quinta-feira, 24 de abril de 2008

Terror e Escuridão - José Mercader




O Papa Está Muito Equivocado
Que lastimável o silêncio da Igreja!

Por Robert Reyes.

Segui com atenção a visita pastoral do Papa Bento XVI aos Estados Unidos, especialmente sua mensagem à Organização das Nações Unidas. Devo começar por dizer que o Papa está muito equivocado em seu conceito do que é o governo norte-americano, parece-me uma grande insolência que tenha celebrado seu aniversário ao lado do maior terrorista, culpado de milhões de mortes e o principal obstáculo para que América Latina seja inundada pelo desenvolvimento social, médico, cultural, e todas aquelas coisas da globalização.

O mais alarmante da Mensagem à ONU foi omitir o genocídio do povo iraquiano. Em todos seus discursos o Papa esqueceu de exigir em nome do Deus da vida que – diz ele representar- que se pare esse massacre. Que inocência calar diante o culpado! Que lastimável o silêncio da Igreja! Parece que hoje se repete a triste cena dos silêncios, assim como no holocausto nazista, quando milhares de inocentes morreram nos campos de concentração.

É alarmante que no terceiro milênio do cristianismo ainda Roma escolha Papas que se vendem ao melhor preço. Porque o silêncio mantido por Bento XVI na ONU e na Casa Branca não foi de graça nem diplomático, foi uma bofetada à fé, ao evangelho e a Cristo Redentor.

Todo Estado tem o dever primário de proteger a própria população de violações graves e contínuas dos direitos humanos, como também das conseqüências das crises humanitárias, já sejam provocadas pela natureza ou pelo homem, disse ontem o Papa alemão. Pergunto-me como cristão: por acaso o estado norte-americano protege? Por acaso este respeita os direitos humanos? Quem provoca crises humanitárias e... até naturais? Então, como a resposta é muito óbvia ( os Estados Unidos), por que não aproveitar aquela tribuna para exigir que se pare o extermínio iraquiano. Porque aquela não é uma guerra preventiva, é o extermínio de um povo inteiro.

Afirma o Pontífice que sua presença nesta Assembléia é uma mostra de estima pelas Nações Unidas e é considerada como expressão da esperança em que a Organização sirva cada vez mais como signo de unidade entre os Estados e como instrumento ao serviço de toda a família humana.” Como se atreve a dizer este senhor que ele é esperança para a ONU, essa instituição deixou de funcionar quando os Estados Unidos dominaram sua voz e submeteram sua legalidade em favor dos interesses nefastos do criminoso George Bush e seus afãs de guerra e violação dos Direitos Humanos.

Por isso minha réplica ao “Santo Padre” que novamente se equivocou em terra americana. Desejo poder mandar ao Papa todos os inumeráveis e intermináveis arquivos das gravíssimas violações de Direitos Humanos que acontecem na América Latina e cujo único responsável tem sido o estado norte-americano. Novamente um Judas Iscariotes tem assomado seu nariz onde não deve, creio que tem sido muito triste e vergonhoso o espetáculo do Papa naquele país. E mais vergonhoso seu insolente silêncio. É que não me cabe na cabeça que este indivíduo não tenha pedido o fim da invasão no Iraque e, que não tenha exortado os norte-americanos a saberem escolher seu caminho porque as atuais circunstâscias nos demonstram que esse país caminha para sua própria autodestruição.

Também disse o elemento romano que As Nações Unidas seguem sendo um lugar privilegiado em que a Igreja está comprometida a levar sua própria experiência “em humanidade”, desenvolvida ao longo dos séculos entre povos de toda raça e cultura, e a pô-la à disposição de todos os membros da comunidade internacional. Isso é mentira, é uma ofensa a nossos povos. Quantas vezes essa instituição falhou em contra de nossos irmãos países latino-americanos e se tornou em mais uma organização inquisidora que num lugar privilegiado. É que é muito descaro dizer que a Igreja tem experiência de humanidade, porque com suas exceções, demonstrou ao longo dos séculos ser uma religião contrária ao Evangelho, aos direitos fundamentais dos povos e dos homens. Sim, é a mais intransigente e imoral de todas.

Quem não acredite em mim dê uma olhada na nefasta hierarquia que perambula em nosso país, camuflada com mitras e cajados, com aparência fúnebre e carregada de ódios, de frustrações e de exclusão.

