poder às custas da destruição das organizações e projetos políticos contrários a suas políticas de exploração, espoliação, enriquecimento ilícito, narcotráfico, corrupção, opressão, pobreza e miséria jogadas sobre os povos do continente. Impõe-se incrementar o internacionalismo, como expressão da solidariedade de classe.


Nota: As perguntas foram formuladas antes da libertação dos quatro ex-congressistas, mas respondidas depois dela.

Créditos:vermelho
Fonte: www.rebelion.org





sábado, 1 de março de 2008

A REAÇÃO DO DEM AOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA

Artigo de Maria Inês Nassif, publicado hoje no jornal Valor Econômico e reproduzido no blog do Nassif, trata da tentativa da oposição ao governo Lula proibir a implantação do programa Territórios da Cidadania, destinado a combater a pobreza no meio rural:

"O efeito Bolsa Família, que foi tão desprezado até o início do processo eleitoral de 2006, é hoje um risco para os políticos tradicionais. A oposição não pode falar contra o programa de transferência de renda - isso é evidentemente impopular -, mas cristalizou uma clara aversão a programas sociais mais amplos, em especial os saídos da lavra deste governo. Não é de se estranhar a reação pronta do ex-PFL, hoje DEM, que promete sustar o programa Territórios da Cidadania na Justiça, por ter sido lançado em ano eleitoral - o que o tornaria ilegal.

O programa anunciado por Lula pode até surtir efeitos eleitorais, mas a sua única novidade - e boa novidade, aliás - é a ação integrada de programas já existentes, em bolsões de pobreza localizados na área rural. O que o governo anunciou, na verdade, foi um conceito de gerência de programas sociais que já se antevia no Bolsa Família, que agregou na sua origem vários programas dispersos, e nas ações do Ministério do Desenvolvimento Social, que articula ações de vários ministérios.

No caso do Territórios da Cidadania, a coordenação é do Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas até o Ministério da Cultura está envolvido. E tem uma lógica que não é simplesmente eleitoral: é voltado para as populações agrárias porque elas são as que vivem nas regiões de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do país". Clique AQUI para ler mais.



Escrito por Marco Weissheimer

REPOSTANDO...

O Principe das Marés - 1991 (The Prince Of Tides)


Créditos:Fórum - mordredRJ



Formato: rmvb/DVDRip
Áudio: Inglês
Legendas: Português/BR
Duração: 2:12
Tamanhos: 569 Mb
Dividido em 6 Partes
Servidor: Rapidshare


Sinopse:

Tom Wingo (Nick Nolte) é um treinador de futebol americano desempregado da Carolina do Sul, que vai a Nova York apoiar a irmã, uma poetisa, que tentou o suicídio. Lá ele se envolve com Susan Lowenstein (Barbra Streisand), a psiquiatra que cuida da irmã, mas seu casamento em crise e seus filhos, além de um terrível segredo de família, perturbam sua mente.






Elenco


Barbra Streisand (Susan Lowestein)
Nick Nolte (Tom Wingo)
Blythe Danner (Sallie Wingo)
Kate Nelligan (Lila Wingo Newburry)
Jeroen Krabbé (Herbert Woodruff)
Melinda Dillon (Savannah Wingo)
George Carlin (Eddie Detreville)
Jason Gould (Bernard Woodruff)
Brad Sullivan (Henry Wingo)
Maggie Collier (Lucy Wingo)
Lindsay Wray (Jennifer Wingo)
Brandlyn Whitaker (Chandler Wingo)

Direção: Barbra Streisand

Curiosidades:

- Recebeu 7 indicações ao Oscar, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Nick Nolte), Melhor Atriz Coadjuvante (Kate Nelligan), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora.

- Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator - Drama (Nick Nolte), sendo ainda indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Diretor.

- Na versão em laserdisc de O Príncipe das Marés há uma sequência nos créditos finais em que Barbra Streisand canta a música "Places that Belong to You".

