sexta-feira, 13 de março de 2009

Do Blog da Eunice Couto...

OS VOTOS DO BEM

Não faltou disposição aos deputados que defenderam insistentemente a derrubada do veto. Muitas horas de discussão e defesa aos servidores estaduais e aos serviços públicos que o governo estadual busca destruir através de sua política nefasta, que retira direitos do povo para alardear o tal "déficit zero" inexistente.

Adão Villaverde - PT
Daniel Bordignon - PT
Dionilso Marcon - PT
Elvino Bohn Gass - PT
Fabiano Pereira - PT
Marisa Formolo - PT
Raul Pont - PT
Ronaldo Zulke - PT
Stela Farias - PT
Nelson Härter - PMDB
Adroaldo Loureiro - PDT
Gerson Burmann - PDT
Gilmar Sossella - PDT
Kalil Sehbe - PDT
Paulo Azeredo - PDT
Cassiá Carpes - PTB
José Sperotto - DEM
Marquinho Lang - DEM
Paulo Borges - DEM
Miki Breier - PSB
Raul Carrion - PCdoB

INIMIGOS DO POVO GAÚCHO

Na tarde de ontem (12), após três dias de discussão, foi votado o veto da governadora ao projeto que abonava as faltas dos servidores públicos que aderiram à greve no final de 2008. Apesar da atividade sindical e da defesa de vários deputados da oposição, o veto foi mantido com o voto dos INIMIGOS DO POVO GAÚCHO listados abaixo:

+Alberto Oliveira - PMDB
+Alceu Moreira - PMDB
+Alexandre Postal - PMDB
+Álvaro Boessio - PMDB
+Edson Brum - PMDB
+Gilberto Capoani - PMDB
+Luiz Fernando Záchia - PMDB
+Sandro Boka - PMDB
+Adolfo Brito - PP
+Francisco Appio - PP
+Frederico Antunes - PP
+Jerônimo Goergen - PP
+João Fischer - PP
+Marco Peixoto - PP
+Pedro Westphalen - PP
+Adilson Troca - PSDB
+Coffy Rodrigues - PSDB
+Jorge Gobbi - PSDB
+Nelson Marchezan Jr. - PSDB
+Paulo Brum - PSDB
+Pedro Pereira - PSDB
+Zilá Breitenbach - PSDB
+Abílio dos Santos - PTB
++Iradir Pietroski - PTB
+Carlos Gomes - PPS
+Luciano Azevedo - PPS
++Paulo Odone - PPS

A estes senhores daremos a resposta na eleição de 2010. Se a memória falhar, sempre haverá um trabalhador para lembrar quem são os inimigos do povo, afinal o seu voto prejudica a sociedade gaúcha, retirando-lhe o direito a serviços públicos de qualidade, iniciados com o devido respeito aos servidores públicos de carreira.

Do Le Monde-Brasil

Agricultura patenteada

Há cinco anos as plantações de algodão de Burkina Faso, as maiores da África Ocidental, vêm sendo contaminadas por organismos geneticamente modificados. E ao que tudo indica, o país é apenas o ponto de partida para a expansão dessa tecnologia, que traz enormes benefícios a empresas como a Monsanto

Françoise Gérard

Há algum tempo, o pequeno Burkina Faso, um dos Estados mais pobres do mundo, se lançou discretamente na cultura de organismos geneticamente modificados (OGM). Em princípio, com o algodão BT [1]. Revelada ao grande público em 2003, a parceria do país com a gigante americana de sementes Monsanto suscitou controvérsia entre a população rural e as associações locais, por representar um teste para o desenvolvimento dos OGMs em toda a África Ocidental.

Como Burkina Faso acabou se envolvendo com a empresa famosa por seu herbicida “Roundup” e seu “agente laranja”? [2] A sacrossanta “luta contra a pobreza”, para a qual os OGMs trariam sua contribuição, dinamizando a agricultura do país, parece ser apenas um pretexto e as reais motivações dos parceiros estão só começando a aparecer, após muita pressão dos agricultores locais.

Apesar de Burkina Faso ter assinado a Convenção sobre Diversidade Biológica, de 1992, e o Protocolo de Cartagena sobre biossegurança, de 2000, isso não impediu que desse início, em segredo, às primeiras experiências com algodão BT, já em 2001. O desrespeito é evidente: esses tratados internacionais estipulam que os países signatários devem dotar-se de um aparato legislativo e tomar todas as precauções antes de começar a cultura de OGMs. Além disso, comprometem- se a informar a população dos perigos e a não tomar nenhuma decisão sem ampla consulta pública.

No entanto, foi só em 2003, durante uma oficina sobre biossegurança realizada em Uagadugu, a capital, que a Liga dos Consumidores soube da existência dessas experiências e divulgou para a população aquilo que o Instituto do Meio Ambiente e da Pesquisa Agrícola (Inera) tinha dissimulado. A Monsanto sustentou que as experiências estavam sendo realizadas em “espaços confinados”. No entanto, omitiu que as redes que protegiam essas plantações estavam rasgadas, possibilitando a contaminação do entorno por meio do ar.

Após quase cinco anos da chegada da cultura de OGMs, o Parlamento de Burkina Faso ratificou, em abril de 2006, o Regime de Segurança em Biotecnologia. A lei tem como objetivo “garantir a segurança humana, animal e vegetal e a proteção da diversidade biológica e do meio ambiente”, segundo seu artigo 22, sendo a Agência Nacional pela Biossegurança (ANB) encarregada pela avaliação dos riscos. Ora, segundo seus oponentes, é exatamente porque os riscos são incontroláveis que essas culturas são contestadas... [3]

A Monsanto escolheu Burkina Faso porque o país é o maior produtor de algodão da África Ocidental, à frente do Mali, Benim e Costa do Marfim. Além disso, sua situação geográfica o torna o Cavalo de Tróia da biotecnologia na região. Afinal, as fronteiras na África são porosas, facilitando as trocas involuntárias e a contaminação “acidental” de plantações livres de OGMs, o que traz enormes benefícios às empresas que pregam essa tecnologia. Uma vez infectada uma plantação, não há como voltar atrás. Isso possibilita não só a cobrança de royalties sobre essas plantas geneticamente modificadas, que nem sequer foram adquiridas pelos agricultores, como também condiciona o controle técnico aos produtos daquela empresa específica. Por exemplo: um OGM responde preferencialmente aos herbicidas produzidos pela mesma empresa que o desenvolveu, em geral mais caro.

