domingo, 25 de maio de 2008

“Glória a todas as lutas inglórias. Salve o Almirante


OL destaca o alto sentido de reparação histórica do Projeto de Lei aprovado às 22 horas desta terça-feira, 13 de maio, por unanimidade na Câmara dos Deputados. Através dele “é concedida anistia post mortem a João Cândido Felisberto, líder da chamada revolta da Chibata, e aos demais participantes do movimento”, com o objetivo de restaurar o que lhes foi assegurado pelo decreto nº 2280, de 25 de novembro de 1910. A anistia produzirá todos os seus efeitos, inclusive em relação às promoções a que teriam direito os anistiados se tivessem permanecido em serviço ativo, bem como em relação ao benefício da pensão por morte.

créditos: Professor Edney

O senador Paulo Paim garante que até a próxima semana o Projeto será referendado pelo Senado, de onde é originário, como iniciativa da senadora Marina Silva.


Como o próprio nome indica, a principal reivindicação dos revoltosos, que tomaram a direção dos principais encouraçadas de guerra do Brasil à época, era a abolição dos castigos físicos na Armada Nacional. Um motim contra a tortura!

Sobre a violência desses castigos, o então deputado federal, oficial da Marinha José Carlos de Carvalho, incumbido pelo governo de negociar com os revoltosos, comentou ao apresentarem-lhe um marinheiro surrado dois dias antes: “Examinei essa praça e trouxe-a comigo para terra, a fim de ser recolhida ao Hospital da Marinha. As costas desse marinheiro assemelhavam-se a uma tainha lanhada para ser salgada”. (trecho de A Revolta da Chibata, de Edmar Morel)

Os rebeldes ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro e os navios que não se amotinassem, caso não houvesse uma resposta positiva do governo. E o governo, por sua vez, ameaçava bombardear os revoltosos caso não se rendessem. O Congresso Nacional aprovou Projeto de Lei de anistia em 25 de novembro (a revolta ocorreu em 22 de novembro), da lavra do então senador Rui Barbosa.

Entretanto, não obstante a anistia aprovada pelo Congresso Nacional, que garantiu o fim da situação de grave tensão e o término da revolta, os seus participantes foram excluídos da Marinha, muitos presos em condições desumanas e mesmo mortos, sob o pretexto do levante do Batalhão Naval, ocorrido no começo de dezembro de 1910. O paradoxal é que muitos dos revoltosos da Rebelião da Chibata, inclusive João Cândido, foram leais ao governo por ocasião do levante, tendo sido absolvidos pelo Conselho de Guerra da Marinha, em novembro de 1912, embora desligados da Armada.

João Cândido, homem de poucas letras e exímio navegador (elogiado pelas manobras que comandou no Encouraçado Minas Gerias – principal navio da Armada), com a saúde abalada pelas condições carcerárias que enfrentou, passou a vender peixes e fazer pequenos biscates até sua morte em 1969, aos oitenta e nove anos, no ostracismo.

O senador Rui Barbosa, ao justificar o Projeto de Lei de anistia que apresentou, disse: “Eles tinham jogado ao mar toda a aguardente existente a bordo, para não se embriagarem; tinham feito guardar, com sentinelas, as caixas onde se achavam depositados os valores; tinham mandado guardar com sentinelas os camarotes dos oficiais para que se não fossem violados; tinham guardado, na organização do movimento, um sigilo prodigioso entre os costumes brasileiros; tinham sido fiéis à sua idéia; tinham sido leais uns com os outros, desinteressados na luta. (...) A isto foram levados pelas conseqüências irresistíveis da situação na qual estavam colocados. As reclamações capitais existentes na base desse movimento correspondem a necessidade irrecusáveis”.

Aprovada formalmente pelo Congresso Nacional, em 26 de novembro de 1910, a lei anistiava “os insurretos da parte dos navios da Armada Nacional se os mesmos, dentro do prazo que lhes fosse marcado pelo governo, se submetessem às autoridade constituídas”. A anistia levou à rendição dos revoltosos. Dois dias depois de publicada, o governo traiu o acordo que lhe dera origem, promovendo demissões, prisões e castigos que em inúmeros casos resultaram na morte dos rebelados.

