terça-feira, 11 de novembro de 2008

VIRGINIA RODRIGUES

1999 Sol Negro

1. Verônica
3. Negrume da noite
4. Lua lua lua lua
5. Adeus batucada
6. Nobreza
7. Sol negro
8. Terra seca
9. Manhã de carnaval
10. I wanna be ready
11. Querubim
12. Israfel

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2000 Nós

1. Canto para Exu
2. Uma história de Ifá
3. Salvador não inerte
4. Afrekêtê
5. Jeito faceiro
6. Depois que o Ilê passar/ Ilê é ímpar
7. Ojú Obá
8. Raça negra
9. Deus do fogo e da justiça/ Deusa do ébano
10. Malê de Balê
11. Mimar você
12. Reino de Daomé

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2003 Mares Profundos

1. Canto de pedra-preta
2. Tristeza e solidão
3. Bocoche
4. Tempo de amor
5. Canto de Iemanjá
6. Labareda
7. Canto de Xangô
8. Canto de Ossanha
9. Lapinha
10. Consololação
11. Berimbau
12. Lamento de Exu

Bloqueio israelense mergulha Gaza na escuridão


Milhares de moradores da faixa de Gaza ficaram sem eletricidade depois que Israel cortou o fornecimento de combustível à única termoelétrica do território, controlado pelo Hamas. A central parou no domingo (9), depois que Israel se recusou a retomar o abastecimento, apesar de advertido de que as reservas estavam quase no fim.


Menino da Gaza: combustível está no fim

Sherine Tadros, correspondente da TV Al Jazira na cidade de Gaza, disse que o apagão no território era quase completo. Além disso, os suprimentos de combustível da população estavam se esgotando rapidamente.


O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, mandou fechar os postos de fronteira na semana passada, depois que combatentes palestinos dispararam foguetes contra o sul de Israel. Barak decidiu-se pelo bloqueio "depois de consultas com funcionários da segurança e em vista do constante fogo de foguetes", conforme alega um comunicado nesta segunda-feira (10).


Temores pelo hospital


Afora os problemas gerais causados pelo apagão, Tadros destaca dois sérios problemas que ele causa. "O corte de energia elétrica afeta as bombas d'água que operam o sistema de esgoto daqui, e a eletricidade é necessária ao funcionamento dos hospitais", reporta. "Alguns dos hospitais menores começarão a ficar sem combustível para seus geradores nas próximas 36 horas, o que causa imediata preocupação".


No entanto, Israel insistiu que a faixa estava recebendo energia elétrica das redes de distribuição israelenses e egípcias em quantidade suficiente para cobrir 75% da demanda.


O Ministério do Exterior acusou o Hamas de explorar a situação com fins políticos. "A cínica exploração da população de Gaza pelo Hamas é desprezível", diz um comunicado do Ministério.


A Comissão Européia, que financia o abastecimento da única central elétrica de Gaza, disse ter sido informada de que Israel pode autorizar o fornecimento na terça-feira. "O escritório de ligação de Israel com os territórios palestinos disse-nos que o abastecimento da central pode reiniciar amanhã", disse um porta-voz da União Européia. Mas fontes israelenses que pediram anonimato, segundo a Al Jazira, disseram que o fornecimento só será retomado caso cesse o disparo de foguetes contra o sul de Israel.


"Punição coletiva"


Kanan Obeid, funcionário da área de energia de Gaza, criticou a atitude como um exemplo da "política israelense de punição coletiva".


A central termoelétrica responde por cerca de um quarto da eletricidade de Gaza e o Egito fornece um pequeno volume. O restante provém basicamente de Israel. A maior parte do suprimento de combustíveis e gás requerido por Gaza passa pelo terminal de Nahal Oz, eque fica entre a faixa e o território de Israel.


Uma rede de túneis que liga Gaza ao Egito é usada pela população local para driblar o bloqueio israelense contra o território e trazer para ali produtos, inclusive combustível. Outro jornalista da Al Jazira em Gaza, Ayman Mohyeldin, diz que embora o fluxo subterrâneo permita que algumas pessoas se arranjem, não pode abastecer "a crítica infraestrutura de Gaza". Ele cita duas razôes: "a qualidade do petróleo egípcio não permite que ele seja usado no gerador; e ao mesmo tempo o gerador é monitorado por observadores da UE e eles não permitem que se use combustível contrabandeado para gerar eletricidade".


