quarta-feira, 14 de maio de 2008

Ambientalista acusa: governo quer “bonequinho” para autorizar obras



Por Anselmo Massad

José Adilson Vieira, secretário geral da rede Grupo de Trabalho Amazônico, considera um desastre a saída da ministra Marina Silva, que era “a única coisa boa no governo”. Para ele, o sinal é de que a gestão do presidente Lula mostra falta de compromisso com a questão ambiental e com a busca pelo desenvolvimento sustentável.

Apesar de medidas criticadas por ambientalistas – como a liberação do plantio de sementes transgênicas, a construção das hidrelétricas do Rio Madeira, da transposição do São Francisco, entre outras –, a preocupação é com a ausência de resistência no conflito de forças entre os ministérios.

Um dos convidados para o lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS), no dia 8 de maio, Adilson Vieira afirma que não sabe se a entrega da coordenação do plano para Mangabeira Unger tenha sido ou não o pivô da crise. Mas “se eu fosse ministro do meio ambiente também pediria demissão”, declara.

Para ele, quem entrar agora no cargo, independentemente do nome escolhido, estará debilitado, porque o governo está querendo apenas um “bonequinho” para aprovar os licenciamentos ambientais.

Confira a íntegra.

Fórum – Como o GTA avalia o pedido de demissão da ministra Marina Silva?
José Adilson Vieira –
Para nós, do GTA, a saída é um desastre para a política ambiental brasileira. Pelo compromisso dela e pelo que ela representava no Ministério do Meio Ambiente, que era uma certa qualidade da política ambiental, uma seriedade. O desastre é deixar de fazer o combate interno dentro do governo. Com a demissão, o sinal é de que o governo não tem compromisso com o meio ambiente, com a redução do desmatamento da Amazônia, com povos da Amazônia.

Fórum – Há alguma outra pessoa que, ao substituir a ministra, poderia representar esse compromisso dentro do governo?
Adilson Vieira –
Para nós, a única coisa boa no governo era a ministra Marina. De todos os quadros do atual governo, nenhum tem a preocupação socioambiental ou qualquer interesse em equacionar o desenvolvimento com sustentabilidade. É só fachada. A única que a gente respeitava era a ministra Marina. Sem ela, ficamos totalmente céticos em relação ao governo.

Fórum – Durante a gestão da ministra, diversos grupos ambientalistas criticaram decisões do governo, a exemplo das hidrelétricas do Rio Madeira. Mesmo diante dessas derrotas, a ministra Marina Silva tinha esse papel importante?
Adilson Vieira –
Tem questões que, olhando de fora, parecem derrota, mas que também tem ganhos. No caso das hidrelétricas do Madeira, somos contra a construção. O Ibama deu as licenças, mas adicionou condicionantes, incorporou uma série de exigências aos estudos que não existiam. Parece derrota, mas [essas condicionantes] podem ser consideradas vitórias. Em um governo desenvolvimentista por natureza, agregar vitórias ambientais é um avanço. A vitória plena seria barrar, mas é complexo no conflito de forças.
Os ambientalistas são muito exigentes, sempre reclamamos um pouco para conseguir mais. É inegável que se conseguiu baixar as taxas de desmatamento. Mesmo assim, as taxas atuais são elevadas. O nível bom seria reduzir a 1% ou 2%. É inegável que o esforço dela fez com que o desmatamento baixasse por cinco anos seguidos. Não considero isso uma derrota.

Fórum – O fato de a coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS) ter sido dado ao ministro Mangabeira Unger é apontada como “gota d’água” para a saída da ministra Marina. Qual a avaliação sobre Mangabeira Unger nesse cargo?
Adilson Vieira –
Não sei se o fato foi esse como se divulgou, só a própria ministra pode explicar. Eu estava no lançamento do PAS, em Brasília, e fiquei extremamente sem graça e até meio deslocado quando residente Lula anunciou que a coordenação do plano iria ficar com Mangabeira Unger. Uma pessoa que desconhece totalmente a região, cuja “melhor idéia” a respeito é a de um aqueduto para levar água da Amazônia ao Nordeste. Eu, no lugar dela [Marina Silva], também me demitiria, porque mostra que o presidente não tem compromisso com a região, que só quer oba-oba, o que nem é sério.

