domingo, 16 de março de 2008

LEIA ISSO E NÃO SEJA PEGO DE SURPRESA PELO TOURO MALVADO DE WALL STREET

Luiz Carlos Azenha

SÃO PAULO - Meus leitores habituais sabem de minhas repetidas confissões de ignorância, principalmente quando se trata de economia. Quando segui o conselho de uma amiga, jornalista especializada, que previa dólar a três reais quando éramos colegas de redação, no início de 2006, tomei um tombo. Não duvido da capacidade de minha ex-colega.

Tucana de alto coturno, deixou que seu aparato avaliador fosse contaminado pela paixão política. Acho que ela acreditava no noticiário catastrófico da própria emissora, num período em que um editor do Jornal Nacional de São Paulo, o Marco Aurélio, foi instruído pelo chefe a "pegar leve" com as boas notícias econômicas, sob o argumento de que elas poderiam beneficiar o governo em período eleitoral. Antecipo-me aos fofoqueiros e revelo que a tal colega não é Miriam Leitão, a quem não tive o prazer de conhecer, embora hoje siga seus conselhos. Faço tudo exatamente ao contrário do que ela sugere e espero ótimos rendimentos em 2008.

Sou movido pela curiosidade e olfato de repórter, ainda que este tenha sofrido enormemente com a ação do tempo, que me custou fios de cabelo e memória e que aprofunda seu impacto levando ao surgimento de escamas, verrugas e outros derivativos de caráter não-financeiro.

Meu objetivo é poupar tempo àqueles que acorrem a este site em busca das informações que lhes são sonegadas nos meios. Há, sim, vantagem em ter escamas: urge não perder tempo com o acessório e se concentrar no essencial.

O essencial, neste momento, é que até nosso amigo New York Times, que não é dado a firulas - embora ainda publique uma coluna de casamentos aos domingos -, soou o alarme publicando uma análise assinada por Jenny Anderson e Vikas Bajaj com o título de A Wall Street Domino Theory.

Trata da operação absolutamente inusitada que levou o Banco Central americano a socorrer de forma emergencial e improvisada a gigantesca Bear Stearns, no dia de ontem, em Wall Street, nos Estados Unidos, de maneira a evitar o colapso da companhia e o impacto devastador que isso teria no sistema financeiro.

O Touro, que simboliza a Bolsa de Valores em alta, está com a febre da vaca louca.

É provável que você já tenha lido sobre a crise das hipotecas americanas. Subprime mortgage, dizem os gringos. Prime é o filé mignon. Subprime é o coxão duro. Um empréstimo que você faz a um cliente em tempo de vacas gordas, dinheiro fácil, sem nem checar se ele tem condições de pagar. Centenas de milhares de empréstimos desses foram feitos nos últimos anos nos Estados Unidos. Teve gente que comprou casa sem dar um tostão de entrada e assumiu o compromisso de pagar prestações com juros progressivamente mais altos.

Ou seja, exatamente como eu, que um dia acreditei que o dólar ia bater em três reais. Mas se eu podia perder o meu dinheiro sem colocar em risco o leite das crianças, o mesmo não pode se dizer dos americanos que compraram suas moradias através das hipotecas de segunda classe.

Eles apostavam na bonança financeira que não veio. A economia dos Estados Unidos se retraiu, eles começaram a atrasar as prestações, muitos perderam as casas e o dinheiro investido. Ora, você dirá, isso acontece em qualquer economia. Há ciclos de expansão e retração. Alguns perdem, outros ganham.

Engano seu. Dessa vez é diferente. Imagine aquele esquema da pirâmide, em que uma pessoa passa adiante a sua dívida para duas, que passam adiante para quatro, que passam adiante para oito, que passam adiante para dezesseis e assim sucessivamente, a perder de vista.

Estamos falando de bilhões e bilhões de dólares em risco que foram passados adiante através de transações financeiras cada vez mais sofisticadas e cada vez menos fiscalizadas.

"A Bear Stearns foi uma das primeiras firmas a experimentar um golpe direto da crise das hipotecas quando dois de seus fundos de cobertura (hedge funds) entraram em colapso por causa da queda de valor dos títulos garantidos pelas hipotecas", escreve o New York Times.

Calma que eu vou traduzir!