O coordenador das atividades de Israel nos territórios palestinos, Peter Lerner, disse: "Recebemos uma solicitação [dos palestinos] de entrega de combustível e encaminhamos a solicitação ao Ministério da Defesa em Tel Aviv".


"Liberdade de imprensa violada"


O fechamento da fronteira também impede há cinco dias que jornalistas entrem na faixa de Gaza. O fato provocou protestos da Foreign Press Association (FPA, Associação da Imprensa Estrangeira), sediada em Tel Aviv. A entidade, que representa correspondentes estrangeiros em Israel e nos territórios palestinos, condenou a restrição imposta por Tel Aviv como "uma grave violação da liberdade de imprensa".


Israel freqüentemente fecha os pontos de acesso a Gaza, depauperando a economia local e mantendo os cidadãos do território sob pressão, em represália ao disparo de foguetes por parte de combatentes palestinos.


Mesmo antes do fechamento, havia uma renovação dos apelos por uma retomada do estagnado processo de paz palestino-israelense. O Quarteto do Oriente Médio – agrupando UE, Rússia, ONU e Estados Unidos – reuniu-se no Egito domingo e fer um chamamento pelo avanço das conversações de paz.

Créditos: Vermelho
Fonte: Al Jazira

O festival de besteira que assola a imprensa brasileira (FEBEAIB)
Emir Sader

O prêmio desta semana para a maior besteira da imprensa mercantil brasileira e sua ditadura midiática vai dividido para O Globo e a FSP (Força Serra Presidente) pelas matérias sobre os gastos do governo. Ambos escancaram a manchete do domingo passado, para protestar que os gastos com o funcionalismo superam os do pagamento da dívida pública. Relatam que o primeiro item de gastos do governo é o da previdência, o segundo agora é com o funcionalismo, deixando para terceiro o pagamento da dívida pública.
Protestam, a partir de sua visão – derrotada espetacularmente na atual crise mundial, sem que se dêem conta, com sua obtusa visão mercantil e anti-estatal – do Estado mínimo, da diminuição sistemática da tributação, buscando fomentar nos leitores o sentimento de que estão tomando dinheiro para pagar impostos do seu bolso para alimentar funcionários públicos.
O raciocínio é o do egoísmo consumista: para que pagar impostos para que o governo contrate professores, médicos, enfermeiras – que constituem o grosso do funcionalismo publico, o pessoal de educação e saúde publica. Ainda mais para gente como os jornalistas e donos da midia privada que – como a elite brasileira – usa escolas privadas, planos de saúde privados, segurança privada, correios privados, transporte privado, bancos privados, etc. etc.. Não precisam dos serviços públicos, porque pertencem aos 5% mais ricos, que fazem do Brasil ainda o país mais injusto da América Latina, que por sua vez é o continente mais desigual do mundo.
Incentivam o egoísmo de pagar menos impostos, de sonegar – a profissão melhor remunerada em direito é a de advogado tributarista, que busca formas das empresas contornarem os impostos. Isto em um país em que a estrutura tributária é sumamente injusta, em que as grandes empresas – principalmente os bancos – praticamente não pagam impostos, enquanto os trabalhadores sim o fazem, em que a grande maioria da arrecadação tributaria procede dos impostos indiretos e não dos diretos, fazendo com que todos paguem os mesmos impostos, ricos e pobres, quando uma estrutura tributária socialmente justa é aquela em que os que recebem mais, devem pagar mais.
Quando dizem que o Estado deve arrecadar menos, gastar menos com funcionários, querem menos serviços públicos – menos professores, menos enfermeiras e médicos -, com menos qualificação. Que se dane o povo, que segue sendo atendido por esses serviços, que se dane a escola pública, que segue atendendo à grande maioria das crianças e jovens.
Quando querem menos Estado, querem mais mercado – exatamente aquilo que levou à crise global atual. Mas eles não aprendem nada, porque pensam com o bolso, com os lucros, com os olhos postos nos grandes clientes privados – a começar pelos bancos, que publicam aqueles longos relatórios periódicos nos jornais, além das reiteradas publicidades que inundam os espaços publicitários da mídia mercantil, a sustentam e tem assim o seu apoio.
Sob a aparência de defender os cidadãos contra a volúpia arrecadatória do Estado, o que fazem é defender seus grandes clientes, é tentar ganhar adeptos para seu candidato – Serra -, que terá, como teve em São Paulo, sem colocar em pratica, a promessa de campanha de diminuir os impostos.
O Globo e a FSP (Força Serra Presidente) fazem jus assim a ganhar o primeiro prêmio semanal do Festival de Besteira que Assola a Imprensa Brasileira (FEBEAIB), legítimo continuador do Festival de Besteira que Assola o País (FEBEAPÁ), do grande cronista da época da ditadura militar, Stanislaw Ponte Preta.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Aqui no RS, a midia de esgoto se manifesta...