Fórum – O senhor mencionou um aqueduto?
Adilson Vieira –
Há algum tempo, o Mangabeira Unger veio ao Amazonas e falou um milhão de coisas. Entre as "pérolas" estava construir um aqueduto para levar água da região amazônica para o Nordeste Setentrional como alternativa à transposição do rio São Francisco. Quer dizer, em vez de falar em revitalização, reflorestamento, falou em tirar água da Amazônia para o Nordeste. Uma idéia sem pé nem cabeça. Isso mostra o desconhecimento deste senhor. Se eu fosse ministro do meio ambiente também pediria demissão.

Fórum – Há especulações sobre nomes de substitutos. Há algum que poderia retomar esse compromisso?
Adilson Vieira –
Não vou opinar sobre especulações. Quem perdeu não foi só o governo Lula, mas a sociedade brasileira. Perdeu o compromisso dela e dá uma marcha ré no caminho para a sustentabilidade no desenvolvimento brasileiro. Um ministro que queira seguir o rumo trilhado vai estar muito debilitado. O sinal do governo é de falta de compromisso com o meio ambiente. Quem entrar vai ser um “bonequinho” para fazer licenciamento. O governo Lula não quer sustentabilidade.

Anselmo Massad

Clara Sverner & Paulo Moura - Vou Vivendo (1986)
320 Kbs - Mp3

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01 - Vou Vivendo (Pixinguinha / Benedito Lacerda)
02 - Lamento (Pixinguinha / Vinicius de Moraes)
03 - Ingênuo (Benedito Lacerda / Pixinguinha)
04 - Atraente (Chiquinha Gonzaga)
05 - Amapá (Chiquinha Gonzaga)
06 - Io T'amo (Chiquinha Gonzaga)
07 - Monotonia (Radamés Gnattali)
08 - Samba-canção (Radamés Gnattali)
09 - Devaneio (Radamés Gnattali)
10 - Fantasia (Ronaldo Miranda)

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terça-feira, 13 de maio de 2008

Um novo olhar sobre a questão da terra



Luciano Martins Costa

A recente absolvição do fazendeiro acusado de mandar
matar a missionária Dorothy Stang oferece uma
oportunidade para observar como a imprensa brasileira
parece atônita diante da questão indígena e da questão
agrária. Colocando-se de lado o fato de que a imprensa,
não apenas no Brasil, mas também no exterior, não
parece duvidar de que o fazendeiro Vitalmino
Moura foi o mandante do assassinato, é interessante
notar como chegam aos moradores das grandes
cidades os fatos do interior do País.
De modo geral, a leitura de jornais e revistas revela
uma visão romantizada da população indígena,
que induz à produção de reportagens com
abordagem paternalista ou condescendente. Até o ponto
em que o índio, quando protagonista, aparece como obstáculo ao desenvolvimento ou no papel de agente de resistência à expansão da atividade econômica organizada pelo branco. Neste ponto, repete-se o viés com que a imprensa enxerga a própria floresta ou o cerrado, ou o patrimônio ambiental em geral: o crescimento econômico vem em primeiro lugar entre as prioridades.

Não se deve, com isso, concluir que a imprensa brasileira é contrária à preservação do meio ambiente, ou que seja favorável à expansão ilimitada de pastagens e plantações de soja sobre o cerrado ou as florestas tropicais. A imprensa é, a seu modo, defensora da "natureza", mas isola esse tema da questão do desenvolvimento, como se isso fosse possível ou recomendável. Esta é provavelmente a razão pela qual parece esquizofrênica uma publicação que coloca nas ruas uma edição especial sobre a Amazônia e, ao mesmo tempo, em seu noticiário de rotina, trata como criminosos os indígenas que se defendem da invasão de grileiros ou garimpeiros ou os sem-terra que bloqueiam estradas e exigem uma ação mais efetiva do governo na gestão territorial das terras agriculturáveis.

