quarta-feira, 8 de abril de 2009


Ampliar a quarta onda revolucionária.

Por Narciso Isa Conde. Rca Dominicana

A atual crise do capitalismo não é uma simples crise financeira e, em conseqüência, não será superada com injeções multimilionárias de dólares e euros, nem com a nova regulação do sistema financeiro combinada recentemente no G-20.

É uma crise sem precedente, de caráter sistêmico e estrutural. Uma multi-crise que tem provocado a maior de todas as crises do capitalismo mundial: uma real crise da civilização burguesa, de sobre-produção, financeira, do meio-ambiente, institucional militar, urbanista, tecnológica... que bota em risco a existência da humanidade.

As receitas de 29 não servem para esta crise. O keynesianismo fez sua própria crise e é ilusório restaurá-lo na direção de novos “Estados de Bem-estar”.

Esse capitalismo não volta por mais que se proponham os Estados “sem fundo” suprir partes dos fundos furtados pelos donos dos poderosos bancos de negócios e por mais que prometam ajudas financeiras via FMI, que nem de perto compensarão os estragos do capitalismo em crise.

Neste contexto, de não produzir-se mudanças estruturais em favor da autodeterminação e do trânsito a uma sociedade nacional e continental alternativa ao capitalismo, haverá de se expandir barbárie, açoitando com seu passo às nossas sociedades e agravando o sofrimento dos mais débeis. Porque nas condições de hoje qualquer receita destinada a salvar o capital, acaba batendo nos trabalhadores/as, os povos e os países dependentes.

Os imperialismos europeu e estadunidense vêm duramente por este continente. Vão concorrer pelo seu domínio como fator importante para, dentro da sua lógica egoísta, tentar atenuar sua intensa e prolongada depressão.

Suas graves carências de hidrocarbonetos, carvão, água, minerais estratégicos e biodiversidade, tendem a potencializar seu espírito conquistador e re-colonizador, independentemente das aparentes moderações proclamadas por suas administrações.

Não cederão nem a expansão militar na região, nem na determinação de explorar-nos mais intensamente. No político seus canhões estão colocados fundamentalmente contra a Venezuela, Bolívia e Equador e processos afins. Muito especialmente contra a Venezuela e também contra a heróica insurgência e a formidável resistência civil colombianas.

Por isso as agressivas declarações de Obama contra Chávez e a revolução bolivariana. Por isso perdura a ameaça de sua IV Frota e sua decisão de continuar financiando o Plano Colômbia-Iniciativa Andina, passando-lhe por cima a suas passadas objeções ao regime criminoso de Uribe. Essa é a avançada militar do império para conquistar a ambicionada Amazônia e tudo parece indicar que a nova administração estadunidense segue atada a esses desígnios.

Seu trato com Brasil é outro, porque o sabe mais aferrado ao seu projeto de grande nação em conciliação com o imperialismo, mais amarrado a ele que à unidade bolivariana. Porque o valora como fator de divisão ou moderação, dadas suas intenções de subordinar a outros desde os interesses da grande burguesia paulista, e dadas suas capacidades para atenuar a beligerância de alguns. Este explica porque junto com Lula na “Cúpula do G-20” participaram também da Argentina e do Chile e o presidente do México e foram excluídos Chávez, Correa e Evo, enquanto a Cuba a namora Lula para que se entenda com Obama.

Esta grande crise não tem fronteiras ao interior do planeta e desde as necessidades imperiais haverá de fomentar-se em nossos países, se não a entendemos como uma grande oportunidade de libertar-nos da dependência capitalista e para socializar nossas riquezas e capacidades, evitando que os corruptos poderes estabelecidos, divorciados dos interesses dos nossos povos, terminem imponde-lhe maiores sacrifícios. Agora sim é que é verdade aquele ditado da Rosa Luxemburgo: “Socialismo ou Barbárie!”

Esse reto passa por radicalizar as lutas, por aprofundar as reformas e transformações iniciais, por promover os combates em favor das mudanças revolucionárias de orientação socialista, por ampliar o mapa político da quarta onda revolucionária, por deslocar os governos de direita e radicalizar os de esquerda, por coordenar forças populares e lutas sociais e políticas, por abraçar uma estratégia revolucionária comum, por revitalizar o latino-americanismo e o internacionalismo, por superar os lineamentos que limitam a unidade e a integração fundamentalmente ao puramente estatal-governamental e por potenciá-la desde os povos e suas organizações.