Crise da humanidade



Por Leonardo Boff


A crise econômico-financeira, presivísvel e inevitável, remete a uma crise mais profunda. Trata-se de uma crise de humanidade. Faltaram traços de humanidade minimos no projeto neoberal e na economia de mercado, sem os quais nenhuma instituição, a médio e longo prazo, se agüenta de pé: a confiança e a verdade. A economia presupõe a confiança de que os impulsos eletrônicos que movem os papéis e os contratos tenham lastro e não sejam mera matéria virtual, portanto, fictícia. Pressupõe outrossim a verdade de que os procedimentos se façam segundo regras observadas por todos. Ocorre que no neoliberalismo e nos mercados, especialmente a partir da era Thatcher e Reagan, predominiou a financeirização dos capitais. O capital financeiro-especulativo é da ordem de 167 trilhões de dólares, enquanto o capital real, empregado nos processos produtivos (por volta de 48 trilhões de dólares anuais). Aquele delirava na especulação das bolsas, dinheiro fazendo dinheiro, sem controle, apenas regido pela voracidade do mercado. Por sua natureza, a especulação comporta sempre alto risco e vem submetida a desvios sistêmicos: à ganância de mais e mais ganhar, por todos os meios possíveis.

Os gigantes de Wall-Street eram tão poderosos que impediam qualquer controle, seguindo apenas suas próprias regulações. Eles contavam com as informação antecipadas (Insider Information), manipulavam-nas, divulgavam boatos nos mercados, induziam-nos a falsas apostas e tiravam dai grandes lucros. Basta ler o livro do mega-especulador George Soros A crise do capitalismo para constatá-lo, pois ai conta em detalhes estas manobras que destroem a confiança e a verdade. Ambas eram sacrificadas sistematicamente em função do ganância dos especuladores. Tal sistema tinha que um dia ruir, por ser falso e perverso, o que de fato ocorreu.

A estratégia inicial norte-americana era injetar tanto dinheiro nos “ganhadores”(winner) para que a lógica continuasse a funcionar sem pagar nada por seus erros. Seria prolongar a agonia. Os europeus, recordando-se dos resquícios do humanismo das Luzes que ainda sobraram, tiveram mais sabedoria. Denunciaram a falsidade, puseram a campo o Estado como instância salvadora e reguladora e, em geral, como ator econômico direto na construção na infra-estutura e nos campos sensíveis da economia. Agora não se trata de refundar o neoliberalismo mas de inaugurar outra arquitetura econômica sobre bases não fictícias. Isto quer dizer, a economia deve ser capítulo da política (a tese clássica de Marx), não a serviço da especulação mas da produção e da adequada acumulação. E a política se regerá por critérios éticos de transparência, de equidade, de justa media, de controle democrático e com especial cuidado para com as condições ecológicas que permitem a continuidade do projeto planetário humano.

Por que a crise atual é crise de humanidade? Porque nela subjaz um conceito empobrecido de ser humano que só considera um lado dele, seu lado de ego. O ser humano é habitado por duas forças cósmicas: uma de auto-afirmação sem a qual ele desaparece. Aqui predomina o ego e a competição. A outra é de integração num todo maior sem o qual também desaparece. Aqui prevalece o nós e a cooperação A vida só se desenvolve saudavelmente na medida em que se equilibram o ego com o nós, a competição com a cooperação. Dando rédeas só à competição do ego, anulando a cooperação, nascem as distorções que assistimos, levando à crise atual. Contrariamente, dando espaço apenas ao nós sem o ego, gerou-se o socialismo despersonalizante e a ruína que provocou. Erros desta gravidade, nas condições atuais de interdepedência de todos com todos, nos podem liquidar. Como nunca antes temos que nos orientar por um conceito adequado e integrador do ser humano, por um lado individual-pessoal com direitos e por outro social-comunitário com limites e deveres. Caso contrário, nos atolaremos sempre nas crises que serão menos econômico-financeiras e mais crises de humanidade.

