terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

FMLN - El Salvador

EL SALVADOR

Chamado de apoio a Mauricio Funes Presidente

El Salvador realiza eleições presidencias no próximo dia 15 de março. Mauricio Funes, candidato da Frente Farabundo Marti para Libertação Nacional, tem grandes chances de vitória e entrenta o candidato da Arena, representante da direita e do autoritarismo local. Um dos desafios da campanha é superar o medo da mudança, fruto de 12 anos de sangrenta guerra civil, alimentado pelo meios de comunicação controlados pela direita. Por isso todo apoio internacional é bem vindo. Veja a seguir um manifesto de apoio, e ao final um link para subscrição.

EM DEFESA DE EL SALVADOR

El Salvador é um dos países mais pobres e o mais violento da América Latina.

É um país traumatizado por uma guerra civil atroz, que durou 12 anos, e deixou uma imensa sequela de dor, medo e ressentimento.

O ícone do absurdo desta guerra é o corpo crivado de balas de Monsenhor Romero, arcebispo de San Salvador, assassinado durante a celebração de uma missa.

Desde os acordos de paz, há 19 anos, governa um mesmo partido, autoritário e oligarca : Arena, que é hoje o último bastião da velha direita nas Américas.

Durante a permanência da Arena no poder, emigraram ilegalmente -especialmente para os Estados Unidos e Canadá- quase três de milhões de salvadoreños, escapando da fome e do desemprego. Eles representam um terço de toda a população do país.

Por qualquer ângulo que se mire, El Salvador é hoje um país que sofre. Uma chaga aberta. E o pior : um país que sofre uma terrível manipulação político-psicológica, onde o governo, com o apoio quase absoluto dos meios de comunicação, trabalha ostensivamente uma política de medo e terror.

Ao longo dos anos, o partido governista se tornou especialista em manipular o trauma da guerra e em incutir o medo de um suposto "perigo esquerdista" na população.

Em El Salvador, ficou congelado no tempo o pior dos piores ambientes de propaganda da guerra fria.

Mas apesar de tudo isso, existe, hoje, a possibilidade concreta de que Mauricio Funes, um ex-jornalista de 49 anos, que conta com o apoio das esquerdas e de setores independentes, vença as próximas eleições presidenciais, previstas para 15 de março.

Ele está na frente em todas as pesquisas, porém a Arena, tem usado, nos últimos dias, uma poderosa máquina política, econômica e de comunicação para esmagar a candidatura.

Por isso é fundamental que vozes independentes, de todo o mundo, se unam em favor da candidatura de Mauricio Funes, da FMLN.

Mauricio é a expressão plena de um El Salvador que quer deixar para trás seu lastro de traumas coletivos e pessoais, recuperar a autoestima e pensar que existe outra maneira de ser e viver no mundo.

Ele é a primeira grande liderança da geração pós-guerra. Sua candidatura é um signo de paz em um cenário político onde ainda pontilham comandantes que se enfrentaram nos dois lados na guerra.

E uma forte esperança de mudança, em um país onde o governo e o partido governista ainda abrigam pessoas direta e indiretamente ligadas ao assassinato de Don Romero.

Na verdade, a candidatura de Mauricio Funes encarna mais que um processo político, e sim um processo de renovação emocional e espiritual que vive El Salvador.

Um processo de crer em si mesmo, de respeitar e de se fazer respeitar, de sentir-se digno e protegido, de deixar atrás a sombra escura de suas piores experiências sociais e pessoais.

Em suma, de recuperar a alegria de viver como nação, como sociedade e como pessoas.

Participe deste processo de mudança, paz e esperança de El Salvador, assinando este manifesto de apoio à candidatura de Mauricio Funes e de repúdio aos abusos eleitorais da Arena.