Em função do ocorrido, muitos dos que sobreviveram sucumbiram à miséria. Veja-se o depoimento emblemático do líder João Cândido, colhido em 1968: “depois que saí da cadeia, ainda tentei trabalhar no mar, mas fui sempre muito perseguido, até na Marinha Mercante. (...). Depois da Revolta da Chibata caí na penúria. Quando houve a epidemia espanhola, em 1919, estava a serviço dos navios ingleses que estavam aqui, no momento da limpeza, desinfecção, enterrando ingleses. Depois ingressei na pesca, por falta de outra oportunidade. Trabalhei 40 anos no mercado de pesca. Em 1959, ali no entreposto da Praça XV, completei 40 anos no serviço e abandonei esse trabalho. Não tinha resultado, creio que ia morrer de fome”.

Quase um século depois, o Congresso Nacional resgata o nome e a memória desses homens de bem, que lutaram legitimamente contra a tortura e pelo fim do regime de semi-escravidão a que eram submetidos. E recompõe, na medida do possível, a história de suas vidas como se tivessem permanecido a serviço da Marinha brasileira. Isto era, afinal, o que deveria ter efetivamente acontecido, se a lei de anistia aprovada à época não ficasse letra morta. Ainda que com 98 anos de atraso, vale cantar os versos de Aldir Blanc e João Bosco: “Glória a todas as lutas inglórias. Salve o Almirante Negro!”

Chico Alencar é professor de história e deputado federal pelo PSOL-RJ

Camiranga - Camiranga (2007)




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sábado, 24 de maio de 2008

O Que é a TV Supren

O ser humano como principal fundamento e como objetivo final de todas as realizações. Uma sociedade baseada na solidariedade, na igualdade de oportunidades e na justiça social. A harmonia com a natureza como condição imprescindível para uma vida sustentável no planeta.

Esses são os três aspectos de uma nova proposta de televisão: a TV Supren. Expressos pela própria logomarca dessa nova TV, a TV Supren tem seu nome inspirado numa palavra do esperanto que indica o sentido “para cima”, “para o alto”, como up em inglês. Isso reflete a proposta dessa nova TV: valorizar a dimensão espiritual do ser humano, promover os valores éticos, mostrar o que é bom, belo e verdadeiro como referências de um norte para a humanidade.

A TV Supren é o canal de comunicação e ação da União Planetária, uma ONG sediada am Brasília, Brasil, que congrega e apóia o movimento mundial pela renovação da estruturas sociais e o exercício da cidadania solidária com uma visão planetária.

Mais informações sobre a TV Supren

A TV Supren é uma televisão plural e democrática. Uma TV que valoriza a pluralidade de idéias, de crenças e de saberes. Uma TV que expressa o anseio de milhões e milhões de pessoas por mudanças de paradigmas, pela vida ética e sustentável no planeta, pela utopia de que é possível viver num mundo de paz, de amor e de felicidade.

Ciência, Filosofia, Artes, Religiões, Educação, Cidadania, Ecologia, Medicina Alternativa, Esperanto, Qualidade de Vida são as linhas mestras de vários programas temáticos que vão balizar uma programação variada, bonita e útil para toda a família.

A TV Supren quer mostrar a força dos exemplos de pessoas, organizações e movimentos que trabalham em prol da construção de um mundo melhor. A TV Supren tem compromisso de disseminar a consciência coletiva da responsabilidade individual pelas mudanças que vão garantir, progressivamente, a construção de um mundo melhor para as gerações presentes e futuras. A TV Supren vai alimentar a fé, a esperança e a sinergia coletiva dos desafios emergentes de nossa época.

TV Supren, a TV de uma nova consciência. TV Supren, a TV da cidadania planetária!

Clique aqui para saber como assistir a TV Supren!