Grileiros e agronegócio

A imprensa parece ignorar que aqueles aventureiros brancos presentes em terras indígenas são, quase sempre, a tropa de choque dos chamados empreendedores rurais. Não poucos entre os grandes do agronegócio começaram ou expandiram seus latifúndios usando a mão-de-gato de grileiros e armando pistoleiros para "limpar" o caminho. Não faz muito mais do que vinte anos que o falecido deputado e fazendeiro João Branco se vangloriava, no Acre, de resolver a bala as dificuldades para a expansão de seus negócios e que uma famigerada quadrilha de policiais militares ofertava serviços de pistolagem, tendo o mais notório de seus líderes, o coronel Hildebrando Paschoal, alcançado as manchetes pela prática de, digamos, "desmobilizar" seus adversários com a ajuda de uma moto-serra

A rigor, nenhum editor admitiria que sua visão da questão agrária se aproxima mais do pensamento vivo de Hildebrando ou de João Branco do que da missionária Dorothy Stang. Tampouco se poderia acusar a imprensa de considerar aceitável o uso da violência como meio de resolver disputas por terra, mas de modo geral se pode afirmar que, ideologicamente, a imprensa penderia mais a favor de um Hidebrando sem moto-serra do que de um João Pedro Stédile sem seu alicate de cortar arame farpado.

O problema é que não há muitas formas de encarar o problema da gestão territorial, seja do ângulo da organização da produção agrícola, seja diante da questão da acomodação de indígenas e quilombolas em porções de terra adequadas ao seu modo tradicional de vida. O que transcende da leitura de jornais e revistas é que a concessão dessas terras representa um desperdício de recursos, uma vez que, vista das redações, a atividade dessas comunidades não produz nem uma fração da riqueza que brota das pastagens ou das plantações dos brancos. Talvez fosse o caso de se perguntar a certos articulistas se eles preferem ver os descendentes de quilombolas morando nas favelas das cidades.

Interesse nacional

A imprensa, de modo geral, vê a produção agrícola e a gestão territorial exclusivamente do ponto de vista da relação custo-benefício econômica, num sentido de economia muito questionável, uma vez que a organização da economia deve também objetivar a resolução ou prevenção de problemas sociais, pela oferta de oportunidades mais amplas. Neste sentido, a pouca e mais custosa produção que atende e garante qualidade de vida a uma comunidade quilombola pode ser mais importante para o interesse do país do que aquela que oferece números estupendos, mas beneficia um grupo minúsculo de acionistas.

Este é o debate que não está presente na imprensa brasileira, mesmo sabendo-se que o Brasil tem terras agriculturáveis em extensão suficiente para a expansão do agronegócio, para assegurar o desenvolvimento da agricultura familiar onde existe a cultura apropriada, e para permitir a continuidade dos modos de vida tradicionais que se alimentam da terra. Nenhum governo produziu até hoje no Brasil uma estratégia que contemplasse essas diferentes formas de exploração da terra, e os conflitos, como o que resultou, em 2005, no assassinato da missionária Dorothy Stang, seriam perfeitamente evitáveis se tivéssemos uma estratégia sustentável para a questão agrária e o patrimônio ambiental.

Conceito de desenvolvimento obsoleto

O governo nunca elaborou uma estratégia abrangente, e a imprensa passa ao largo dessa idéia porque vive amarrada a um conceito de desenvolvimento obsoleto que, até aqui, só aumentou as diferenças sociais e, se vem apresentando algum resultado nos últimos anos, é justamente pela combinação do planejamento centralizado com políticas emergenciais de transferência de renda. Por não ter em sua rotina a prática de abordar esse conjunto de temas de maneira sistêmica é que a imprensa brasileira surpreendeu no último final de semana, especialmente a Folha de S.Paulo e O Globo. A Folha porque destacou, como manchete no domingo, o risco da volta do terror representado pelos pistoleiros nas regiões de conflito constante, como a área, no Pará, onde foi assassinada a missionária. O Globo, pelo levantamento das terras agriculturáveis ociosas, informação que ajuda a pensar numa reforma agrária capaz de aliviar a disputa por terras nas fronteiras agrícolas que permanentemente ameaçam as florestas e cerrados. Também o Estadão contribui para o debate sobre o tema, embora tenha limitado sua abordagem à repercussão da morte de Dorothy Stang.