Olhem esta estupidez, o Papa ao delinqüente do Bush:

Os estadunidenses o sabem por experiência: quase todas as cidades deste País têm monumentos em homenagem aos que têm sacrificado sua vida em defesa da liberdade, tanto em sua própria terra como em outros lugares... Os Estados Unidos têm se mostrado sempre generosos em ir ao encontro das necessidades humanas imediatas, promovendo o desenvolvimento e oferecendo alívio às vitimas das catástrofes naturais. Tenho a confiança de que esta preocupação pela grande família humana seguirá manifestando-se com o apoio aos esforços pacientes da diplomacia internacional orientados a solucionar os conflitos e a promover o progresso.

E agora o delinqüente ao Papa:

Foi um momento especial poder conversar com o Santo Padre no Salão Oval. É um humilde servidor de Deus. É um professor brilhante. É uma alma cálida e generosa...

Juntos, durante quase sete anos e meio nos temos esforçado por respeitar a dignidade da vida humana. Durante os últimos anos, meu governo interrompeu o financiamento de grupos estrangeiros que realizam ou promovem o aborto usando dinheiro dos contribuintes estadunidenses. Temos trabalhado juntos para proteger da violência as vitimas não nascidas e para acabar com a bárbara prática do aborto de nascimento parcial. Temos-nos mantidos firmes em nossa crença de que os avanços médicos prometedores podem coexistir com as práticas médicas éticas. Uma das vantagens de ser Presidente é que posso ver com meus próprios olhos a forma em que as verdades fundamentais expressadas pelo Santo Padre motivam as pessoas. Os tenho visto viver o Evangelho em inumeráveis atos de compaixão e valentia. Tenho-me unido a vocês ao tratar de cumprir o nobre clamor das Escrituras: ver a imagem de Deus em toda a humanidade e respeitar a dignidade de cada ser humano na Terra.

Que ironia, não? A visita do Papa tem sido uma asquerosa injúria, uma blasfêmia, um ato de circo muito barato.

O único que diria ao Papa respeito a esta visita são duas coisas:

1.Equivocou-se de história.

2.Como diz a canção de Ali: “Eu venho de onde o Senhor não tem ido”...ah. E claro uma mais direita: Sr. Papa “basta de mentes hipócritas”...aqui ainda seguem matando cristãos por defender uma cruz. Mas a cruz que nos impôs historicamente o imperialismo ianque começa a ser suave em nossos homens, porque aqui onde o Senhor não tem vindo há REVOLUÇÃO, é o mais belo processo baseado na igualdade, na justiça, na liberdade, no amor.


Versão em português: Allisson Gabrielle de América Latina Palavra Viva.




Stroszek

Bruno Stroszek é o personagem principal deste filme, realizado por Werner Herzog em 1977. Bruno sofre de atrasos psico-intelectuais e é liberto de uma cadeia, onde tinha sido encarcerado devido às zaragatas que frequentemente arranjava, dado o seu estado mental. Nesse momento conhece Eva, uma prostituta, por quem imediatamente se apaixona, e Scheitz um velho delirante e castiço, seu vizinho. Bruno é, de certa forma, uma personagem carente e sensível. É músico nas horas vagas e toca deambolando pelas ruas. Não tem noção das coisas mais elementares, é nayf e deixa-se enganar com uma facilidade tremenda por quem quer que seja. Bruno, Scheitz e Eva viajam para os Estados Unidos em busca do sonho Americano e não tardam a encontrar uma realidade bem diferente da que esperavam. Encontram a América real, fria, desumanizada. Fonte


Gênero: Drama
Diretor: Werner Herzog
Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento: 1977
País de Origem: Alemanha
Idioma do Áudio: Alemão / Inglês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0075276

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 811 Kbps
Áudio Codec: Divx (wma)
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 640x384
Formato de Tela: Widescreen
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 697 Mb
Legendas: Em anexo


Bruno S. (Der Bruno Stroszek)
Eva Mattes (Eva)
Clemens Scheitz (Scheitz)
Wilhelm von Homburg (Cafetão)
Burkhard Driest (Cafetão)
Clayton Szalpinski (Mecânico)
Ely Rodriguez (Mecânico)
Alfred Edel (Dretor da Prisão)
Scott McKain (Scott)
Mais detalhes