Mais de 50 mil pessoas já assinaram este documento; coloque seu nome:


http://www.mauriciofunespresidente.com/manifesto.php?act=v&l=pt

Publicação da Democracia Socialista - Tendência do PT


contato@democraciasocialista.org.br

O repúdio à ditadura da Folha

Altamiro Borges

Circula pela internet um manifesto, aberto à adesão dos interessados, de repúdio ao editorial da Folha de S.Paulo publicado na semana passada. Na ocasião, para desqualificar a vitória de Hugo Chávez num referendo democrático sobre a possibilidade da reeleição, o jornal da Famíglia Frias escancarou toda a sua postura autoritária, de viés fascista, ao insinuar que o governo bolivariano seria pior do que a ditadura militar brasileira que prendeu, matou e torturou milhares de patriotas entre 1964-1984. O asqueroso editorial chega a qualificar a ditadura brasileira de “ditabranda”.

Além do repúdio, a petição também presta solidariedade à professora Maria Victoria Benevides e ao jurista Fabio Konder Comparato, os primeiros a condenarem o editorial na sessão de cartas do jornal, e que foram duramente insultados pela abjeta direção da Folha. “Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de ‘ditabranda’?”, questionou Benevides. “O autor do vergonhoso editorial e o diretor que o aprovou deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça púbica e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada”, afirmou Comparato.

A resposta do jornal lembrou a reação de Bush, Cheney e Rumsfeld aos críticos de suas políticas terroristas. “A Folha respeita a opinião dos leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas delas. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio às ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua ‘indignação’ é obviamente cínica e mentirosa”. Juntos, o editorial fascista e a resposta arrogante indicam a urgência da coleta de adesões ao manifesto.

A íntegra do manifesto

“Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 64, os abaixo-assinados manifestam o seu mais firme e veemente repúdio a arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro. Ao denominar de ditabranda o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país”.

“Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história polí¬tica brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964”.

“Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a nota de redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro em resposta as cartas enviadas pelos professores Maria Victória de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razões ou argumentos, a Folha de S.Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis a atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal. Pela luta pertinaz e conseqüente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro”.

A história suja da famíglia Frias

O manifesto já teve a adesão de mais de mil pessoas - entre outras, do professor Antonio Candido, do jurista Goffredo da Silva Telles Jr., dos sociólogos Emir Sader e Caio Toledo e dos historiadores Augusto Buonicore e Antonio Mazzeo. Como afirma o jornalista e ex-preso político Alípio Freire, é preciso reagir às bravatas de Otavio Frias Filho, diretor editorial da Folha. “Elas não podem ser atribuídas apenas aos ‘maus bofes’ de um jovem (?) herdeiro rico, mimado, que se supõe gênio (o que diariamente lhe repete a sua corte), que não conhece limites e, portanto, é afeito a chiliques. Embora seja também isso, é muito mais, e só pode ser entendido a partir da história daquele jornal”.

Como se sabe, o Grupo Folhas sempre esteve ligado aos setores mais reacionários da sociedade. Clamou pelo golpe militar de 64 para “combater o comunismo e a república sindical de Jango”; apoiou a setor “linha dura” dos generais golpistas; cedeu suas peruas para transportar os presos políticos à tortura; e foi o jornal de “maior tiragem do país”, segundo repete Mauro Santayana, não pela quantidade de exemplares, mas sim pelo número de tiras (policiais) na redação. Neste período sombrio, Grupo Folhas também esteve envolvido em casos obscuros de corrupção, como o da antiga Rodoviária Júlio Prestes. A empresa prosperou nas masmorras da ditadura militar.

“O menino idiota chamado Otavinho”

Alípio Freire, no artigo para o jornal Brasil de Fato, cita alguns episódios marcantes da história do Grupo Folhas. Lembra o caso da jornalista Rose Nogueira, presa pelos órgãos de repressão da ditadura. “Vinte e sete anos depois [1997], descubro que fui punida não apenas pela polícia toda-poderosa... Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no Dops, incomunicável, ‘abandonei’ meu emprego de repórter do jornal”, relata a jornalista, que estava de licença-maternidade quando da sua prisão ilegal e que foi demitida sem qualquer direito trabalhista da Folha.