LINK´S:
http://rapidshare.com/files/75437476/Mordred-RJ_O_PRINCIPE_DAS_MARES.part1.rar
http://rapidshare.com/files/75515698/Mordred-RJ_O_PRINCIPE_DAS_MARES.part2.rar
http://rapidshare.com/files/75544864/Mordred-RJ_O_PRINCIPE_DAS_MARES.part3.rar
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Exército colombiano invade Equador para matar porta-voz das Farc


O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou à imprensa neste sábado (1º) que uma ação conjunta do exército e da polícia matou o porta-voz das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes. Tido como o número dois da guerrilha, Reyes teria sido morto na localidade de Granada, em território do Equador. Foi "o golpe mais duro nas Farc em toda a sua história", exultou.


Reyes, durante as conversações de paz de 1998

O ministro admitiu que o guerrilheiro foi morto dentro do território equatoriano, a 1.800 metros da fronteira com a Colômbia. Alegou que o ataque partiu do território colombiano, mas disse que pós o ataque militares colombianos entraram no país vizinho para recolher os corpos, garantir a segurança da área e neutralizar o inimigo.
Bombardeio


Santos disse ainda que o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, informou a respeito o governante equatoriano, Rafael Correa. No entanto, não deixou claro se isso aconteceu antes ou depois da violação da fronteira.


O episódio não foi confirmado por fontes ligadas às Farc. O governo do Equador tampouco se pronunciou.


Sempre conforme a coletiva de imprensa do ministro colombiano, o exército foi informado, "por fontes humanas e de inteligência", de que na noite de sexta-feira Reyes estaria no lugarejo, ao sul do Rio Putumayo. Santos precisou que a força aérea colombiana bombardeou o locar a partir de seu território, sem violar o espaço aéreo colombiano.


Tombaram em combate 17 guerrilheiros, segundo Juan Manuel Santos. Ao lado de Reyes, foi morto também Julián Conrado, considerado pelo governo colombiano como um dos ideólogos das Farc.


Na contra-mão do acordo


A operação de contraguerrilha anunciada pelo ministro contrasta com as recentes libertações de prisioneiros por parte da maior organização insurgente colombiana. Nesta sexta-feira, a guerrilha libertou uma segunda leva de quatro prisioneiros, em um gesto de boa-vontade que pretende forçar um "intercâmbio humanitário" de cativos com o governo.


Os atos de libertação de prisioneiros foram intermediados pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e pela senadora oposicionista colombiana Piedad Cordoba, e aceitos a contragosto pelo governo de Bogotá. O anúncio da morte do dirigente guerrilheiro busca recolocar o tema da guerrilha ali onde sempre deveria ter estado do ponto-de-vista do presidente Alvaro Uribe: uma questão militar.


Origem no sindicalismo


Raúl Reyes, nome de guerra de Luis Edgar Devia Silva, nasceu em 30 de setembro de 1948 na pequena cidade de La Plata. Iniciou sua militância como sindicalista, quando trabalhava numa fábrica da empresa Nestlé, da capital suíço.


Ele ingressou nas fileiras das Farc há mais de 30 anos, e é considerado o segundo homem da força guerrilheira, depois de Manuel Marulanda, o Tirofijo, legendário fundador e comandante das Farc. Durante as conversações de 1998-2002, quando o antecessor de Uribe aceitou a busca de uma paz negociada, Reyes foi o principal interlocutor por parte das Farc. Na mesma época ele participou de um giro por vários países europeus; e esteve no único encontro das Farc com autoridades dos Estados Unidos, na Costa Rica, em 1997.


O governo Uribe oferecia uma recompensa de US$ 2,7 milhões pela captura ou morte de Reyes. O Departamento de Estado dos EUA, que incluiu as Farc em sua lista de "organizações terroristas", oferecia US$ 5 milhões.


www.vermelho.org.br


Gordura do bem


Alguns tipos de gordura, como ômega-3 e ômega-6, ajudam a fortalecer o sistema imunológico, a manter uma pele saudável, e podem fazer parte
de uma dieta equilibrada


Por Soraia Nigro




Saudável

Consumo freqüente de alguns peixes diminui o risco de doenças degenerativas

Aprende-se cedo que gordura não faz bem à saúde e deve ser deixada de lado, por exemplo, quando se saboreiam picanha, frango assado, ou salgadinhos. Pouca gente sabe, porém, que nem todos os tipos de gordura fazem mal. Ao contrário, os ácidos graxos, ômega-3 e ômega-6, são um tipo de gordura que o organismo não consegue sintetizar e sem o qual não funciona adequadamente. Por essa razão são considerados essenciais por médicos e devem ser incluídos numa dieta alimentar saudável.