Isto obriga a uma mudança positiva à solidariedade com a insurgência e a oposição de esquerda e progressista colombiana. A tratar os processos peruano, salvadorenho (sobretudo depois da recente vitória eleitoral) e mexicano e reverter desde os povos, desde as forças patrióticas e os governos auto-determinados, a contra-ofensiva imperial, jogando cada espaço e cada força os papéis que lhes são próprios.

Aqui em dominicana, estão em marcha uma nova onda de protestos e parece gestar-se uma grave crise de governabilidade se estas lutas seguem estendendo-se e aprofundando-se e se a podridão oficial segue seu agitado curso. O desafio é angustiante porque o retraso das forças políticas da mudança é enorme e a oportunidade é de ouro.

O caos prolongado ou o trânsito ao novo socialismo é o grande dilema da humanidade. Sinais ominosos de barbárie estão presentes dando-lhe mais pertinência ao pensamento de Marx e seus continuadores. Nunca antes o socialismo e o comunismo tinham tido tanta razão de ser. E essa verdade não deve estar alheia da nossa pátria.

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A queda de influência dos jornais e TVs

Altamiro Borges

O blog do jornalista Luís Nassif acaba de postar uma notícia realmente animadora. Com base em dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), que audita as tiragens de jornais e revistas, e do Ibope, que monitora a audiência das emissoras de televisão aberta, ele comprova que a última década foi dramática para a mídia hegemônica brasileira. Ela sofreu sensível queda de influência na sociedade. As profundas mutações tecnológicas, o aumento da concorrência no setor e a perda de credibilidade do jornalismo, entre outros fatores, teriam contribuído para este declínio.

No tocante às TVs abertas, a Globo teve a maior queda de participação no mercado (share). Em 2001, sua audiência era de 50,7%. Em 2004, ela chegou a bater em 56,7%. Hoje, está em 40,6% - coincidindo com a subida da TV Record, que saiu de 9,2% em 2001 para 16,2%. Nas últimas três semanas, o Jornal Nacional teve 26% de audiência em São Paulo. Seis anos atrás, era de 42%. Já no se refere à mídia impressa, Folha, Estadão, Globo, Correio Braziliense e JB reduziram a sua tiragem em quase 300 mil exemplares diários – de 1,2 milhão para 942 mil, queda de 25%.

Credibilidade da mídia no esgoto

O fator tecnológico parece ser a principal causa destas mudanças. Pesquisa recente, intitulada “O futuro da mídia”, revela que, para os brasileiros, o computador já é mais importante do que a TV. “Os entrevistados passam três vezes mais tempo por semana conectados à internet do que assistindo televisão. A maioria dos usuários (81%) apontou o computador como o meio de entretenimento mais importante em relação à TV... A interação com esses mecanismos e o fato dos usuários serem os próprios provedores de conteúdo de suas mídias foram destacados”, afirma a Deloitte. Este fenômeno, impensável há alguns anos atrás, confirma uma tendência mundial.

Mas não se deve desprezar, também, a perda de credibilidade dos jornais e das emissoras de TV. Como expôs o jornalista Pascual Serrano, num debate durante o Fórum Mundial de Mídia Livre, realizado no final de janeiro em Belém (PA), a mídia hegemônica sofre hoje uma forte corrosão na maioria dos países do planeta. Entre outros fatores do declínio, Serrano pontua:

- Crise de credibilidade. O público já não se fia nos meios de comunicação, tendo comprovado demasiadas vezes como eles mentem e ocultam os elementos fundamentais da realidade;

- Crise de objetividade. O mito da objetividade e da neutralidade está em queda e a autoridade do periodismo cai com ele;

- Crise de autoridade. A internet e as novas tecnologias revelam a capacidade das organizações sociais e dos jornalistas alternativos para enfrentar o predomínio da grande mídia;

- Crise de informação. A dinâmica mercantilista e a necessidade de aumentar a produtividade e a rentabilidade provocam a perda de qualidade da atividade jornalística.