Alípio também retoma uma pérola do renomado Mino Carta: “A Folha não só nunca foi censurada, como emprestava as suas C-14 [peruas usadas no transporte do jornal] para recolher torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban. Isso está mais do que provado. É uma das obras-primas da Folha... Hoje você vê esses anúncios do jornal – desse menino idiota chamado Otavinho – que contam de um jeito que parece que a Folha, nos anos de chumbo, sofreu muito. Ela não sofreu nada. Quando houve mínima pressão, o Sr. Frias afastou o Cláudio Abramo da direção do jornal. Digo que foi a ‘mínima pressão’ porque o Sr. Frias estava envolvido na pior das candidaturas, apoiava o Frota [general Sílvio Frota, ministro do Exército de Geisel].

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A triste (pra eles) ironia do capital e do mercado...

EUA liquidam bancos e avaliam estatização

FERNANDO CANZIAN

Os EUA liquidaram nos primeiros 40 dias deste ano o equivalente a mais da metade dos bancos fechados em 2008 inteiro, quando foram extintas 25 instituições, um recorde recente. Sete bancos foram fechados só na primeira semana de fevereiro, o maior número em um mês desde 1993.
Aos acionistas desses bancos, 13 médios e pequenos, foram impostas perdas totais, e suas agências, distribuídas entre os concorrentes, assim como as contas dos clientes. A expectativa é que até 1.000 dos 8.348 bancos dos EUA sejam liquidados nos próximos três anos pela FDIC, a agência federal que supervisiona o sistema.
Na semana passada, as ações dos quatro principais bancos dos EUA (Citigroup, Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo) derreteram na Bolsa de Valores de Nova York.
O Citi vale hoje 10% do que valia há um ano, e suas ações despencaram 44% na semana. Por trás da fuga dos investidores está o temor crescente de que algumas dessas instituições, espe cialmente Citi e Bank of America (BofA), sejam estatizadas. Se isso ocorrer, os acionistas perdem tudo.
O próprio presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, e o ex-presidente da instituição, Alan Greenspan, já consideraram abertamente a opção, pois o governo vai ficando sem alternativa para lidar com a virtual falência desses bancos, vistos como "grandes demais para cair". "Qualquer que seja a decisão, há um forte compromisso dessa administração de manter os bancos privados e de devolvê-los ao setor privado o mais rapidamente possível", declarou Bernanke.
Na sexta-feira, o presidente do Comitê de Bancos do Senado, o democrata Cristopher Dodd, disse que a estatização "não seria bem vinda". "Mas minha preocupação é que talvez sejamos obrigados a isso [estatizar], pelo menos por um período curto", afirmou.
Entre os republicanos, o senador Lindsey Graham afirmou que a opção de estatizar "deve estar sobre a mesa".
Na sext a, enquanto as ações dos bancos despencavam em Nova York, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, procurou acalmar os ânimos dizendo que o governo de Barack Obama "acredita fortemente que o modo de irmos adiante é com um sistema bancário privado e suficientemente regulado".
Mesmo assim, as ações do conjunto de bancos listados na Bolsa de Nova York caíram 7%. As do Citigroup e Bank of America (BofA), cerca de 10%.
Citi, BofA, JPMorganChase e Wells Fargo já receberam US$ 140 bilhões em injeções de dinheiro público desde outubro (o maior acionista do BofA já é o governo dos EUA, com 6%). Apesar desses aportes, o valor de mercado dos quatro bancos encolheu em US$ 402 bilhões (um terço do PIB do Brasil) desde então.
Esses bancos concentram o grosso dos chamados ativos "tóxicos", que travaram o sistema financeiro americano e que são a causa da atual crise, considerada a maior desde os anos 1930. Os títulos "tóxicos" são resultado de emprést imos feitos pelos bancos sem garantias reais suficientes e largamente lastreados pelo setor imobiliário, onde os preços das casas estão em queda livre há dois anos. Em alguns casos, um único dólar em garantia real dada ao banco chegou a financiar outros US$ 35 em empréstimos.
Para voltarem à atividade normal, esses bancos precisam ser limpos desses ativos. O principal problema é que o governo não chegou ainda à conclusão de quanto pagar pelos títulos "tóxicos" e como proteger o contribuinte das perdas. Por isso, a opção pela estatização ganha força no país.
Se adotada, o governo não precisa "precificar" os ativos "tóxicos". Além disso, imporia perdas totais aos acionistas que fizeram apostas arriscadas, afastaria os dirigentes e poderia mais à frente, depois de limpo, revender o banco.
O maior temor dos EUA é que o país mergulhe em uma espiral recessiva parecida com a do Japão nos anos 1990. No país asiático, isso ocorreu justament e porque o governo demorou anos para atacar uma crise bancária de proporções mais modestas, mas parecida com a atual nos EUA. Outro exemplo mais ou menos da mesma época foi a Suécia, que resolveu estatizar bancos com problemas rapidamente, o que acelerou a saída da crise.

