domingo, 20 de abril de 2008

Traçando o governo Yeda

Charge: Eugênio Neves

Créditos:


LULA, O PELEGO?

Blog do Azenha

por Francisco Weffort, ex-companheiro

Que coisas tão graves em seus gastos na Presidência estará Lula procurando esconder da opinião pública? Que de tão grave têm as despesas dos palácios do Planalto, da Alvorada e da Granja do Torto que possam explicar a cortina de fumaça que o governo criou para impedir o controle dos cartões corporativos de Lula, Marisa, Lulinha, Lurian etc.? A estas alturas, só o governo pode responder a tais perguntas. E como o governo não responde, a opinião pública, sem os esclarecimentos devidos, torna-se presa de dúvidas sobre tudo e todos.

É conhecida a ojeriza de Lula a qualquer controle sobre gastos. Evidentemente os dele, da companheirada do PT, dos sindicatos e do MST, sem esquecer um sem-número de ONGs sobre as quais pesam suspeitas clamorosas. Ainda recentemente, ele vetou dispositivo de lei que exigia dos sindicatos prestação de contas ao TCU dos recursos derivados do imposto sindical (agora "contribuição"). Há mais tempo, Lula era contra o imposto em nome da autonomia sindical. Agora que está no governo, deixou ficar o imposto e derrubou o controle do TCU. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. O que o Lula e os pelegos querem é o que já existia na "república populista", dinheiro dos trabalhadores sem qualquer controle.

Lula, a chamada "metamorfose ambulante", não se tornou ele próprio um pelego? Assim como defendeu a gastança dos sindicatos em nome da autonomia sindical, agora defende sua própria gastança na Presidência em nome da segurança nacional. Isso me lembra uma historinha de 1980, bem no início do PT, quando João Figueiredo estava no governo e Lula estava para ser julgado na Lei de Segurança Nacional. Junto com alguns outros, eu o acompanhei numa viagem à Europa e aos Estados Unidos em busca de apoio. Como outros na comitiva, eu acreditava piamente que tudo era em prol da liberdade sindical e da democracia, e as coisas caminharam bem, colhemos muita simpatia e apoio nos ambientes democráticos e socialistas que visitamos. Mas, chegando à Alemanha, fomos surpreendidos pela recepção agressiva do secretário-geral do sindicato alemão dos metalúrgicos. Claro, ele também era a favor da democracia e estava disposto a defender os sindicalistas. Sua agressividade tinha outra origem: o sindicato alemão que representava havia enviado algum dinheiro a São Bernardo e cobrava do Lula a prestação de contas! A conversa, forte do lado alemão, foi num jantar, e não permitia muitos detalhes, mas era disso que se tratava: alguém em São Bernardo falhou na prestação de contas e o alemão estava furioso. Lula se defendeu como pôde, mas, no essencial, dizia que não era com ele, que não sabia de nada.

A viagem era longa. Antes da Alemanha, havíamos passado pela Suécia, e fomos depois a França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Em Washington, tivemos um encontro com representantes da AFL-CIO, e ali repetiu-se o mesmo constrangimento. Embora não tão agressivos quanto o alemão, os americanos queriam prestação de contas sobre dinheiro enviado a São Bernardo. Mas Lula, de novo, não sabia responder à indagação referente às contas. Ou não queria responder. Não era com ele.

Nunca dei muita importância a esses fatos. A atmosfera do país nos primeiros anos do PT era outra. Ninguém na oposição estava antenado para assuntos desse tipo. O tema dominante era a retomada da democracia. A corrupção, se havia, estaria do lado da ditadura. Saí da direção do PT em 1989 e me desfiliei em 1995. Até então era difícil imaginar que um partido tão afinado com o discurso da moral e da ética pudesse aninhar o ovo da serpente. Minha dúvida atual é a seguinte: será que a leniência do governo Lula em face da corrupção não tem raízes anteriores ao próprio governo? A propensão a tais práticas não teria origem mais antiga, no meio sindical onde nasceu o PT e a atual "república sindicalista"?