O hedge fund é um fundo de investimento surgido nos Estados Unidos. Lá, cada fundo aceita no máximo 500 investidores. Não pode fazer propaganda. Não pode ser vendido publicamente. Quem compra deve ter uma certificação de "investidor qualificado". Em contrapartida, praticamente não é fiscalizado pelas autoridades encarregadas de vigiar o mercado financeiro. O investidor em um hedge fund pode aplicar numa cesta variada que inclui de títulos públicos a moedas, de commodities a papéis de outros hedge funds.

No caso da Bear Stearns, dois dos fundos de cobertura dela estavam fortemente calcados naquelas hipotecas de segunda classe, ou seja, em títulos que só dariam retorno se o seo José e a dona Maria fossem pagar todo mês as prestações.

Entenderam agora o efeito cascata?

O verdadeiro problema, como apontou uma competente edição do programa 60 Minutes, da rede americana CBS, é que o pagamento mensal da casa própria de milhões de Joe Doe (é assim que se chama o Zé da Silva americano) era a garantia de papéis do mercado financeiro, que foram passados adiante e securitizados, ou seja, garantidos através de múltiplas operações financeiras, num ritmo tão alucinante e sem fiscalização que hoje não é possível mais ligar as duas pontas. A dívida de um Joe Doe americano pode estar pendurada num boteco de Hong Kong sem que nenhum dos dois saiba.

"Numa empresa do mercado financeiro, confiança é tudo." A frase foi reproduzida pelo New York Times. É do historiador de finanças Richard Sylla, da Universidade de Nova York. "A pessoa do outro lado da linha telefônica ou da tela do computador precisa acreditar que você vai honrar qualquer negócio que feche."

Nos Estados Unidos, o Tesouro garante os depósitos de clientes individuais em até 100 mil dólares. Em Wall Street, a Corporação de Proteção ao Investidor em Títulos de Valores assume os negócios das empresas que quebrarem, mas sem garantir perdas dos clientes. Porém, no caso do colapso de uma empresa como a Bear Stearns o risco para todo o sistema seria tamanho que o Banco Central acaba abrindo os cofres. Ou seja, dá um jeito de estatizar os prejuízos, embora não assuma isso declaradamente.

"Os investidores já estão avaliando se outra firma pode enfrentar problemas financeiros. O preço de segurar a dívida do grupo Lehman Brothers saltou de 478 dólares para cada 10 mil em títulos na sexta-feira à tarde, quando era de 385 dólares de manhã, de acordo com a Thomson Financial", diz o New York Times no artigo sobre a teoria do dominó.

Ou seja, vem aí outra semana de fortes emoções no mercado financeiro. Não se distraia com o Bush, nem com a Condoleezza Rice. Eles são não-notícias ambulantes. Siga o dinheiro.

Quanto à "mão invisível do mercado, que a tudo regula", soube de fontes fidedignas que ela foi botar laquê no cabelo da Miriam Leitão. Ela, mão invisível, promete voltar ao Bom Dia Brasil assim que a situação em Wall Street se acalmar. Até lá, será substituída por um sujeito obeso, incompetente e gastador que atende pelo nome de Tesouro público.

É mico em cima de mico

.Andre Lux

Andre Lux

Eu tenho pena de quem ainda perde tempo lendo porcarias como Época, Veja, Folha, Estadão e afins ou assistindo aos Jornais Nacionais da vida.

Não apenas a pessoa gasta seu dinheiro e seu tempo precioso com lixo puro e simples, mas ainda paga mico repetindo as "informações" que esses veículos de direita enfiam em suas goelas abaixo como se fossem "verdades únicas".

A revista Veja, imbatível no conceito "jornalismo de esgoto", produziu mais uma barriga jornalística esta semana. Colocou em sua capa os dirigentes de esquerda da América Latina como se fossem bestas-feras do inferno (igual fez com os "radicais" do PT antes da primeira eleição do Lula), insinuando que eles querem é guerra no continente. Que nada!

Depois de uma reunião no Rio, quem teve que enfiar o rabo entre as pernas e aceitar a condenação da OEA foi justamente o queridinho da direita internacional, Álvaro Uribe, presidente da Colômbia que mandou invadir o território soberano do Equador para chacinar os guerrilheiros das FARC enquanto dormiam! E, no final do encontro, ainda teve que abraçar o Hugo Chávez, que segundo os aráutos da direita, é o anti-cristo em pessoa!