Trabalhador da Irlanda sempre atento...

Depois de manifestação de mais de cem mil pessoas, sindicatos ameaçam com greves



Mais de cem mil pessoas manifestaram-se Sábado (21 de Fevereiro) em DublinMais de cem mil pessoas manifestaram-se Sábado passado em Dublin, na Irlanda. O protesto foi convocado pelo Congresso Irlandês dos Sindicatos e visava combater uma nova contribuição social, que o governo quer impor aos funcionários públicos, sob pretexto de financiar as reformas. Os sindicatos ameaçam agora com greves, caso o governo não negoceie.

O governo irlandês quer impor uma nova contribuição sobre os salários de 350.000 trabalhadores da função pública, alegando que é uma medida para garantir a estabilização das finanças públicas.

A manifestação convocada pelo Irish Congress of Trade Unions (ICTU - Congresso Irlandês dos Sindicatos) mobilizou largamente os trabalhadores da função pública e nela Sally-Anne Kinahan, secretária-geral do ICTU afirmou:

"A nossa prioridade é garantir que as pessoas são protegidas, que os seus interesses são protegidos, e não os interesses das grandes empresas ou dos ricos".

Após a manifestação, o ICTU disse que espera até Terça feira que o governo declare que volta à mesa das negociações, caso isso não aconteça terá de enfrentar greves.

Os professores estão já a votar a possibilidade de convocarem uma greve de dois dias, enquanto outros sectores da função pública decidem também sobre a convocação de lutas.

www.esquerda.net

Homenagem a Sandino...

A 75 anos Sandino Vive e luta pela unidade dos povos latinoamericanos






Ricardo Zúniga García *

Tradução: ADITAL

Em 21 de fevereiro (1934), foi assassinado à traição o líder nacionalista latinoamericanista e antiimperialista Augusto Calderón Sandino.

Sandino alcançou reconhecimento nacional e internacional por conseguir, em um país onde as elites viam como natural ser submetidos ao protetorado do emergente império estadunidense, convocar um importante setor de mineiros, camponeses e artesãos; a defender a soberania nacional e a lutar por uma sociedade justa. Encabeçou a primeira experiência exitosa de guerra de guerrilhas no continente no século XX, conseguindo derrotar com um punhado de "pobres" o exército interventor dos Estados Unidos, de aproximadamente 5.000 homens dotados da tecnologia militar de ponta, na época. Isso representou uma verdadeira façanha, levando-se em consideração que Nicarágua naquele tempo contava com uma população rural e dispersa de 600.000 habitantes.


Porém, possivelmente, seu maior mérito tenha sido o de aglutinar, entusiasmar em torno a um projeto digno, que consistia em uma pequena terra para os camponeses, artesãos e operários, de uma economia autogestionária; um projeto e país soberano, que se viabiliza e consolida em um processo de unidade continental frente à agressão imperialista.