A maioria dos alimentos possui mais de um tipo de gordura. Alguns, como nozes, têm ótima combinação de ômega-6 e ômega-3. O ômega-6 também pode ser encontrado em óleos vegetais e em algumas sementes, como a de girassol e a soja. Mas há os alimentos que contêm combinação de gordura prejudicial à saúde, transaturada e saturada, como a batata frita e as carnes gordas, que devem ser evitadas.

O ômega-3 está presente em peixes marinhos, como salmão, bacalhau, sardinha, truta, e em menores concentrações na castanha e no óleo de canola. Seu consumo freqüente diminui o risco de doenças degenerativas e retarda o envelhecimento, entre inúmeros outros benefícios.

De acordo com Paulo Olzon Monteiro, chefe da disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), as pessoas que mantêm alimentação balanceada e consumo regular de peixes costumam ter menos doenças reumatológicas, cardíacas e degenerativas, como Parkinson, Alzheimer e câncer. “Os orientais, que por tradição consomem peixe in natura, são o povo com maior longevidade no mundo, e em geral envelhecem com qualidade de vida”, exemplifica. A ingestão de ômega-3 ideal é de uma porção para cada cinco, no máximo, de ômega-6. A maioria da população consome uma porção de ômega-3 para cada 20 de ômega-6.

Para se ter um parâmetro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo total de gordura seja entre 20% e 30% do total de calorias ingeridas. Assim, se um indivíduo ingere 2 mil quilocalorias por dia, 600 devem ser provenientes de gordura. O ômega-3 médio diário deve estar contido em cerca de 3% (18 kcal, ou 2 gramas).

O médico Paulo Giorelli, integrante da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), lembra que o ômega-3 auxilia ainda na diminuição dos níveis de triglicérides e colesterol total, melhora a circulação sanguínea e aumenta a imunidade. “Além disso, esse ácido graxo é um importante mediador de alergias e processos inflamatórios e deve ser ingerido também por pessoas que se exercitam regularmente, já que aumenta a disposição”, diz o nutrólogo. Ele recomenda o consumo de ômega-3 duas vezes por semana como parte de uma dieta equilibrada, pois se ingerido em excesso pode ser prejudicial à saúde, retardando a coagulação sanguínea.

Faro fino

Gorduras monoinsaturadas Presentes em azeite de oliva, abacate, amendoim. Abaixa o LDL e o colesterol total. Deve corresponder à maior parte de gorduras ingeridas.

Gorduras saturadas Carnes gordas, laticínios e coco. Alguns tipos podem levar ao entupimento das artérias. Limite-as a menos de 10% de sua ingestão de calorias.

Transaturadas Batata frita, margarina e biscoitos amanteigados. Aumenta o colesterol e o risco de doença cardíaca.

Ômega-3 Presente em peixes como atum, anchova, carpa, arenque, salmão, sardinha, bacalhau, entre outros, frutos do mar, óleos vegetais e nozes. Abaixa o nível de triglicérides e do colesterol total. Mas seu consumo exagerado pode retardar a coagulação sanguínea.

Ômega-6 Presente em sementes oleaginosas, óleo de milho, girassol, soja e nozes. Reduz o LDL e o colesterol total, mas se o consumo for alto demais pode baixar o benéfico colesterol HDL. Limite a 10% do total de sua ingestão de calorias.

População decidirá sobre Constituição Boliviana

Adital


O presidente boliviano Evo Morales sancionou na manhã de hoje (29) as três leis enviadas pelo Congresso Nacional, que colocam nas mãos do povo o texto da Constituição Política do Estado (CPE). Dois referendos serão realizados, no dia 4 de maio, para ratificar a Constituição e definir o limite de terra de uma propriedade privada.