Outra derrota de Uribe, o capacho de Bush Jr., foi o desmascaramento da farsa dos US$ 300 milhões supostamente doados por Chávez às FARC. Segundo o governo da Colômbia, essa informação foi encontrada no computador do líder da guerrilha. Mas o jornalista da BBC, Greg Palast, teve acesso ao documento original e mostrou que a verdade é outra.

Com a palavra, o blogueiro e jornalista Antônio Mello:

"Veja o trecho de onde Uribe criou os US$ 300 milhões, e também de onde ele disse que o codinome de Chávez na operação seria Ángel.

Camaradas secretariado. Cordial saludo. Por dos días nos reunimos con Rodríguez. Conclusiones principales:
1- Con relación a 300, que en adelante llamaremos ossierya hay gestiones adelantadas por instrucciones del jefe del cojo, las cuales comentaré en nota aparte. Al jefe lo llamaremos Ángel, y al cojo Ernesto.
2- Para recibir a los tres liberados, Chávez plantea tres opciones: Plan A…[O documento está reproduzido aqui, na íntegra.]

Como se vê, o número 300 está relacionado à gestão para liberação de reféns. Provavelmente, segundo Palast, seria o número de reféns a serem libertos. E Chávez é citado como Chávez e não como Ángel.

A reportagem está na página de Palast desde 7 de março. No entanto, nossa grande imprensa não deu uma mísera notinha sobre a farsa.

OBS 1: Quem conseguiu esse furo por aqui foi o Abundacanalha, e em seguida o Argemiro Ferreira, na Tribuna da Imprensa."


São micos atrás de micos cometidos pela nossa gloriosa imprensa corporativa que, seguindo os dogmas do "deus mercados", visa o lucro acima de tudo e de todos.

Felizmente, ainda existem jornalistas sérios no mundo e é graças ao trabalho deles que as mentiras, as manipulações e os erros grosseiros cometidos pelos capachos do "deus mercado" e seu barões são expostos. E, graças à internet e ao trabalho dos blogueiros militantes, esses vexames vêem à tona cada vez mais rapido.

Só não vê quem é muito obtuso mesmo...
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quinta-feira, 13 de março de 2008

Anjos das ruas


Pedro Salgueiro
Especial para O POVO
Ao contar uma história de solidariedade, o escritor Pedro Salgueiro abre o questionamento: se uma pessoa de boa vontade consegue salvar uma vida, o que não fariam os poderes estaduais, municipais e federais se tivessem um mínimo de boa vontade?
Silvio Tadeu parecia fazer parte da paisagem de Fortaleza (Foto: Sebastião Bisneto)
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Silvio Tadeu parecia fazer parte da paisagem de Fortaleza (Foto: Sebastião Bisneto)

Faz uns dez anos que perambula pelas ruas de nossa sonsa loirinha descabelada pelo sol um negro alto, cabelos fartos, sujo, roupas em farrapos, às vezes vestida sobre outra já em tiras.
Distingue-se pelo porte altivo, cabeça levantada e pelo quase silêncio que o acompanha: poucos escutam as palavras que pronuncia baixinho, não raro esbraveja com alguém imaginário ou faz estranhos cálculos matemáticos.

Não pede esmola, mas lhe dão dinheiro, roupa e comida; quase sempre redistribui ou deposita as cédulas amassadas e rabiscadas com números em baixo de cones, desses usados em sinalizações de trânsito, e de papelões de outros moradores de rua, nada guarda para o dia seguinte. Come pouquíssimo e toma café e fuma em abundância (que lhe dão sem ele ao menos pedir).

De dia freqüenta os logradouros no centro: Praça Murilo Borges, rua Assunção, praça Coração de Jesus e uma calçada de estacionamento na Duque de Caxias, onde passa a maior parte da tarde acocorado em silêncio; de noitinha vai em direção à Praia de Iracema até a avenida Aquidabã, lá fica também acocorado em uma calçada em frente a um posto de gasolina. Não se sabe onde dorme, como faz suas necessidades fisiológicas, muito menos o que pensa e balbucia em quase preces noturnas.