Sandino conseguiu levantar a autoestima de uma boa parte dos nicaraguenses, de tal maneira que, apesar de seu assassinato a traição por Somoza, em conluio com o governo estadunidense de então e da tentativa desses atores em ocultar sua trajetória e enterrar sua memória, ele pode renascer na consciência de seu povo e ser inspiração profunda especialmente nas décadas de 70 e 80 do século passado com o caminhar da Revolução Popular Sandinista; e continua inspirando hoje os nicaraguenses e latinoamericanos que tentam avançar rumo a Alba.

Há dois traços do pensamento de Sandino que conservam especial vigência: sua confiança em que são os operários e os camponeses, com sua força organizada, quem "irá até o fim", devido à sua constância na defesa de seus legítimos interesses. Y sua constante e insistente convicção de que é possível construir um mundo diferente ao da ordem capitalista imperialista, que concede às nações pequenas latinoamericanas a condição de "pátio traseiro" da nação imperial. Rebelando-se contra a mentalidade dominante da Nicarágua na época, onde boa parte da população, especialmente os intelectuais, via como muito natural; como algo imposto pela força ‘do destino’ que nosso país fosse um protetorado estadunidense. E o pior: viam isso como a melhor alternativa para o desenvolvimento econômico do país. Foram tão reiteradas as intervenções militares estadunidenses para proteger as empresas de economia de enclave ou para sustentar governos aliados servis que a maioria dos políticos tradicionais viam como um fato inevitável; a saída era acomodar-se e resignar-se.

Ante o espírito humilhado e servil da classe política de seu tempo, Sandino fez constantes chamados à solidariedade do povo latinoamericano com a luta de seu pequeno exército de artesão e camponeses. Conhecendo as diferentes tendências políticas dos presidentes dos países da América Latina de seu tempo, fez reiterados chamados à unidade latinoamericana a partir do sonho de Bolívar, propondo concretamente assumir o projeto da construção de um canal interoceânico cortando Nicarágua que fosse uma sociedade com capital majoritariamente latinoamericano. Apesar de não ter estudos acadêmicos, Sandino percebia com clareza que grandes projetos, como o canal interoceânico, os serviços públicos estratégicos deviam ser garantidos pelos Estados em função dos interesses de seus povos. Certamente, as cartas de Sandino aos governos da Região que nunca tiveram uma resposta oficial conhecida, hoje teriam uma acolhida positiva dos países signatários da Alba e de países que participam desse mesmo espírito, como Equador e Paraguai.

Sandino teve a virtude de unir solidamente a dimensão local da luta pela soberania popular e o respeito aos direitos humanos à terra e à liberdade de sua pequena Nicarágua, com a dimensão continental latinoamericana, com a qual se completava e articulava.

Sandino inicia sua luta partindo de sua própria experiência como trabalhador mecânico nas bananeiras estadunidenses em Honduras, na Guatemala e no México. Ele se nutre de sua experiência de luta, aprendendo com a história de luta dos trabalhadores organizados. Estuda disciplinadamente com os líderes sindicais da nascente revolução mexicana. E quando decide regressar a Nicarágua para iniciar sua luta, conta com as suas humildes economias no total de 5.000 dólares, reunidos após vários anos de vida austera e disciplinada. Depois juntaria outros recursos; porém, a base foi seus próprios recursos economizados com o trabalho realizado como operário.

Um conhecido programa de análise que se transmite na Nicarágua pela rádio La Primeirísima’ recorda a cada dia aos ouvintes uma frase de Sandino dirigida aos seus combatentes, que vai permanecendo na consciência de nosso povo: "Vocês são obrigados a divulgar juto aos povos da América Latina que entre nós não deve haver fronteiras. Pois, a Pátria Indohispânica começa no Río Bravo e termina nos confins da Patagônia".