- O filme foi escrito em quatro dias e especificamente para o ator Bruno S., sendo filmado em Berlim e em duas cidades no estado norte-americano de Wisconsin.
- Muitos dos personagens, com exceção dos três principais: Bruno Stroszek (Bruno S.), Eva (Eva Mattes) e Scheitz (Clemens Scheitz), foram encenados por não-atores.
- Foi o último filme que Ian Curtis, vocalista do Joy Division, viu antes de se suicidar

Vejo Stroszek como um filme, de certa maneira, neo-realista. Com efeito, Herzog capta a realidade no seu estado mais miserável e crú. Bruno Stroszek está para Herzog como Edmund para Rosselini ou Antonio para De Sica. Este filme é uma crítica ao mundo dos números, ao mundo em que o dinheiro se torna necessário e o bom coração um peso. Uma crítica à América do sonho sonhado, que a realidade destrói e torna pretérito. Estamos habituados a ver os grandes realizadores fazerem enormes exigências aos actores. Veja-se, a título exemplificativo, Polanski e Adrien Brody, ou Von Trier e Bjork. Pega-se num argumento com o cunho pessoal do "auteur" e o actor tem que se enquadrar na personagem previamente delineada. Aliás, é isso que vulgarmente distingue um actor de um amador, a capacidade de ser muitos eu's, de representar, de fingir, de ser o que não se é. Fonte

não esqueça de fazer o registro no makingoff antes de baixar o filme, é gratuito.

Download abaixo:

Arquivo anexado Stroszek.1977.Werner.Herzog.DVDRip.XviD.ENG.freakyflicks.torrent filme
Arquivo anexado Stroszek.1977.Werner.Herzog.DVDRip.XviD.ENG.freakyflicks.sub.rar legendas


Festa de título no Gigante

Torcida enlouquece com classificação histórica do Inter
Agência
Andrezinho e Fernandão comemoram gol do Internacional sobre o Paraná

Ainda faltam seis jogos para o Inter conquistar a Copa do Brasil e garantir o retorno à Libertadores em 2009, ano de seu centenário, mas o clima nesta quarta-feira, entre os torcedores, foi de campeão. Orgulhosa pela vitória heróica de 5 a 1 sobre o Paraná, os colorados fizeram uma festa impressionante.

Assim que o árbitro encerrou a partida, o Beira-Rio explodiu em euforia. O técnico Abel Braga, emocionado, foi ao vestiário com as mãos para cima, aplaudindo a galera.

- Essa vitória tem toda a participação deles - afirma.

Fernandão, no meio do gramado, chamou os jogadores. Juntos, eles foram até a mureta que separa o campo da torcida para fazer um agradecimento coletivo à torcida, que não parou de cantar um único segundo.

- Resgatamos aqueles grandes momentos que havíamos vivido. E vamos viver muitos outros ainda - comenta o capitão.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A vitória de Lugo e seus reflexos no Brasil



Altamiro Borges - adital


Num clima de euforia, dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas centrais de Assunção na noite deste domingo (20) para comemorar o anúncio oficial, divulgado pelo Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), da vitória do ex-bispo católico Fernando Lugo no pleito presidencial do Paraguai. A festa popular, carregada de esperança, marca uma virada histórica neste sofrido país, encerrando seis décadas de domínio do direitista Partido Colorado, e confirma a inédita guinada à esquerda do tabuleiro político na América Latina - tão temida pelo imperialismo estadunidense e pelas forças oligárquicas da região e incompreendida por alguns setores esquerdistas sectários.

Segundo várias agências de notícias, a multidão em êxtase ocupou a frente do comitê da Aliança Patriótica para a Mudança quando a apuração apontou a ampliação da vantagem de Lugo sobre a colorada Blanca Ovelar. Ninguém parecia acreditar no resultado, já que pairavam dúvidas sobre o risco de fraudes eleitorais. Cauteloso, o novo presidente anunciou: "Quando a Justiça ratificar o resultado, estaremos abertos para construir a integração real do continente". O dia do candidato foi emblemático do seu perfil progressista, de adepto da Teologia da Libertação. Ele foi votar, às 7h12, de braços dados com a argentina Hebe de Bonafini, legendária líder das Mães da Praça de Maio. Depois, ao lado do amigo brasileiro Frei Betto, Lugo rezou na paróquia São João Batista.