Cumpre há uma década o mesmo ritual de sempre, dizem que ele faz as mesmas coisas, nas mesmíssimas horas (até para atravessar as ruas é sempre em locais determinados), o exato itinerário, quer faça chuva ou sol: o mesmo porte altivo, o olhar contemplativo de superioridade e paz. Não se apressa nunca, nem altera o semblante; nem se importa se ao seu lado passa uma bela jovem (que quase sempre aperta a bolsa e desce a calçada) ou um outro morador de rua.

Já apareceu em diversos ensaios fotográficos sobre o centro da cidade e foi até personagem de crônica de Airton Monte: faz parte, definitivamente, da paisagem dessa Fortaleza de Todos os Perdidos-Anjos.

Pois bem, acho que cumpriria este seu eterno ritual de perambular pelas calçadas, de se esgueirar pelos becos, de se acocorar pelas calçadas, até o final dos tempos, não fosse a alma enorme e boa do meu colega de repartição (e ex-baixista da banda de regue Rebel Lions) Jânio Alcântara, que puxou conversa, com uma paciência de Santo, com nosso personagem: descobriu o nome de sua cidade natal - Paranapanema, São Paulo) e o nome da mãe, Jandira Aparecida da Cruz (completo e com seu nome de solteira e de casada).

O novo amigo foi a Internet pesquisar e conseguiu falar por telefone com a mãe, uma senhora forte e saudável morando no interior de São Paulo; em poucos dias se encontrava em nossa cidade a mãezona (que há dez anos não sabia o paradeiro do filho) e a irmã mais nova, Sidelça, uma bela jovem parecidíssima com o nosso herói-de-rua.Jânio não ficou por aí, conseguiu internamento e tratamento dignos para o agora ex-morador das ruas sujas de nossa meretríssima loirinha descamisada pelo sol.

Moral de nosso conto de fada: se uma pessoa de boa vontade (com a ajuda de outros anjos bons) consegue salvar uma vida, o que não fariam os poderes estaduais, municipais e federais se tivessem um mínimo de boa vontade, competência e solidariedade.

P.S.: Para não deixar o leitor curioso com o destino de Silvio Tadeu da Cruz, ele está internado, limpo e bem vestido. A família o espera para levá-lo de volta, pois sua avó de 99 anos de idade há dez anos não se cansa de perguntar toda noite por ele. Duas de suas irmãs moram na Europa, os outros vivem bem em Paranapanema (SP). A mãe diz que seu descontrole começou quando ele presenciou a morte, em acidente de automóvel, do irmão de que mais gostava, depois agravado pela dificuldade em pagar a faculdade de engenharia que cursava já no 2º ano, após ser despedido do banco em que trabalhava. Diz-me (agora sua belíssima irmã) que ele era o mais inteligente da família, também o mais vaidoso...

Pedro Salgueiro é escritr. Publicou O Peso do Morto (1995), O Espantalho (1996), Brincar com Armas (2000), Dos Valores do Inimigo (2005) e Inimigos (2007), de contos; além de Fortaleza Voadora (2007), de crônicas.


A GUERRA

Está nos Vedas, na Torá, no Novo Testamento, no Sun Tsu. O mesmo círculo de horror.






Está nos Vedas, está na Torá, no Novo Testamento, no manual de Sun Tsu, no programa O Aprendiz, nas colinas de Golan, no Afeganistão, no Iraque, na faixa de Gaza, no Rio de Janeiro, em Florianópolis, dentro de nós, está em toda parte. A guerra! Esse momento funesto em que a nossa raça luta entre si, pelo desejo de dominar. Não há consensos habermasianos quando as crianças poderosas iniciam o mantra: “eu tenho o petróleo, você não tem”. Ou então, quando, extasiadas pela beleza do outro, querem tomá-la, à força. Desejo de poder. Ter o que não é seu.

Sempre vejo os senhores das guerras como vampiros. Eles querem sugar o que é do outro, tirar até a última gota, para que possam viver em abundância. Assim, neste mundo cão, a riqueza de um é sempre a morte do outro. E tem sido assim desde priscas eras. Se tu tens diamantes no chão, prepara-te para ver teu povo morrer, ser escravizado. Se tens petróleo, estás perdido. Se tens ouro, estás morto. Se tens prata, estanho, guano, estás dizimado. Os que têm as melhores armas ditam as leis. Malvinas é da Inglaterra, ora pois! Não importa que seja território originário de outros seres. Quem ganhou a guerra, afinal?