sábado, 8 de novembro de 2008


A Casa Branca não tem leito de rosas
A histórica eleição do primeiro afro-americano à presidência dos Estados Unidos foi refletida, em diferentes nuanças, por três dos principais atores desse drama.Barack Obama, em seu discurso de aceitação, adotou um modelo tradicional. Elogiou o sistema político norte-americano e proclamou que "a mudança chegou à América (Estados Unidos)". Continuou parabenizando McCain e Sarah Palin; o vice-presidente eleito, Joseph Biden; sua família, com recordação especial para sua recém-falecida avó materna; reconheceu sua equipe de campanha e, sobretudo, os dois principais integrantes: David Plouffe e David Axelrod. Agradeceu o voto do cidadão comum e instou a assumir "um novo espírito de sacrifício... de trabalho duro e a preocupar-nos não só por nós, mas por todos os outros". Concluiu anunciando "um novo amanhecer para a liderança norte-americana" e proclamou a vigência do que considerou os "ideais" dos Estados Unidos: democracia, liberdade, oportunidade e esperança, embora sem definir nenhum deles.McCain reconheceu seu derrota perante uma congregação de seguidores em Phoenix, Arizona. Mostrou seu racismo oculto, enfatizando, a respeito da vitória, "o significado que tem para os afro-americanos e o orgulho especial que eles sentem nesta noite".O presidente Bush foi condescendente ao chamar Obama para felicitá-lo em nome de sua esposa Laura e no seu próprio; disse-lhe que tinha sido "uma noite assombrosa para o senhor, sua família e aqueles que o apóiam", e exortou-o a "desfrutá-la".A vitória pode ser analisada de vários pontos de vista, especialmente a dos resultados da eleição presidencial e do Congresso.A estratégia eleitoral aplicada por Obama na eleição presidencial, teve resultados ótimos. Ganhou a eleição em todos e cada um dos estados em que venceu o democrata John Kerry em 2004 e arrebatou a vitória aos republicanos em nove estados que Bush ganhou nessa mesma eleição: Virgínia (desde 1964, sempre elegeu o candidato republicano); Carolina do Norte (desde 1980, sempre elegeu o republicano); Indiana (sempre o republicano desde 1968); Colorado (igual, desde 1996), Iowa, Nevada, Ohio e a Flórida (elegeram Bush em 2000 e em 2004); e Novo México (ganho por Bush por estreita margem em 2004). Os nove deram 112 votos eleitorais a Obama. Ainda, na quinta-feira, a votação em Missouri não estava decidida, mas inclinava-se para McCain. Em Nebraska está ainda por decidir o voto eleitoral dum distrito. Com estes dados, Obama foi eleito por 364 votos eleitorais sobre os 173 obtidos por McCain (adjudicando-lhe os onze de Missouri), uma ampla margem, mas coloca Obama no oitavo lugar das votações mais altas obtidas pelos presidentes eleitos nas 12 eleições realizadas desde 1964.No chamado voto popular em nível nacional, com 120.884.874 votos escrutados, Obama obteve 52,5% (64.248.825 votos) e McCain 46,2% (56.635.874), dentro dos prognósticos feitos numa eleição deste tipo.De acordo com as pesquisas realizadas aos eleitores à saída das urnas, Obama ganhou pelo voto das mulheres (13% a mais que McCain, embora 7% menos entre as mulheres brancas), dos hispano-americanos, dos negros e dos jovens, obtendo, nessa ordem, 66%, 95% e 66% dos votos. Chama também a atenção que os 75% dos judeus votaram em Obama e que o voto dos católicos brancos foi igual nos dois candidatos, enquanto a direita religiosa evangélica favoreceu novamente o candidato republicano, embora Obama obtivesse 4% a mais de votos deste setor que os ganhos por Kerry em 2004.Ainda que Obama perdesse para McCain no voto da população branca, seu desempenho nesse setor foi semelhante ao de Al Gore em 2000 e ao de Kerry em 2004, o que indica que o fator étnico não prejudicou Obama e até pode tê-lo favorecido, devido à ampla maioria de afro-americanos e hispano-americanos que o apoiaram.Enquanto os eleitores foram identificados nas pesquisas como conservadores, moderados e liberais em percentagens similares às das eleições de 2004, houve mudanças na afiliação política, pois incrementou-se a de democratas para 40%, sendo a de republicanos de 32%. Em 2004, houve a mesma percentagem de democratas e republicanos.Em resumo, Obama ganhou, graças ao apoio esmagador da tradicional base democrata e de grande parte do eleitorado que se qualifica como "independente". Os comentaristas destacam o consenso sobre o ambiente das eleições, que num artigo do The New York Times é qualificado de "catarse nacional", resultado da profunda impopularidade do presidente Bush, do repúdio a suas políticas econômicas e externas, do