segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Muriel Tabb - Olhos D'Água (2002)




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Créditos: UmQueTenha
Agrotóxicos, alimentação e abelhas




Henrique Cortez

A segurança alimentar está ameaçada e a crise alimentar pode adquirir contornos ainda mais trágicos se a maciça morte de colônias inteiras de abelhas continuar no ritmo atual. Sem este pequeno inseto polinizador, os efeitos na produção agrícola podem ser devastadores.

Poucas pessoas sabem que as abelhas prestam serviços ambientais muito mais relevantes do que a mera produção de mel. As mais de 20 mil espécies de abelhas polinizam a floração de, pelo menos, 90 culturas, tais como maçãs, nozes, abacates, soja, aspargos, brócolos, aipo, abóbora, pepino, laranjas, limões, pêssegos, kiwi, cerejas, morangos, melões, milho etc.

Especialistas afirmam que cerca de um terço da dieta humana provém de uma planta polinizada por um inseto e as abelhas são responsáveis por 80% da polinização.

O Departamento de Agricultura dos EUA (United States Department of Agriculture, USDA) estima que a polinização pelas abelhas é equivalente a US$ 15 bilhões em serviços de produtividade agrícola.

O governo do Reino Unido, por exemplo, reconhece que as colméias - principalmente de 44 mil apicultores amadores - contribuem com cerca de R$ 498 milhões ao ano para a economia, com a polinização de frutas, legumes e grãos.

Segundo a Embrapa, devido à redução das fontes de alimento e locais de nidificação, ocupação intensiva das terras e uso de defensivos agrícolas, as populações de abelhas silvestres têm sido reduzidas drasticamente, colocando em risco todo o bioma em que vivem. Nas regiões tropicais, as abelhas sociais (Meliponina, Bombina e Apina) estão entre os visitantes florais mais abundantes.

No Brasil, as abelhas sem ferrão (Meliponina) são responsáveis pela polinização de 40% a 90% das espécies arbóreas; dessa forma, a preservação das matas nativas é dependente da preservação dessas espécies.

Nem todos os cientistas prevêem uma crise alimentar, observando que a morte em larga escala de abelhas já aconteceu antes. Ainda assim, este parece ser um caso particularmente alarmante, tanto pelo alto índice de letalidade, como pelo alcance global, independente de latitude, longitude e clima.

Nos EUA, os apicultores estimam perdas de um quarto das suas colônias, devido ao que os cientistas definem como "desordem de colapso da colônia" (Colony Collapse Disorder, CCD).

"Esta crise ameaça destruir a produção de culturas dependentes das abelhas para a polinização", disse, recentemente, o secretário de agricultura dos EUA, Mike Johanns, dando o tom das crescentes preocupações diante da ameaça.

Desde 2006, quando foi identificada, a CCD já matou mais de 1/3 das abelhas nos EUA e o índice continua aumentando, passando para 36% no período de setembro de 2007 a maio de 2008, contra 31% no mesmo período no ano anterior.

Pesquisadores ainda não identificaram a causa exata da CCD, mas muitos acreditam que pelo menos em parte esteja associada a pesticidas. Pesquisa da Universidade Penn State documentou mais de 70 pesticidas no pólen e nas abelhas. "Nós não sabemos se estes produtos químicos têm qualquer coisa relacionada com a desordem do colapso da colônia, mas são, definitivamente, fatores que impactam no repouso e nas fontes do alimento das abelhas", diz o Dr. James Frazier, que coordenou a pesquisa da Penn State. "Os inseticidas sozinhos não provaram que são a causa do CCD. Nós acreditamos que é uma combinação de uma variedade de fatores, incluindo possivelmente ácaros, vírus e pesticidas."

De acordo com o Agroinfo - O Fórum do Agronegócio Brasileiro - no texto ‘A importância da polinização’, "existem ainda culturas de grande valor econômico que, apesar de comprovadamente aumentarem seus níveis de produtividade quando adequadamente polinizadas, não têm se beneficiado dos serviços de polinização por desconhecimento dos produtores em geral. Muitos acreditam que a soja e o algodão, por exemplo, não precisam de polinização por insetos. Porém, estudos conduzidos no exterior, e os poucos realizados no Brasil, normalmente mostram aumentos de produtividade quando polinizadores bióticos visitam as flores: de 31,7% a 58,6% no número de vagens e 40,13% no peso da vagem; de 29,4% a 82,3% no número de sementes; 95,5% na viabilidade das sementes; e de 9% a 81% no peso das sementes. De forma semelhante, quando polinizado por abelhas, o algodão aumenta em 41% o número de casulos, produz de 35% a 40% mais algodão por casulo, de 26% a 43% mais pluma por área, de 5% a 6% mais sementes por casulo e apresenta um aumento de 9% a 14% no peso por casulo".