O mais comum é encontrar na imprensa artigos, editoriais ou mesmo reportagens questionando a concessão de terras a comunidades indígenas ou quilombolas, com o argumento de que os beneficiários dessas concessões ganham o direito simplesmente declarando que são indígenas ou descendentes dos habitantes das antigas comunidades de africanos fugidos da escravidão ou da miséria pós-"libertação". Omite-se ou ignora-se o fato de que, tanto os guaranis do Brasil como os sapmis da Suécia ou os sasqatchewan do Canadá são assim considerados quando declaram sua ascendência e têm essa declaração confirmada pela comunidade a que afirmam pertencer.

É um critério internacional de identificação de populações nativas, definido pela ONU e aceito pela maioria dos países, inclusive o Brasil, há muito tempo. Não se trata, como faz crer a imprensa, de uma invenção do atual governo ou de militantes de organizações de direitos humanos. É uma forma de preservar direitos centenários ou milenares, que um sistema econômico predador vinha eliminando.

No momento em que o Brasil é convocado a melhorar sua produção agrícola por conta da mudança na matriz de combustíveis e pela necessidade de oferecer mais alimento ao mercado global, a imprensa prestaria um bom serviço se ajudasse a pressionar o governo por políticas mais justas e efetivas no ordenamento do uso da terra. Mas, para isso, seria preciso que a imprensa perdesse o medo de encarar as questões agrária, ambiental e social como se fossem pautas isoladas.

Edu Lobo - Edu Canta Zumbi (1968)




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Almíscar

Perfume agradável, cheiroso... origem: sofrimento de animais!

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Este simpático animal, o almiscareiro (Moschus moschiferus), mamífero da família dos cervídeos, originário da Ásia e da África, é provido de uma glândula em seu ventre que secreta uma substância odorífera denominada almíscar.

Recente Investigação da WSPA revela mais uma crueldade, similar à dos
ursos da China, para produzir perfumes à base de almíscar.


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O animal capturado fica até 15 anos na mesma posição, sendo manipulado apenas para retirada do líquido que produz o perfume.

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Divulguem!! Muitos usam perfumes ou outros produtos que contém essa substância sem saber da sua origem!!


Boicote é o primeiro passo para ajudar. Não usem produtos que contenham almíscar natural!

As fotos foram extraídas do site:

http://www.wspa.org.uk/campaigns/civets/civet01.html

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RASHOMON (RASHÔMON, JAP, 1950)



LINKS:
http://rapidshare.com/files/112868803/Rashomon-Akira_Kurosawa.part1.rar.html
http://rapidshare.com/files/112882747/Rashomon-Akira_Kurosawa.part2.rar.html
http://rapidshare.com/files/113005666/Rashomon-Akira_Kurosawa.part3.rar.html
http://rapidshare.com/files/113036865/Rashomon-Akira_Kurosawa.part4.rar.html
http://rapidshare.com/files/113049200/Rashomon-Akira_Kurosawa.part5.rar.html