Agora o império estadunidense já tem um bom parceiro no oriente. Israel está fazendo o trabalho de casa e muito bem. Joga bomba nos “terroristas”, destrói a faixa de Gaza, dizima mulheres, crianças. Está tudo sob controle naquela área. Tem as armas gringas e deita e rola.

Por conta disso, agora é hora de destruir Chávez, Correa, Morales, estes negros/índios/povos que se metem a sair um pouquinho da linha. Gente que insiste em falar de soberania, de direitos dos povos, de liberdade, de controle de suas próprias riquezas. Há que amassá-los, destruí-los, para que não sobre nada. Para que tudo tenha de recomeçar do zero. Para que esta gente saiba qual é o seu lugar: servos, submissos, ajoelhados diante do império.

E mais, nem precisa sujar as mãos. A marionete formada nas suas universidades, o representantezinho das elites locais - sempre dispostas a entregar seus povos como cordeiros para os dentes afiados do vampiro – cumpre a missão. É ao que se presta o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, querendo lavar de sangue a pátria grande.

No mesmo momento em que as FARC decidem dar um passo em direção à paz, em que começam a liberar prisioneiros, dando mostras de que não são eles os “bandidos terroristas”, o governo colombiano faz uma ofensiva de guerra. Não suporta ver o protagonismo de Hugo Chávez e Piedad Córdoba. Adentra territórios soberanos com o uso de tecnologia estadunidense, mata pessoas enquanto dormem e tem a coragem de dizer que está em busca da paz. Resta saber se os governos do Equador e da Venezuela, vão morder a isca. Resta torcer para que não o façam.

Tudo o que os Estados Unidos querem é mergulhar ainda mais esta parte norte da América Latina num caos de sangue e terror. Não por conta das gentes, mas por conta da sua própria fábrica de terror, essa que eles lançam sobre o mundo, a partir de seus aliados espúrios. Querem o petróleo da Venezuela, querem a velha submissão, querem o estanho, a prata, o ouro, os diamantes, o ferro, o urânio, a terra, a cana, o fumo. Querem tudo. E querem gente ajoelhada, cabeça baixa, olhar vazio. Já estão fazendo guerra na Colômbia desde há tempos, mas agora querem destruir o que chamam de “eixo do mal”, ou seja, gente que não se dobra a eles.

É sempre o mesmo velho círculo de horror. O império ataca, as gentes se defendem, tudo acaba em sangue. E, também como sempre, no mais das vezes, salvo raras exceções, as maiores baixas são sempre as nossas, dos povos que querem viver em paz, riquezas repartidas, dignidade. Como entender essa matemática? E o que fazer quando nossa soberania é aviltada, nossas riquezas roubadas, nossa vida sugada? Que outro remédio senão lutar? Dolorosas perguntas, dolorosas respostas.

O certo é que as gentes minimamente precisam saber por que, afinal, alguns governos fazem guerras. Por que mandam seus jovens para frente de uma batalha que os governantes só verão na TV, confortavelmente em seus gabinetes. Ninguém verá Bush comandando um pelotão de terra, enfrentando a fúria sã de quem resiste. Os senhores da guerra estão no conforto de seus lares, com seus filhos, esperando ver o sangue do outro jorrar. Eles sequer são os que apertam o botão. Eles só assistem. Os que apertam o botão lá do alto do avião, acreditam estar “limpando a área”, não enxergam os rostos, não escutam os gritos das crianças. Tudo é só um pontinho perdido na distância.

Pois é bom que se saiba que a guerra está sempre muito perto de nós. Nós, que não nos importamos com os iraquianos que morrem feito moscas – mais de um milhão já foi dizimado. Nós que estamos nem aí para os palestino, massacrados dia após dia. Nós que não fazemos caso dos garotos empobrecidos estatelados à bala nas vielas de nossas pacatas cidades. Nós, que não nos importamos com nada que não nos diga respeito. A guerra está aí. E é fruto da ganância do império e seus cães de guarda que tal e qual um César romano vêm rompendo tudo. Tal qual um Midas “al revés”, destroem tudo que tocam. Que faremos?