Talvez essa pergunta só encontre resposta cabal no futuro. Mas, enquanto a resposta não vem, algumas observações são possíveis. Parece-me evidente que no momento atual alguns auxiliares da Presidência - a começar pelos ministros Dilma Rousseff, Jorge Hage e general Jorge Felix - foram transformados em escudos de proteção de possíveis irregularidades de Lula e seus familiares. O outro escudo de proteção é Tarso Genro, que usa uma ginástica retórica para, primeiro, garantir, como Dilma, que o dossiê não existia, só um banco de dados. Depois passou a admitir que existia o dossiê, mas que isso todo mundo faz. Mais ou menos como no episódio do mensalão, lembram-se? Naquele momento, o então ministro Thomas Bastos, acompanhado por Delubio Soares, disse que mensalão não existia, que eram contas não regularizadas, sobras de campanha etc. E lula afirmou de público que isso todos os políticos faziam. O que não impediu que o procurador-geral da República visse no mensalão a prática delituosa de uma quadrilha criminosa.

Adotada a teoria do dossiê - aquele que não existia e que passou a existir - criou-se uma pequena usina de rumores, primeiro contra Fernando Henrique Cardoso e Dona Ruth, depois contra ministros do governo anterior. Minha pergunta é a seguinte: quando virão os dossiês contra Lula e Dona Marisa Letícia? Não é este o futuro que deveríamos almejar. Mas no que vai do andar da carruagem dirigida por um Lula cada vez mais ególatra e irresponsável é para lá que vamos, inelutavelmente. Quem viver verá.

Assédio / Besieged / L'Assedio (1998)


Tudo começa na África, quando uma mulher vê um grupo de militares entrar em uma escola e prender um professor. Logo depois, a ação se transporta para Roma, onde a mesma jovem cursa medicina e trabalha para um pianista inglês. Ela cuida da enorme casa em troca de um teto para morar. Tímido, o músico não troca palavras com Shandurai – é esse o nome da moça –, mas se apaixona por ela.A partir daí, ele começa um jogo de sedução que inclui presentes, flores e, claro, música. Tudo poderia correr bem para o pianista Kinsky, não fosse um detalhe: a jovem africana é casada. Seu marido é justamente aquele professor preso anteriormente. Angustiada e dividida entre o amor ao marido e o interesse do músico, ela faz um pedido ao tímido instrumentista: se é verdade que ele realmente a ama, que tente libertar o professor preso.

Créditos: Makingoff - santoro
Gênero: Drama
Diretor: Bernardo Bertolucci
Duração: 93 minutos
Ano de Lançamento: 1998
País de Origem: Itália
Idioma do Áudio: Inglês / Italiano / Swahili
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0149723/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XViD
Vídeo Bitrate: 127 Kbps
Áudio Codec: MP3
Áudio Bitrate: 238
Resolução: 512 x 288
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 717 Mb
Legendas: No torrent


Elenco:

Thandie Newton ... Shandurai
David Thewlis ... Jason Kinsky
Claudio Santamaria ... Agostino
John C. Ojwang ... Singer
Massimo De Rossi ... Patient
Cyril Nri ... Priest
Paul Osul ... Piano Buyer
Veronica Lazar ... Piano Buyer
Gian Franco Mazzoni ... Piano Buyer (as Gianfranco Mazzoni)
Maria Mazetti Di Pietralata ... Piano Buyer
Andrea Quercia ... Child pianist at concert
Alexander Menis ... Child at concert
Natalia Mignosa ... Child at concert
Lorenzo M

Premiações:

Year Result Award Category/Recipient(s)
2001 Nominated Silver Condor Best Foreign Film (Mejor Película Extranjera)
Bernardo Bertolucci


Black Reel Awards
Year Result Award Category/Recipient(s)
2000 Nominated Black Reel Theatrical - Best Actress
Thandie Newton


Chlotrudis Awards
Year Result Award Category/Recipient(s)
2000 Nominated Chlotrudis Award Best Cinematography
Fabio Cianchetti

Best Director
Bernardo Bertolucci


Cinema Brazil Grand Prize
Year Result Award Category/Recipient(s)
2001 Nominated Cinema Brazil Grand Prize Best Foreign Film (Melhor Filme Estrangeiro)
Bernardo Bertolucci


David di Donatello Awards
Year Result Award Category/Recipient(s)
1999 Nominated David Best Director (Migliore Regista)
Bernardo Bertolucci

Best Film (Miglior Film)


Italian National Syndicate of Film Journalists
Year Result Award Category/Recipient(s)
2000 Nominated Silver Ribbon Best Production Design (Migliore Scenografia)
Gianni Silvestri
Also for Dolce rumore della vita, Il (1999).
Best Score (Migliore Musica)
Alessio Vlad

Best Screenplay (Miglior Sceneggiatura)
Bernardo Bertolucci
Clare Peploe

Curiosidades:

O Assédio de Bertolucci - A confirmação de um grande artista

Desta vez Bertolucci realiza mais um filme na perspectiva marxista da luta de classes. Mas a Itália mudou, os tempos são outros e o diretor italiano, Oscar com O Último Imperador, também mudou. O diretor de O Céu Que nos Protege e O Pequeno Buda, foi durante anos menosprezado pelos críticos, mas não podemos passar o século sem confirmá-lo como um grande artista. Se pensavam que o italiano estava morto enganaram-se. Ele segue grande e vigoroso. Assédio, um belo trabalho de diretor, possui qualidades cênicas e de dramaturgia que confirmam Bertolucci, se é que isso ainda era necessário, como um verdadeiro artista de cinema.