descontentamento com as guerras no Iraque e no Afeganistão, da eclosão da crise financeira e da aceitação do apelo de Obama a uma mudança da direção em que o país está encaminhado.As eleições do Congresso federal foram da maneira esperada. Os democratas conseguiram ampliar o número de senadores e representantes, consolidando o controle de ambas as câmaras atingido em 2006. Contudo, fracassaram na difícil tarefa de alcançar os 60 senadores, e na Câmara dos Representantes também não chegarão ao objetivo máximo (mais 30 vagas). Por enquanto, elegeram 19 novos legisladores, quando ainda estão contabilizando-se os votos em dez disputas.O Partido Democrata terá a maioria de, pelo menos, 56 senadores, ao derrotar os republicanos John Sununu, de New Hampshire, e Elizabeth Dole, de Carolina do Norte e ganhar as disputas abertas da Virgínia, Colorado e Novo México. Ainda há quatro eleições de senadores por resolver no Alasca, Oregon, Minnesota e Geórgia; os democratas parecem ter alguma possibilidade de vitória em Oregon e Minessota. Para frear as tácticas parlamentares de "fraude", com as quais os opositores republicanos e conservadores pretendem bloquear a agenda legislativa de Obama, será necessário o apoio de alguns senadores republicanos, fato que obrigaria o novo presidente a fazer concessões em seu programa de governo.Na Câmara dos Representantes, a situação aponta igualmente para a necessidade de trabalhar por consenso, já que muitos dos novos eleitos pelo Partido Democrata são de tendência conservadora e alguns dos republicanos derrotados eram de inclinação moderada. Portanto, os conservadores verão suas fileiras reforçadas, acima de diferenças partidárias.Obama terá que governar um país mergulhado numa crise econômica somente comparável à Grande Depressão que começou em 1929, mas agora com uma econmia globalizada; com dois impopulares guerras em curso; com uma gigantesca burocracia federal, estadual e municipal; com o país endividado tanto no contexto governamental quanto no familiar; com recursos financeiros insuficientes para cumprir suas promessas eleitorais de melhoras à saúde, à educação e à previdência social.Estas questões precisam de sua atenção desde o mesmo momento em que foi eleito e não podem ser adiadas durante as sete semanas do chamado período de "transição", quando se efetua a entrega de poder da administração Bush à administração Obama. Entre os assuntos governamentais que Obama não pode deixar de lado, está a elaboração, proposta e aprovação pelo atual Congresso federal de um novo plano de estímulo à economia, que segundo estimativas será de US$100 bilhões, o qual precisará da atenção imediata e prioritária de Obama. Também deverá atender a conclusão das negociações dum acordo com o Iraque que defina o papel, a duração da presença e as condições em que atuarão as tropas de ocupação norte-americanas. E, com certeza, não poderá estar à margem das negociações sobre a situação econômica mundial do Grupo dos 20, convocado por Bush em Washington para o próximo 15 de novembro.Nestas circunstâncias, a equipe de campanha eleitoral será substituída pela "equipe de transição". Segundo informações disponíveis, já Obama nomeou uma "troika" para dirigir esse processo. É composta por John Podesta, ex-chefe da equipe da Casa Branca de Bill Clinton, que projetou em 2000 o procedimento de transição atualmente vigente; Valerie Jarrett, assessora muito próxima de Obama; e Pete Rouse, o atual chefe do Gabinete do Senado de Obama em Washington.Como complemento do processo de "transição", soube-se que Obama nomeou chefe de Equipe da Casa Branca o congressista por Illinois e amigo próximo, Emanuel Rahn.O maior desafio que Obama enfrenta agora e deverá enfrentar nos meses próximos é estabelecer suas prioridades; consolidar a colaboração com os líderes democratas do Congresso; conseguir o apoio, a suas principais medidas, dos republicanos e conservadores do Congresso; atender e satisfazer ao máximo as promessas eleitorais que mobilizaram diferentes setores e grupos da população em seu apoio. E, sobretudo, mostrar que para governar conta com a mesma inteligência, capacidade, habilidade e destreza que lhe deu a vitória nas eleições de 4 de novembro. Caso contrário, sua passagem pela presidência poderia ser efêmera e descumprir a expectativa de mudança que prometeu e com cuja bandeira chegou à Casa Branca. Obama sabe disso. Na Casa Branca não há leito de rosas.
* O autor é especialista em Relações Internacionais e foi chefe da Repartição Consular de Cuba nos Estados Unidos de setembro de 1977 a abril de 1989.
Fonte: Granma