Sutilmente, os OGMs estão, portanto, se impondo, sem que os cidadãos percebam. Se o Benim renovou por cinco anos uma moratória em relação aos OGMs, o Mali acaba de ceder à pressão e autorizar as experiências com algodão BT.

Burkina Faso era o ponto fraco da região: seu presidente, Blaise Compaoré, tentava reatar os laços com a “comunidade internacional” depois de ter apoiado ativamente Charles Taylor – que agora responde à justiça internacional [4] – durante a mortífera guerra civil da Libéria, nos anos 1990. Ele era suspeito de ter alimentado o tráfico de armas e diamantes na sub-região. Em alguns anos, seu país se tornou aluno modelo das instituições financeiras internacionais e da Organização Mundial do Comércio (OMC). A parceria com a Monsanto constituiu, assim, um gesto político de boa vontade com os Estados Unidos, extremamente descontentes com a atitude de Compaoré na Libéria.

A partir de 2003, o ministro da Agricultura, Salif Diallo, fez do algodão OGM sua principal bandeira. A União Nacional dos Produtores de Algodão (UNPCB), dirigida por François Traoré, depois de ter manifestado suas preocupações com a nova tecnologia, mudou de opinião em troca de 30% das ações da Sociedade de Fibras Têxteis (Sofitex), principal empresa de algodão de Burkina, privatizada a pedido do Banco Mundial.

Em seguida, os agricultores dissidentes criaram o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Agropastoral (Syntap) em violenta oposição aos OGMs. O líder rural Ousmane Tiendrébéogo se revolta: “Aqui só existe a agricultura, não temos o direito de jogar roleta russa com nosso futuro”.

À frente da UNPCB encontram-se três empresas de algodão: a Sofitex, na região oeste, a Sociedade de Algodão de Gourma (Socoma), na região leste, e a Faso Coton, na região central, que constituem um cartel que, junto com os produtores, fixa o preço anual. Em 2008, o quilo do algodão estava em 165 francos CFA (R$ 0,80). As empresas fornecem – a crédito – os insumos, os inseticidas e os herbicidas necessários; depois, quando é feita a colheita, elas vêm recolher a matéria-prima.

Essa relação, herdada do sistema colonial, é uma faca de dois gumes, pois não dá autonomia ao produtor. Proprietário de sua parcela, ele pode, teoricamente, abandonar o algodão se considerar o lucro insignificante, e adotar outra cultura rentável, como o gergelim. [5] Mas, na realidade, sua dívida e seu baixo nível de instrução, assim como os produtos fornecidos pelas empresas, o tornam dependente do sistema. Yezuma Do, produtor, conta a pressão que sofrem: “Eles vieram com as autoridades e a polícia para nos dizer que, no ano que vem, todos nós produziremos o BT, porque é melhor para nós. Mas eles não nos dizem os preços das sementes. E, se recusarmos, a UNPBC nos avisou que não poderemos descaroçar nosso algodão convencional na região”. Cansado de brigar, Do considera renunciar à cultura do algodão, junto com vários vizinhos.

Propriedade intelectual

A UNPCB e as empresas de algodão constituíram a Associação Interprofissional do Algodão de Burkina (AICB). Em comum acordo com os pesquisadores do Inera e da Monsanto, a AICB supervisiona a formação dos técnicos e dos produtores. É ela quem fixará os preços das sementes BT para 2009. O círculo está fechado.

Em 2008, 12 mil hectares de algodão BT, do tipo Bollgard II, foram cultivados a fim de obter sementes para 300 a 400 mil hectares, tendo a ANB autorizado a produção comercial do algodão BT para 2009.

O que acontecerá realmente? Se a semente do algodão convencional retirada da colheita só custa 900 francos CFA (R$ 4,30) o hectare, por outro lado os direitos de propriedade intelectual (DPI) devidos à Monsanto podem ultrapassar os 30 mil francos CFA (R$ 144) por hectare. [6] As empresas de algodão se contentam em tranquilizar os produtores prometendo-lhes que o preço não excederá seus meios.

Uma frente anti-OGM foi constituída pelos agricultores: a Associação para a Conservação do Patrimônio Genético Africano (Copagen). É integrada também por alguns grupos de países vizinhos, como Benim, Mali, Costa do Marfim, Niger, Togo e Senegal. Apesar de suas capacidades financeiras restritas, a Copagen organizou, em fevereiro de 2007, uma caravana pela sub-região a fim de sensibilizar e informar as populações rurais do perigo que elas correm. Essa manifestação foi concluída com uma marcha de protesto nas ruas de Uagadugu. Nos cartazes, podia-se ler: “Não à imposição das multinacionais”, “Cultivar orgânicos é proteger nosso meio ambiente”, “Os acordos de parcerias econômicas [APE] [7] e os OGMs não são a solução para a África, eles são é contra nós. Pare – pense – resista”.

Um participante resumia assim o problema: “Se é isso, o OGM, nós não o queremos! Será que os responsáveis trabalham verdadeiramente para o nosso bem? É preciso desde já divulgar a informação e a sensibilização sobre os OGMs. Eles nunca passarão pela África”.

Contudo, a frente pró-OGM não economiza nos gastos; beneficiando-se do apoio do governo, organiza coletivas de imprensa, tem suas viagens de estudo totalmente pagas, faz excursões de campo, divulga filmes “de informação”... Os folhetos impressos em papel brilhante da Monsanto descrevem um mundo idílico com a ajuda das estatísticas do Inera. Eles sustentam que as sementes OGM, Bollgard II, trarão um aumento médio de renda de 45%, uma redução de pesticidas de seis para duas aplicações, uma diminuição de custos de 62% – portanto, uma economia de 12.525 francos CFA por hectare (R$ 62) – e, consequentemente, um benefício para a saúde dos produtores e para o meio ambiente.

Nada parece mais aleatório que a “renda média” em um país submetido a uma pluviometria inconstante. Se não chove, a população rural acaba obrigada a realizar até duas ou três semeaduras sucessivas. Quando o preço das sementes é insignificante, trata-se “apenas” de um aumento de trabalho. Mas, quando se devem quitar os DPIs, quanto renderá um hectare de algodão? Além disso, parece que o gene milagroso é sensível à seca e que degenera à medida que a planta cresce.

Último inconveniente: durante um curso organizado pela União Européia, do qual participava François Traoré, os produtores de algodão foram intimados a guardar um estoque de pesticidas por segurança, em caso de necessidade. O que significa que o recurso aos produtos químicos não diminui, com certeza.