As primeiras seqüências de Assédio (Besieded) são feitas na África (no Quênia), onde Shandurai (Thandie Newton) trabalha com crianças deficientes. Um verdadeiro pátio do milagres. Nada é dito. Mas faculta-se à imaginação supor que algumas daquelas crianças foram vítimas de minas ou algum outro subproduto de guerra tribal. Vive-se uma ditadura, o que não chega a ser incomum. O marido de Shandurai é professor e um constestador do regime. Sob as vistas da mulher, é retirado brutalmente da sala de aula e os militares o levam para lugar ignorado, porém presumível.
Todo o filme é um Bertolucci em boa forma, com um com as câmeras próximo das pessoas e uma movimentação emocional.

Crítica:

Assédio é uma história simples. Um roteiro linear, até monótono, que pode ser resumido em poucas palavras, tais como "um europeu que se apaixona por uma refugiada africana cujo marido está preso em seu país". O filme resultante não deveria impressionar. Talvez fosse atraente a um ou outro romântico para assistir na tevê por assinatura. Mas Assédio não corre este risco. É um Bertolucci. É um belo e envolvente filme do diretor de 1900, O céu que nos protege e Beleza roubada. Mais uma vez, Bernardo Bertolucci é bem sucedido em roubar a beleza das emoções dos personagens e nos passá-la em primorosa embalagem.

O filme Assédio se constrói sobre os contrastes. A começar por colocar, numa mesma casa, a empregada africana que fugiu do país por motivos políticos e um rico herdeiro europeu. Esta diferença básica é explorada por todo o filme. Das imagens ásperas da miserável África, somos levados a uma belíssima vila italiana onde Mr. Kinski (David Thewlis) consome preguiçosamente o tempo compondo e dando aulas de piano. Com esse contraste original dos personagens, a partir de uma repentina e direta declaração de amor, Bertolucci nos apresenta as mudanças na vida dessas duas criaturas. O paulatino empobrecimento de Mr. Kinski, a evolução de sua música, vão diminuindo a distância entre os personagens. Shandurai (Thandie Newton) passa eternos momentos tentando retirar a inexistente poeira das obras de arte que enchem a casa. Talvez tentando limpar permanente poeira que recobria sua vida na África. O processo do empenho dos bens materiais do ariano Mr. Kinski também é uma boa metáfora da dívida (ou culpa?) européia para com o vizinho continente negro. A idéia da redução da opulência da Europa para minorar o sofrimento terminal da África deve cutucar o europeu que vê este filme. Nós, brasileiros, não temos este senso de diferença, pois convivemos permanentemente com os dois extremos de riqueza e miséria. Nossas culpas ficam por aqui mesmo, estão amortecidas, e vão, no máximo, até a favela mais próxima.

A bela mansão e o cotidiano de seus habitantes é explorada por certeira fotografia que bem se utiliza da arquitetura e dos fortes tons pastéis dos interiores. Som e fotografia quase se equiparam em importância nesse filme. Os diálogos pouco importam frente às expressões dos atores e à música. A música africana e a erudita são utilizados por Bertolucci para realçar as diferenças e a aproximação entre os personagens.

A atriz Thandie Newton é algo a parte dentro do filme. Sua beleza mestiça é realçada pelo fotógrafo com qualidade que se equipara a descoberta de Liv Tyler, em Beleza roubada. Quem assistiu Missão Impossível II, pode comparar como o pretenso charme do personagem de Thandie Newton no filme é ridículo frente às intensas imagens da bela Shandurai em Assédio. Mas, convenhamos, a especialidade de John Woo não é mostrar a beleza feminina.

Este filme, de 1998, só nos chega agora, mas já é um dos melhores lançamentos do ano 2000. É delicioso se entregar a leitura dos parágrafos de imagens criadas pelo italiano Bernardo Bertolucci, onde os detalhes proporcionam prazer como a leitura de um Machado de Assis, onde, todo o tempo, a história e o como ela é contada competem pela nossa atenção. Bertolucci brilha.


Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
Não esqueça de fazer seu registro no makingoff antes de baixar o filme.

Download abaixo:

Arquivo anexado Bernardo_Bertolucci___Ass_dio___1998___It_lia.torrent


sábado, 19 de abril de 2008

Hasta Siempre Commandante Che Guevara

http://www.viaggiareliberi.it/CUBA/Che_Guevara.jpg

Uploader: kriza_tridesetih
Included:

- Songs About Che Guevara (183 songs)
- Original speechs
- Pictures
- Original video
- Texts - russian
- Music video

Download:
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Devemos Dignificar o Bom Professor
O que dizer então dos educadores?


Por Jorge J. González.

Oficina Cultural Comunitária “Colorindo meu bairro”

San Agustín, La Lisa, Havana, Cuba

Professor como sou e, além disso, orgulhoso de sê-lo, as palavras da Dra. Graciela Pogolotti – professora, sem discussão, ela mesma de várias gerações de profissionais das artes -, e no recém finalizado o Sétimo Congresso da União de Escritores e Artistas de Cuba, me enchem de orgulho, porque vejo que teremos pensadores lúcidos, capazes de recordar que Cuba tem uma história, uma tradição pedagógica de excelência que se remonta quase aos inícios mesmo da formação de nossa nacionalidade; que durante a república neocolonial os males que sofria nosso povo eram muitos e por isso se fez uma revolução, mas a qualidade na formação de profissionais do magistério se comportava a uma altura e dignidade que poucos países poderiam se vangloriar de algo semelhante, daí que não entendemos, por mais que nos queiram explicar, e acontece que, de repente, estejamos enfrentando um fenômeno nacional em que não existia confiança na qual estejamos dando aos nossos filhos uma educação de excelência, garantia da preparação de nossa sociedade do futuro, muito, mas muito próximo.

Demasiadas mudanças em métodos, programas, estilos, se tem experimentado nas últimas três décadas no sistema de educação até o nível médio e hoje estamos JÁ pagando as tristes conseqüências: professores desmotivados (não só pelo problema salarial, que já seria muito) ante tantas pressões externas; muitos sem a preparação necessária desde o ponto de vista ético para enfrentar situações extremas em uma aula ou ser capazes de enganar ao educando ao responder perguntas com falsidade por desconhecimento do tema; escrever no quadro-negro com tantos erros ortográficos e gramaticais que alguém se pergunta quem autorizou essa pessoa a exercer uma profissão tão digna como a de professor.

Não importa quem, nem a quem lhes ocorreu a idéia de que um professor ensine quase todas as matérias a um estudante secundarista; não importa que nos insistam uma ou outra vez que foi um êxito, que os professores se sentem muito contentes com isso, porque há duas possibilidades únicas: ou se estão reunindo professores de outro planeta ou se está mentindo descaradamente à máxima direção do país com semelhantes barbaridades. Perguntemos com honestidade a qualquer professor se é capaz de dar aulas, com qualidade adequada, com um programa de matérias variadas, quando ele mesmo é titulado em uma especialidade determinada.

Por razões que desconheço e que encheriam várias enciclopédias sobre o tema, a maioria dos mortais medianamente “inteligentes”, têm preferências e habilidades desde os primeiros graus de ensino primário pelas disciplinas de humanidades ou pelas de ciências, mas muito pouco por todas. Se isto tem sido assim, como então queremos obrigar um professor que ensine todas as matérias, faça malabarismos para tratar de inter-relacionar uma com outra e fazer cada desastre que muitas vezes tem que rir – embora seja para chorar-, ante as ocorrências que tem que acudir alguns para cumprir com os “objetivos”? É que não podemos dizer, francamente: Nos equivocamos! Há que dar seguimento depois custe o que custar, caia de seu pedestal quem tiver que cair, mas sem hipotecar o futuro da inteligência deste país! Creio que estamos em um momento adequado para começar a falar com franqueza de temas como esses, porque estaríamos fazendo Pátria, porque estaríamos fazendo Socialismo real.

E com respeito aos professores o que apresentamos é uma realidade, ainda que existam infinidades de nuances e milhões de critérios, o que dizer então dos educadores?