Sandino tem muitas coisas a comunicar-nos ainda. Esperamos desenvolver, em artigos seguintes, elementos importantes de seu legado histórico. Também me parece oportuno comunicar a mensagem inicial de Sandino, o 'Manifiesto de San Albino, por Augusto C. Sandino'.


* Colaborador de Adital. Educador nicaragüense. Analista político.

Alma Da Terra [1982] Alma Da Terra


Créditos: Vinicius
Intérprete(s): Alma Da Terra
Álbum: Alma Da Terra
Ano: 1982
Selo/Gravadora: Vento De Raio
Nº de catálogo: LPVR 003


Produção Fonográfica: Vento de Raio Produção Artística Ltda.
Produção Geral: Toninho Barbosa e Alma Da Terra
Direção Musical e Arranjos: Alma Da Terra
Gravação e Mixagem: Toninho Barbosa
Corte e Prensagem: Ivan Lisnik - Polygram - RJ
Capa: Raul Varady (arte)/Sonia Regina (projeto gráfico e fotos)
Gravado Ao Vivo e Mixado no Estúdio da Sono-Viso do Brasil - RJ
(Dezembro/81 - Janeiro/82)


Integrantes:
Fábio Mattos Agra
Paulo Fernandes Martins
Antônio Augusto Ventura



1. Solto no Ar
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
2. Vivença
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
3. Pra John
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
4. Tente Mais Uma Vez
(Paulo Fernandes Martins / Antônio Augusto Ventura)
5. Natural
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
6. Cante Comigo
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
7. Cabeça Feita
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
8. Anjos de Cristal
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
9. Alma da Terra
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
10. Não Morra de Susto
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)

PARTE 1
PARTE 2

domingo, 22 de fevereiro de 2009

GLOBO, a mídia de esgoto.....

A Globo e a TV Diário

A ameaça vem do Nordeste: TV Globo quer aniquilar TV Diário via satélite

do blog RASTREADORES DE IMPUREZAS

A crise do IBOPE que leva os diretores da TV Globo ao desespero e baixaria. Mais um golpe estúpido, sujo e baixo da Rede Globo de televisão, em aniquilar, destruir os seus potenciais concorrentes através de fortes pressões, ameaças e imposições mesquinhas, como se ainda estivéssemos na época das origens sinistras da Rede Globo – a Ditadura Militar.

A TV Diário é uma emissora de televisão aberta surgida no Ceará que com ousadia e disposição vem exibindo uma programação produzida a distancias do eixo-emissor da comunicação brasileira. De certa forma é um dos únicos focos de resistência na comunicação televisiva do Brasil, diante a agressividade das redes formadas a partir do sudeste.

Chega a ser um exemplo de competência (mesmo com a qualidade de sua programação questionada, porque "reproduz", com o sotaque e o jeito cearense de fazer, muita anormalidade assistida nas emissoras sulistas ditas "donas do Brasil"). Ligada ao Sistema Verdes Mares de Comunicação, forte grupo econômico cearense, que também administra a afiliada da TV Globo em Fortaleza. Este mesmo grupo está prestes a colocar uma nova afiliada da Rede Globo, desta vez no Juazeiro do Norte (interior cearense).

O dilema mais que problemático está ai, na mesma casa que acolhe duas emissoras afiliadas da Globo, tem levado em diante o projeto polemizado e ameaçador que é a TV Diário. A emissora cearense cresceu muito em proporções de audiência em todo o Brasil, e agora ameaça determinados nichos de mercado da poderosa emissora sulista (que não pretende ceder espaço aos concorrentes, já que a Rede Record vem aos poucos deixando a Globo para trás, imagina se surge mais uma poderosa em pleno Nordeste?).

Não há clausula no contrato da TV Globo com as afiliadas que citem este item de que é proibido o mesmo grupo possuir outra emissora via satélite para todo o Brasil, entretanto, como a ameaça de perda de pública da Globo agora é uma realidade, esta emissora sulista de TV está pressionado os membros da TV Diário (os seus diretores e todo o seu cast de apresentadores) no sentido de que a TV Diário deixe de ser exibida em rede nacional (via satélite).