SINOPSE:Ambientado no Japão do século XI. A história consiste na apresentação de quatro perspectivas acerca do mesmo fato: a visão do bandido,Tajomaru (Toshiro Mifune), a visão do marido (o qual está morto), Takehiro (Masayuki Mori), a visão da mulher do morto, Masako (Machiko Kyô) e a visão da testemunha, um lenhador (Takashi Shimura). Vale lembrar que o diretor Akira Kurosawa utiliza a técnica do flashback, aonde os personagens vão contando seus pontos de vista a partir de lembranças sobre um crime, o estupro de Masako e a morte do marido da mesma. A partir do ponto de vista dos quatro personagens, Kurosawa consegue trazer o espectador para dentro do filme, ou seja, o Juiz final será o espectador, deste modo o filme coloca espectador e personagens bem próximos. Mais precisamente quando Kurosawa decide posicionar os personagens de frente para a câmera fazendo, com isso, que tanto o publico quanto os personagens troquem olhares diretos. Então, qual será o relato verdadeiro?Ou todos os relatos seriam falsos?Estaríamos inclinados a escolher sempre o ponto de vista do "mocinho"?

ELENCO:
Toshiro Mifune: Tajomaru
Machiko Kyo: Masako
Masayuki Mori: Takehiro
Takashi Shimura: Lenhador
Minoru Chiaki: Sacerdote
Kichijiro Ueda: Camponês
Daisuke Katô: Policial
Fumiko Honma: Médium

Créditos: F.A.R.R.A.- hilarius

FICHA TÉCNICA:
Título Original: Rashômon
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa e Shinobu Hashimoto, baseado em estórias de Ryunosuke Akutagawa
Edição: Akira Kurosawa
Produção: Minoru Jingo
Música: Fumio Hayasaka
Fotografia: Kazuo Miyagawa
Desenho de Produção: So Matsuyama
Direção de Arte: H. Matsumoto
Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento (Japão): 1950
Áudio: Japonês
Tamanho: 420mb (5 partes)
AVI LEGENDADO









segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mercado de Carbono não é alternativa contra o aquecimento global






Dimitri Silveira


O principal resultado do Pro­tocolo de Kyoto foi a criação do chamado “Crédito de Car­bono”. A comercialização dos créditos de carbono faz parte do chamado “Meca­nismo de Desenvolvi­mento Limpo” (MDL). Países e empresas que não conseguem reduzir suas emissões podem comprar a “não emissão” de países subdesenvolvidos para que continuem poluindo.

O mercado de carbono movimentou em 2005 algo em torno de 25 bilhões de reais, mas isso não significa dizer que houve redução nas emis­sões de gases estufa, pelo contrário, as emissões só aumentaram desde o período em que o protocolo de Kyoto foi estabelecido.

Lucro como objetivo

A lógica que está por trás do mercado de carbono trata o aquecimento global como um problema que pode ser resolvido por transações financeiras. É sabido que o mercado financeiro possui seus próprios interesses e mecanismos de funcionamento, e que tem a lucratividade como objetivo final.

Em 2005 a União Européia divulgou números que mostravam que dos 25 estados-membros, 21 emitiram 44.1 milhões de toneladas a menos de dióxido de carbono. Aparente­mente isso parece uma boa notícia, mas diversos participantes da Comissão Européia (funciona como o "governo" da UE) disseram que muitos governos podem ter superestimado as reais emissões de suas indústrias quando estabeleceram suas metas de redução.

Alguns especialistas afirmam ainda que as indústrias enganaram os governos quando entregaram seus relatórios de emissões superestimados, pois viam aí a possibilidade de ganhar muito dinheiro comercializando os créditos de carbono, sem que para isso te­nham realmente trabalhado para reduzir as emissões. Os créditos de carbono criados pelo capitalismo nada mais é do que transformar em lucro um problema que pode atingir milhões de pessoas.

Nova matriz energética

Quando se pensa em combater o aquecimento global e em defender o meio ambiente deve-se entender que é necessário substituir a matriz energética que move o mundo atualmente. Isso significa que a produção de energia no planeta não pode mais ser baseada no petróleo, no carvão mineral e em outros tipos de combustíveis fósseis.

Há outras possibilidades de geração de energia que envolve fontes alternativas, como a energia solar, que poderia ser utilizada em larga escala caso oferecesse lucros tão grandes quanto a utilização do petróleo. Mas isso está longe de acontecer, afinal de contas, o sol ainda é gratuito para todo mundo.