Ninguém poderia questionar a precisão de dar um espaço a todo aquele que queira estudar, não importa inclusive sua idade, deficiência física ou outras e a Revolução se encarregou de nos dar essa possibilidade, mas daí, pretender que TODOS temos a capacidade necessária para chegar a ser universitários graduados, é como querer negar que a baía de Havana está cheia de água.

Durante anos e anos temos visto como se pedem determinados topes docentes para labores que, com honestidade e segundo minha maneira de ver as coisas, não necessitariam desses requisitos que, às vezes, ao exigir-lhes, ferem a integridade moral de alguma pessoa. Porque seguir insistindo em que toda a sociedade tem que obrigatoriamente chegar a ter ao mesmo doze graus escolares, quando os psicólogos sabem décor, que isso é impossível ou, senão, não haveria necessidade de ter escolas para ensinos especiais, mas, além disso, em todas as pessoas têm disposição para o estudo na aula, e sim, muitas possuem habilidades incríveis para desempenhar algum ofício que não requer precisamente de uma boa ou má ortografia, sendo assim porque não aproveita-las a favor da sociedade, sem obrigar a alguns a delinqüir, tratando de comprar certificados falsos de nono ou décimo primeiro grau e assim cumprir com esse requisito “imprescindível” para aceder a um posto de trabalho.

Todos os trabalhos e profissões honestas são dignas, não importa se um é doutor em medicina ou trabalhador de serviços comuns, pintor artístico ou de “broxa grande”, pedreiro, encanador, camponês, arquiteto, advogado ou engenheiro mecânico; uns necessitam, efetivamente, levar um título que os avaliem para exercer a profissão ou a sociedade correria um risco enorme ao ver como se derrubam edifícios mal desenhados e pior construídos ou operados de próstata os que sofriam de um resfriado, mas outras, aquelas que se vinculam a ofícios tão necessários em uma casa, em um escritório, em uma fábrica, requerem de habilidades provadas, não de certificados de escolaridade, ainda sim, além dos implicados tivessem obtido-o de maneira honesta, pois seria muito melhor. Por exigências desta corte muitos hoje estão desvinculados laboralmente do sistema estatal e formam uma massa heterogênea que é contratada pelos particulares e às vezes “pela esquerda” – como dizem os cubanos das coisas que se faz de forma ilegal – por alguns empresários nossos para construir moradias, consertar um banheiro, embelezar um jardim, entre muitos outros, já que os bons operários não abundam tanto, por desgraça, como o marabu. Muitos desses ofícios, imprescindíveis para a vida moderna se aprende na prática diária e, alguns só são possíveis conhecer dessa maneira, ao lado de um “professor da rua”, que hoje tem quase cem anos, é semi-analfabeto, mas é o único em sua especialidade provavelmente no país, com sua morte, não haverá quem transmita o conhecimento. Certamente que isso não queremos, mas...quantas vezes se sucedeu nas últimas décadas!

Sou das pessoas que sempre defenderei o direito a que todos recebam uma educação digna, que a torne possível, porque aquele que tenha possibilidades intelectuais de superar-se o faça, mas jamais poderei entender a educação como um plano que há que cumprir, ou metas para tal qual período e menos ainda seguir enganando-os ou tratando de enganar à máxima direção do país com lorotas a um sistema de educação que está se rachando em seus cimentos e é necessário, com urgência, escora-lo ou o edifício cairá em cima de nós.


(*) Este trabalho foi escrito originalmente para a página da web da UNEAC (união de Escritores e Artistas de Cuba), no fórum de discussão sobre os temas que se debateriam em seu 7° Congresso, ali pode se consultar, junto a outras opiniões do autor.

Versão em português: Vanessa Bortucan de América Latina Palavra Viva.




Em defesa da Procergs

Preocupados com a ameaça de desmonte, trabalhadores da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs) lançaram uma campanha em defesa da companhia. Já está no ar o blog da campanha, o Tirem as Mãos da Procergs. A campanha é organizada pela Comissão de Trabalhadores da Procergs (CT/Procergs) e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados (Sindppd/RS). As entidades denunciam:

“O desmonte do serviço público patrocinado pelo governo Yeda, que já provocou a redução da Emater, o sucateamento da educação e está vendendo, aos poucos, o Banrisul, agora está colocando em risco uma das empresas mais importantes do Estado: a Procergs. Yeda quer desmontá-la e vender os seus serviços mais valiosos aos empresários. Para isso, conta com a ajuda do secretário da Fazenda, Aod Cunha, e do presidente da Procergs, Ronei Ferrigolo, que já assumiram publicamente a redução da Companhia, o que levará à privatização de diversos serviços”.