Efetivamente, dois fenômenos podem ocorrer: a aparição de lagartas resistentes ao gene (em quatro ou cinco anos) ou de pragas secundárias não dominadas por essa tecnologia. Os Estados Unidos e a Índia já experimentaram esse problema. E curiosamente, na reunião do Comitê do Conselho Internacional do Algodão (CCIC) [8] em Uagadugu, de 17 a 21 de novembro de 2008, ao ser exaltado o êxito espetacular do algodão BT indiano (seis anos consecutivos de rendas crescentes), nenhuma menção foi feita à onda de suicídios entre os pequenos produtores, arruinados por uma produção bem inferior ao que lhes foi apresentado.

Argumentos sedutores

Quanto à redução dos gastos, é bem imprudente calcular um número agora, já que a Monsanto guarda cuidadosamente o segredo do preço dos DPI, que se acrescentará ao dos insumos e herbicidas. Se os rendimentos forem melhores [9], a diferença irá para pagar o custo extra dos DPI.

O argumento mais sensível para os produtores continua sendo o da diminuição dos pesticidas, que a Monsanto apresenta de forma sedutora. Frequentemente, durante os dias de semeadura, os agricultores dormem nos campos com toda sua família, se expondo assim à toxicidade agressiva desses produtos. Ora, poder-se-ia utilizar um inseticida natural tirado do neem, uma árvore comum na África Ocidental, como mostram experiências realizadas no Mali, em 10% dos algodoais, pela Companhia Malinesa para o Desenvolvimento dos Têxteis (CMDT).

Em 2001, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou um projeto de gestão integrada da produção e do controle de predadores naturais, visando reduzir, e até suprimir, a utilização de pesticidas. Contudo, nada foi feito para que esse programa passasse do estado de experiência piloto. E mais: “A UNPCB se comporta como uma milícia no centro do mundo rural, reforçando a política da Sofitex, que nos impõe insumos e inseticidas sem nos dar a possibilidade de recusá-los”, protesta Do.

Entre as soluções alternativas aos OGMs existe o algodão orgânico sustentável que a associação Helvetas lançou no Mali, em 2002, e em Burkina Faso, em 2004. Sem produto químico, com adubo orgânico (gratuito) e colheita de primeira qualidade, o solo se regenera em vez de se degradar. O quilo de algodão é pago a 328 francos CFA (R$ 1,60) ao produtor, contra 165 francos CFA (R$ 0,80) para o convencional. A cadeia produtiva já reúne cerca de 5 mil pequenos produtores em cerca de 7 mil hectares divididos em três regiões: a oeste, ao centro e a leste de Burkina Faso.

Mas vários fatores parecem frear sua expansão: além das pressões tonitruantes da Monsanto, aliada às instituições financeiras internacionais, o transporte do adubo orgânico pressupõe, no mínimo, um burro e uma charrete. E raros são os agricultores que dispõem de algum meio de deslocamento. Segundo Abdoulaye Ouedraogo, responsável pela cadeia produtiva do algodão na Helvetas-Burkina: “Aqui não há futuro para os OGMs. Primeiro, por razões climáticas. Depois, porque os pequenos produtores não seguirão nunca as orientações. Eles se preocupam primeiro em encher os celeiros para alimentar a família: o algodão vem apenas depois. Não é como nos Estados Unidos, onde se pratica a monocultura a perder de vista”.

O furor pró-OGM se explica, então, não apenas pela vontade das transnacionais, mas também pelo enriquecimento que isso gera para uma classe privilegiada, em detrimento dos interesses do país.



[1] O algodão BT é uma variedade local à qual foi acrescentado um gene tirado de uma bactéria do solo, o bacillus thuringiensis, mortal para algumas pragas do algodão.

[2] Nome dado ao herbicida – extremamente tóxico para o ser humano – muito utilizado pelo exército dos Estados Unidos no Vietnã a fim de destruir as colheitas e provocar a desfolhação das florestas, impedindo assim os vietnamitas de se esconder.

[3] Aurélien Bernier, “La poudre aux yeux de l’évaluation des OGM” (Poeira nos olhos da avalização dos OGMs), Le Monde Diplomatique, novembro de 2006.

[4] No caso,o Tribunal Especial para a Serra Leoa, por ter apadrinhado, nesse país, a Frente Revolucionária Unida (RUF), movimento rebelde responsável por crimes contra a humanidade.

[5] Uma associação italiana lançou um programa para a exportação extremamente vantajosa para os produtores. Temendo a concorrência com o algodão, as autoridades fizeram o programa fracassar.

[6] Ver o site da associação Grain, que dispõe de documentação bem completa: www.grain.org.

[7] Os Acordos de Parceria Econômica (APE) são acordos comerciais pelos quais a União Europeia tenta desenvolver o livre-comércio com os países do Sul. Considerando a oposição manifestada pela população e várias associações, as negociações, iniciadas em 2000, não puderam ser concluídas com todos os países. Ver a página “stop APE” no site da Associação pela Taxação das Transações Financeiras para a Ajuda aos Cidadãos (Attac) : www. france.attac.org/spip.php?rubrique1039

[8] O Conselho Internacional do Algodão reúne todos os anos os maiores produtores de algodão do mundo e seus parceiros. Suas previsões para 2009 são pessimistas. secretariat@icac.org

[9] Salif Diallo prometia rendas de 3 a 3,5 toneladas por hectare… As melhores experiências OGM só deram uma média de 1,3 tonelada por hectare.

El Salvador - FMLN

Confirmará em El Salvador o FMLN a Via Eleitoral?

Por Pedro Echeverría V. México

1. No domingo 15, o Farabundo Martí de Liberação Nacional (FMLN) de El Salvador, frente guerrilheira que lutou contra os governos oligarcas e militares durante 12 anos (1980/92), poderá demonstrar ante o mundo que a via eleitoral é possível para assumir o governo desse país de arredor de 7.5 milhões de habitantes. O triunfo do FMLN sobre o partido Aliança Republicana Nacionalista (ARENA), integrado por políticos e empresários cristãos direitistas vinculados ao terrorismo paramilitar e que detenha o poder desde 1992, será uma mensagem para América Latina acerca das estratégias das esquerdas para obter o governo. As experiências da Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Brasil, Uruguai e, até o próprio Chile, devem ser analisadas.