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A maior piada do mundo

A maior piada do mundo foi dita ontem durante reportagem do 'brother' Pedro Bial, veiculada ao longo da excitada cobertura do Jornal Nacional. Pra ele, os EUA seriam a maior democracia do mundo. Curioso conceito de democracia... No mesmo texto o "jornalista" entrevista uma cubana raivosa, que quase cospe a dentadura ao esbravejar que esperaria quantas horas fossem necessárias para exercer seu divino direito ao voto, já que de onde ela vem não teria esse direito. A TV Globo é mesmo incrível. Consegue sustentar duas gigantestas mentiras ao mesmo tempo: que em Cuba não existem eleições e que nos EUA quem decide é o povo. O que a empresa da família Marinho esconde, assim como as demais corporações de mídia, é que as eleições nos EUA do século XXI ainda são INDIRETAS. Pouco importa se a palavra grega "democracia" seja a junção dos termos "demos" (povo) e "krátos" (governo, poder). Nos EUA quem decide mesmo é o Colégio Eleitoral. O vencedor será aquele que conquistar 270 delegados ou mais. Foi assim que Bush venceu em 2000 e em 2004, além de ter fraudado as urnas na Flórida - com o assentimento do Partido Democrata. "A maior democracia do mundo" comemora o índice recorde de 66% de comparecimento às urnas, lembrando que lá o voto não é obrigatório. Mas o fato de em Cuba esse índice ser de 98% não chama a atenção dessa mídia, apesar de também não ser obrigatório sair de casa no dia da votação.A noção da Globo de democracia, traduzindo para o português, é a seguinte: "um sistema é democrático enquanto servir para quem está inserido na sociedade de consumo. Continua sendo democrático mesmo se houver excluídos. Continua sendo democrático mesmo se esses excluídos passarem fome, morrerem de doenças curáveis, serem analfabetos ou não terem onde morar. Além disso, pouco importam os genocídios e a existência de campos de tortura espalhados pelo mundo, como Abuh Graib e Guantánamo". Por isso chamam os EUA de "a maior democracia do mundo".PS: Outra mentira divulgada com naturalidade pelas corporações de mídia é a noção de que os estadunidenses são "americanos". Está na boca de qualquer telejornal ou radiojornal e nas vinhetas várias dos jornais e revistas. Ao aceitar com servilidade a imposição de Washington, as corporações de mídia reforçam a dominação cultural do império, que atua com base na velha máxima da Doutrina Monroe: "América para os americanos", que na verdade pode ser traduzida para "América para os estadunidenses", já que americano é quem nasce em qualquer lugar do continente americano e não consta que um mexicano pobre, por exemplo, tenha o mesmo acesso ao território e às riquezas do continente que um canadense rico. Quando aceitamos a usurpação do termo, estamos de alguma forma aceitando a idéia de que os EUA têm o direito de controlar todo o continente americano. Ao mesmo tempo, toda a raiva que sentem dos EUA mundo afora acaba respingando nos americanos não-estadunidenses, que por serem americanos responderão pelas agressões da América.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Mongo Santamaria - Skin on Skin The Anthology (1958 - 1995)

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Mongo Santamaria - Skin on Skin The Anthology (1958 - 1995)
CD 1 @ 320

01 Afro Blue
02 Chano Pozo
03 Yambu
04 Mongorama
05 Barandanga
06 Guaguanco Mania
07 Para Ti
08 Las Guajiras
09 Tenderly
10 Bacoso
11 Introduction by Symphony Sid
12 My Sound (conga drum solo)
13 Canta Bajo
14 Watermelon Man
15 Sweet Tater Pie
16 Dirty Willie
17 Happy Now
18 Cuidado

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Mongo Santamaria - Skin on Skin The Anthology (1958 - 1995)
CD 2 @ 320

01 Cinderella
02 Black Stockings
03 Summertime
04 Cold Sweat
05 Fever
06 Adobo Criollo
07 Hippo Walk
08 Saoco
09 Sofrito
10 Virtue
11 Forked Tongue
12 Little Angel
13 Mayeya
14 Manteca
15 Bahia
16 Panamanian Aire