Intrigas da mídia venal

A vitória do "bispo dos pobres", como ele é chamado por seu trabalho junto aos sem-terra de San Pedro, uma das regiões mais miseráveis do país, enche de esperanças o povo paraguaio, reforça o processo de integração progressista do continente e desperta preocupação no Brasil. Envenenado pela mídia hegemônica, há quem tema a eclosão de conflitos com a nação vizinha em função da energia hidrelétrica de Itaipu e da presença de milhares de fazendeiros brasileiros na agricultura paraguaia. De fato, estes temas foram centrais na campanha eleitoral, com todos os candidatos - e não apenas Lugo - defendendo mudanças, principalmente nas cláusulas do Tratado de Itaipu.

Mas o que realmente pode mudar nas relações entre Brasil e Paraguai? Quais serão os reflexos da histórica vitória de Fernando Lugo? Para entender melhor o que está em jogo, sem se contaminar com as intrigas da mídia venal, torna-se indispensável a leitura do livro recém-lançado "O direito do Paraguai à soberania", organizado por Gustavo Codas (Editora Expressão Popular). Ele reúne três artigos que ajudam a explicar o surpreendente apoio ao teólogo da libertação, as propostas da sua organização eleitoral, batizada em guarani de Tekojoja (que significa "viver entre iguais") e as reais polêmicas em torno do inflamável Tratado de Itaipu - o foco principal da obra.

Dívidas do capitalismo brasileiro

Já na abertura, o paraguaio Gustavo Codas, que se exilou no Brasil durante a ditadura de Alfredo Strossner e milita na CUT, explícita que a vitória de Lugo deve, de fato, afetar a agenda externa brasileira. "O país sofre uma pesada herança da qual o Brasil é, em grande parte, responsável. O Paraguai foi castigado, primeiro, pelas conseqüências duradouras da guerra de extermínio que Brasil, Argentina e Uruguai lhe fizeram nos anos de 1864-1870, e, na segunda metade do século 20, pelo fortalecimento de um modelo capitalista mafioso vinculado à burguesia brasileira em todo tipo de negócios ilícitos - narcotráfico, lavagem de dinheiro, contrabando, etc.".

Para ele, três temas deverão pautar uma nova relação, mais justa e soberana, entre os dois países. "Primeiro, a renegociação do Tratado de Itaipu. Segundo, os resultados da invasão de boa parte do território oriental paraguaio por latifundiários brasileiros produtores de soja (iniciado nos anos 70). Terceiro, a integração ao Mercosul com uma verdadeira compensação das assimetrias deste pequeno e pobre país em relação aos dois maiores sócios deste projeto - Brasil e Argentina". O livro, como explica Codas, tem como objetivo reforçar na esquerda brasileira "o compromisso com um internacionalismo que, para além dos discursos de solidariedade, deve ser transformar em passos concretos reparando as dívidas deixadas pelo capitalismo brasileiro no Paraguai".

O programa do Movimento Tekojoja

Neste rumo, os três textos dão importante contribuição ao debate. O primeiro, de Richard Gott, membro honorário do Instituto de Estudo das Américas da Universidade de Londres, apresenta detalhada biografia do "bispo vermelho do Paraguai". O segundo traz o resumo do programa do Movimento Popular Tekojoja, que está centrado na luta pela "revolução agrária", na estratégica "soberania energética", na "planificação pró-ativa do desenvolvimento nacional", no "trabalho produtivo e digno para todos", na "universalização da seguridade social", na "integração regional solidária", entre outros itens. É um programa reformista, desenvolvimentista, mas que se inspira nos "princípios libertários que alentaram a luta patriótica do nosso povo e nos ideais socialistas".

O texto mais longo, instigante e de interesse imediato para os brasileiros é do engenheiro Ricardo Canese, um dos principais assessores do novo presidente. Ele trata da "recuperação da soberania hidrelétrica do Paraguai". Com inúmeros dados técnicos, o autor argumenta que a capacidade de produção de energia do seu país é o único fator que pode destravar o desenvolvimento e garantir maior justiça social. Para ele, a vitória de Lugo reascenderá este debate estratégico, abandonado pela oligarquia paraguaia que "trocou de forma perversa a soberania hidrelétrica por concessões e apoios políticos fornecidos pelas elites dominantes dos nossos vizinhos mais poderosos", a exemplo do que ocorreu com o canal da Panamá e com as reservas de gás e petróleo da Bolívia.