Créditos:

AS ELEIÇÕES NO PARAGUAI


Frei Betto - Adital

No próximo domingo, 20 de abril, os eleitores paraguaios irão às urnas escolher, em turno único, o novo presidente do país. Disputam a eleição o ex-arcebispo católico Fernando Lugo; Blanca Ovelar, do Partido Colorado; e o general Lino Oviedo, ex-dirigente deste partido, acusado de participar do assassinato, em 1999, do ex-vice presidente Luis María Argaña (o que o obrigou a exilar-se quatro anos no Brasil).

Lugo, 57 anos, lidera as pesquisas eleitorais. Identificado com a Teologia da Libertação, faz questão de frisar que a sua "opção preferencial pelos pobres" não é política, é pastoral. Sabe que representa uma séria ameaça à hegemonia do Partido Colorado, há 60 anos no poder, inclusive através da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).

Fernando Lugo vive na pele a trágica história recente de seu país. Seu pai esteve preso mais de 20 vezes. Três de seus irmãos foram torturados e expulsos do Paraguai. Em 1983, também o expulsaram, devido a sermões considerados subversivos. Retornou em 1987. Ordenado bispo de San Pedro em 1994 renunciou ao ministério episcopal e aceitou candidatar-se frente ao apelo público subscrito por mais de 100 mil eleitores.

Apoiado pela Aliança Patriótica para a Mudança, que reúne nove partidos, e o Movimento Tekojoja (Vida Partilhada, articulação de movimentos populares), Lugo considera que seus principais adversários são a corrupção, a pobreza e a ignorância. "A maneira mais rápida de fazer fortuna no Paraguai é fazer política", assinala. Por isso, teme-se a tentativa de fraude na eleição de domingo.

Com pouco mais de 6,5 milhões de habitantes, e reservas de US$ 2,5 bilhões, o Paraguai ainda depende de sua economia agropecuária, voltada à exportação, sobretudo para a Argentina e o Brasil. Mais de 50% da população vivem abaixo da linha da pobreza, e 35% na miséria absoluta.

O país, no entanto, é rico em reservas de petróleo e recursos hídricos, e grande exportador (e não consumidor) de energia elétrica, através das usinas hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá, construídas com capitais brasileiro e argentino, e cujos tratados foram assinados por ditaduras militares.

Se eleito, Lugo está decidido a convocar o Brasil a renegociar o Tratado de Itaipu. A energia paraguaia é vendida ao Brasil a baixo preço, que ele pretende multiplicar por sete, o que garantiria ao país vizinho uma arrecadação anual de US$ 1,8 bilhão. Tudo indica que o presidente Lula não poria obstáculos à renegociação.

Lugo quer ainda promover a reforma agrária para beneficiar 300 mil famílias sem-terra (70% das terras produtivas pertencem a 2,5% dos proprietários); e valorizar cooperativas e pequenas empresas, de modo a sintonizar o crescimento econômico com o desenvolvimento social. Propõe-se também superar a relação assimétrica do Paraguai com os demais países do Mercosul.

O Partido Colorado domina todo o aparelho estatal e judiciário do Paraguai. Lugo se dispõe a resgatar a autonomia dos juízes e despartidarizar a máquina estatal. Cerca de 90% da população é bilíngüe, se expressa em espanhol e guarani, embora este povo indígena represente, oficialmente, apenas 0,7% da população. Mas, pela primeira vez na história do Paraguai, uma indígena guarani é candidata a senadora.

No século XIX, o Paraguai foi o país mais independente, justo e evoluído da América do Sul. Instigados pela coroa britânica, Brasil, Argentina e Uruguai o guerrearam de 1864 a 1870. Dos 160 mil soldados e oficiais brasileiros, 50 mil não retornaram. E pelo menos 300 mil paraguaios, entre civis e militares, morreram na guerra.

As Forças Armadas do Brasil devem à nação a abertura dos arquivos da guerra do Paraguai, e também da ditadura militar (1964-1985).

* Frei dominicano. Escritor.

Janis Joplin & Jorma Kaukonen - The Typewriter Tape - 1964


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1. Trouble In Mind 3:44
2. Long Black Train 3:59
3. Kansas City Blues (False Start) 0:19
4. Kansas City Blues 3:01
5. Hesitation Blues 4:18
6. (Strumming) 0:14
7. Nobody Knows When You're Down 3:18
8. Daddy, Daddy, Daddy 3:58

Gravado em 30 de junho de 1964.

http://img73.imageshack.us/img73/2476/47319335hj2.jpg

Janis Joplin - Vocals
Jorma Kaukonen - Guitar
Margareta Kaukonen - Typewriter

A primeira gravação de Janis, com
Jorma Kaukonen o futuro guitarrista de Jefferson Airplane,
gravado na casa dele e com
Margareta Kaukonen fazendo as percussões com una máquina de escrever (typewriter).