2. “O FMLN foi fundado, segundo dados da internet, em 10 de outubro de 1980 pelas Forças Populares de Liberação “Farabundo Marti” (FPL), pelo Exército Revolucionário do Povo (ERP), a Resistência Nacional (RN) e o Partido Comunista Salvadorenho (PCS). Esse mesmo ano se somou o Partido Revolucionário dos Trabalhadores Centroamericanos (PRTC)”. Porém, já desde cinco anos antes se realizavam reuniões para integrar uma “guerra de guerrilhas” contra o governo militar de Arturo Molina, mas, ao que parece, foi o assassinato do arcebispo Oscar Arnulfo Romero pela burguesia em 1980, o fato que aguçou o descontentamento do povo que deu lugar ao levantamento do FMLN.

3. Que assumam as esquerdas ou centro-esquerdas o governo quer dizer que já com isso têm o poder? De jeito nenhum. É um passo importante quando governos como o do Chávez, Morales e Correa, usando a mobilização e a participação direta das massas trabalhadoras, podem mudar a Constituição e conseguem regulamentar aos poderosos empresários capitalistas; mas, se chegam ao poder como Bachelet, Lula, Tabaré, sem tocar a Constituição burguesa, sem extirpar as leis que garantem a exploração e a acumulação de capital permitindo o que os capitalistas querem, o governo se converte em só um instrumento a serviço do capital. Por isso, se o próximo domingo o FMLN ganhar as eleições só será um primeiro passo.

4. A história, sobretudo na Europa, tem demonstrado que o acesso ao governo pela via eleitoral da socialdemocracia ou dos chamados “partidos socialistas” (Espanha, França, Suécia, Alemanha) para nada tem beneficiado diretamente à população trabalhadora. Só se fizeram cargo da administração da maquinaria de exploração que a burguesia tem construído. Os partidos da direita no governo são os representantes do capital, mas, quando a centro-esquerda assume a administração dessa maquinaria sem realizar as mudanças profundas que se requerem, tudo termina em enganação. Como se poderá governar, em benefício da maioria da população, com leis feitas na medida das classes dominantes?

5. As primeiras tentativas eleitorais do FMLN foram em 1994. Nesses comícios obteve 21 deputados e 15 governos locais. Três anos depois ganhou o governo de São Salvador, a capital da República, mais de 53 prefeituras, incluindo a maioria das cidades de um total de 94; seu principal concorrente foi a ARENA. Em 1999 confiava o FMLN com ganhar a presidência, mas, surgiram muitas divisões internas que reduziram seu percentual de votos; porém nas eleições do ano seguinte se converteu o Farabundo no partido com maior quantidade de votos, deixando a ARENA em segundo lugar. A partir de então já não houve dúvida de que a estratégia eleitoral era correta.

6. Quando em 2000, oito anos depois de assinar os acordos de paz no México com a intervenção da ONU, o FMLN se converteu na segunda força eleitoral do El Salvador, as estatísticas no país assinalavam que o 80 por cento das famílias não alcançava a cobrir o custo da cesta ampliada do mercado, um 23 por cento vivia em condições de miséria e o 70 por cento da população economicamente ativa estava na informalidade. E esta situação se agrava ainda mais com o terremoto de janeiro e fevereiro de 2001 que afeta a um milhão 300 mil salvadorenhos. Segundo os números El Salvador é um dos países, territorialmente mais pequenos da Indoamérica e ao tempo é quem sofre a maior concentração de habitantes por quilômetro quadrado.

7. Ao que parece, segundo escreveu em 2002 a pesquisadora Martha Harnecker e seu grupo de estudo, “passados quase dez anos de assinados os Acordos de Paz e depois de três governos sucessivos da ARENA, não só estão pendentes as soluções aos graves problemas econômicos e sociais senão que a chamada transição democrática está em sério perigo de ruptura”. Ademais de não ter-se conseguido a vigência dos direitos humanos em El Salvador, trás a fachada democrática dos governos da ARENA se tem incrementado a corrupção e a impunidade. A realidade é que em muitos momentos o FMLN, que vinha da guerrilha, sofreu grandes pressões e repressões que o obrigaram a questionar sua estratégia política eleitoral. Mas, seguiram adiante.

8. A realidade é que o FMLN arriscou muitíssimo confiando em uma burguesia assassina encabeçada por militares. Embora tinha intervindo a ONU na assinatura dos acordos de “desmilitarização do Estado, de cesse à repressão, de proteção aos direitos humanos”, era muito difícil confiar. Trás as forças militares de El Salvador estava a CIA, o Pentágono ianque, que procuravam qualquer provocação para intervir. Ademais os setores mais radicalizados ou ortodoxos do FMLN se opunham abertamente a essas negociações. Por isso as experiências desses ex-guerrilheiros, que neste fim de semana podem ganhar a presidência desse país pela via eleitoral, serão base para análise e discussões entre a esquerda mundial.

9. O FMLN e seus candidatos à Presidência e Vice-presidência, Mario Funes e Salvador Sánchez, segundo seus chefes de campanha, constituem a única esperança de progresso e justiça social desse país centroamericano. Adiantando-se assinalam que o FMLN, com o trabalho realizado e o programa político que tem apresentado, tem ganhado a campanha eleitoral para ocupar a Presidência da República salvadorenha porque os cidadãos têm visto que o FMLN merece que o apóiem, voto a voto, para governar. Ao que parece, o partido empresarial ARENA deixará a presidência, embora não o poder, pois continuará contando com o apoio dos setores mais poderosos do capital.

10. Estou convencido que o FMLN ganhará a Presidência de El Salvador. Não aparece por aí a grande burguesia local associada ou ao serviço dos EUA que pudesse evitar o triunfo eleitoral do ex-guerrilheiros. Porém, depois de aplaudir essa vitória se requer começar a organizar o povo para defender esse novo governo contra todos os ataques e pressões dos seus inimigos. Ao que parece pode ser menos difícil para a esquerda tomar o governo que conservá-lo servindo aos setores majoritários. Nada pode ser mais condenável que a traição e na esquerda e centro-esquerda tem estado presente no mundo. No domingo 15 tem que ganhar o FMLN para derrotar à burguesia e seu governo que tem mantido ao povo salvadorenho na miséria e a fome.

pedroe@cablered.net.mx

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.

Créditos: Desacato

Da BBC notícias...

Piores cenários sobre aquecimento global podem estar se concretizando, dizem cientistas

Iceberg na Antártida (AFP)

Aumento no nível dos mares pode ser maior que esperado

As piores previsões sobre as mudanças climáticas feitas pela Organização das Nações Unidas há dois anos podem já estar se concretizando, afirmaram nesta quinta-feira cientistas reunidos em uma conferência em Copenhague, na Dinamarca.