Amores Parisienses

Amores Parisienses
(On connaît la chanson)
Release não informado
Poster
Sinopse
Comédia romântica sobre os desencontros amorosos de seis personagens, divididos entre as suas rotinas profissionais e os dilemas do coração. Ao som de clássicos da música popular francesa eles viverão alguns mal-entendidos capazes de gerar crises de ciúmes, stress e paixões inebriantes.
Screenshots


Elenco
Informações sobre o filme
Informações sobre o release
Pierre Arditi ... Claude
Sabine Azéma... Odile Lalande
Jean-Pierre Bacri... Nicolas
André Dussollier... Simon
Agnès Jaoui... Camille Lalande
Lambert Wilson... Marc Duveyrier
Gênero: Comédia/Musical
Diretor: Alain Resnais
Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento: 1997
País de Origem: França
Idioma do Áudio: francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0119828
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: DIVX
Áudio Bitrate: 112
Resolução: 624X336
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 702 Mb
Legendas: No torrent
Premiações
7 prêmios César

Best Actor (Meilleur acteur)
André Dussollier

Best Editing (Meilleur montage)
Hervé de Luze

Best Film (Meilleur film)
Alain Resnais

Best Sound (Meilleur son)
Jean-Pierre Laforce
Michel Klochendler
Pierre Lenoir

Best Supporting Actor (Meilleur second rôle masculin)
Jean-Pierre Bacri

Best Supporting Actress (Meilleur second rôle féminin)
Agnès Jaoui

Best Writing - Original or Adaptation (Meilleur scénario, original ou adaptation)
Agnès Jaoui
Jean-Pierre Bacri

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.


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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Itamar Assumpção - Sampa Midnight - Isso Não Vai Ficar Assim (1986)


Itamar Assumpção nasceu em 1949 na cidade de Tietê, interior de São Paulo. Descendente de escravos angolanos, o cantor ouvia desde pequeno a música dos terreiros de candomblé, que vinham do quintal da sua casa. De 63 a 73, Itamar morou no Paraná e lá iniciou sua carreira musical, largando um curso de contabilidade. Na época, conheceu Arrigo Barnabé, um de seus parceiros mais constantes. Em 1973, Itamar mudou-se para São Paulo. Em 1980, lançou seu primeiro LP: Beleléu, Leléu, eu, com a banda Isca de Polícia. Tanto este como os dois lançamentos seguintes (Às Próprias Custas, de 1983, e Sampa Midnight, de 1986) foram feitos de maneira independente.[fonte]



créditos: sombarato

Faixas:
1. Prezadíssimos Ouvintes (Domingos Pellegrini e Itamar Assumpção)
2. Idéia Fixa (Itamar Assumpção)
3. Navalha Na Liga (Alice Ruiz e Itamar Assumpção)
4. Movido a Água (Galvão e Itamar Assumpção)
5. Desapareça Eunice (Itamar Assumpção)
6. Tete Tentei (Itamar Assumpção)
7. Vamos Nessa (Paulo Leminski e Itamar Assumpção)
8. Eldorado (A. C. Tonelli)
9. Sampa Midnight (Itamar Assumpção)
10. Isso Não Vai Ficar Assim (Itamar Assumpção)
11. Z Da Questão Meu Amor (Itamar Assumpção)
12. Totalmente à Revelia (Luiz, Paulo, Itamar Assumpção e Marlene)
13. Cadê Inês (Itamar Assumpção)
14. Chavão Abre Porta Grande (Guará e Itamar Assumpção)
15. É o Quico (Itamar Assumpção)

O índio na imprensa



Luciano Martins Costa


A fotografia de um índio pintado para a guerra e usando um telefone celular, publicada na quinta-feira (22/5) na Folha de S.Paulo, é o retrato acabado de como a imprensa ainda enxerga as populações nativas do Brasil.

A foto ilustra reportagem sobre protesto da comunidade indígena do oeste paulista – guaranis, kaigangues, krenakis e terenas – contra a mudança da sede regional da Funai para a região sudeste do estado, a cerca de 500 quilômetros de distância.

Para a imprensa, índio que usa celular é branco. O noticiário conduz à discussão sobre a inimputatilidade dos índios, garantida pela Constituição.