A guerra por petróleo iniciada no Iraque mostra que os capitalistas não estão nada interessados em resolver o problema do aquecimento global e, se depender deles, as reservas de petróleo do planeta serão exploradas até sua última gota, ainda que isso signifique passar mais longas décadas despejando toneladas de gases estufa na atmosfera.



Roy Hargrove's Crisol - Habana (1997)

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/RH_Habana_front.jpg

Roy Hargrove's Crisol - Habana (1997)



Faixas:
1. O My Seh Yeh (Frank Lacy) 9:59
2. Una Mas (Kenny Dorham) 8:06
3. Dream Traveler (Roy Hargrove) 5:23
4. Nusia's Poem (Gary Bartz) 6:20
5. Mr. Bruce (Chucho Valdez) 5:30
6. Ballad for the Children (Roy Hargrove) 4:52
7. The Mountaings (Roy Hargrove) 8:07
8. Afrodisia (Kenny Dorham) 4:46
9. Mambo for Roy (Chucho Valdez) 11:01
10. O My Seh Yeh (reprise) (Frank Lacy) 6:23

Personagens:
Roy Hargrove (Trumpet and Flugelhorn)
Chucho Valdes (Piano)
David Sanchez (Tenor and Soprano Saxes)
Frank Lacy (Trombone)
Horacio Hernandez (Drums)
Jose Luis Quintana (Timbales)
Miguel Diaz (Congas)
John Benitez (Double Bass)
Gary Bartz (Alto and Soprano Saxes)
Russell Malone (Guitar)

Download abaixo:

http://www.filefactory.com/file/b27edc/


O foguete Lula e a reforma agrária


Laerte Braga

A sensação que o governo Lula causa é a de um foguete que foi lançado ao espaço e do alto não enxerga a Terra. Yuri Gagarin quando voltou do primeiro passeio espacial dado por um homem em volta da Terra disse duas frases que ficaram registradas em toda a mídia do mundo.



“A Terra é azul”. “Olhei para todos os lados e não vi Deus”.



Sobre o ser azul nada demais. Sobre não ter visto “Deus” a revelação da dúvida. Foi significativo ter dito isso em tom de desapontamento por um major do exército soviético.



Nesses rapapés de banqueiros e agências internacionais que classificam países para orientar o capital onde ir buscar segurança (nem sempre isso quer dizer progresso no sentido de bem comum a todos, mas privilégio de elites), o presidente dá sinais que da estratosfera não enxerga sequer o azul do planeta (o verde não existe mais a rigor) e não encontrou Deus, ou quiçá um anjo de guarda para mostrar-lhe a importância de determinados compromissos não cumpridos.



Os riscos que esse viés neoliberal populista, a outra ponta da corda, representa para o futuro. Isso partindo da lógica cristalina que o futuro é o que se constrói no presente.



O governo Lula deixou de lado a reforma agrária. Desde o primeiro mandato as pernas estão escancaradas para os grandes latifúndios, as grandes internacionais do agronegócio e o empresariado FIESP/DASLU. Continuam a ser os principais acionistas do Estado essa instituição ainda privatizada.



O camponês brasileiro, o sem terra, virou hoje o “terrorista” preferido da mídia dominada e controlada pelos donos.



Na hora da “assembléia geral” o latifúndio chama o resto da turma e o grupo fecha as portas à reforma agrária.



A reação de latifundiários catarinenses a vistorias e eventuais desapropriações de terras improdutivas busca o exemplo de latifundiários gaúchos que ancoraram na inércia do governo Lula, nesse foguete que sobe em disparada em todas as pesquisas e dá a sensação de acrobacias aeroespaciais no delírio da aprovação que está perto ou supera os dois terços. Ainda não viu que o rabo do foguete está amarrado num obelisco lá no interior do Rio Grande, onde d. Yeda rouba gloriosa e charmosa.