Em um comunicado final onde delinearam seis pontos-chave para alertar os líderes políticos do mundo, os cientistas afirmam que há um risco crescente de mudanças climáticas abruptas e irreversíveis.

"Observações recentes confirmam que, dados os altos índices de emissões, as piores projeções do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), ou ainda piores, estão sendo percebidas", diz o documento.

"O clima já está se modificando além dos padrões de variabilidade natural. (...) Há uma possibilidade significativa de que muitos desses padrões irão se acelerar, levando a um risco crescente de mudanças climáticas abruptas e irreversíveis".

Os pesquisadores também alertaram que mesmo aumentos modestos de temperatura afetarão milhões de pessoas, particularmente em países em desenvolvimento.

Mas, segundo eles, a maioria das ferramentas necessárias para diminuir as emissões de dióxido de carbono já existe.

Mais de 2.500 pesquisadores e economistas de 80 países participaram do encontro que teve como objetivo apresentar os últimos estudos na área como preparação para a Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, que acontece em dezembro deste ano.

Novos dados

Novos dados apresentados no encontro apontam que as projeções feitas pelo IPCC há dois anos sobre o aumento nos níveis dos oceanos já estão desatualizadas.

Segundo as novas previsões, o nível das águas pode subir mais de um metro em várias partes do globo, com enormes impactos para milhões de pessoas.

Foram divulgadas também novas informações sobre como a Floresta Amazônica irá sofrer com os aumentos nas temperaturas.

Um estudo do Centro Meteorológico da Grã-Bretanha concluiu que pode haver uma perda de 75% na cobertura florestal em um século se a temperatura mundial aumentar em 3ºC.

"Nós observamos muitos dados novos. Podemos ver onde estamos e temos um problema", afirmou Katherine Richardson, que liderou o comitê científico que organizou a conferência.

Migrações em massa

O economista britânico Nicholas Stern, autor de um impactante relatório sobre as consequências econômicas das mudanças climáticas, publicado em 2006, também participou do encontro.

Durante a reunião, ele afirmou que seu relatório subestimou a escala dos riscos e a velocidade com que o planeta está se aquecendo.

Ele pediu aos cientistas que alertem os políticos sobre o que pode acontecer com o planeta caso medidas para combater o aquecimento global não sejam tomadas.

Segundo ele, se a temperatura do planeta aumentar em 5º C até o próximo século, as consequências serão dramáticas para milhões de pessoas.

Stern afirmou que o aumento do nível dos oceanos fará com que muitas áreas se tornem inabitáveis, levando a migrações em massa e conflitos violentos.

"Nós poderemos ver centenas de milhões de pessoas, provavelmente bilhões, que terão que se mudar, e sabemos que isso pode causar conflitos. Então, poderemos ver um grande período de conflitos em todo o mundo, de décadas ou séculos", afirmou Stern.

"Acho que é importante que entendamos a magnitude do risco que estamos correndo".

Stern ainda afirmou que um acordo global sobre as mudanças climáticas é urgentemente necessário para evitar esse cenário, e que a crise econômica pode ajudar de alguma maneira.

"A inação é indefensável. Esta é uma oportunidade, já que os recursos ficarão mais baratos do que no futuro. Agora é o momento de fazer com que os desempregados da Europa trabalhem em (projetos) de eficiência energética", disse.

O primeiro-ministro dinamarquês, Andres Fogh Rasmussen, afirmou que as tecnologias sustentáveis são a solução para os problemas climáticos e econômicos.

"Os negócios não serão mais como antes. O crescimento verde é a resposta para nossos problemas econômicos e climáticos", afirmou.

quinta-feira, 12 de março de 2009

E ainda falam mal de Cuba...

Massacres em escolas são cada vez mais frequentes no mundo ocidental

O fenômeno de atiradores que disparam aleatoriamente foi estudado pela primeira vez por pesquisadores do sudeste asiático, que voltaram a atenção pela primeira vez para jovens do sexo masculino, cujo comportamento psíquico causava estranheza e era caracterizado por imprevisibilidade, agressão gratuita e absoluta predisposição à violência. Característico deste tipo de comportamento é o fato de o atirador ferir e até matar várias pessoas, em princípio sem motivo aparente.

Preparação com antecedência

A violência é cometida de súbito, embora o ato em si costume ser anunciado com grande antecedência. Em muitos casos, os atiradores se preparam longamente, encenam com minúcia o ato de violência e aceitam pagar com o preço da própria morte. Entre os fatores que desencadeiam tal fenômeno estão exclusão social e rejeição, desemprego ou transferência forçada.

Muitos desses atiradores se sentem ressentidos, humilhados ou rechaçados. As agressões vão se acumulando gradualmente durante um longo espaço de tempo. Antes de cometerem o ato de violência, os atiradores costumam desenvolver fantasias permeadas por violência, sem estarem em condições de elaborar ressentimentos ou resolver conflitos. Aparentemente, parecem jovens ajustados, cujo comportamento não levanta suspeitas. Com o ato de violência, querem chamar a atenção para si mesmos, afirmam psicólogos que estudam o fenômeno.

Influência da mídia

Isso tudo não explica, porém, por que o número de casos de atiradores tenha aumentado sensivelmente nas escolas dos países ocidentais. Disparar uma arma de fogo a esmo na escola tornou-se uma forma específica de violência injustificada. Os atiradores costumam escolher suas vítimas a dedo, e praticamente as executam. Por vezes existem "listas da morte".

Especialistas alertam para o fato de que os relatos na mídia a respeito dos school shootings (tiroteios em escolas) atraem a atenção internacional, fazendo com que surja uma espécie de efeito de imitação do fato.

Casos no passado

O massacre ocorrido numa escola em Columbine, nos EUA, em 1999, causou consternação em todo o mundo. Doze estudantes e um professor foram mortos. Os atiradores, de 17 e 18 anos, se suicidaram a seguir.

Um dos piores casos de tiroteio em escolas na Alemanha aconteceu no dia 26 de abril de 2002, no Colégio Gutenberg, em Erfurt, no leste do país. Encapuzado de preto e altamente armado, um ex-aluno adentrou as instalações da escola e disparou em 16 pessoas – 12 professores, dois estudantes, uma secretária e um policial. Depois, suicidou-se. Pouco antes, o jovem de 19 anos havia sido expulso do colégio.