Em outro episódio envolvendo indígenas, os jornais induzem à criminalização da agressão de um grupo de caiapós contra o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernandes Rezende, coordenador do estudo para a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Na terça-feira (20), o engenheiro foi espancado por um grupo de caiapós e sofreu um golpe profundo de facão no braço direito quando defendia a construção da barragem, durante o encontro "Xingu vivo para sempre".

Estratégia sustentável

A notícia de quinta-feira é que a Polícia Federal deve investigar quem comprou sete dos quase cem facões exibidos pelos caiapós. Os jornais insinuam que alguns facões foram comprados por integrantes das entidades organizadoras do evento, entre as quais se encontram a arquidiocese de Altamira, no Pará, o Instituto Socioambiental e dezenas de ONGs.

Os organizadores condenaram a violência e lembram que os caiapós costumam usar facões, que adquirem no comércio local, mas ainda assim se percebe na imprensa a falta de clareza, que pode induzir o leitor a imaginar um bando de aloprados brancos armando índios para uma guerra contra o progresso.

A Folha de S.Paulo observa que o projeto da usina de Belo Monte, no rio Xingu, começou há vinte anos e sempre enfrentou a resistência dos indígenas e ambientalistas.
Eles temem os efeitos da formação do lago, que deve inundar cerca de 40 mil hectares de terras da reserva, com o desaparecimento de cachoeiras e áreas de floresta. O clima do encontro era tenso também por conta da recente demissão da ministra Marina Silva, que à frente do ministério do Meio Ambiente era vista como uma aliada dos caiapós e ambientalistas.

Segundo a imprensa, o engenheiro Rezende foi agredido logo após defender a construção da usina e dizer a seguinte frase provocativa: "Olha, eu moro no Rio de Janeiro. Quem vai ficar sem luz são vocês". A inabilidade do funcionário da Eletrobrás ilustra a dificuldade com que as autoridades se relacionam com as populações nativas.

A tentativa de criminalizar os protestos contra obras que ameaçam o meio ambiente mostra a incapacidade da imprensa de entender a necessidade de se buscar uma estratégia sustentável para as obras de infra-estrutura de que o Brasil precisa.

Queda-de-braço

A falta de interesse em penetrar nos temas que envolvem a dívida secular do Brasil com seus primeiros habitantes provoca distorções até mesmo no noticiário econômico e político.

Na quinta-feira (22), o Estado de S.Paulo publica o noticiário sobre a agressão ao engenheiro da Eletrobrás também no caderno de Economia, observando que a resistência dos índios atrasa a construção da usina e a chegada do progresso à Amazônia.

O Globo mistura índios a militantes do MST num mesmo caldeirão que chama de "incivilidade".

A Folha já havia usado o título "barbárie" ao noticiar a agressão.

Não há registro de a imprensa ter usado essas expressões para qualificar os massacres de índios por posseiros, ou mesmo o assassinato de ambientalistas e outros protagonistas do conflito que há anos se desenrola na Amazônia.

A questão ambiental também freqüenta o noticiário político, aquecida pela prematura e crescente incompatibilidade entre o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. As edições de quinta-feira dos jornais exploram as discordâncias entre os dois, que precisarão conviver em muitos fóruns, já que o ministro de Assuntos Estratégicos é também o coordenador do Programa Amazônia Sustentável.

Depois que Minc atacou o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, Mangabeira Unger defendeu a tese de Maggi de que as terras desmatadas devem ser isentas das novas exigências para concessão de financiamento oficial.

Patrimônio natural

Minc anunciou a criação da Guarda Nacional de Segurança Ambiental, Maggi disse que não cederia policiais de seu estado para a nova força e, na quinta, os jornais publicam declaração de Mangabeira Unger dizendo que é prematura a criação da guarda ambiental. No entanto, nas frases sobre os planos de desenvolvimento para a Amazônia não há grandes discordâncias entre os dois ministros.