Independente da "desordem de colapso da colônia", já se sabe que novos pesticidas estão dizimando populações inteiras de insetos polinizadores, especialmente as abelhas (Alemanha proíbe oito pesticidas neonicotinóides em razão da morte maciça de abelhas ; Alemanha: Pesticidas da Bayer são acusados da morte em massa de abelhas ; Agência de Proteção Ambiental dos EUA é acusada de ocultar informações da toxidade de pesticidas nas abelhas ; Agrotóxico que combate praga da laranja está dizimando abelhas no interior de São Paulo).

A indústria de agrotóxicos tradicionalmente "culpa" os agricultores pelo uso abusivo ou descuidado, na tentativa de eximir-se de qualquer responsabilidade, inclusive pela contaminação dos agricultores e trabalhadores agrícolas. Mas as evidências são cada vez mais fortes no sentido de comprovar o nexo causal entre os pesticidas e a morte de insetos polinizadores.

Na Alemanha já ocorrem casos de agricultores processando judicialmente outros agricultores, em razão da morte de abelhas pelos pesticidas usados e, por conseqüência, pelas perdas de produção/produtividade com a redução da polinização de frutas, legumes e grãos. Se o argumento da indústria for verdadeiro (a culpa é dos agricultores), então nada mais lógico do que processar o vizinho, pela aplicação abusiva e descuidada de pesticidas.

É uma esquizofrênica situação em que o agronegócio, em defesa de seus lucros crescentes, ataca a atividade e os lucros do próprio agronegócio. E com isto ameaça a própria produção de alimentos, potencializando os crescentes riscos de uma crise alimentar global.

O debate sobre a morte dos insetos polinizadores pelos pesticidas também reabre a discussão sobre a intensiva utilização de agrotóxicos, ameaçando e envenenando a nossa alimentação.

No caso brasileiro, a situação caminha para uma tragédia tóxica. Além da utilização dos agrotóxicos piratas importados ilegalmente, ainda, legalmente, importamos agrotóxicos proibidos nos próprios países onde são produzidos.

O veneno nosso de cada dia é um negócio bilionário. Não foi por outra razão que, por liminar judicial, a indústria conseguiu impedir a Anvisa de reavaliar 99 agrotóxicos . A Anvisa tentou reavaliar os agrotóxicos depois da divulgação do resultado do monitoramento de agrotóxicos em alimentos, como conseqüência do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos.

Esta utilização abusiva de agrotóxicos envenena o meio ambiente, contamina nossa comida, se fixa de forma persistente no solo, nos mananciais e nas águas subterrâneas, isto sem falar das ameaças à saúde dos trabalhadores na agricultura.

As iniciativas da França e da Alemanha de "endurecer" a regras com os agrotóxicos não visam apenas proteger os insetos polinizadores, mas impor limites que, ao final, serão importantes para proteger a saúde dos agricultores e de toda a população. Não é o caso do Brasil. Nas palavras de Roberto Malvezzi (Gogó), "o capital não tem autocrítica e as autoridades postas a seu serviço menos ainda".

É uma ótima definição para o que acontece com a histórica omissão das autoridades brasileiras diante desta gananciosa e suicida relação da indústria agroquímica e o agronegócio. Nesse passo, eles morrerão ricos, mas morreremos todos.

Como leitura adicional, para melhor compreensão desta tragédia global, sugiro que leiam os artigos:

Agrotóxicos: O holocausto está aqui, mas não o vêem, artigo de Graciela Cristina Gómez

Agrotóxicos: poluição invisível, por Márcia Pimenta

Agrotóxicos: A feira envenenada, por Márcia Pimenta

Agrotóxicos e saúde, por Waldir Bertúlio.

Henrique Cortez é ambientalista e coordenador do portal EcoDebate.