Créditos:LoLoBLog


O Poder Paralelo

Fausto Brignol

Fica cada vez mais claro que a chamada "abertura" política, com a consequente nova Constituição e eleições diretas, em 1989, foi mais uma concessão dos militares do que uma conquista do povo. Isso aconteceu em toda a América Latina onde haviam ditaduras militares orquestradas pelos Estados Unidos. Houveram acordos tácitos, não escritos, entre as elites civil e militar para que o povo pudesse votar a cada dois ou quatro anos, elegendo os seus representantes, o que pareceria, aos olhos do próprio povo, que estaria vivendo em uma democracia.
O recente episódio entre o comandante militar da Amazônia e o presidente Lula mostra de que lado estão os militares, que são e sempre foram golpistas de plantão a serviço dos Estados Unidos. Eles são treinados nas bases amerikanas e obedecem, servilmente, as ordens de seus verdadeiros patrões. Haja vista a intervenção brasileira no Haiti, ajudando a formar uma "força de paz" da ONU - leia-se Estados Unidos - contra o que eles apelidaram de bandidos e desordeiros e que, na verdade, são pequenos focos de guerrilha contra a situação calamitosa daquele país.
A declaração dos militares de que as Forças Armadas não obedecem aos Governo, mas ao Estado deixa claro a consciência que os militares tem, atualmente, de que estão acima do Governo. E isso é um sintoma de golpismo. Da mesma forma, a aceitação subserviente do Ministro Nelson Jobim revela o quanto o Governo encontra-se desarmado e inerte em relação ao poder paralelo representado pelas Forças Armadas.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cuba liberaliza agricultura:
de volta ao capitalismo?


Anunciadas discretamente, medidas visam sanar enorme déficit alimentar da ilha e retomam um antigo debate: como organizar a produção, em sociedades não comandadas pelo mercado?
As duas medidas começaram a ser adotadas sem alarde: nenhum discurso de dirigentes, nenhum artigo no Granma ou no Juventud Rebelde. Mas são para valer. Em diversas reuniões regionais com produtores rurais, autoridades do ministério da Agricultura de Cuba têm anunciado que: a) o planejamento da produção rural deixará de ser feito em Havana, e passará ao plano local; b) os agricultores poderão comprar autonomamente os insumos (ferramentas, equipamentos de irrigação, fertilizantes, cercas e roupas apropriadas) de que precisam para produzir, ao invés de recebê-los do Estado. As primeiras lojas já foram abertas. Não se aceitam pesos cubanos — apenas CUCs, atrelados ao dólar.

As mudanças confirmam o sentido de dois discursos pronunciados pelo novo presidente, Raúl Castro, nos últimos meses. Em julho do ano passado, ao falar na província agrícola de Camaguey, ele preconizou mudanças “estruturais” no campo, considerando-as necessárias para produzir mais alimentos e reduzir a dependência externa. Em 24 de fevereiro último, ao assumir o posto que era de seu irmão, ele afirmou que algumas restrições impostas aos camponeses “causam mais mal que bem” e prometeu eliminá-las em breve. Além disso, o secretário de Cultura do Partido Comunista Cubano, Eliadas Acosta, acaba de declarar (19/3) à imprensa internacional que o governo está estudando uma série de medidas “que o povo espera e são necessárias”. Não especificou quais são.

É possível que o semi-sigilo em torno das últimas decisões esteja relacionado ao prolongado (e quase sempre tenso) debate que a tradição marxista travou, pelo menos desde a Revolução Soviética, sobre o papel do planejamento estatal na construção do socialismo. Muitos dos participantes desta polêmica veriam as decisões agora adotadas em Cuba como um retorno à lógica do capital. Era esta a posição que prevalece na ilha hoje — embora tenha havido diversos ziguezagues, desde a tomada do poder pela guerrilha comandada por Fidel, em 1959.