O objetivo da Rede Globo é "cortar o mal pela raiz", é proporcionar um desmonte em tudo o que a TV Diário já conquistou, em poucos anos de vida. A TV do Nordeste corre o risco de ser transmitida apenas em caráter local e alguns pontos do interior do Ceará. Tudo por conta do medo da Globo de perder espaço, audiência, e assim, perder parte dos seus lucros, com a baixa no preço dos anúncios nos blocos de comerciais e patrocinadores.

Os donos do Sistema Verdes Mares e o enigma da censura: seria mais viável financeiramente se aventurar no risco da conquista através da TV Diário em rede nacional, e desta forma perder de vez as duas fortes emissoras afiliadas da Rede Globo no Ceará? Ou ficar engolindo sapo dos inescrupulosos sulistas e fazer a coisa da forma que eles querem, agüentando as chicotadas calados, e ficar com a margem de lucro pequena na TV Diário, mas se manter com a certa arrecadação constante das duas emissoras globais no Ceará?

Diante o caos da escravidão do poder financeiro foi que ontem (20/02) aconteceu uma reunião turbulenta na cúpula da TV Diário (a mesma sede da afiliada da Rede Globo cearense) para comentar este drama de esmagamento geral da Globo sobre a TV do Nordeste entre os seus apresentadores. Infelizmente os diretores das duas emissoras cearenses não se deram de conta nem de separar o ambiente de trabalho da Globo local e da TV Diário (um erro).

A desgraça é que a Rede Globo na frente das suas câmaras é contraria as intolerâncias, e por detrás dos focos prega agressivamente a sua própria intolerância, numa hipocrisia jamais vistas em reconhecer os seus potenciais concorrentes. Está mais do que na hora de uma instituição pública de regulamentação do setor dos meios de comunicações tradicionais começar a intervir na pressão sofrida pela TV Diário ao massacre Global (se é que também já não foi comprada pela moeda do defunto Marinho).

Caso a TV Diário ceda as pressões, coitado do Edson Queiroz (fundador do Sistema Verdes Mares de Comunicação) que deverá estar se roendo por inteiro (esteja onde estiver) na dor de ver o seu projeto de conquista ser encolhido por forças ocultas globais sulistas. Ache bom ou ache ruim, a TV Diário vai abrir mesmo as pernas?, é isto!


Vinte Poemas de Amor – XX



















Pablo Neruda

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.

Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.

Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.

Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.

Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Expondo o crime organizado

Luiz Carlos Azenha

Desde os atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos, ganhou força o movimento que busca limitar a atuação dos paraísos fiscais, diante da preocupação de que grupos terroristas poderiam fazer uso deles para financiar suas atividades.

Walter Maierovitch, especialista no combate ao crime organizado, diz que estudos recentes sobre o destino do dinheiro sujo -- da sonegação fiscal, da corrupção, do tráfico de drogas e armas -- mostram que o grosso da lavanderia, ao contrário do que se acreditava, está instalada nos centros financeiros tradicionais como Nova York, Miami e Londres.

Já escrevi sobre o livro The Dirty Politics of African Oil, do jornalista Nicholas Shaxson. Ele faz uma excelente análise sobre o nexo entre o dinheiro da corrupção na África, o financiamento de campanhas políticas na França e em outras "metrópoles" e os paraísos fiscais.

Agora estamos diante do caso do banqueiro texano Robert Allen Stanford, que praticamente assumiu o controle de um paraíso fiscal caribenho -- Antigua -- e é suspeito de ter dado um golpe na praça de 8 bilhões de dólares, dinheiro que tirou de milionários da Venezuela e de outros países do continente. Stanford tinha fortes conexões políticas nos Estados Unidos.

Quem quiser ler a respeito pode ir ao New York Times.