O problema é que os jornais se concentram nos desentendimentos, pintando Mangabeira Unger como um acadêmico alienado da realidade e Carlos Minc como um ecochato. Enquanto isso, as soluções para o desenvolvimento de uma estratégia para preservar a floresta vão sendo adiadas.

E a imprensa internacional, mais uma vez, coloca em dúvida a capacidade dos brasileiros de administrar o patrimônio natural que se situa dentro de suas fronteiras.

O poder sobre o petróleo mudou de lado


No início dos anos 1970, quando o barril de "ouro negro" valia menos de US$ 2, ninguém jamais iria imaginar que um presidente americano se encontraria um dia na situação de ser obrigado a implorar perante o rei da Arábia Saudita por um aumento da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com o objetivo de forçar uma redução dos preços. O Ocidente, entretanto, chegou a este ponto.


Por Jean-Michel Bezat, para o Le Monde



Depois de esbarrar numa primeira recusa grosseira, em meados de janeiro, George W. Bush voltou a insistir neste pedido, na sexta-feira (16/05), por ocasião do seu encontro em Riad com o rei Abdala. A tentativa fracassou mais uma vez, pois tudo o que o presidente americano conseguiu foi um aumento limitado e temporário.


Já vai longe a época em que a Standard Oil of New Jersey, a Anglo-Persian, a Gulf Oil e suas quatro outras "irmãs" dominavam o mercado mundial. O tempo em que o presidente Roosevelt conseguiu obter do então rei Ibn Saud a abertura dos poços sauditas para as companhias estrangeiras em troca da proteção militar americana (1945). A época em que era possível derrubar impunemente o primeiro-ministro iraniano Mossadegh (1953), culpado de ter nacionalizado os hidrocarbonetos. O tempo em que fingiam acreditar que o petróleo era uma riqueza inesgotável.


O poder de mercado mudou de lado. Ele escapou dos países consumidores e das grandes multinacionais do setor (Exxon, Chevron, Shell, BP). A evolução do preço de referência do barril (que se aproxima atualmente de US$ 130) está sendo decidida nos bastidores do Kremlin e nas obscuras ante-salas do poder iraniano, no meio dos manguezais nigerianos e nas ribanceiras do Orenoco venezuelano, nos corredores vienenses da Opep e nas agitadas salas da New York Mercantile Exchange (NYMEX, a bolsa especializada na energia e nos metais). E, sobretudo, nos palácios sauditas.


Duzentos dólares


O mundo está vivendo um terceiro choque do petróleo - mais lento do que os anteriores, de 1973 e de 1980. O preço do barril, cujo montante foi multiplicado por seis no espaço de seis anos, é hoje mais elevado em dólares constantes do que era no início de 1981. O seu preço poderá eventualmente refluir de dez ou vinte dólares dentro dos próximos meses, mas nada é menos certo. Alguns analistas tão influentes como os do banco de negócios Goldman Sachs prevêem a manutenção da sua cotação em US$ 141 em média no decorrer do segundo semestre, e em US$ 148 em 2009. A OPEP, por sua vez, não exclui mais que ele venha a alcançar US$ 200.


A Arábia Saudita, o único país capaz de liberar a injeção de um milhão de barris suplementares no mercado, está relutando a proceder desta forma. Ele até mesmo modificou a orientação do seu discurso, recentemente, anunciando que iria limitar o teto da sua produção cotidiana a 12,5 milhões de barris entre 2009 e 2020, de maneira a preservar as suas reservas e, junto com elas, os interesses das gerações futuras. "Toda vez que vocês descobrirem novas jazidas, deixem-nas no solo, pois os nossos filhos delas irão precisar", decidiu o rei.


Nada consegue convencer os sauditas a abrirem as comportas. Eles avaliam que o mercado está suficientemente abastecido e que os estoques de petróleo bruto e de gasolina se mantêm em níveis satisfatórios. Eles estão preocupados, acima de tudo, com a política energética dos Estados Unidos, que visa a reduzir a sua "dependência petroleira" em relação ao Oriente Médio - uma palavra de ordem que foi lançada pelo presidente Bush e retomada em coro pelos pré-candidatos à eleição presidencial John McCain e Barack Obama. Basta ouvir os inflamados discursos acusatórios do ministro saudita da energia contra os biocombustíveis que vêm sendo desenvolvidos no continente americano, para compreender os interesses que estão em jogo. A isso, deve ser acrescentada a vontade de alguns parlamentares americanos de submeter o mercado petroleiro às regras anticartéis do comércio internacional, e até mesmo de suspender as vendas de armas se Riad continuar se recusando a aumentar a sua produção de petróleo.


