quinta-feira, 3 de abril de 2008

E AINDA FALAM MAL DE CUBA...

Cuba estenderá colaboração
médica a 81 países

"CUBA estenderá os serviços de seu pessoal médico a 81 países no decurso deste ano", anunciou o diretor da Unidade Central de Coperação do Ministério da Saúde Pública, Alberto González.


Atualmente, 36.578 médicos e outros trabalhadores da saúde cubanos trabalham em 73 países

González informou que se está trabalhando na preparação dos novos grupos de colaboradores, que viajarão a países como Ilhas Salomão, no oceano Pacífico.

Segundo Cubavisión Internacional, irão a essa região geográfica várias brigadas médicas cubanas, fundamentalmente a Vanuatu, Tuvalu, Nauru, Papua Nova Guiné, Laos e Benin.

"Atualmente, 36.578 médicos cubanos e outros profissionais da saúde trabalham em 73 países", indicou González.

É especialmente significativo o trabalho realizado pelos colaboradores cubanos da saúde no Timor-Leste, donde o primeiro grupo saiu recentemente após cumprir sua missão.

Neste 2008 se completam 45 anos do início da solidariedade médica de Cuba, iniciada na Argélia.

Desde 1961, a Ilha cooperou com 154 países do mundo e 270.743 colaboradores prestaram serviços em seus programas, dos quais, 124.112 profissionais e técnicos da saúde em 103 países.

CHICO BUARQUE CARIOCA - 2007



créditos: F.A.R.R.A - leoni

"Este DVD apresenta o show que trouxe Chico Buarque de volta aos palcos depois de sete anos. Com direção musical e arranjos de Luiz Cláudio Ramos e produção de Vinícius França. O DVD deve mostrar ao público um pouco do que é Chico sob os palcos. Balbucia pouquíssimas palavras, um ou outro "boa noite" e "obrigado" e muitos - muitos mesmo! - gritos incansáveis (e incômodos) de mulheres quase à beira de um ataque de nervos. Presença rara dos palcos, o "menino dos olhos verdes" inicia o show com a simbólica "Voltei a Cantar", de Lamartine Babo, por detrás de um painel que desenha pontos da cidade carioca. Entre uma canção e outra, seu sorriso "tímido" funciona como resposta e até mesmo diálogo com aqueles que o veneram."

LINKS


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Reforma agrária contra a escravidão

Dalmo Dallari


De acordo com o que está expressamente estabelecido no artigo 184 da Constituição brasileira, o presidente da República tem o direito e o dever de desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. Essa é uma determinação constitucional, não podendo o presidente decidir arbitrariamente se é conveniente ou não aplicar o que manda a Constituição. Havendo constatação suficiente de que um imóvel rural não está cumprindo sua função social a desapropriação por interesse social torna-se uma obrigação do presidente, que ele não pode deixar de cumprir.

Quanto à caracterização do descumprimento da função social, a Constituição dá os critérios, bastando a simples leitura do artigo 186 para que se encontre claramente definida uma das hipóteses que vem ocorrendo no Brasil, amplamente noticiada pela imprensa e já comprovada por setores da administração pública federal.

Segundo o artigo 186, a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos : "observância das disposições que regulam as relações de trabalho".

Assim, pois, só estará sendo cumprida a função social se estiverem sendo atendidos todos os requisitos ali enumerados, pois todos devem ser atendidos simultaneamente. No tocante às disposições que regulam as relações de trabalho existe farta legislação, sendo já longamente consagradas as exigências legais relativas às condições dignas de trabalho, à sua duração e remuneração, aos cuidados preventivos de higiene e segurança, às férias, ao repouso semanal remunerado, e outras exigências legais para que as relações de trabalho se estabeleçam e se desenvolvam em termos compatíveis com as normas básicas do Estado democrático de direito e as que regulam as relações humanas na sociedade civilizada.

Tudo isso vem a propósito de matéria amplamente divulgada pela imprensa, informando que as autoridades federais acabam de libertar 421 pessoas que trabalhavam no corte de cana, numa fazenda do Estado de Goiás, "em condições degradantes". Como é óbvio, aquele imóvel rural não está cumprindo sua função social, nos termos exigidos pela Constituição. Assim sendo, é dever do presidente da República promover sua desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária.

Em primeiro lugar, já foi constatado pelas autoridades públicas o descumprimento da função social. Em segundo lugar, não há limitações orçamentárias nesse caso, pois o artigo 184 da Constituição, já referido, diz que nesse caso a desapropriação será efetuada "mediante prévia e justa remuneração em títulos da dívida agrária". Quanto ao valor justo da indenização não será necessário qualquer procedimento especial, bastando verificar o valor dado àquelas terras por seu proprietário, para efeito do pagamento do Imposto Territorial Rural.