Quatro anos mais tarde, no dia 20 de novembro de 2006, um jovem de 18 anos atirou aleatoriamente em sua escola na cidade de Emsdetten, ferindo 37 pessoas, antes de dar um tiro na própria cabeça. Antecipando o ato, ele havia publicado uma carta de despedida na internet.

Vigilância ou não?

Hoje, psicólogos defendem a criação de instituições de "vigilância da internet" dentro da polícia e no âmbito de equipes de crise nas escolas. Esses grêmios, segundo os especialistas, deveriam registrar comportamentos estranhos entre os alunos, como, por exemplo, se disponibilizam na internet vídeos de incitação à violência ou se posam armados para fotografias.

Há vozes críticas que alertam para o perigo de que se comece a estigmatizar qualquer comportamento incomum de jovens, simples desvios que não devem ser automaticamente interpretados como o anúncio de um ato de violência.

Autores: Claudia Hennen / Olja Melnik
Revisão: Augusto Valente

Para onde vai a China??

Hu Jintao e o discurso que chocou a imprensa mundial

Elias Jabbour

No mês de dezembro último comemorou-se, pela China, o 30º aniversário da implementação – sob a liderança de Deng Xiaoping – da política de Reforma e Abertura. Na capital, Pequim, uma grande cerimônia ocorreu sob os auspícios de um marcante discurso do presidente chinês Hu Jintao. O grande “problema” foi seu discurso: deixou claro que nós nunca daremos trégua à maldição de mudar a bandeira e as tradições de nosso Partido”.

Quando assumiu a secretaria-geral do PCCh em 2002, muitos apostavam que Hu Jintao havia “mudado” com relação aos tempos em que ele como governador da Tibet ordenou a aplicação da lei marcial em 1989 contra uma revolta de monges. Desde então, cada passo seu tem sido motivo de uma centena de manifestações (jornalísticas ou não) pelo mundo afora. Milhares de links na internet são dedicados a amaldiçoar o “esquerdista” Hu Jintao.

Homenagem a Mao, Fidel e o “traidor” Gorbachev

Primeiro foi seu discurso em homenagem a Mao Tsétung no local em que foi fundado o Exército Vermelho em 1928. Depois, foi a oficialização do marxismo como a ideologia oficial do Estado chinês em 2004 seguida de uma ampla mobilização interna ao PCCh à execução de cursos em todos os níveis. Em outro momento ele anuncia a criação da Academia Marxista e toma para si o desafio (que outrora fora em conjunto entre a URSS e a Alemanha Oriental) de editar pela primeira vez na história as Obras Completas de Marx e Engels em 100 volumes.

Recentemente, a imprensa internacional se escandalizou (mais uma vez) com o fato de, nada mais nada menos, Hu Jintao (o líder da maior nação do mundo) ter feito questão de visitar Fidel Castro (um líder aposentado de um país de 11 milhões de habitantes, a população de Pequim) em seu leito de recuperação. Para piorar as coisas, a imprensa cubana divulgou fotos em que Jintao aparece informalmente (sem óculos, o que na tradição chinesa é sinal de extrema consideração e respeito) segurando a mão do líder cubano. Logo, com uma atitude própria de chefe de Estado (um típico mandarim) aparecem em fotos protocolares de mãos dadas (com corpos distantes) e sorriso aberto como nos momentos em que se encontrou com líderes mundiais da estatura de um Bush ou Sarkozy.

Segundo o próprio comandante Fidel em seu artigo “Meu encontro com Hu Jintao”, “Quis falar pouco, mas ele me obrigou a estender-me mais; fiz algumas perguntas e fundamentalmente o escutei”. O comandante encerrou o citado artigo com um verdadeiro testemunho acerca do diferencial de Jintao para com os cubanos: “O intercâmbio se produziu durante uma hora e 38 minutos. Foi cálido, amistoso, modesto, e tornou patentes seus sentimentos de afeto. Vi-o jovem, saudável e forte (...)”.

Em dezembro de 2004 a revista de Hong Kong Open teve acesso a algumas afirmações de Hu Jintao, simplesmente “terríveis”, entre elas a que ele classificava Mikhail Gorbachev como um “traidor do socialismo” e outra recomendando os encarregados do setor de propaganda do PCCh em, nesta matéria, “aprender com Cuba e a Coréia do Norte”.

Arguido acerca de tais comentários feitos pelo presidente chinês, Liu Junning, professor do Instituto Chinês para Pesquisas em Cultura, em entrevista ao BBC News sintetizou a definição que seu entrevistador, com certeza, não queria ouvir: “Ele é um comunista muito determinado” (1).

Um discurso intolerável e A Internacional

O presidente chinês fez um discurso de 18.500 caracteres em mandarim respondendo claramente tanto a um grupo interno dissidente chamado “Documento 08” formado por cerca de 300 intelectuais (sem nenhuma formalidade ante a opinião pública mundial), políticos e jornalistas que no inicio de janeiro lançou um manifesto com claros apelos aos ocidentais. Não somente aos dissidentes, mas também aos liberais internos do PCCh e também como resposta política à crise que está assolando a China, e o mundo com grande força.

Segundo Wiily Lam, professor do Departamento de China da Universidade de Akita, em artigo escrito ao Far Eastern Economic Review (LAM, Willy: “Hu Jintao`s Great Leap Backward) de janeiro de 2009 tal discurso pode ser classificado com um “grande salto para trás.” (2).

O início de sua fala de uma hora e quarenta e três minutos foi marcada por uma simples homenagem em forma de palavras: “Este particular momento está inspirando nossa profunda lembrança aos camaradas Mao Tsétung, Deng Xiaoping e aqueles pertencentes a velha geração de revolucionários” e a lembrança do renascimento entre os chineses dos valores do marxismo:
“A 3º Sessão Plenária do 11º CC estabeleceu, mais uma vez, as linhas ideológicas, políticas e organizativas do Marxismo simbolizando o grande despertar dos comunistas chineses”.

Afirmou Jintao que a “China deverá manter em pé a grande bandeira do socialismo com características chinesas”, além de que “o desenvolvimento do marxismo com características chinesas é uma tarefa de longo prazo que demanda luta e persistência”. E mantendo a sua fidelidade à máxima «manter em pé os ‘Quatro Princípios Cardeais’», o controle absoluto do Partido sob a «ditadura do proletariado». Que me lebre, o termo «ditadura do proletariado» fora utilizada a última vez pelo falecido líder Deng Xiaoping.