Essas iniciativas preocupam e irritam os dirigentes da Opep. A estratégia do cartel de Viena, que renunciou desde 2003 a determinar um valor máximo e outro mínimo para o preço do petróleo, parece simples: seguir abastecendo o mercado para evitar toda ruptura, reduzir o "colchão de segurança" ao mínimo (2 milhões de barris por dia) e manter desta forma os preços tão elevados quanto possível, sem comprometer o crescimento econômico. Por serem proprietários dos três quartos das reservas mundiais, os treze Estados membros da Opep detêm todo o poder de barganha necessário para imporem a política que eles bem entendem.


Explosão dos preços


A dependência dos países consumidores está vinculada à fragilidade das multinacionais. Os Estados petrolíferos e as suas companhias públicas nacionais compartilham entre si 85% das reservas mundiais. Com isso, os gigantes multinacionais hoje não detêm mais do que 15% dessas reservas e enfrentam problemas para reconstituí-las à medida que elas vão extraindo a matéria-prima.


Qual será o peso real do "gigante" ExxonMobil, a maior companhia cotada, se comparado com a Gazprom ou a Saudi Aramco? O acesso das grandes companhias ocidentais aos campos petrolíferos - após se verem "barrados" na Arábia Saudita, no Kuwait e no México, a sua penetração está cada vez mais difícil na Rússia, na Venezuela e na Argélia - implicaria "no retorno ao período anterior ao das nacionalizações realizadas nos anos 1970", avalia Nicolas Sarkis, o diretor da revista especializada "Pétrole et gaz arabes".


Será preciso travar uma guerra para reconquistar o precioso líquido? Esta opção é inimaginável, mesmo se a necessidade de petróleo veio a ser um dos motivos da invasão americana do Iraque em 2003, conforme reconheceu o antigo presidente do Fed (o banco central americano), Alan Greenspan. Além disso, esta guerra permitiria obter qual benefício? Ao atiçar as tensões no Oriente Médio e ao reduzir a oferta, a guerra no Iraque contribuiu para a explosão dos preços. A luta para tomar posse dessas reservas por meio da força não passaria de "uma batalha de retaguarda", uma vez que os países petroleiros se encontram atualmente "numa posição de força", comenta Nicolas Sarkis. Eles podem vender as suas enormes reservas em dólares e impedir que os beligerantes do petróleo dele se apoderem, oferecendo-as a países mais pacíficos. Antes para a China do que para a América!


Um bom número de países industrializados tirou as lições das crises de 1973 e 1980 e optou por reduzir a sua dependência. Hoje, eles precisam de menos "ouro negro" para criarem a mesma riqueza. Nos Estados Unidos, as administrações sucessivas tomaram decisões que foram na contramão desta tendência, valendo-se de argumentos do tipo: "O modo de vida americano não é negociável". Por conta disso, a sua taxa de dependência em relação ao petróleo importado acabou passando de 60% para 80%.


Neste exato momento, o problema é de natureza geopolítica: o acesso ao recurso petroleiro está minguando. Num futuro próximo, ele passará a ser geológico. Nas reservas conhecidas, hoje sobra o equivalente a 1,2 trilhão de barris de petróleo, ou seja, o suficiente para quarenta anos de consumo mundial, seguindo-se o ritmo de extração atual. Os mais otimistas multiplicam este número por três, acrescentando os tipos de petróleo bruto chamados de "não-convencionais" (óleos pesados, areias betuminosas). Infelizmente, a extração destes últimos é muito mais cara. Enquanto isso, as reservas dos campos vêm diminuindo inexoravelmente na Arábia Saudita, na Rússia, na Noruega, no México, na Indonésia...