Os noticiários dos telejornais no dia dois de maio mostraram uma sede do INCRA (INSTITUTO DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA) em Belo Horizonte “destruída” por trabalhadores rurais sem terra. O rótulo de baderneiros, de “terroristas”, de inimigos públicos do bem comum, como se os pistoleiros de Ermírio de Moraes e sua ARACRUZ, ou da “supranacional” VALE fossem justiceiros assim que nem Bat Masterson.



O grupo de trabalhadores que estava na sede do Instituto recebeu a solidariedade de deputados, personalidades várias e antes de deixar o local chamou dois funcionários do INCRA para uma vistoria onde ambos comprovaram que nenhum dano foi causado, ou nada foi retirado.



Nas tevês, além da acusação do roubo de computadores, destruição de móveis, algumas garrafas de cachaça. O trabalhador tem que ser mostrado como cachaceiro. Faz parte do projeto, do modelo vendido a milhões de Homer Simpson que ficam estatelados olhando ou para Alexandre Garcias, ou para Carla Vilhena, na ausência do casal Bonner (o “general” está junto com o outro general, o Heleno de Tróia, comandando a guerra contra a Venezuela e os índios em Roraima.



A política agrária do governo planta a fome em grandes plantações para lembrar o que seria um vaticínio de Geraldo Vandré, em 1968, em “Pra não dizer que não falei das flores”. Planta transgênicos e vai colher desertos. E fome.



Ou a Roça de Cana e seus habitantes os bagaços.



Há quarenta e oito anos atrás, dois de maio de 1960, Caryl Chessman foi executado na câmara de gás na prisão de San Quentin, nos Estados Unidos. Passou cerca de quinze anos na cela da morte, como eram conhecidas as celas de condenados à pena capital lutando pelo direito à vida.



Escreveu um livro que virou bestseller mundial. “Cela da morte, 2455.”



Chessman foi o bandido da luz vermelha original. Pra quem não sabe na cela escreveu a letra de “unchained melody” e vendeu seus direitos para poder pagar advogados. Veio a ser a canção de “Ghost” anos depois. A primeira gravação foi feita por Roy Hamilton.



Lula nem idéia faz do que seja isso. Virou um avantesma de si próprio, perdido na ilusão das agências internacionais de classificação de risco e nem percebeu o despeito de Miriam Leitão, ou seja, não percebeu que continua na cozinha com todos os tapetes estendidos ao capital. É o contrário do outro que nasceu na sala e tinha o pé, só o pé, na cozinha. “Mulatinho” como chegou a dizer.



Toda a pirotecnia de Lula para encher a boca e proclamar grãos e mais grãos transgênicos não enxerga lá da ionosfera que a terra, essa com letra minúscula, é que nos deu e dá vida.



Prefere as plantações criminosas de Eike Batista (e os 17% de sangue indígena de seus filhos), ou de Ermírio de Moraes, da VALE, de todo o conjunto de bancos e sonegadores FIESP/DASLU (um bilhão de reais). O diabo vai ser o dia que o foguete embicar e despencar. Onde vai cair não sei.



Só sei que Grande Otelo (Sebastião Prata) e Oscarito já morreram e não tem como filmar mais “O homem do Sputinik”. Remaker? De um modo geral são sem charme. Mera farsa da história original.



Eu se fosse o Lula colocava aquele equipamento de astronauta e dava uma chegada no rabo da nave para ver ser a marca é Caramuru. Se não for está lascado, dá xabu (ch?).

Brasil: seguro para quem?






Fernando Silva

Em uma operação do mercado financeiro recebida com grande alvoroço e apoio pelo governo e a grande mídia, o Brasil foi recentemente promovido a condição de país "seguro para investimentos".

A condição atestada pela agência Standard & Poor's provocou recordes de valorização na Bolsa de Valores de São Paulo no dia 30 de abril (teve a maior alta em um dia desde outubro de 2002), declarações oficiais do governo comprometendo-se em transformar o Brasil em lugar cada vez mais "seguro" e estável, promessas e notícias de novos investimentos que farão do Brasil uma potência nos próximos anos e por aí vai.