Adeus à reforma agrária?







Waldemar Rossi
- Correio da Cidadania

As notícias de que o governo Lula assinou decreto que permite aumentar de 500 para 1.500 hectares o limite das terras que não podem ser desapropriadas para fins de Reforma Agrária, e que tal medida permite "legalizar" terras griladas, já foram aqui denunciadas e seus efeitos comentados. Porém, os projetos constitucionais de se fazer a Reforma Agrária sofrem mais um ataque, com a MP-458 (Medida Provisória), instrumento exclusivo do Presidente da República.

A ABRA (Associação Brasileira para a Reforma Agrária) convidou recentemente toda a imprensa de São Paulo e do Rio para uma entrevista coletiva, para esclarecimentos sobre os riscos de tal MP. Contou com a presença unicamente da Rede Vida de Televisão, o Brasil de Fato, a Revista Fórum e a Agência de Jornalismo da PUC, além de algumas pessoas representativas. A grande imprensa esteve ausente. Por que será? A razão de ser da entrevista: análise da MP-458 e a entrega da Amazônia Legal para grileiros latifundiários.

"Valendo-se exclusivamente de dados do INCRA e de outros órgãos do Estado, o professor (Ariovaldo Umbelino de Oliveira – departamento de Geografia da USP) descobriu que a Medida (MP- 458) permitirá ao governo entregar 67 milhões de hectares de terras públicas a algumas centenas de grandes posseiros que as ocupam ilegal e criminosamente. Para se ter uma idéia do que a cifra significa basta dizer que é maior que a área agriculturável da Alemanha e da Itália e um território maior que a França.", diz o comunicado.

A ocupação ilegal das terras públicas só pode ter ocorrido porque contou com o conluio de funcionários desonestos do INCRA, de cartórios de registros de imóveis, de juízes de direito, de secretários de Agricultura, governadores, ministros e etc. e tal, ao longo dos vários anos. A MP, portanto, vai "legalizar" mais um crime contra o patrimônio do povo, entregando essas terras a empresas multinacionais e nacionais, e permitirá a ampliação da sua utilização para os mega-projetos do agronegócio, da produção de carne e do etanol (álcool da cana de açúcar), visando a exportação. Ocasionará também a ampliação do desmatamento já criminoso da Amazônia, a expulsão de ribeirinhos, de pequenos posseiros e de indígenas. Contribuirá para acelerar o aquecimento global e a deterioração do meio ambiente.

Assim, aos poucos, Lula vai ratificando sua declaração, em 2003, de que as denúncias que fazia enquanto estava na oposição "eram meras bravatas", isto é, eram mentiras nas quais nós acreditamos piamente. "Não se justifica num país, por maior que seja, ter alguém com 30 mil alqueires de terra! Dois milhões de hectares de terra! Isso não tem justificativa em lugar nenhum do mundo! Só no Brasil. Porque temos um presidente covarde, que fica na dependência de contemplar uma bancada ruralista a troco de alguns votos" (Luiz Inácio Lula da Silva, à revista Caros Amigos, em novembro de 2.000). O mesmo Lula que implorou aos coordenadores do MST, em 2002, para que não radicalizassem durante a campanha eleitoral, porque "A reforma agrária a gente resolve numa canetada".

De fato, os trabalhadores rurais vêm recebendo uma verdadeira canetada, mas canetada na cabeça e com caneta do tamanho e peso dos maiores cassetetes das polícias estaduais.

Assim, não é difícil dizer que, com Lula, a Reforma Agrária - um grito nacional - pode dizer "Adeus!". A menos que o movimento social vá para as ruas, paralise a produção deste país e a mantenha parada enquanto as reformas políticas e econômicas de interesse social não forem executadas.

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.



segunda-feira, 6 de abril de 2009

Os 15 anos do genocídio de Ruanda



Durante 100 dias, de 6 de abril a 4 de julho de 1994, o mundo inteiro assistiu, passivamente, ao extermínio brutal e desumano de 800 mil ruandeses, na maior parte, membros da etnia Tutsi. Para Rony Brauman, um dos fundadores e ex-presidente da organização Médicos sem Fronteiras, a ação da justiça internacional no caso de Ruanda foi extremamente limitada. "Estes crimes continuam impunes, metodicamente ignorados pela comunidade internacional, pela imprensa e pelos observadores de Ruanda", critica.