A primeira Lei modifica o artigo quarto da Lei No. 2728. Com essa modificação, poderão ser realizados dois referendos simultaneamente. A segunda lei é a convocação dos dois referendos e a terceira proíbe os departamentos de realizarem consultas populares.

Na primeira consulta, a população deve responder Sim ou Não para a pergunta se aprova a nova Constituição. Enquanto que a segunda consulta tem duas opções. Na opção A, se proíbe o latifúndio, a dupla titulação e determina que a propriedade privada não pode ter mais de dez mil hectares. A opção B diferencia da A no tamanho da propriedade: no máximo cinco mil hectares.

O resultado dos dois referendos tem caráter vinculante, com um prazo de no máximo 60 dias - a partir da data de publicação - para ser posto em prática. Desde hoje, a Corte Nacional Eleitoral (CNE) boliviana poderá dar início à organização dos processos de consulta.

Assim, o texto da lei determina que "o resultado do referendo dirimente será incorporado imediatamente ao texto da Nova Constituição, sempre e quando a nova Constituição tiver sido aprovada no referendo por maioria de votos respeitando a decisão do povo soberano".

Os movimentos sociais, que desde a última quarta-feira estavam em vigília em frente ao Parlamento, comemoraram a aprovação das leis por dois terços dos votos dos congressistas presentes.

Por que eu considero "Tropa de Elite" um filme fascista?

.André Lux

André Lux - TudoEmCima

O meu amigo blogueiro Miguel do Rosário tem feito uma defesa ferrenha do filme “Tropa de Elite”, o qual ele não considera fascista, em seu blog Óleo do Diabo. Não quero aqui ficar pinçando trechos do texto dele e os contrapondo, pois acho isso enfadonho e meio injusto com o autor, pois tira suas idéias de contexto.

Vou, de maneira pontual e final, dizer porque eu acho o filme fascista. Até porque não quero mais falar desse filme canhestro que nem merece tantos holofotes assim.

1) A intenção do diretor era fazer um filme fascista? Pra mim ficou claro que não. O Padilha tentou sim fazer um filme que “mostra a realidade” da violência urbana no Brasil – especificamente nas favelas cariocas, e provocar polêmica no bom sentido.

2) Ele teve sucesso nisso? Em parte. Do ponto de vista de “mostrar a realidade”, ele consegue mostrar apenas uma parte dela. E é aí que os problemas começam.

3) Onde ele acertou? Primeiro, ao mostrar a corrupção e a desordem na polícia militar, bem como a parceria de seus membros com o tráfico e com esquemas ilícitos. Segundo, ao mostrar o envolvimento de políticos nos esquemas. Ponto para Padilha e sua equipe.

4) Os erros. Agora é que são elas. De boas intenções o inferno está cheio:

- “Tropa de Elite” escorrega feio em sua pretensão de “mostrar a realidade” ao pintar o BOPE como incorruptível e super-eficiente. Não é. Existem provas contundentes disso. Uma dessas provas está no próprio filme: os oficiais do BOPE são coniventes com a corrupção da PM, então no mínimo são omissos e corruptos por tabela. Mas o roteiro não chega nem perto de tocar nesse ponto e insiste em dar voz apenas aos discursos moralistas e incoerentes dos policiais, sem nunca questioná-los.

- O BOPE é mostrado torturando e executando pessoas de maneira criminosa. Igualzinho acontece na realidade. O problema é que todas as pessoas torturadas e mortas no filme são bandidos ou amigos e familiares dos bandidos. Só que na vida real, pessoas inocentes são mortas e torturadas pelo BOPE. Onde está isso no filme? Em lugar algum. Em “Tropa de Elite”, o BOPE é tão eficiente e “bonzinho” como o Rambo que, entre uma crise existencial e outra, também só mata bandidos e vilões, nunca inocentes. E quem optou por mostrar as coisas dessa forma distorcida e absolutamente parcial? Os críticos? A platéia? Não, os realizadores do filme. Portanto, não há desculpas.

- Estudantes de classe média usam drogas e acabam ajudando a sustentar o tráfico. Correto. Essa é uma questão importante no debate do combate à violência que ninguém tem coragem de tocar. “Tropa de Elite” ensaia colocar o dedo nessa ferida, mas logo depois mete os pés pelas mãos.