A desapropriação dessas terras, além de ter clara e indiscutível base legal, será um ato de justiça e, além disso, deverá ter efeito exemplar. Os proprietários rurais honestos, que respeitam as leis e a ética na relação com os seus trabalhadores, deverão dar apoio firme e irrestrito ao presidente da República.

Fatos como esse de Goiás, somados à vergonhosa interferência de senadores da República para impedir a fiscalização de trabalho escravo no Estado do Pará, ocorrida no final de 2007, e mais o noticiário freqüente de violências praticadas contra comunidades indígenas por pessoas sem escrúpulos que querem apossar-se de suas terras, tudo isso vem transmitindo à opinião pública uma imagem tremendamente negativa dos empresários rurais, que correm o risco de se verem, todos, identificados como escravocratas.

Artigo do professor e jurista Dalmo Dallari, publicado no Jornal do Brasil, de 29/03/2008.


Isto a mídia(brasileira) não mostra


28 milhões de cidadãos, nos EUA, dependem de "bônus de caridade", para comer.
Esta foto está no The Independent, UK. Clique
AQUI para ler a notícia em inglês.

BlogDoBourdoukan

A Amazônia está indo embora, mugindo nos porões de navios


Blog do Sakamoto

Recife
- O rebanho bovino não pára de crescer na Amazônia. Se por um lado, isso resulta em crescimento da economia regional, por outro significa aumento na grilagem de terras para a implantação de novas fazendas de gado, no desmatamento ilegal para a ampliação de pastagens, na expulsão de populações tradicionais e camponeses de suas terras e no uso de trabalhadores em situação de escravidão ou superexploração nas frentes de trabalho para derrubar a floresta, fazer cercas e limpar o pasto.

Parte do gado é abatido em indústrias da região e segue para consumo interno ou externo (lembrando que o Sul do Pará é área livre de febre aftosa mediante vacinação desde o ano passado, o que aumentou o número de mercados estrangeiros para esse produto). Parte segue vivo, por navio, para ser abatido em outros países. É, provavelmente você não sabia, mas o Brasil envia bois vivos dentro de navios para o exterior.

Milhares de rezes são embarcadas mensalmente no porto de Belém em operações que chegam a levar vários dias devido ao tamanho imenso de manadas de alguns criadores. Há denúncias de péssimas condições de higiene nesse transporte, além de falta de alimentação e água para os animais. Os bois são molhados para diminuir o calor, o que é insuficiente. Más condições sanitárias aliada à crueldade com os animais.

Segundo, há pecuaristas que utilizaram mão-de-obra escrava e estão exportando essa produção. Como existe unidades frigoríficas que negam comercialização com esses produtores, gado negado tem sido vendido a empresas estrangeiras que não se importam muito com a situação na qual o boi foi produzido. Essas empresas estão, principalmente, no Oriente Médio, com destaque para o Líbano e o Egito. Ao contrário da Europa e Estados Unidos, que possuem em suas sociedades grupos que pressionam ativamente pelo comércio responsável (ou pelo protecionismo travestido de defesa dos direitos humanos), nessas localidades isso não faz muito diferença. Muitos desses países compradores têm problemas maiores do que os nossos no que diz respeito às questões sociais.

Reclamar com eles é difícil. Semelhante a tentar discutir com a China qualquer iniciativa bilateral para combater o trabalho escravo em ambos os países, uma vez que o gigante asiático deve uma fatia considerável do seu crescimento espetacular à superexploração de seus trabalhadores.

Não estou falando de pequenos sitiantes, mas de grandes produtores rurais, donos de grandes plantéis, com dezenas de milhares de cabeças. Ou seja, não são pessoas desinformadas e sim ignorantes, no pior sentido da palavra.

Estados como o Maranhão e o Tocantins aprovaram leis que proíbem os governos estaduais a comprar mercadorias produzidas com mão-de-obra escrava. Projetos semelhantes tramitam em outras unidades da federação, unindo-se ao boicote de agências financeiras públicas e de parte do setor privado contra produtos manchados com a exploração alheia.

Faz-se importante avançar mais um passo e garantir que a esfera administrativa pública competente adote medidas de restrição de embarque para o exterior de produtos oriundos de trabalho escravo, desmatamento ilegal, grilagem de terras ou violência contra populações tradicionais. Em outras palavras, não dar autorização para a mercadoria sair do país. Isso seria um importante golpe em quem insiste em cometer esses crimes. Além de uma bela propaganda aos produtos brasileiros no exterior, que sairiam daqui mais “limpos” que outros países concorrentes. Não precisaria ficar restrito a Belém. Essa política também poderia ser implantada nos portos de São Luís, Recife, Vitória, Rio de Janeiro, Santos, Paranaguá e Rio Grande, de onde sai grande parte da produção nacional.