Esconderemos a cabeça e diremos: não temos nada a ver, ou vamos tratar de informar as gentes para além das telas da Globo e suas reportagens sacanas que anunciam ser a Venezuela um reduto de terroristas e ser o governo Chávez um financiador de guerrilhas? Será possível que ninguém se lembra das mentiras sobre o Iraque? Será que existe gente ingênua o suficiente para crer no que sai da boca ventríloqua de Fátima Bernardes? O império quer o petróleo da Venezuela, o gás da Bolívia, o petróleo equatoriano, as terras brasileiras, a prata, o ouro, tudo. O império quer as gentes de joelhos, perdidas de sua dignidade, escravas. Nós estaremos de qual lado? Fazendo o quê?

Os cascos dos cavalos imperiais estão sob nossas cabeças. Executaram soldados das FARC que dormiam na selva equatoriana. Gente que luta por um país soberano. O terrorismo é o estado colombiano. Terrorista são os senhores da guerra. Estejamos alertas e vigilantes. Porque, como bem lembra o poeta palestino Mahmud Darwish: “Ainda goteja a fonte do crime...” Desperta Abya Yala!

A Excêntrica Família de Antônia

Definido como uma celebração da vida e da morte, esta co-produção entre Holanda, Bélgica e Inglaterra ganhadora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro vai além ao contar a história de uma encantadora geração de mulheres. Comandada por Antonia, a saga familiar atravessa três gerações, falando de força, de beleza e de escolhas que desafiam o tempo. Nesse universo conhecemos curiosos personagens, como o filósofo pessimista, a netinha superdotada, a filha lésbica, a avó louca, o padre herege, a amiga que adora procriar, a vizinha que sofre abusos sexuais e os muitos amigos que são acolhidos por sua generosidade.

[ http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=777 ]

créditos: Makingoff - bmoianac
Gênero:
Drama/Comédia
Diretor: Marleen Gorris
Duração: minutos
Ano de Lançamento: 1995
País de Origem: Holanda/Bélgica/Inglaterra
Idioma do Áudio: Alemão
IMDB: http://imdb.com/title/tt0112379/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Resolução: 720 x 480
Tamanho: 652 Mb
Legendas: No torrent

- Recebeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1996).

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.



Lembrem-se de fazer login no MAKINGOFF antes de abrir o torrent:

Arquivo anexado excfamantonia_xvid.avi.torrent ( 13.01KB )

Samir Amin: "O socialismo do Século 21"


O portal Vermelho oferece aos internautas o ensaio do renomado pensador marxista egípcio Samir Amin. O autor é economista, diretor do Fórum do Terceiro Mundo em Dakar (no Senegal, onde reside) e do Fórum Mundial das Alternativas. Sua vasta obra – na maior parte dedicada ao estudo das relações assimétricas entre os países imperialistas e os países subdesenvolvidos do chamado Terceiro Mundo - já foi traduzida em muitos idiomas. Com 76 anos, Samir Amin é um duro crítico da chamada globalização que tende a criar uma desigualdade crescente entre povos e nações.

Apresentação de Augusto Buonicore



Amin: alternativa é socialismo ou barbárie

Enviado pelo autor para o Vermelho, o texto foi traduzido do original em francês com exclusividade pela professora de línguas Maria Lucília Ruy.


Neste ensaio Amin trata do programa do socialismo para o século 21. Deixando claro, no entanto, logo no início, que sua intenção “não é formular o ‘que será’ ou o que "deverá ser" o socialismo do século 21”, pois o socialismo “só pode ser o produto da luta de classes e dos povos explorados e dominados, não a realização de um ‘projeto intelectual’ concebido a priori”. Ele não se furta de traçar em grandes linhas o que seria este projeto socialista futuro. Entre elas estaria a necessidade de construção de um mundo “fundado sobre a solidariedade”, na “afirmação plena e total dos cidadãos e na igualdade dos sexos” e na “socialização da democracia”. Um mundo “fundado no reconhecimento do estatuto não mercantilista da natureza” e da vida. Isso passaria, atualmente, pela afirmação da “solidariedade dos povos do Norte e do Sul na construção de um internacionalismo sobre uma base antiimperialista”.


Para o pensador egípcio, a fase que estamos vivendo é marcada pelo fim da ofensiva do capital e do imperialismo, sob a bandeira do neoliberalismo e da “globalização”. A euforia do capitalismo foi de curta duração, estendeu-se apenas a primeira metade da década de 1990. Ela foi sustada pela resistência imposta pelas classes populares e algumas nações periféricas.