Primeiro, porque não são todos os estudantes que usam drogas. Muito menos todo estudante é esquerdista ou liberal. Em qualquer sala de aula também existem jovens que rezam pela cartilha da direita, que são fascistas, ou que ao menos são favoráveis ao “prendo e arrebento”. Onde estão eles no filme? Em lugar nenhum. Na classe do Matias (o policial negro), todos adotam uma postura “esquerdista” ou liberal na cena do debate, o que é absolutamente ridículo.

Ou seja, assim como o BOPE só mata e tortura bandidos no filme, os estudantes de classe média são todos retratados como liberais hipócritas que usam drogas ilícitas ao mesmo tempo que protestam contra a brutalidade da polícia em passeatas idiotas. Chamar isso de maniqueísmo chega a ser uma ofensa ao Maquiavel... Ao optar por essa aproximação simplista, o cineasta inutiliza automaticamente sua proposta de “mostrar a realidade” do ponto de vista da classe média como parte do problema.

- Muitos dizem que o capitão Nascimento é “humanizado” no filme, pelo fato de narrar a trama e por sofrer de ataques de pânico, portanto não pode ser considerado fascista. Esse argumento é o mais fraco.

Primeiro, porque o Nascimento que narra é um e o que atua é outro. Enquanto ouvimos o personagem descrevendo as situações com ar de deboche, arrogância e onisciência (revelando inclusive fatos que não tinha como saber), o vemos agindo como um descontrolado inseguro, à beira de um ataque de nervos.

Ou seja, enquanto age como o protagonista de, na falta de um exemplo melhor, “Um Corpo Que Cai” (que tinha fobia de altura e cometia erros), ele narra o filme como se fosse o Rambo, fodão e infalível, porém injustiçado e incompreendido. No final das contas, o que prevalece é a narração, até porque é ela que se destaca mais no nível da consciência por ser dirigida diretamente ao espectador. Não há, portanto, humanização nenhuma do personagem. Pelo contrário. A narração tosca anula a suposta “humanidade” das ações e, mais grave, induz o espectador a "torcer" por ele.

- Matias, o policial que no final substitui Nascimento, é o verdadeiro protagonista do filme. É nele que está contido o arco moral do roteiro. É só perceber: Matias começa o filme de uma maneira e termina de outra, que é totalmente contrária à inicial. Seria dele também a narração do filme. É bem provável que assim ficaríamos sabendo mais sobre esse personagem e sobre a confusão mental que o levou a uma mudança tão radical de comportamento e filosofia de vida.

Mas, como o diretor resolveu mudar, na última hora, a narração para o Nascimento (certamente por questões mercadológicas), Matias virou um mero coadjuvante, sem qualquer profundidade ou nuance.

Sua transformação de idealista em torturador acontece de maneira brusca e forçada, apenas porque teve um amigo morto pelos bandidos. Explicação rasa e pobre, idêntica a de qualquer Rambo da vida: “Quero viver em paz, mas vou voltar para a guerra para vingar o meu amigo, que foi maltratado pelos vilões”.

Ao optar por todas essas simplificações extremas e por uma estética de filme de ação palpitante (especialmente na terceira parte), “Tropa de Elite” vai contra sua proposta inicial e, infelizmente, se iguala a qualquer filme do tipo “vingança e retaliação”, como “Gladiador” ou os já citados “Rambos”, onde os feitos questionáveis dos personagens acabam sendo justificados em nome de um “bem maior” – no caso, vingar a morte covarde do amigo policial.

E perceber isso não tem nada a ver com ser de esquerda ou de direita. Até porque não é todo direitista que é fascista ou violento, da mesma forma que nem todo esquerdista é comunista ou pacifista. Existem nuances nesse meio e é isso que torna o debate rico e profundo. E é justamente essa falta de nuances e de profundidade que transforma “Tropa de Elite” em produto fascista – no sentido de endossar, mesmo que sem querer, o uso da brutatlidade e do desrespeito às leis como única forma de combater o tráfico de drogas e suas conseqüências.

Enfim, um filme cheio de boas intenções que se perdem na falta de consciência, sensibilidade ou talento de seus realizadores.