Os tratados de Itaipu e Yacyretá

Apesar de posições estranhas, como a que renega as experiências socialistas, a que reforça a tese do subimperialismo - "sofremos mais a conseqüência de depender das submetrópoles (Brasília e Buenos Aires) que do próprio império" - e a que afirma que não há alternativas ao capitalismo, Canese apresenta dados sólidos sobre o "roubo" da energia hidrelétrica do Paraguai. Revela que os preços fixados pelo Tratado de Itaipu estão bem abaixo do mercado, que os juros da obra são escorchantes e eternizam a dívida externa e que as regras de comercialização são draconianas. O Paraguai consome apenas 12% da energia gerada em Itaipu, mas é obrigado a vender o restante para o Brasil. Acordo similar foi feito com a Argentina na exploração da energia de Yacyretá,

Canese estima que o país perca US$ 3,645 bilhões ao ano em decorrência destes tratados lesivos. Para ele, a renegociação dos acordos com o Brasil e a Argentina é o único caminho para a nação poder alavancar o desenvolvimento e investir em programas sociais que superem a brutal miséria do país. "O Paraguai é um país hidrelétrico. É o único país da região com genuínos excedentes... Com um PIB da ordem de US$ 7,5 bilhões, possui uma riqueza hidrelétrica que vale 50% do seu PIB. Consequentemente, não há nada mais importante do que recuperar a soberania sobre essa valiosa riqueza natural". As propostas que formula, que serviram de base ao programa de Lugo, não pregam o rompimento dos acordos - como insinua a mídia. Mas procuram garantir preços justos, redução dos juros e novas regras. Defendem nada mais do que a soberania do Paraguai.


[Autor livro recém-lançado "Sindicalismo, resistência e alternativas" (Editora Anita Garibaldi)].


* Jornalista, editor da revista Debate Sindical

terça-feira, 22 de abril de 2008

Zé Renato - Luz e Mistério (1984)




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Uribe e os direitos humanos


Laerte Braga


Toda a pressão do líder terrorista George Bush não conseguiu ainda vencer a resistência dos senadores norte-americanos na tentativa de aprovar o projeto que estabelece relações de livre comércio com a nova colônia dos EUA na América do Sul, a Colômbia.



Um documento com assinatura de 62 senadores exige explicações sobre os assassinatos de dirigentes da marcha de 600 mil colombianos contra Uribe, em Bogotá e nas principais cidades da Colômbia e que, segundo o narcotraficante designado governador geral foi organizada pelas FARCs.



Esse tipo de notícia não aparece por aqui, pois a GLOBO decretou guerra à Venezuela e o general William Bonner deve considerar que o mundo de Homer Simpson que se ajoelha diariamente diante do altar/tevê para vê-lo descer dos céus com sua espada/notícias de arcanjo da mentira, não deve saber desses fatos ímpios.



Em 12 de abril Yolanda Pulécio, mãe da ex-senadora Ingrid Betancourt, em intervenção no encontro de intelectuais em Caracas, agradeceu ao presidente Chávez “por todo lo que ha hecho para lograr la liberación de los retenidos. Lamentándolo mucho, mi hija Ingrid no ha podido ser liberada, pero me siento confiada con el trabajo que usted realiza para conseguir esa liberación”.



A julgar pelo noticiário divulgado pelo governo terrorista do tráfico em Bogotá, a essa altura do campeonato Ingrid Betancourt deveria estar morta. Leishmaniose, greve de fome, hepatite B e malária, é muita teimosia em viver.



O que o general Bonner não revela em seu comunicado diário que chama de JORNAL NACIONAL é que a senadora Piedad Córdoba, principal adversária do narcotráfico na Colômbia em criticas ao presidente Uribe mostrou o desejo dos colombianos de viver em paz, com negociações, o fim da guerra civil e que uma eventual candidatura de Ingrid Betancourt colocaria em xeque os “negócios” de Uribe e sua reeleição.



Arrancada a fórceps, num terceiro mandato, no golpe controlado por Washington.



Fujimori está preso no Peru? Habemus Fujimori na Colômbia.



O governador geral da província colombiana na América do Sul Álvaro Uribe através dos esquadrões da morte já eliminou seis organizadores da marcha pela paz e um sem número de prisões indiscriminadas lotam as cadeias de Bogotá e Medelin, na tentativa de afastar qualquer obstáculo ao controle efetivo do país tanto pelos Estados Unidos, como pelo tráfico.