No entanto, isso é insuficiente. É preciso que os movimentos anticapitalistas e antiimperialistas retomem a ofensiva política. Isso implicará na “radicalização das lutas e sua convergência na diversidade (...) (através) de planos de ação comuns, os quais implicam uma visão estratégica, a definição de objetivos imediatos e de mais longo prazo (a perspectiva que para nós define a alternativa é a do socialismo do Século 21)”. Para o autor, “o Sul continua a ser a zona das tempestades que só pode ser controlado por meio da demonstração contínua de ameaças e intervenções militares das potências imperialistas”.


Clique aqui para ver a íntegra do artigo, polêmico e instigante pelos problemas que coloca e alternativas que apresenta.


John Pizzarelli - One Night With You (1996)

http://ecx.images-amazon.com/images/I/41YWTJN7HVL._AA240_.jpg


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Faixas:
1. It Could Happen To You
2. I'm Through With Love
3. The Touch Of Your Lips
4. I'll Never Be The Same
5. Lady Be Good
6. Stray Horn
7. Oh Me, Oh My, Oh Gosh
8. Do Nothing 'Till You Hear From Me
9. Candy
10. Don't Get Around Much Anymore
11. Early Autumn
12. Take My Smile
13. Passion Flower
14. Gee Baby Ain't I Good To You


quarta-feira, 12 de março de 2008

Duas Caras se alinha a Ali Kamel e mostra Brasil sem racismo


A novela Duas Caras divulga e incorpora, despudoradamente, o livro Não Somos Racistas, odiosa obra do manda-chuva do jornalismo da Globo, Ali Kamel. No mentiroso folhetim - no Brasil fictício da Globo -, brancos ricos estão doidos para se casar com favelados negros. Favelas têm mais brancos do que negros, e alguns negros são riquíssimos. Favelados pobres chegam a estudar nas mesmas universidades que brancos ricos.

Por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com



A dramaturgia da Globo é como o Carnaval: provoca paixões e ódios com a mesma intensidade exacerbada. Mas as novelas e "minisséries" da emissora carioca, há que reconhecer, apaixonam pessoas de todas as partes do Brasil e do mundo.

Essa receita de sucesso é baseada numa fórmula que transforma modelos em "atores" graças a uma edição e a um ritmo das cenas que minimizam a falta de intimidade da maioria amadora dos elencos globais com os palcos. Tudo isso, regado a orçamentos hollywoodianos, faz da dramaturgia global um dos produtos mais exportados pelo Brasil.

Durante décadas a fio, essa dramaturgia de êxito - e de mentira - moldou a mentalidade nacional. A Globo está acostumada a vender todo tipo de comportamento - modismos, conceitos e até pré-conceitos - com seus folhetins encenados.

Mesmo sabendo disso tudo, fiquei surpreso na noite da última terça-feira (11/03) ao ver uma personagem da novela Duas Caras, a mulata e ex-BBB Juliana Alves (Gislaine), lendo um livro que denuncia a estratégia da emissora naquela trama. A moça estava lendo Não Somos Racistas, de Ali Kamel.

Antes de você, leitor, criticar o fato de eu assistir a nada mais, nada menos do que a uma das estúpidas novelas que a tevê brasileira impõe a um público sequioso por lixo televisivo, e de dar seu depoimento de que jamais assistiria a tal porcaria, quero lembrá-lo de que ignorar uma arma de difusão de comportamentos e de mentalidades obtusas como é uma novela das oito da Globo não mudará o fato de que essa arma vem sendo muito efetiva no sentido de falsear a realidade nacional e imbecilizar as pessoas.

Enquanto se torce o nariz à mera possibilidade de levar a sério qualquer coisa que saia do Projac, a Globo vai fazendo a festa. Essa novela, por exemplo, a tal Duas Caras, vem fazendo um dos trabalhinhos mais sujos que já vi na vida. Às vezes fico me perguntando o que sente um favelado que vê uma novela na qual brancos ricos são habitués de favela chamada "Portelinha", a qual, à diferença de qualquer gueto como são as favelas, não abriga tráfico de drogas e adota padrões de organização comunitária quase nórdicos, com ruas limpas, casas bem cuidadas etc.