A nova "promoção" do Brasil teve um componente que lembrou muito as operações artificiais de valorização, típicas do mercado financeiro.

Artificial porque, em um momento de crise internacional, com o preço do petróleo ameaçando jogar ainda mais "combustível" na explosão inflacionária dos alimentos no mundo, pode fazer pouco sentido tamanha euforia nos papéis cotados na Bolsa de Valores de São Paulo se a "nota" concedida pela Standard & Poor's colocou o Brasil no mesmo patamar de estabilidade, por exemplo, do Cazaquistão.

Mas o pior da história é que existe razão de ser para tamanha alegria do grande capital. Notem a coincidência. No mesmo dia do anúncio desta "promoção" era noticiado que o governo conseguiu um novo recorde trimestral no superávit primário: R$ 43,032 bilhões, mais do que suficientes para pagar os R$ 39,998 bilhões apenas de juros da dívida pública no primeiro trimestre deste ano.

Deste ponto de vista, o capital financeiro não tem o que se queixar do Brasil, nem do governo Lula, que cumpriu a palavra de garantir a remuneração aos "investidores", conforme documentos revelados pelo jornal Valor Econômico em 08/05/2008, sobre os bastidores da aproximação do governo brasileiro com o governo Bush desde a época da eleição de 2002.

Bom para o Capital, ruim para os trabalhadores

A realidade é que, para garantir a remuneração do capital financeiro à custa de recursos do próprio orçamento, o povo recebe em troca a epidemia de dengue. Afinal, o importante é reservar R$ 43 bilhões em três meses ao invés de tomar as medidas e investimentos na saúde, tanto emergenciais quanto estruturais, que permitissem debelar a epidemia e extinguir a dengue no país.

A segurança para o grande capital é diretamente proporcional à insegurança para os trabalhadores e as classes médias diante da explosão do preço dos alimentos, que já fez a inflação ultrapassar 5% ao ano (março de 2007 a março de 2008). E isso em uma economia onde não existe qualquer mecanismo previsto de proteção salarial diante da corrosão inevitável, que, aliás, já começa a pulverizar os poucos ganhos que milhares de trabalhadores conseguiram a duras penas em negociações e dissídios no ano passado.

Para o grande capital ter muita segurança e lucros garantidos devido às altas taxas de juros praticadas, o povo vai passar a conviver com a incerteza diante da perspectiva de endividamento no crédito ou até inadimplência, especialmente para as camadas da classe trabalhadora amarradas ao crédito consignado em folha de pagamento.

É na esteira desta estúpida euforia que o governo federal, com o aval das centrais sindicais que o apóiam, volta a sinalizar com uma "negociação" na legislação trabalhista, com o objetivo de desonerar a folha de pagamentos para baratear, com a retirada de direitos, ainda mais a mão-de-obra no país. Afinal, é preciso aproveitar o momento de "promoção" do país para atrair ainda mais capitais e investimentos para a produção e infra-estrutura.

Ilusão entreguista da pior espécie, pois o grande capital não parece acreditar nos factóides da Standard & Poor´s e trata de aumentar as remessas de lucros para fora do país (apenas em março, US$ 4,345 bilhões).

Conclusão: se isto aqui for seguro, só mesmo para o grande capital, especialmente o financeiro. Para os trabalhadores, o cenário será cada vez mais inseguro. Ficará colocada a eles e aos movimentos sociais a necessidade de se começar a construir uma pauta de reivindicações diante deste cenário.

A luta contra o aumento do preço dos alimentos; a defesa de mecanismos de reposição geral de perdas do poder aquisitivo, provocadas por esse novo surto inflacionário; a defesa da redução da jornada de trabalho para gerar emprego, mas sem redução dos salários e sem a retirada de direitos sociais e trabalhistas; a denúncia do pagamento e remuneração ao capital financeiro pela via da dívida pública. São todas questões que tendem a ser cada vez mais concretas para os trabalhadores e o povo diante do desastre social para o qual que caminha o país sob a batuta do capital financeiro e a euforia cega e servil do governo Lula.

Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.