A fala de um general brasileiro que o reconhecimento de nações indígenas coloca a soberania da Amazônia em risco, mostra mais uma vez, o absoluto desconhecimento dos militares brasileiros, mesmo aqueles que se pretendem nacionalistas, da realidade que nos cerca. A Amazônia está sob controle do SIVAM (Sistema de Monitoramento Aéreo) realizado por militares norte-americanos com subalternos brasileiros.



A região é usada para vôos de abastecimento militar para a Colômbia, levantamento e mapeamento das riquezas minerais através de informações de satélites e um antigo líder do governo FHC, atualmente ministro de Lula, afirma que as FARCs serão recebidas a bala. Já os americanos que controlam a região não. Ou pelo menos outro tipo de bala. Falo de Nelson Jobim, sobrevivente por profissão.



Registre-se que o SIVAM foi iniciado também no governo FHC e o general nacionalista falou na FIESP, centro dos interesses internacionais sobre o Brasil. É o nacionalismo de cabeça para baixo.



Como em 1964, Colocaram na cabeça dos militares que seriam eles os responsáveis pela democracia, a ordem, a transformação do Brasil em grande potência e usaram-nos como polícia cruel e sanguinária de uma ditadura brutal e violenta nascida em Washington.



Não são as terras indígenas que irão transformar o Brasil em colônia, mas as políticas equivocadas de PAC. Os entendimentos supostamente nacionalistas de generais monitorados por uma ideologia estranha aos interesses nacionais, empresas como a VALE, a ARACRUZ e o arremate, em 2010 com a eventual eleição de mais um funcionário qualificado dos EUA, o que finge ser governador de São Paulo, José Serra.



Quando acordamos estaremos todos no tronco.



A mãe de Ingrid Betancourt em sua singeleza de mãe percebeu tudo isso.

> Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

Ilustração: Táia Rocha

O Homem Dos Olhos De Vidro
Num grande círculo que recebia o sol.

(para Santin)

Foi lá na Fazenda Klabin, em 2004, que me lembro de tê-lo visto a primeira vez: a ocupação acontecera sem incidentes, e olha que era uma baita ocupação - 500 famílias e o maior latifúndio do Estado de Santa Catarina, totalmente devastado dos pinheiros que tivera um dia.
Fôramos para lá sem saber para aonde iríamos, como é de costume; soubéramos que iríamos meia hora antes de sair de casa, e aí existe aquele ritual de botar roupas escuras para ficar-se menos visível caso a polícia ou as milícias do patrão venham a atirar na gente, botar na bolsa uma garrafa d’água e algo de comer, pois nunca se sabe até onde se vai e quando se volta, e depois há que se esperar em algum ponto combinado, para que venham instruções para o telefone celular de alguém, e então se segue até o ponto seguinte e se aguarda novas instruções, e assim a noite segue. Quase já na área que continuava desconhecida, silenciosos e imóveis na escuridão de um pátio, víamos intensa movimentação de carros de polícia: alguém desconfiara de alguma coisa, alguém dera algum alerta, e então os cuidados tinham que ser redobrados para se evitar incidentes. No comando de toda a operação, o Homem dos Olhos de Vidro, que eu ainda não conhecia, mas que conhecia muito bem as rotas e os perigos, e que tinha tudo pronto para que não houvesse erros. E entre duas passagens dos carros de polícia, saímos quase que pé ante pé, e nos incorporamos, não muito distante, numa estradinha lateral, às quase 500 famílias que já estavam indo, pois havia famílias para a frente e famílias para trás, e a nós coube seguir uma kombi lotada de criancinhas que eram como libélulas batendo as asas na sua algazarra, e éramos seguidos por um caminhãozão carregando uma lona na sua carroceria – numa freada que houve, numa parada que não se sabia para que (mas decerto prevista pelo homem que tinha aqueles olhos), aquela lona se mexeu e de debaixo dela espiaram dezenas, muitas dezenas de pares de olhos de homens que estavam dispostos a qualquer coisa para defender aquelas criancinhas e a terra que decerto viria.