A questão que envolve a formação de um Estado de Direito foi abordada, não sem deixar de afirmar em palavras claras a firmeza do poder chinês, como segue: «Da mesma forma que o Partido não tomará o velho caminho autocrático e fossilizado, deverá, por outro lado, nós nunca daremos trégua à maldição de mudar a bandeira e as tradições de nosso Partido».

Sobre a questão democrática e a eterna questão levantada pelos “médiuns ocidentais” sobre “quando vai haver eleições na China?” o petardo foi claro: “Sem democracia nem o socialismo, nem sequer a modernização do socialismo poderá ser realizada», acrescentando «nós precisamos de aprender o que de melhor a surgiu na sociedade humana, mas nunca copiaremos as formas políticas das instituições ocidentais». Eis algo que faz qualquer estômago ocidental entrar em processo de azia.

Como de costume neste tipo de celebração, no final da atividade os presentes no “Grande Salão do Povo ficaram de pé para ouvirem os acordes sinfônicos de “A Internacional” (3).

Notas:
(1) “China`s leader show his stripes”. BBC News, 11/01/2005. Disponível em: http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/4165209.stm
(2) O citado artigo do professor Lam pode ser encontrado em: http://www.feer.com/essays/2009/january/hu-jintaos-great-leap-backward
(3) O discurso de Hu Jintao, com interprete em inglês e toda a pompa do evento, inclusive com direito a “A Internacional” no encerramento, está disponível em: http://news.xinhuanet.com/english/2008-12/18/content_10523829.htm



*Elias Jabbour, é Doutorando e Mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP, membro do Conselho Editorial da Revista Princípios.


quarta-feira, 11 de março de 2009

Mais um grande filme de Sergei Eisenstein...




Formato: RMVB
Tamanho:
595 MB
Duração:
95 Minutos
Legendas: Português
Direção:
Sergei M. Eisenstein.
Roteiro: Sergei M. Eisenstein, Grigori Aleksandrov, Ilya Kravchunovsky.
Produção:
Boris Mikhin.
Fotográfia: Vasili Khvatov, Vladimir Popov, Eduard Tisse.
Direção de Arte:
Vasili Rakhals.
Créditos: Blog Almas Corsárias - Ronaldo

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Sinopse


Em 1924, o jovem Sergei Eisenstein, então com 26 anos, dirigiu o filme que mudaria a estética e a linguagem do Cinema Soviético, A Greve é uma visionária experimentação de manipulação de imagem. Recriando brilhantemente a greve que ocorreu em 1912 na Tsarist Rússia, num conflito entre operários e polícia.



Elenco:

M. Gomarov
M. Straukh,
G. Alexandrov
I. Ivanov
Aleksandr Antonov.






Repressão à luta das campesinas


O blog Celeuma traz a informação de que, no amanhecer de ontem (10/3), a Brigada Militar destruiu o acampamento das mulheres campesinas, localizado numa via pública entre um assentamento e a área da Votorantim Celulose e Papel (VCP), no município de Candiota, sul do estado. As manifestantes que estavam com seus filhos foram separadas das crianças; oito integrantes da Via Campesina foram detidas na Delegacia local; e mulheres que se alojaram interior de um ginásio da cidade foram deixadas sem água e comida.

Com isso, a BM pretende responsabilizar as mães com crianças em idade escolar, através dos Conselhos Tutelares. Segundo o sítio noticioso, as autoridades estaduais continuam com sua estratégia de perseguição e criminalização de movimentos sociais: "De um lado, o governo do estado e o Ministério Público Estadual fecham as ecolas itinerantes e deixaram 600 crianças do meio rural dependendo da boa vontade de prefeituras, já precarizadas e com verba reduzida para atender a sua própria comunidade escolar. De outro, agora, se utiliza de um expediente legalista, para transferir a responsabilidade para as agricultoras acampadas".

A matéria mostra ainda que, em 2007, a VCP teve receita líquida de R$ 30,4 bilhões e lucro líquido de R$ 4,8 bi. A empresa pretende transformar 140 mil hectares no estado em desertos verdes para a produção de celulose. Atualmente, 48 mil hectares em 27 municipios já foram tomados pela monocultura do eucalipto.

O blog também denuncia os efeitos econômicos perversos desse tipo de cultivo; de acordo com a reportagem, uma família que planta um hectare para a VCP recebe em média R$ 385 por ano, ou seja, apenas R$ 32 por mês; em comparação, uma família que vende 10 litros de leite por dia tem uma renda 3 vezes maior.

"Quando recebeu incentivos e isenções para se instalar no RS, a Votorantim afirmou que o empreendimento abriria 30 mil novos postos de trabalho. Hoje a própria empresa informa que seus projetos geram 2,5 mil na indústria e outras 2 mil vagas temporárias na manutenção e corte das lavouras de eucalipto", conclui a matéria.

Na foto da Agência Celeuma Imagem, deserto verde da Votorantim em Candiota, região sul do estado. Como se vê, nenhuma outra espécie vegetal consegue viver entre as fileiras da árvore usada na produção de papel. Muitas lavouras estão sendo invadidas por animais silvestres que perderam seu habitat natural em função do plantio indiscriminado de eucaliptos.

Créditos: Cristiano Muniz

terça-feira, 10 de março de 2009

Noticias do Mexico...

O que é ser zapatista

Guga Dorea - Correio da Cidadania

"Na atual globalização o mundo está se tornando quadrado e estão atribuindo cantos às minorias indóceis. No entanto, surpresa. O mundo é redondo, e uma característica da redondeza é não ter cantos. Queremos que não existam nunca mais cantos onde se possa desfazer dos indígenas, da gente que incomoda, para escondê-la como se esconde o lixo para que ninguém veja"



Com essa entrevista, concedida pelo subcomandante Marcos ao editor da revista Le Monde Diplomatique, Ignácio Ramonet, pretendo iniciar aqui uma série de artigos sobre os já chamados neozapatistas. Desde 1994, quando o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) deflagrou o que foi para muitos uma inesperada guerra contra o então governo monolítico do México, representado pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), grande parte da esquerda, não só a brasileira, entrou em um estado de alerta e de entusiasmo. Qual era o conteúdo programático de uma guerrilha que emergiu de uma hora para outra combatendo, de frente, um governo que estava no poder há mais de 70 anos e que insistia em afirmar e reafirmar o seu falso teor democrático?