A crítica do marxismo ao mercado era precisa.
O problema foram as alternativas…


Para o marxismo do século 20, a construção do socialismo baseava-se na conquista do poder e no controle da produção. O mercado era visto (corretamente…) como uma máquina de produzir desigualdades e irracionalidade. Ele tende a criar um abismo cada vez mais largo entre os mais e os menos favorecidos, numa sociedade. Imagine, para um exemplo muito simples, uma feira livre onde os camponeses oferecem diretamente seus produtos ao público. Aqueles que têm solo mais fértil, água mais abundante, conhecimentos ou capacidade empreendedora superiores, poderão vender produtos melhores ou mais baratos, conquistar fregueses, ampliar seus ganhos, adquirir máquinas e equipamentos que os tornarãm cada vez mais eficientes e competitivos.

Devido à própria eficiência, obrigarão os demais a vender suas terras, tornar-se assalariados e… ser demitidos, por ocasião das ondas de modernização tecnológica. O mesmo mercado, cujas leis básicas são o egoísmo e o lucro, estimulará os agricultores, neste exemplo, a devastar florestas e utilizar maciçamente agrotóxicos e sementes transgênicas. Farão isso sempre que houver relação custo-benefício favorável — ainda que as conseqüências para a natureza, ou a saúde dos consumidores, sejam ruins.

Preciso na crítica, o velho socialismo fracassou em oferecer uma saída superior ao comando dos mercados. A estatização da produção (em Cuba, 90% do PIB é gerado em empresas sem nenhuma autonomia real frente ao Estado) e o planejamento central separaram (”alienaram”) quem produz de quem decide. Ao invés de empreender, esperam-se ordens. Todas as decisões essenciais sobre o que e como produzir no setor rural da ilha eram tomadas, por exemplo, no edifício de 17 andares do ministério da Agricultura. Os próprios dirigentes locais do ministério eram vistos como “gente que apenas joga os problemas para a frente, porque não tem nem recursos, nem poder, para resolver nada”, segundo o presidente de uma cooperativa agrícola ouvido por Mark Frank, repórter da Agência Reuters.

Os agricultores queixavam-se. “A terra não espera, quando precisa de algo”, disse a Patrícia Grogg (da Agência IPS), Rubén Torres, um agricultor familiar de Villa Clara. Talvez por isso, a ineficiência da produção cubana de alimentos é caricatural. As importações necessárias para manter a população (11 milhões de habitantes, menor que a da cidade de S.Paulo) alimentada ultrapassam 1 bilhão de dólares ao ano, num país com enorme carência de divisas. A comida que um cubano médio pode adquirir num mercado é certamente menos variada, e de pior qualidade, do que a que se obtém na “xepa” de uma feira livre de uma capital brasileira.

As reformas são provocadas pela necessidade de encarar
o pós-Fidel. Mas julgá-las “capitalistas” seria grosseiro


As reformas são certamente impulsionadas pelo fim da era Fidel. Por quanto tempo uma população bem-formada, instruída e crítica poderá suportar a penúria alimentar (e a de itens básicos em geral), quando já não houver mais o símbolo humano que corporifica a revolução e suas conquistas?

Julgar que as novas medidas são, por si mesmas, um “retorno ao capitalismo”, seria empobrecer ao extremo o leque de alternativas ao sistema. Não haverá, além do estatismo, outras formas superar as lógicas do capital? Por que não dar ao agricultor liberdade de produzir — estabelecendo ao mesmo tempo, por exemplo, um sistema de tributos que redistribua a riqueza; normas severas de proteção ambiental; estímulos aos que optam por cultivar produtos orgânicos?
Reorganizar a produção de riquezas é um dos grandes desafios de Cuba, nos próximos anos. Será preciso (e não apenas no campo) superar a fase do planejamento burocrático, mantendo ao mesmo tempo conquistas como a igualdade, o acesso de todos a Educação e Saúde excelentes, o elevado nível cultural da população.

Haverá, certamente, impasses e solavancos. Instituído para atrair dólares e custear as importações, o sistema de duas moedas é uma terrível armadilha. Amplia incessantemente os privilégios dos cubanos com acesso a divisas estrangeiras, desfazendo a idéia de que todo es para todos e corroendo um dos trunfos simbólicos da revolução. Além disso, décadas de centralismo minaram a capacidade de empreendimento e autonomia.

Mas as mudanças revelam que a liderança cubana não está acomodada ao legado de Fidel, nem se limita a seguir burocraticamente seus passos. Busca saídas. É possível que aposte em trunfos como uma população intelectualmente refinada e criativa, ou o apoio e solidariedade internacional que Cuba sempre desperta, quando lança ao mundo sinais de esperança.

Créditos: EsquinaDemocratica