A única resposta prática reside numa diminuição do consumo. Ora, a explosão dos preços não resultou numa redução da demanda, a não ser de maneira marginal, uma vez que os transportes funcionam, numa proporção de 97%, apenas por meio dos derivados do petróleo bruto. Contudo, a redução do consumo nunca foi tão vital, seja para reforçar a segurança energética, seja para lutar contra o aquecimento climático.


O mais barato e o mais limpo de todos os tipos de petróleo continua sendo aquele que não é queimado.





quarta-feira, 21 de maio de 2008

Total Balalaika Show


Total Balalaika Show
(Total Balalaika Show)
Release exclusivo MKO


Sinopse:

No dia 12 de junho de 1993, um público composto de 70.000 pessoas presenciou um evento histórico em frente à Praça do Senado em Helsinque: o grupo Leningrad Cowboys se apresentou pela primeira vez com uma banda composta de 100 cantores, 40 músicos e 20 dançarinos num espetáculo jamais visto antes na Finlândia. No repertório, clássicos do rock como "Happy Together", "Delilah", "Gimme All Your Lovin" e "Knocking On Heaven`s Door", assim como músicas tradicionais/folclóricas do Exército Vermelho russo. O concerto, registrado por Aki Kaurismäki, é um inesquecível encontro entre o velho e o novo, o Leste e o Oeste.



créditos:
makingoff - frombr

Informações sobre o filme:

Gênero:
Documentário/Musical
Diretor: Aki Kaurismäki
Duração: 57 minutos
Ano de Lançamento: 1994
País de Origem: Finlândia
Idioma do Áudio: Finlandês, Inglês, Francês e Russo
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0111460/
Vídeo Codec: XviD
Áudio Codec: MPEG
Áudio Bitrate: 192 kb/s
Resolução: 512x320
Frame Rate: 29.970 FPS
Tamanho: 550 Mb
Legendas: N/A


Elenco:

Alexandrov Red Army Ensemble ... Coro
Atte Blom ... Himself
Twist-Twist Erkinharju ... Leningrad Cowboys
Ben Granfelt ... Leningrad Cowboys
Sakke Järvenpää ... Lead singer
Sakari Kuosmanen ... Himself / Performer
Jore Marjaranta ... Leningrad Cowboys

Download abaixo:



Lee Morgan - Taru (1968)

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/LM_Taru_fr.jpg

Lee Morgan - Taru (1968)




Faixas:
1. Avotcja One (John Hicks) 6:45
2. Haeschen (Lee Morgan) 6:13
3. Dee Lawd (Lee Morgan) 5:52
4. Get Yourself Together (Lee Morgan) 6:27
5. Taru, What's Wrong with You? (Cal Massey) 5:20
6. Durem (Lee Morgan) 7:28

Componentes:
Lee Morgan (Trumpet)
Bennie Maupin (Tenor Saxophone)
George Benson (Guitar)
John Hicks (Piano)
Reggie Workman (Double Bass)
Billy Higgins (Drums)

Downloads abaixo:

http://www.filefactory.com/file/8b1d3c/
ou
http://rapidshare.com/files/116458538/taru.rar


Solidariedade à juventude Tcheca



por Luciano Rezende*


Proibida de existir por se negar a renunciar ao marxismo-leninismo, a Juventude Comunista Tcheca (KSM, das iniciais em tcheco) foi posta na ilegalidade. No último dia 24 (abril) o Tribunal Municipal de Praga rejeitou o recurso da KSM que pleiteava o seu direito de continuar atuando legalmente, apelando contra a decisão do Ministério do Interior da República Tcheca que dissolveu essa organização popular juvenil denunciando sua (pasmem!) “indeclinável posição a favor da substituição da propriedade privada dos meios de produção pela propriedade coletiva dos mesmos”. Tristes resquícios da “Revolução de Veludo”.