Aproveitem para ler também sobre o desespero dos investidores que foram enganados por Bernard Madoff, que deu um golpe de 50 bilhões de dólares na praça. Está aqui.

E sobre a ação do governo americano que pode obrigar o banco suiço UBS a divulgar o nome de 52 mil clientes que usaram os serviços do banco para sonegar o pagamento de impostos nos Estados Unidos escondendo o dinheiro em paraísos fiscais, especialmente nas Bahamas. Está aqui. O banco corria o risco de ser acusado criminalmente e decidiu entregar o nome de alguns clientes. Mas a Justiça americana quer mais.

Um trecho do artigo do New York Times:

"Um memorando de 2004, por exemplo, descreve como o UBS criou centenas de corporações laranjas onde seus clientes podiam esconder dinheiro do Imposto de Renda. Uma mensagem eletrônica mandada naquele ano capturou parte da linguagem em código usada por banqueiros do UBS. No mundo deles, "um parafuso" significava 250 mil dólares, enquanto "um cisne" era 1 milhão. Cores eram usadas para identificar certas moedas. Laranja, por exemplo, representava o euro; azul, a libra britânica. Várias mensagens demonstram que o UBS indicava advogados e contadores na Suiça e em outros lugares que abriam as contas secretas para os clientes".

A investigação criminal nos Estados Unidos envolve 19 mil clientes que tinham 20 bilhões de dólares depositados no banco e podem ter sonegado 300 milhões de dólares por ano graças ao UBS.

Meu ponto é que esses casos ilustram o vale-tudo em que se transformou o sistema financeiro desde que os ideólogos do neoliberalismo decidiram "tirar o estado das costas" da elite.

Eu sinceramente esperava encontrar uma cobertura maior na mídia corporativa brasileira a respeito desses casos que só na aparência são desconexos.

Depois lembrei que será difícil: afinal, é a mesma mídia que presta serviços de relações públicas ao banqueiro Daniel Dantas e sua clientela.


O PSDB sangra lentamente no RS


O PSDB gaúcho, a cada dia que passa, sangra mais e mais no episódio da misteriosa morte de Marcelo Cavalcante, culminando com a denúncia do PSOL sobre esquemas de caixa 2 e de desvios de recursos públicos no governo gaúcho. Aposto que neste jogo de xadrez entre o PSOL e o PSDB, o segundo perderá sua rainha no terceiro lance e ficará em xeque-mate na quarta rodada, caso o MPF libere tudo o que tem sobre o caso. Todas as peças deste jogo ainda estão no tabuleiro e tudo é muito estranho nesta história.Vejamos: Yeda vai para Brasília e reencontra Marcelo Cavalcante, alguns dias antes dele se suicidar ou ser morto; Segundo a família de Cavalcante, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE) oferece um emprego para Marcelo trabalhar no partido (Aqui vale aquela máxima: Os inimigos devem estar mais perto dos olhos do que os amigos, pois emprego não era o problema já que estava trabalhando com um deputado do PSDB ); Após a morte, disseram pela mídia amiga que Marcelo havia brigado com a mulher; Carlos Crusius libera carta acusando indiretamente a CPI do Detran pela morte de Marcelo; A esposa de Marcelo desmente a primeira versão da briga e diz que sabia de tudo da vida do marido e que falava 20 vezes por dia com ele (Quem fala com sua mulher 20 vezes por dia ???). Todos na família de Cavalcante sabiam que ele ia depor no Ministério Público Federal após o Carnaval, menos o MPF; A PF desconfia que ele estava recebendo pressões com relação ao seu depoimento. A deputada Luciana Genro afirmou em entrevista que deseja ser interpelada judicialmente pelo PSDB ou algum membro envolvido na operação Rodin, pois assim poderá exigir que se abra a caixa-preta das provas que estão no MPF. Os acusados silenciam e só AOD interpela o PSOL (será que interpelou mesmo ?). Muitas novidades surgirão após o Carnaval.