Total : 344,48MB

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Aracruz estima prejuízo de US$ 2,13 bilhões




















Maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo, a Aracruz anunciou nesta terça-feira (4) que eliminou 97 por cento de sua “exposição a instrumentos derivativos de investimento”, sofrendo uma perda total de 2,13 bilhões de dólares, informa matéria da Agência Reuters. A Aracruz anunciou que chegou a um acordo com os bancos utilizados pela empresa nestas operações com derivativos. Segundo a empresa, por meio deste acordo as partes vão negociar "de boa-fé", até 30 de novembro, os termos da reestruturação dos valores devidos nessas operações (alongamento da dívida). A operação desastrada com os derivativos obrigou a Aracruz a suspender investimentos previstos para a ampliação da fábrica de celulose de Guaíba (RS) e para a compra de terras e formação de novas lavouras de eucalipto na Bahia e em Minas Gerais.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A luta de classes persiste


Jorge Zabalza entrevistado por J. L. Berterretche, V. Loss e H. Peña.
www.alquimia.org

Quem é Jorge Zabalza? Jorge Pedro Zabalza Waksman nasceu na cidade de Minas, Uruguai, em 1943. Zabalza, “El Tambero” como é conhecido pelos movimentos sociais, foi dirigente do Movimento de Liberação Nacional Tupamaros – um dos movimentos guerrilheiros mais importantes da história da América Latina.

Zabalza esteve preso como refém no período nefasto da ditadura no Uruguai, governo de fato coincidente com todos os outros que assolaram e sacrificaram os povos da região entre os anos 70 e 80. Foi vereador de Montevidéu e exerceu a presidência da Câmara de Vereadores. Com uma posição crítica firme e uma coerência histórica incomparável, nestes tempos em que muitos dos principais dirigentes da esquerda uruguaia têm se entregado ao canto de sereia do neoliberalismo, Zabalza expressa ao Portal Desacato sua posição com ênfase e sem eufemismos inúteis. (N.R.)

DESACATO: - A quase quatro anos da experiência uruguaia com o governo progressista dá a impressão de que foi descartada tanto a reforma como a revolução. A opção parece ter sido o social-liberalismo. Que balanço você faz do governo atual?

Jorge Zabalza: - A herança que vem com a história do movimento popular constitui um mandato ético e moral que, segundo acredito, não tem sido ouvido pelo governo progressista. Há três parâmetros que dão a medida desse desconhecimento:

1) Durante o governo progressista cresceu a produção e cresceram as exportações do Uruguai, mas enquanto em 2004 a massa salarial era 30% do produto nacional, na atualidade se reduziu para 20%. Pese ao crescimento geral da riqueza, os ricos cada vez se apropriam de maior parte do bolo e os pobres cada vez recebem menos. Está comprovado que o novo imposto à renda não mexe no capital. Pode se disser que os conselhos de salário não conseguiram impedir que a redistribuição da riqueza funcionasse em favor dos que mais têm, aprofundando cada vez mais a brecha social. Fracassaram.

2) A pesar de ser verdade que há ditadores e verdugos presos, mesmo que seja em jaula de ouro, são as organizações e os advogados de Direitos Humanos os que devem manter viva a iniciativa por Verdade e Justiça. O governo progressista se limita a deixar os criminosos fora do marco protetor da lei de Caducidade ao contrário de brancos e colorados. A força política dos desaparecidos, assassinados e torturados deve ter uma atitude mais ativa e o companheiro Sr. Presidente deveria ordenar que os fiscais investiguem e processem tantos terroristas de Estado que estão soltos (o verdadeiro problema em matéria de falta de segurança). O que, pelo menos, se negaria a que as arcas do povo pagassem os advogados que os defendem a eles e aos três assassinos processados no Chile. A negativa a anular a lei de Caducidade (mesmo que com lei ou sem lei, a impunidade continue) e manter terroristas nos mandos das Forças Armadas e a Polícia, são uma mensagem clara de que os setores mais reacionários interpretam como consentimento e debilidade. Estão entreabrindo portas a futuros desmandos e golpes militares.

3) Em tempos de luta pela segunda independência da América Latina, uma luta favorecida pela recessão produtiva e a fraude financeira nos EUA, o governo progressista do Uruguai mantém uma política de muito boas maneiras com o imperialismo. Em lugar da solidariedade com os povos irmãos, uma espécie de neutralidade pela via de não tomar posições claras nos foros continentais. Se proclama que dá na mesma comerciar com deus que com o diabo, como se o comércio não tivesse nada a ver com o ideológico e o político. Contra a tradição histórica de seu movimento popular, o Uruguai está sendo o fura-greves latino-americano no conflito com os donos do mundo.