Tão absurda ainda é outra alegação utilizada contra a KSM. Segundo os porta-vozes do reacionarismo tcheco, essa combativa entidade, reconhecida em todo o mundo como filiada histórica da Federação Mundial de Juventudes Democráticas, a FMJD (assim como a UJS, aqui no Brasil), estaria interferindo nos rumos políticos do país e fazendo apologia ao comunismo. Mas qual é a razão de existir de qualquer organização política juvenil, de indistinto matiz ideológico, senão intervir na vida política de seu país e do mundo, a defender suas legítimas convicções e ideologias?


Para não ser desativada, a Juventude Comunista Tcheca teria de renunciar ao seu programa político, à sua identidade comunista, aos seus objetivos e à sua fundamentação teórica baseada no marxismo-leninismo.

Essa campanha anti-democrática atinge não apenas o movimento socialista juvenil e tampouco é restrita ao país de Kafka. Este ataque à KSM é emblemático e diz respeito a todas as organizações democráticas e progressistas do mundo. Uma forma inaceitável de manipulação política e ideológica alicerçada no plano de combate ao terrorismo lançado pelos EUA, e acobertado pela União Européia, que estimula a criminalização das organizações de caráter antiimperialista.


Qual seria o alarde da opinião pública mundial se acaso o Brasil proibisse de funcionar em território nacional uma ONG internacional qualquer, por exemplo, a “Repórteres sem Fronteiras”? Certamente a burguesia faria um estardalhaço em nome da liberdade de expressão e os mais elementares direitos e garantias dos cidadãos e outros slogans que como bem escreveu Lênin, são mais para iludir o povo quando vociferado pelas elites. Mas quando é uma organização nacional, histórica e arraigada ao povo de seu próprio país e formada pela juventude desse mesmo país, nenhuma vírgula é publicada na mídia convencional.


Mas essa decisão absurda do Ministério do Interior da República Tcheca tem a desaprovação da maioria dos tchecos que protestam por diferentes maneiras. Uma petição de apoio à KSM já conta com milhares de assinaturas de estudantes e personalidades de todo o mundo além de partidos políticos, organizações diversas de antigos lutadores contra o fascismo e membros da resistência guerrilheira. Também graças à iniciativa de deputados do Partido Comunista da Boêmia e Moravia as medidas do Ministério do Interior foram tratadas na Câmara de Deputados do Parlamento da República.

Todavia, a maior demonstração de solidariedade deve partir do internacionalismo das forças progressistas, principalmente as juvenis. Os brasileiros, com a União da Juventude Socialista à frente, já se pronunciou através de uma “petição dos jovens brasileiros” encaminhada à Embaixada da República Tcheca no Brasil no dia 10 de março de 2006, a qual conseguiu aglutinar assinaturas de diversos parlamentares, personalidades, entidades, partidos e representações. Outra, entre as diversas organizações juvenis que saíram em defesa da KSM, foi a Juventude Comunista Portuguesa. Em nota, a JCP afirma que a “União da Juventude Comunista da República Checa é uma organização juvenil revolucionária, de caráter antiimperialista e assume-se como marxista-leninista, aspectos intoleráveis para a Europa do grande capital. O poder de atração que os ideais do socialismo e do comunismo exercem sobre amplas massas juvenis preocupa os governos da União Européia, pela sua imensa capacidade transformadora e tomada de consciência dos crimes do capitalismo”.

Uma vez mais precisamos nos pronunciar. Iludem-se aqueles que pensam poder cercear a juventude revolucionária, seja ela de qualquer parte do mundo, a abandonar sua convicção de lutar por outra sociedade mais avançada, socialista.

A Embaixada da República Tcheca no Brasil precisa receber o recado da juventude brasileira. Uma mensagem de indignação frente a esse atentado à democracia e uma moção de solidariedade à juventude tcheca. É o mínimo que podemos fazer.

Embaixada da República Tcheca no Brasil, SES Via L3/Sul, Quadra 805, Lote 21A, CEP: 70200-901, Brasília - DF
Tel.: (+55 61) 3242 7785, 3242 7905
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*Luciano Rezende, Engenheiro Agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Da Direção Nacional da UJS.