No Brasil fictício da Globo, brancos ricos estão doidos para se casar com favelados negros. Em Duas Caras, Barretinho (Dudu Azevedo) e Júlia (Débora Falabella), filhos do riquíssimo e ultra-racista advogado Barreto (Stênio Garcia), derretem-se, respectivamente, por Sabrina (Cris Vianna) e Evilásio Caó (Lázaro Ramos), e Claudius (Caco Ciocler) por Solange (Sheron Menezes).

No mentiroso folhetim da Globo, favelas têm mais brancos do que negros, e alguns negros são riquíssimos. Favelados pobres chegam a estudar nas mesmas universidades que brancos ricos. A mesma instituição abriga as negras da portelinha Gislaine e Solange, a perua Maria Eva (Letícia Spiller) e o negro mau-caráter Rudolf Stenzel (Diogo Almeida), que fala a favor de cotas para negros e sobre discriminação racial e, naturalmente, é cabalmente desmentido pela realidade dramatológica global.

A imagem - e a propaganda descarada - do livro de Ali Kamel tem um propósito. Negros e brancos de Duas Caras interagem de acordo com cada vírgula contida na odiosa obra do manda-chuva do jornalismo da Globo.

Na verdade, a sensação que tive foi a de uma pretendida afronta a quem se revolta com o cinismo de Não Somos Racistas. É como se a Globo dissesse: podem falar mal, mas nós temos a televisão que entra em 90% dos lares brasileiros a referendar nossa teoria sobre como amamos nossos irmãos negros.

Eles (a elite branca e sua mídia) dizem que não são racistas. E, como prova, disseminam pelo mundo um país em que não se vê miséria, em que não se vê os indicadores sociais dramáticos dos negros ante os indicadores muito melhores dos brancos, ou os salários inferiores dos negros ante os dos brancos, ou a maior mortalidade infantil dos negros ante a muito menor dos brancos.

Eles são racistas, sim, porque tentam frear a luta por oportunidades iguais para os negros no mercado de trabalho e nas universidades afirmando descaradamente que essas oportunidades existem. Além de racistas, são mentirosos.





O Gabinete do Dr Caligari
Título Original: Kabinett des Dr. Caligari




Formato: Rmvb
Audio: Mudo
Legendas: Embutidas/Pt
Duração: 1:14
Tamanho: 247 Mb
Dividido em 03 partes
Links: Rapidshare

Créditos: Forum - Eudes Honorato

Gênero: Terror

Origem/Ano: ALE/1919

Direção: Robert Wiene

Elenco:

Werner Krauß...
Conrad Veidt...
Friedrich Feher...
Lil Dagover...
Hans H.Twardowski...
Rudolf Lettinger...
Rudolf Klein-Rogge...




Sinopse: Um clássico do filme de terror, realizado no tempo em que o cinema ainda não falava. Mas as belíssimas imagens (que criam um tom meio surrealista) valem mais que mil palavras. O malvado Dr. Caligari hipnotiza um jovem e o induz a matar várias pessoas. Tudo se complica quando ele se recusa a assassinar uma bela jovem. Num toque de mestre, realiza um filme sob a ótica de um louco: daí as distorções e deformações das ruas, casas e pessoas.

"O Gabinete do Doutor Caligari" foi uma das primeiras obras do Expressionismo Alemão , que privilegiva os estranhos efeitos de luz e sombra na composicão de climas psicológicos, alem de usar cenários e ângulos de câmera distorcidos.

O prólogo e o epílogo não existiam na versão original, que pretendia ser um ataque a autoridade social. A remontagem imposta pelos produtores alterou o significado do filme, fazendo com que a ação passasse a representar o delírio de um louco. Mas isso não afetou sua qualidade cinematográfica. Ao contrário, contribuiu para tornar a trama ainda mais intrigante.

Os cenários, criados em pedaços de madeira e pano pelos pintores expressionistas Walter Reimann e Walter Rohrig e pelo cenógrafo Hermann Warm, ainda existem e fazem parte do acervo do Museu do Cinema Henri Langlois, em Paris. Fritz Lang, que se tornaria um célebre diretor alemão dos anos 20, colaborou no roteiro.

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Márcio Lott - EmCantos Geraes (2005)




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