Que democracia é essa que pretendiam os zapatistas? De um lado, veio a comemoração. Afinal, em um momento de crise da esquerda internacional os zapatistas teriam resgatado a idéia de revolução e transformação. Logo, e não poderia ter sido diferente, a direita rotulou o movimento zapatista de atrasado, isolado e mesmo xenófobo.



Para alguns setores da esquerda, no entanto, após o entusiasmo veio a perplexidade e preocupação. Como pensar a transformação do capitalismo sem a tomada de poder? Parafraseando o pensador John Holloway, como mudar o mundo sem tomar o poder? Logo então proclamaram: é um movimento de pavio curto, pois é exclusivamente indígena e não pertence à classe operária. Os zapatistas não passam de sociais democratas ou revisionistas, além de etnicista, disseram outros, tanto da direita, como da própria esquerda.



Nesse contexto, o "inesperado" conflito bélico, conflagrado pelos zapatistas no início de 1994, talvez tenha significado muito mais do que a simples proposição luta armada/tomada do poder de Estado, sendo essa dualidade vista em grande parte da historiografia da esquerda revolucionária como a única e inexorável forma de encontrarmos no final da linha o ideal, muitas vezes profético, do denominado socialismo.



Desde o pós-guerra, os zapatistas vêm "gritando" por justiça, democracia, liberdade e autonomia. Mas o que é, na prática, esse "grito" e como "nós" podemos "gritar" sem a necessidade de pegar em arma e nos tornar zapatistas strito senso? Como ser zapatista em nosso dia-a-dia, em nossa cidade, ou seja, em nossa resistência? E o que é, para os zapatistas, resistir?



Todas essas reflexões, e muitas outras que com certeza emergirão no caminho, são dilemas que venho questionando desde que visitei o México entre os anos de 1994 e 1995, exatamente no período em que se "comemorava" o primeiro ano do levante zapatista. Desde aquele período, todo um pulsar jamais deixou de ecoar em meu modo de ser e de pensar o mundo e a política.



É nessa perspectiva que temáticas políticas, econômicas, sociais e culturais serão tratadas daqui para frente, sempre levando em consideração a importância de se vincular a problemáticas relevantes não só para países como o Brasil, mas também para alguns dilemas enfrentados pelo homem contemporâneo, além da possível influência, nesses 15 anos de existência dos zapatistas, na já chamada nova geração de movimentos anti-sistêmicos na América Latina.



O que é, afinal de contas, o zapatismo, ou melhor, o ser zapatista? No que uma luta por justiça social travada em uma região distante pode estar relacionada ao nosso país? O que nos une é apenas a desigualdade social? Se assim for, seremos tão somente um "nós" solidário com a luta "deles"? Em linhas gerais, o intuito dos artigos será o de procurar mostrar que, na prática, a lição dos zapatistas tende a passar por um necessário redimensionamento de como "nós" habitualmente olhamos o concebido negativamente como "o diferente", sempre visto e tratado como algo menor e inferior.



Os comunicados e as lutas zapatistas, que já ecoam por vários cantos do planeta como uma voz resistente e sem fronteiras, podem pelo menos estar contribuindo para a possível quebra de um paradigma social e político, construído histórica e culturalmente, sobretudo pelo mundo ocidental, de que de um lado temos nós, os iguais, e de outro os rotulados negativamente como diferentes.



Trata-se aqui, e esse pode ser o principal ensinamento dos zapatistas, junto com sua luta política, de positivar e potencializar a diferença. E daí fortalecer a nossa própria luta por um país mais justo, livre e solidário. O EZLN, nesse contexto, pode estar nos revelando um outro modo de ser e de estar no mundo que realmente se contraponha ao cerco massificante e homogeneizante do sistema capitalista.



Esse mesmo sistema que busca se preocupar como "o diferente" apenas quando ele se predispõe a ser "incluído" em suas garras consumistas, visando tão somente o lucro e uma abertura cada vez maior para o chamado, pelo próprio Marcos, novo deus da contemporaneidade: o mercado. Vejamos, só para exemplificar, o que diz o subcomandante a esse respeito. "A estranha alquimia da globalização dos de cima conseguiu a mundialização de um novo dogma: liberação da humanidade é igual à liberação dos mercados... E, como os deuses anteriores, o mercado não caminha com racionalidades de números, estatísticas, leis de oferta e procura, cálculos financeiros. Não, o novo deus tem passo de morte e destruição, de guerra. Apesar disso, nunca irá reconhecer que está destruindo, mas sim que reparte, democraticamente, uma homogeneidade com um vaivém de identidades limitadas: comprador/vendedor. Tudo e, sobretudo, todos os que não podem ou não querem ser uma coisa ou outra, no compasso estridente e frenético do mercado são os outros".



É nesse sentido que como pesquisador do projeto Xojobil convido você agora a embarcar nessa viagem de pensarmos a realidade zapatista como uma disparadora de reflexões sobre nossos comportamentos e conceitos sobre a política e as relações sociais. Talvez possamos estar iniciando aqui uma rede de conversação sobre o que é ser zapatista e não apenas estar nos preocupando em conceituar e compreender o que é o zapatismo. Apesar da distância geográfica, como criar vínculos existenciais com o que se passa por lá? Como os zapatistas concebem, por exemplo, o ser igual e diferente na sociedade contemporânea?



Como fazer política e viver a partir da proposição "caminhar perguntando"? O que é, nesse sentido, o ato de escrever sobre o "zapatismo"? Os zapatistas são apenas um "eles" passíveis de "nossa" ajuda e solidariedade humanitária? Ou os zapatistas "somos nós"? Marcos sempre afirmou em seus comunicados que "não sou ‘eu’ e sim ‘nós’, os mortos e os vivos que lutaram e lutam nesses mais de 500 anos de injustiça, conflitos e tentativas de estabelecer diálogos com os governantes e a sociedade civil".



Marcos, nessa perspectiva, é por si só "vários". Ele, enfim, "somos todos nós". Vamos construir, juntos, o que é o ser zapatista. Caminhando e perguntando.



Guga Dorea é jornalista, sociólogo e educador. Atualmente é pesquisador dos princípios zapatistas no projeto Xojobil.

Mulheres de LUTA...

Um pequena homenagem às MULHERES da via campesina que encontram-se na região sul do RS, Candiota, Bage e arredores fazendo uma manifestação pacífica(embora a midia de esgotos queira criminalizar o movimento), tentando mostrar à sociedade o aspecto predatório dos plantadores de eucalipto, que às custas de lucros fáceis detonam com a biodiversidade da nossa região da campanha.