Meio magicamente, a polícia não nos viu, e atravessamos a BR[1] como seres invisíveis, e entramos naquele latifúndio totalmente abandonado, creio que pelas quatro horas da manhã. Já era grande o número de pessoas que lá estava; como num carreiro de formigas, não paravam de chegar outras, de todas as formas possíveis, em todos os veículos possíveis, e acho que não teve quem não engoliu um soluço ao ver o caminhão de carregar gado, de repente, entrar pelo caminho que vinha da rodovia, e dele saltarem as muitas dezenas de homens dispostos a tudo para garantir o pedacinho de chão para a sua família, neste país de tantas terras abandonadas.

E nos dispersamos a olhar aqui e ali, a ajudar aqui e ali, e fazia frio nos campos de alta altitude, e então, em algum momento, o sol começou a nascer por detrás do leste, e então houve a grande reunião de todos os que ali estavam, um grande círculo que como que recebia o sol, e numa lombadinha do campo devastado estava o Homem dos Olhos de Vidro, e foi ali que o conheci. Muita outra gente estava ali, gente de muitos lados, os que vieram para ficar e os que vieram para apoiar, e neste se incluíam os representantes de bispos, e de autoridades municipais daquela cidade que morria pelo abandono da fazenda, e tanta gente, tanta gente unida por seríssimos sonhos que o pessoal que acredita na Veja[2] dificilmente um dia conseguirá entender, e uma coisa a se pensar neste momento é se há mais gente que crê na Veja ou mais gente que crê na idéia de que um mundo melhor é possível. Como não há estatísticas, fica difícil definir tal coisa, mas eu cá, depois de muito andar por aí, tenho minhas dúvidas sobre onde está a maioria...

Voltemos ao Homem dos Olhos de Vidro, no entanto. Seus antepassados tinham sido gerados numa Europa de muita gente de olhos claros, a mesma Europa que gerara os Sem-Terra que haviam chegado à América sob o nome de Imigrantes – era de lá que os olhos transparentes daquele homem tinham vindo, e naquela manhã em que o sol nascia sobre o campo que comportaria muito mais que as 500 famílias que estavam ali, devia fazer muitas noites que ele não dormia, pois seus olhos de vidro estavam vermelhos de tanta falta de sono – não fora nada fácil, com certeza, organizar para que aquela imensa ocupação do imenso latifúndio arrasado acontecesse sem nenhum incidente, mas agora a ocupação estava feita e era o momento ritualístico da posse da terra, e deu-se voz a cada um dos que estavam ali, a cada liderança e a cada representação, e o Homem dos Olhos de Vidro Vermelho a tudo acompanhou e regeu fitando diretamente o sol que subia no céu e que devia provocar muita dor naqueles olhos tão claros – e eu admirei visceralmente a força daquele homem, a força que se expressava na transparência vermelha daqueles olhos que pareciam cristal.

Nunca mais esqueci a força daquela homem, a força que se expressava tão firmemente naquele nascer do sol, na transparência vermelha dos seus olhos de vidro. Desde então, eu o tenho encontrado diversas vezes por aí, sempre nos melhores momentos. Descobri, no entanto, que há outros homens, e também outras mulheres, com olhos de outras cores, com a mesma capacidade de liderança e de organização, e a minha esperança cresceu. Há muita coisa para acontecer, por aí tudo. Um mundo melhor é possível, sim, e é isto que deixa apavorado de medo o pessoal que acredita na Veja.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Brasil na rota da turbulência





Fernando Silva

A elevação da taxa de juros anunciada pelo Banco Central e a explosão dos preços dos alimentos e do petróleo são acontecimentos que podem colocar o Brasil mais rapidamente próximo de um cenário de turbulência econômica e social.

O aumento dos juros deve-se à intocável ortodoxia neoliberal que rege a política econômica do governo Lula. Ortodoxia que não aceita que qualquer fundamento ameace a "estabilidade" da remuneração ao capital financeiro. Cresceu a economia e cresceu o consumo? Pode isso gerar um aumento da inflação que fure as metas estabelecidas pelo Banco Central para atender aos ditames do Consenso de Washington? Na dúvida, aumentam-se os juros e estrangula-se ainda mais o Orçamento para gastos sociais.

O efeito imediato é um aumento de R$ 295 milhões de reais da dívida pública. Nem pensar em mexer nas metas de superávit primário — a porcentagem da riqueza nacional reservada pelos governantes para pagar os juros da dívida, que bateu R$ 109 bilhões entre fevereiro 2007 e fevereiro de 2008. Esse dinheiro é diretamente "extorquido" do Orçamento da União. Do ponto de vista da economia real, segundo admite o próprio presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o aumento dos juros já terá impactos visíveis no segundo semestre deste ano.