Publicado originalmente em EcoDebate. E-mail do autor: henriquecortez@ecodebate.com.brEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

sábado, 6 de setembro de 2008


Adoção
(Örökbefogadás)

Sinopse:

Viúva, independente, e envolvida com um homem casado, Kata deseja ser mãe. Ela torna-se amiga de Anna, uma jovem abandonada pelos pais que vive em uma instituição assistencial. Apesar de algumas rusgas, pelo fato de inicialmente terem pouco em comum, uma forte ligação se estabelece entre as duas. À medida que a relação entre elas evolui, Kata testa os limites de sua crise de meia-idade, ao mesmo tempo em que Anna resiste à angústia de uma juventude destituída de esperança.

Créditos: makingoff - mfcorrea


informações sobre o filme e release:

Gênero: Drama
Diretor: Márta Mészáros
Duração: 89 minutos
Ano de Lançamento: 1975
País de Origem: Hungria
Idioma do Áudio: Húngaro
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0073948/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XviD MPEG-4 QPel:No
Vídeo Bitrate: 1090 Kbps
Áudio Codec: mp3 VBR
Áudio Bitrate: 74
Resolução: 576 x 432
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 700 Mb
Legendas: Em anexo


premiação:

Urso de Ouro em Berlim (1975)

Downloads abaixo:

O filme foi baixado do Karagarga, onde foi postado por newda, e transferido para tracker público. O torrent:

Arquivo anexado Adoption.4380498.TPB.torrent - filme


Arquivo anexado Adoption__ptbr_.rar - legendas

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Comandante da Brigada do RS ameaça movimentos sociais na véspera da Marcha dos Sem

Kayser

O comandante da Brigada Militar-RS, coronel Paulo Roberto Mendes, divulgou nota oficial nesta quinta-feira (4), advertindo os movimentos sociais que organizam o 14° Grito dos Excluídos e a 13ª Marcha dos Sem, que os “efetivos do policiamento ostensivo estão devidamente instruídos e dotados dos recursos necessários para atuarem como força mediadora, capaz de harmonizar, no limite da lei, os interesses porventura conflitantes, não permitindo que direitos e garantias de uns se sobreponham aos de outros”. Traduzindo: a Brigada Militar reprimirá os manifestantes caso o coronel Mendes julgue que “direitos e garantias de uns estão se sobrepondo aos de outros”.

Expressando uma “inquebrantável tradição de respeito ao Estado Democrático de Direito”, o comandante da Brigada afirma seu “compromisso de garantir a lei e a ordem no Rio Grande do Sul, desejando que todos os eventos previstos transcorram dentro da normalidade”. O compromisso do coronel Mendes com o Estado Democrático de Direito parece ser seletivo, considerando suas recentes manifestações em defesa da execução de criminosos ao arrepio da lei.

Os organizadores do Grito dos Excluídos e da Marcha dos Sem, programada para esta sexta-feira, criticaram a nota, classificando-a como uma tentativa de intimidação. Para o presidente da CUT/RS, Celso Woyciechowski, a nota “é muito ruim para o processo democrático porque vem em um tom ameaçador”. “Primeiro vem a ameaça e depois a proposta de diálogo”, criticou.

A concentração para a manifestação começa às 13h desta sexta, na praça Pinheiro Machado, esquina com a avenida Farrapos. Os manifestantes seguirão até a Secretaria de Segurança Pública, onde será realizado um ato de protesto contra a criminalização dos movimentos sociais. Depois a marcha passará pela prefeitura da capital, Palácio da Justiça, Ministério Público Estadual e terminará com um ato em frente ao Palácio Piratini. Na agenda da Marcha dos Sem deste ano, destacam-se, entre outros pontos, a corrupção no Estado do Rio Grande do Sul, a violação de direitos e a criminalização dos movimentos sociais

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Cresce na Europa número de países que decidiram proibir cultivos transgênicos











Está crescendo na Europa o movimento contra os transgênicos, já proibidos em vários países. França, Hungria e Polônia, principais produtores europeus de cereais, proibiram o cultivo de milho transgênico em seus territórios e a Alemanha está no caminho de fazer o mesmo. Na Espanha e em Portugal, dois redutos da produção de milho transgênico, também está aumentando o questionamento sobre benefícios do cultivo.