Em conclusão: em seus eixos centrais, o progressismo se limitou a uma mudança de caras no governo (mais doces que as anteriores, com mais gracejo popular) para benefício dos interesses dos mesmos privilegiados de sempre.

DESACATO – Há assuntos no país que parecem ser tabu para a grande maioria da esquerda. Um deles é o da propriedade da terra. A Frente Ampla em sua totalidade não a questiona nem nas suas palavras nem nos fatos. Isso já não é mais um problema? Raúl Sendic e os trabalhadores dos canaviais que foram os últimos que fizeram uma grande campanha pela socialização da terra, estavam equivocados?

Zabalza: - Há uma contra-reforma agrária. A propriedade da terra concentrada cada vez em menos mãos e dedicada ao cultivo da soja e o eucalipto dominados por grandes capitais transnacionais. O mono-cultivo desertifica nossos solos suaves e ondulados. O governo financia gratuitamente as caravanas e a computarização na cria de gado bovino. Mais da metade das indústrias de moinhos e frigoríficas em mãos estrangeiras… o que tem feito o governo progressista para frear o processo? Olhar pro lado e recitar versos gauchescos. Mantém-se a impunidade impositiva do latifúndio e os exportadores. Nem sequer foram anuladas as sociedades anônimas, base jurídica do grande negócio agro exportador.

DESACATO: – O outro assunto é o da constituição. Comparando-a com a constituição de 1988 no Brasil dá a impressão que como mínimo está 50 anos atrasada em termos de direitos e liberdades. A Frente Ampla com maioria absoluta nas duas câmaras coincide agora com os setores políticos tradicionais em que a constituição de Jorge Batlle é uma maravilha? E tendo em conta que muitos países da América Latina estão redefinindo suas constituições.

Zabalza: - A Constituição atual do Uruguai é produto da reforma "laranja", a mesma que amparou a escalada autoritária e repressiva de Pacheco Areco. Em 1985, os uruguaios festejamos o regresso ao regime constitucional mais favorável às classes dominantes.

DESACATO: – O que parecia impossível aconteceu: uma greve general contra o governo progressista Qual é a situação no movimento social que levou à greve?

Zabalza: - Nas bases sociais há uma surda desconformidade com sua situação econômica e social. O amortecimento progressista do conflito social segue funcionando perfeitamente e os desconformes escolherão um novo governo progressista, enganados pela demagogia de Mujica, a quem crêem equivocadamente parado à esquerda de Astori e Tabaré. Mas a luta de classes persiste em seu trabalho incessante sobre as consciências…

DESACATO: - Tendo em conta que o Uruguai é um país netamente exportador e com sua economia interna dolarizada, Há forma de prever como pode afetar o colapso financeiro global à política uruguaia?

Zabalza: - A última mentira de Astori: o Uruguai está "blindado" contra a crise mundial… não estiveram a City londrina nem Wall Street, não esteve nenhum dos grandes ladrões universais, mas o progressismo convenceu a muitos que aqui nada acontecerá. Como todos os povos do mundo, o uruguaio pagará esta gigantesca fraude que se denomina "crise".

DESACATO: – Quais seriam os caminhos para a recomposição de um programa de esquerda radical no país?

Zabalza: - A luta social.

DESACATO: - Em que estrutura devem se localizar os verdadeiros militantes de esquerda que querem de verdade a revolução?

Zabalza: - Fora de toda a merda progressista e eleitoreira.

DESACATO: - Você quer acrescentar alguma reflexão a esta entrevista?

Zabalza: - Que papel teria o parlamentarismo em um projeto deste tipo? Um parlamentar extra - frenteamplista seria um vaso de hortênsias decorando o frondoso jardim do progressismo. O debate no parlamento foi substituído pelos grandes meios de comunicação. Através deles os lutadores sociais podem conseguir maior incidência na opinião que o melhor dos deputados "radicais". Citam que Lenin, que só contava com o Iskra para difundir as idéias revolucionárias… se deve fazer a revolução com todos os instrumentos atuais e não repetindo esquematicamente análises corretas nas condições de princípios do século passado… por favor!

Versão em português: Tali Feld Gleiser, de América Latina Palavra Viva.