A bolha das commodities

A explosão dos preços dos alimentos tem na sua raiz o aumento da demanda (procura) mundial por alimentos, insumos e energia após um ciclo de cinco anos de crescimento contínuo, especialmente em países superpopulosos como China e Índia. Mas é cada vez mais relevante a percepção de que estamos em meio a uma "bolha" (supervalorização) no mercado das commodities (os produtos minerais, pecuários e agrícolas com preços mundialmente negociados). Esta nova bolha ainda está em fase de expansão. A alta do petróleo, do ouro e dos alimentos atrai novas montanhas de recursos de investidores, ávidos por lucros rápidos após o desastre dos títulos imobiliários norte-americanos.

É por esse caminho que o Brasil pode estar entrando ainda mais abruptamente num furacão. A opção do governo por colocar o país na vanguarda da exportação de commodities e na produção de agro-combustíveis pode contribuir decisivamente para uma maior dependência e vulnerabilidade do país diante da explosão dos preços dos produtos agrícolas.

O Brasil já é o maior importador mundial de trigo. Recomenda-se a leitura do artigo de Ariovaldo Umbelino de Oliveira, publicado na Folha de S. Paulo de 17 de abril, com novos dados da redução da área de plantio de alimentos no país, em função da agressiva expansão da indústria do etanol.

Pode, portanto, atender pelo nome de crise alimentar a nova tempestade mundial que se avizinha e que, ainda que precedida de uma inquietante calmaria no Brasil, já tem explosões evidentes pelo mundo, como nos recentes protestos massivos no Haiti da população faminta e espoliada, vítima agora dessa alta incontrolável dos alimentos. Protestos, aliás, tratados a bala pelas tropas da ONU, comandadas e constituídas principalmente pelas forças armadas desse autêntico governo brasileiro do agronegócio.

Escolhas conscientes

Esta situação não é produto apenas do cenário internacional. É um insulto à inteligência do cidadão que o presidente Lula venha a público enganar a população criticando o aumento dos juros, e que parceiros seus de governo, como o PCdoB, façam programas de TV para dizer que o governo Lula melhorou o país e que o problema é a "turma que quer aumentar os juros".

Quem nomeia presidente do Banco Central é o presidente da República. Ou seja, quem entregou o controle da economia para o mercado financeiro foi o governo Lula. Quem optou por não tocar nos fundamentos de uma política neoliberal no país, em manter o superávit primário, o endividamento público, foi o governo Lula. Ninguém mais.

E também é o caso da opção pelo agronegócio, em completo detrimento da política de reforma agrária e da preservação da segurança alimentar do país.

Jornada de lutas e de denúncia

As jornadas de luta do MST em abril, em particular as ações desta semana, tiveram o grande mérito de colocar ainda mais holofotes sobre esse problema.

Enquanto BNDES, Petrobras e Banco do Brasil dão empréstimos e investimentos polpudos para o negócio do etanol, o governo federal rompe, ano após ano, um simples acordo de construir seis mil casas para trabalhadores sem-terra assentados. Este fato simboliza a opção deste governo pelo estrangulamento da reforma agrária em troca do agronegócio capitalista, cada vez mais concentrador de propriedade e de terra.

Vai estar na agenda dos movimentos sociais da classe trabalhadora e da esquerda socialista a denúncia e a constituição de formas de luta unitárias, para começarmos a nos preparar para enfrentar essa turbulência que está a caminho e que pode penalizar sobremaneira os mais pobres.

Fernando Silva, jornalista, membro do conselho editorial da revista Debate Socialista e membro do Diretório Nacional do PSOL.

Hermeto e Sivuca 5 - Tico-Tico no Fubá

Jackie McLean - Hipnosis (1967) with Grachan Moncur

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Jackie McLean - Hipnosis (1967) with Grachan Moncur
MP3 / 192kbps / RS.com: 57mb


Personagens:
Grachan Moncur III (tb)
Jackie McLean (as)
Lamont Johnson (p)
Scott Holt (b)
Billy Higgins (d)

Gravado no Rudy Van gelder Studio, em Englewwood, Nova Jersey, em 03 de fevereiro de 1967.

Faixas:
1. Hipnosis
2. Slow Poke
3. The Breakout
4. Back Home
5. The Reason Why