As pressões da presidência da Comissão Européia não conseguiram dar um impulso nos transgênicos. Apesar do poder do órgão executivo do bloco, os países da União Européia vão gradualmente desistindo destes cultivos. Isto se deve em grande parte às dificuldades para convencer os agricultores europeus deste modelo impulsionado por grandes multinacionais da indústria agroalimentar, mas também pelos crescentes protestos da sociedade civil. Enquanto isso, aqui no Brasil, o lobby das grandes empresas transnacionais de sementes segue conseguindo liberar o plantio de variedades transgênicas sem estudos prévios de impacto ambiental. Clique AQUI para ler mais.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Cuba - El Son es lo mas sublime @ 320

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Cuba - El Son es lo mas sublime @ 320

01. Compay Segundo - Chanchan
02. Septeto Nacional - Suavecito
03. Conjunto Típico Cubano - Nieves
04. Trio Matamoros y Maria Teresa Vera - Lágrimas negras
05. Grupo Changüi de Guantanamo - Arsenio nino y Pachín
06. Septeto Nacional - Échale salsita
07. Compay Segundo - El cuarto de tula
08. Septeto Típico Habanero - Cómo está Miguel
09. Grupo Changüi de Guantanamo - En el barrio hay una mora
10. El Guayabero - Como baila Marieta
11. Conjunto Típico Cubano - Dulce Habanera
12. Septeto Típico Habanero - La loma de Belén
13. Conjunto de Sones Orientales - La mora
14. Miguel Matamoros y su Cuarteto Maisi - Veneración
15. Conjunto de Sones Orientales - Madrina mi pollo
16. Miguel Matamoros y su Cuarteto Maisi - Canto a la sombra

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Parte 1
Parte 2
Ofensivas e defensivas




Wladimir Pomar

No final do século 19, o desenvolvimento desigual do capitalismo levou ao surgimento de algumas grandes potências industriais e financeiras. Elas passaram a concorrer pelas antigas fontes de matérias-primas, assim como pelas novas fontes de energia (em especial o petróleo), novos materiais (eletrotécnicos e químicos), rotas de transporte marítimo e mercados.

Todas se lançaram numa frenética ofensiva estratégica, seja para consolidar seus antigos territórios coloniais e conquistar novos - como a Grã-Bretanha, França e Rússia -, seja para obter "um lugar ao Sol" - como Estados Unidos, Alemanha, Japão e Itália.

Os choques e guerras localizadas dessas potências contra povos ainda livres, assim como entre si, multiplicaram-se durante todo o final do século 19 e início do século 20. As guerras russo-turca de 1877-78, ítalo-abissínia de 1894-96, hispano-americana de 1898, russo-japonesa de 1904-05 e as sucessivas guerras contra a China são o prelúdio da 1ª. Guerra Mundial, por uma nova repartição econômica e política do mundo.

Paralelamente, esse final e início de séculos também foram marcados por uma extraordinária ascensão da luta de classes, acompanhando as disputas intercapitalistas, que desbordaram em disputas interimperialistas. Na Europa e Estados Unidos surgiram fortes movimentos sindicais, de cunho anarquista, socialista, liberal, cristão e "amarelo", que reivindicavam melhorias salariais e laborais e utilizavam tanto a resistência passiva quanto as greves e os atentados.

As tentativas de consolidação dos interesses e laços mundiais da classe operária, através das I (1864) e II (1889) Internacionais, foram frustradas. A repressão patronal e estatal derrotou a primeira e fugaz experiência de tomada do poder pelos operários, a Comuna de Paris, em 1871. As divisões ideológicas e políticas criaram obstáculos à formação e construção de partidos operários de classe. E a influência dos interesses nacionais burgueses, evidenciados nos momentos que precederam a I Guerra Mundial, levaram muitas correntes operárias a apoiar a guerra imperialista.

Portanto, houve uma certa combinação entre a ofensiva estratégica externa dos capitalismos nacionais dominantes e a ofensiva interna dos movimentos operários, suplantada pela guerra mundial. Esta, por um lado, firmou a ofensiva estratégica imperialista, mas deu surgimento a uma contra-ofensiva estratégica, operária e popular em países da periferia do capitalismo, principalmente Rússia e China.