Instrumentos para isso nós temos, falta vontade política. Ou econômica. Pois muitos dos grandes exportadores já flagrados com problemas contribuem religiosamente para campanhas eleitorais do Norte a Sul do país. Sob a justificativa de que seria “prejudicial” aos interesses do povo muitos representantes políticos têm mantido tudo como está. Hehe, esse pessoal é demais! Dão sempre esse tipo de justificativa, como se o “povo” em questão não fosse meia dúzia de abonados.

Um amigo, pesquisador das realidades do Brasil rural, é mais cético. É dele a dúvida: "mas se barrar quem desmata, polui, escraviza, grila, expulsa, me diz uma coisa: vai sobrar produto para exportar?"

Daniel Santos - Legends Of Cuban Music

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Daniel Santos - Legends Of Cuban Music @ 320

01. Recordando A Cuba
02. Cuidadito Compay Gallo
03. Son De La Loma
04. El Que Siembra Su Maiz
05. Sabor A Mi
06. Suavecito
07. Buey Viejo
08. La Loma De Belen
09. Ay Que Bueno
10. Piruli
11. Masabi
12. Recordando A Cuba (Medley)

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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Doutscha




Chuva torrencial lá fora e aquela mulher de nome estranho – Doutscha – acende uma erva.


O vinil rodando na vitrola.


Próximo à janela envidraçada, o guarda-chuva aberto e a repentina sombra que ele tatua nas paredes. Cessa uma chuva, principia a neve. A mulher de longos cabelos negros, que tem a alma compassiva, confidencia:


– Neste momento – ela diz como quem se surpreende – a neve, olha a neve...


Tento conversar:


– Quer que cesse a neve? Quer um cigarro? Trago fósforos.


– Não, a neve, olha a neve...


Pois Doutscha foi sempre uma consoladora para quem, como eu, na vida aprecia a lógica e pretende que existir seja uma raiz quádrupla do espírito. Há chuvas que Deus mesmo envia, e são aguaceiros no vazio, nos telhados das casas e nas vidraças. Recolho-me, não aos esconderijos que os outros têm, mas à sombra da ampla árvore nessa rua de Warmstrasse. Desço os lábios à bica d’água atrás da igreja luterana. Tenho caligrafia regular, sal até nas lágrimas, e os meus livros eu os grafo com mergulhar a pena da melancolia no tinteiro velho, enquanto, ao lado daquela árvore mais escura, alguma deusa com a pele transparente me sorri. Tenho amor a isso de haver a deusa Doutscha e eu acariciá-la, talvez porque, essa noite, eu não tenha mais nada a fazer a não ser enrolar uma erva, escutar Chet Baker.


Ou talvez Doutscha só exista nesta narrativa, da mesma forma que o amor de uma alma só pode respirar à beira do vulcão, e, se temos por sina dar amor, tanto vale se o dou à xícara com chá de artemísia ou ao colosso das constelações.


Tenho, muitas vezes, o hábito de fumar cigarros Gauloises.


Que me é esse disco que flue na vitrola um Chet Baker, salvo o instante ocasional em que a agulha toca a pele do vinil e a música, senhora das minhas horas, consola os dias noturnos da melancolia?


Trata-me bem, Doutscha, escuta-me com doçura, salvo nos momentos bruscos em que, por tédio ou inércia, eu te apunhá-lo a clavícula com a faca enferrujada. Desconhecida, sim, és, Doutscha, mas por que me preocupa um símbolo, uma escada de pedra, um mergulhar o pão no café, e a razão, Doutscha, o que é?


Leio aqui O Livro Negro, de Thamès Carda: “Para mim a morte explica-se como História Natural, como aquilo que tornou possível o pensamento. Se temos uma meta, parece-me que só pode ser a morte. Tudo o que se diz é sempre sobre a morte. O nosso nascimento lança-nos numa amnésia, ávidos de mar grosso e de palavras, ávidos de algumas sombras de amor. Tentamos ressuscitar a xícara e fracassamos, o fôlego e fracassamos, tentamos ressuscitar o que somos nesse instante e fracassamos, porque não se trata de ressuscitar ou não, trata-se de sumir numa Fuga – de Johann Sebastian Bach –, para não se sabe onde, para onde não se sabe mais”.