A revolução russa, de 1905, e a derrubada da dinastia Qing, em 1911, foram os primeiros sinais dessa mudança de centro da luta de classes. As revoluções russas de 1917 e as guerras revolucionárias na China, iniciadas em 1924, são marcos de uma retomada da ofensiva estratégica, tanto das camadas populares dos países coloniais quanto dos movimentos operários da Europa e Estados Unidos.

Isso mostra como a luta de classes interfere, historicamente, no desenvolvimento capitalista e como ofensivas e defensivas estratégicas fazem parte dessa luta objetivamente. Isto é, sem que os pensadores e partidos tenham poder para modificá-las por sua própria vontade.

Wladimir Pomar é analista político e escritor.

Tráfico de pessoas não tem freio


Por Mona Alam


Israel continua sendo um dos destinos favoritos para o tráfico de mulheres destinadas ao comércio sexual e para a exploração de trabalhadores imigrantes de países em desenvolvimento, uma forma moderna de escravidão. O Departamento de Estado dos Estados Unidos, em seu informe 2007 sobre tráfico de pessoas, qualificou Israel como nação de nível 2 nesta matéria, isto é, que procura erradicar essa prática mas não atinge os padrões necessários. Os países de nível 1 são os que aplicaram com êxito medidas para controlar o tráfico de pessoas – a maioria das nações ocidentais está nessa categoria – e o nível 3 está reservado para os Estados que não encaram o assunto nem mesmo em seus aspectos mais básicos. Em 2006, Israel figurou na lista de vigilância do Departamento de Estado por tráfico de pessoas. “Essa posição está entre os níveis 2 e 3. os Estados Unidos aplicam sanções econômicas às nações que figuram no último nível, mas, como temos uma estreita relação com Washington, Israel apenas recebeu uma advertência”, disse à IPS Romm Lewkowicz, porta-voz do Hotline, um grupo que defende os direitos dos trabalhadores imigrantes. O governo israelense também foi severamente criticado nos Estados Unidos por sua política de vistos de trabalho, que na prática forçam os imigrantes dos países em desenvolvimento a permanecerem “atados” ao empregador que figura nesse documento. Se não for respeitada essa condição, o trabalhador é considerado imigrante ilegal e pode ser deportado sem mesmo seu caso passar por um tribunal. Isto incentivou alguns empresários a reter o salário dos empregados e inclusive extorqui-los, sabendo que sempre podem substituí-los sem serem castigados. Um dos casos mais notórios foi o chamado “turco por tanques”, em 2002. Israel recondicionou 200 tanques de guerra para a Turquia, uma transação no valor de US$ 687 milhões que representou uma das maiores exportações de armas deste país. Com parte do acordo, 800 cidadãos turcos receberam autorizações para trabalharem em Israel no setor da construção. A agência de emprego turca Yilmazlar participou da contratação. Um desses imigrantes, Shaheen Yelmaz, chegou a Israel em 2006 com a esperança de ajudar seu pai a pagar suas dividas. Haviam prometido a ele um bom emprego com salário de US$ 1.400 por mês, uma pequena fortuna pelos padrões da Turquia, onde o desemprego é alto. Seu sonho se transformou em pesadelo. Os patrões retiraram seu passaporte e o celular. Junto com outros compatriotas foi alojado em um local de condições lamentáveis. “Não podíamos sair à noite, apenas o fazíamos em nosso dia livre, e não nos pagaram durante três meses”, contou Yelmaz à IPS. A embaixada turca não interveio, por causa do acordo para a modernização dos tanques. Os imigrantes, em sua maioria com baixa instrução, foram forçados a assinar documentos em branco antes de deixar a Turquia, assegurando dessa forma sua total dependência a respeito da Yilmazlar. “Nosso empregador israelense nos disse que se não estávamos de acordo podíamos ir embora, mas que a polícia nos prenderia como imigrantes ilegais e nos deportaria”, acrescentou. Organizações de direitos humanos israelenses recorreram à justiça. A Suprema Corte determinou em 2006 que a política de vistos de trabalho era ilegal e ordenou ao Estado estabelecer uma alternativa, algo que ainda não ocorreu. Por fim, Yelmaz foi deportado para a Turquia, com uma dívida de US$ 1.500, e o contrato entre Israel e Yilmazlar foi renovado. “Embora a situação dos trabalhadores imigrantes continue sendo grave, houve alguns avanços a respeito do tráfico de mulheres para sua exploração sexual”, desde que os Estados Unidos colocaram Israel em sua lista de vigilância em 2006, disse Lewcowicz. Mas, surgiram novos problemas. “Israel já não é apenas um importador de prostituas, mas se converteu em exportador. No ano passado descobrimos que mulheres israelenses eram traficadas para a Grã-Bretanha e Irlanda para trabalharem na indústria do sexo”, acrescentou. Segundo a Força de Tarefas sobre Tráfico Humano, com sede em Jerusalém, cerca de mil das aproximadamente 10 mil prostitutas que há em Israel são menores de idade. Imigrantes da extinta União Soviética e de outros países que estavam em sua órbita, vinculados à máfia russa, manejam 20% do tráfico, disse Lewcowicz. O resto está em mãos de israelenses. A Fundação Jamestown, com sede em Washington, disse em um informe que muitas mulheres vítimas do tráfico são levadas através da península do Sinai por beduínos também envolvidos no contrabando de armas. Cada mulher vendida em Israel representa para os traficantes entre US$ 50 mil e 100 mil. Hotline disse que o Estado também ganha em conseqüência desta atividade. Os taxistas que transportam as prostitutas, os advogados que representam seus clientes, os donos de imóveis que alugam como bordeis, pagam imposto sobre os ganhos e esse dinheiro acaba nos cofres do Estado. Deve-se acrescentar os casos de corrupção de policiais, que aceitam subornos para permitir que esta atividade aconteça. (IPS/Envolverde)

Cartola - Documento Inédito (1982)




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Créditos: UmQueTenha

Que governo é esse?

Policiais civis paralisam amanhã e denunciam condições de trabalho na Expointer


Policiais civis do interior do Estado paralisam suas atividades nos próximos dois dias, quarta e quinta-feira. Neste período, só serão registradas ocorrências (inclusive flagrantes) de crimes mais graves. O Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm) informa que apresentou as reivindicações ao secretário Edson Goularte, mas não houve, por parte da Secretaria de Segurança Pública, manifestação sobre o atendimento das demandas da categoria.

Segundo o Ugeirm, os policiais gaúchos estão entre os mais mal pagos do país. “Com nível superior para ingresso, o salário inicial bruto é de 1,4 mil reais. Há mais de uma década, os agentes experimentam perda real no poder de compra de seus salários. O governo não negocia política salarial, pois diz estar combatendo o déficit. A governadora teve reajuste de 143% e nós não temos nada. Não existem nem interlocutores autorizados a negociar. A categoria cobra ainda direitos de aposentadoria, conforme previsão constitucional, pagamento de horas-extras, fim do sobreaviso (sem previsão legal) e plano de carreira” afirma o sindicato.

O Ugeirm também denuncia as condições de trabalho dos policiais na Expointer. "Para se ter uma idéia de como Yeda Crusius, em seu vestido de xantung, trata os policiais civis, basta verificar a situação dos colegas do interior que cumprem reforço na Expointer, em Esteio. São cerca de 25 agentes, que deslocaram de diversas partes do Estado", afirma nota da entidade. “Minhas diárias não foram depositadas e também não tem dinheiro para reembolsar a passagem que paguei do meu bolso. A delegacia tem três colchões em péssimo estado, não tem um café para quem está no plantão. Na alimentação, só nos é dado almoço, porque o jantar é a gente que paga mesmo”, relata um policial civil. A Secretaria de Segurança Pública foi procurada para se manifestar sobre a situação dos agentes que cumprem reforço em Esteio. Até às 18 horas desta terça-feira, não tinha dado nenhum retorno.

Nos dias 1º e 2 de outubro, a paralisação será feita na capital e região metropolitana. Nos dias de protesto, serão registrados os crimes de latrocínio, homicídio, lesão corporal grave, estupro, atentado violento ao pudor e todos as ocorrências que tiverem menores e/ou idosos entre as vítimas. “Nós não descartamos uma greve, porque nossa base está muito indignada, imensamente insatisfeita. Yeda cortou 50% das horas-extras em março e, em julho e agosto, não pagou nada”, diz o presidente do sindicato, Isaac Ortiz.

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