À sombra de um ventilador, numa casa pequena e repleta com vasos de plantas, lembro-me de tua nudez, Doutscha, lembro-me dela no futuro com a saudade que sei que terei. Nos arredores desse pequeno jardim buscarei a chuva; de meu coração, eu pressinto, uma carpa de fogo escapa em andante lentíssimo e fura a cortina do quarto que a brisa estufa de leve e, pelos buracos que a carpa deixou na cortina, eu não verei o vento que não vejo agora.

VALE A PENA REPOSTAR...

O Analfabeto midiático(Marcelo Salles)

(homenagem a Bertolt Brecht)

O pior analfabeto é o analfabeto midiático. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos midiáticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das construções midiáticas. O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia discutir mídia. Não sabe o imbecil que da sua ignorância midiática nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o jornalista vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Frigoríficos demitem mais 400 trabalhadores no RS


Reportagem: Raquel Casiraghi


Porto Alegre (RS) - Em um único dia, dois dos maiores frigoríficos da região Sul gaúcha demitiram 400 trabalhadores. Nesta terça-feira (01), o frigorífico Extremo Sul liberou cerca de 150 funcionários e o Mercosul, outros 250, nas unidades localizadas na cidade de Capão do Leão. Desde Abril do ano passado, quando a crise do setor ganhou mais força, já foram demitidos dois mil trabalhadores das empresas na região Sul e na Fronteira Oeste.

Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados (Sicadergs), Ronei Lauxen, a pouca oferta de gado e o crescimento das exportações do animal vivo são os principais entraves para o setor. Neste final de semana, oito mil bovinos vivos foram embarcados para o Oriente Médio pelo Porto de Rio Grande.

"As escalas de abate, em 2007, já foram bastante reduzidas. E agora em 2008, quando tínhamos uma expectativa de que no segundo semestre do ano tivesse uma oferta maior de matéria-prima, nós nos deparamos com uma prática que é muito prejudicial ao setor, que são as exportações de animais vivos. Por parte da indústria temos condenado muito fortemente, porque é um produto que não agrega valor, já que as exportações não geram impostos", diz.

Os produtores da região refutam os argumentos dos frigoríficos. O presidente do Sindicato Rural de Capão do Leão, Fernando Diaz, afirma que tanto em 2007 quanto neste ano houve produção suficiente de gado. Ele também argumenta que as exportações não contribuem para a crise das indústrias, já que o animal vivo que foi vendido para o exterior são bezerros, não estando portanto prontos para o abate.

O real motivo para a falta de matéria-prima, segundo Fernando, é o preço que a indústria vem pagando aos produtores pelo animal. Atualmente, o frigorífico paga em média R$ 2,35 o kg do boi vivo, o que não cobre os gastos da produção, já que os insumos agrícolas aumentaram quase 150% em um ano. Os produtores estariam segurando a produção na tentativa de elevar o preço para, no mínimo, R$ 2,60 kg do boi vivo.

"Aqui na nossa região, a oferta de bovinos para o abate é satisfatória, parecida com as dos outros anos. O que tem havido é o desagrado dos produtores com os preços praticados. O produtor, quando pode, tenta reter o produto na busca de um melhor preço. Nós temos um aumento de insumos fantástico, principalmente de fertilizantes, o que vai deixando os custos em um patamar extraordinário", argumenta.

No entanto, a situação de desemprego dos trabalhadores ainda pode piorar. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação (FTIA-RS), Cairo Reinharet, prevê que a produção de gado no Estado deve ser reduzida com o avanço das monoculturas de pínus e eucalipto, na região Sul, e de cana-de-açúcar para produzir biocombustível, na região de Santa Rosa. Além de reduzir os empregos, a mudança na matriz econômica dessas regiões também irá aumentar ainda mais o preço da carne para a população e irá tornar o trabalho dos frigoríficos mais degradante e reduzirá os salários. Hoje, um trabalhador ganha em média R$ 700,00 na indústria.

"O reflexo maior, para nós, ainda está por vir. Da forma que está sendo plantado eucalipto na Metade Sul, onde antes era criação de gado, e as terras são boas para isso, está sendo plantado eucalipto. Também temos informação de que mais de 100 mil hectares em Santa Rosa será plantado cana-de-açúcar. Para nós, do ramo da alimentação, teremos que nos preparar para uma grande crise nos próximos 10 anos, caso não ocorra mudanças no desenvolvimento econômico proposto pelo governo", avalia.

Existem hoje no Rio Grande do Sul, sessenta frigoríficos de grande porte, que empregam diretamente cerca de cinco mil trabalhadores.

Yamandu e João Bosco