Quinze anos depois, as imagens do genocídio do Ruanda ainda estão gravadas na memória coletiva. Durante 100 dias, de 6 de abril ao 4 de julho de 1994, o mundo inteiro assistiu, passivamente, ao extermínio brutal e desumano de 800 mil ruandeses, na maior parte, membros da etnia Tutsi.

Em agosto de 1993, o governo formado por representantes Hutus e a Frente Patriótica Ruandesa (FRR), Tutsi, assinaram um tratado de paz, após três anos de uma guerra civil que provocou a morte de milhares de pessoas, o deslocamento de milhares de refugiados e que deixou a economia do país paralisada.

No dia 6 de abril de 1994, o presidente ruandês, Juvenal Habyarimana, e o presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira morreram em um misterioso acidente aéreo. Assim que a informação foi divulgada, a inimizade irrompeu entre a comunidade Hutu, numericamente superior e dominate, e os Tutsis, grupo minoritário. Neste mesmo dia, a guarda presidencial, setores das forças armadas, a milícia civil e uma parte da população se lançaram no assassinato sistemático dos Tutsis e dos Hutus pró Tutsi. E o que parecia uma revolta limitada, tornou-se um massacre que ultrapassou a imaginação, numa lógica de eliminação recíproca.

Neste mesmo ano, 1994, Rony Brauman, um dos fundadores e ex-presidente de Medécins Sans Frontière (Médicos sem Fronteira), organização humanitária que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1999 - publicou “Diante do Mal, Ruanda : um genocídio ao vivo”. Desde os primeiros dias do conflito, as organizações humanitárias, presentes no território ruandês, alertaram as autoridades a respeito do massacre. A mídia transmitia, diariamente, imagens terríveis da violência da exterminação, sem que os dirigentes mundiais reagissem.

Médico, diplomado em epidemiologia e medicina tropical, engajado desde 1977 no setor da ação humanitária, Rony Brauman esteve presente no palco de atrocidades humanas na Etiópia, na Somália, no Kosovo, etc. Rony Brauman é também ensaísta e publicou várias obras de reflexão sobre a intervenção humanitária, entre elas “Pensar na Urgência: percurso crítico de um humanitário”. De origem israelense, ele é considerado um traidor pela comunidade judaica, por criticar a política de Israel. “A discórdia: Israel-Palestina, os judeus e a França” que Brauman publicou, em 2006, em parceria com o filósofo Alain Finkielkraut, é o produto das análises controvertidas sobre a questão israelo-palestina.

Rony Brauman aceitou o convite da Carta Maior para evocar os 15 anos do genocídio do Ruanda e o papel da Corte Penal Internacional.

Marta Fantini: O presidente da etnia Hutu, Juvenal Habyarimana, chegou ao poder através de um golpe de Estado, em 1973. Católico e próximo da rica Igreja ruandesa, que se sentia ameaçada pelos socialistas Tutsis, Habyarimana usava o racismo como base do seu discurso político. Apesar de todos estes fatores, a França apoiava o seu regime. Na época, os Médicos sem Fronteiras criticavam a posição francesa por ignorar as intenções do presidente ruandês.

Rony Brauman: A política não faz parte das nossas preocupações essenciais. O objetivo de uma organização humanitária não é o de criticar as relações ou escolhas políticas dos países onde ela atua, senão, seria impossível agir nas zonas de conflito. No entanto, criticamos a estratégia francesa na África. Talvez para manter sua influência no Conselho Permanente de Segurança da ONU, a França defende, a qualquer preço e quaisquer que sejam as consequências, os regimes considerados como amigos. Esta tradição da França de manter as antigas amizades do período pós colonial é criticada, não somente pelas ONGs.

MF: Os santuários sagrados, locais de paz inviolável - serviram de armadilha para o massacre de centenas de crianças, mulheres e idosos que neles buscavam refúgio. Algumas destas igrejas foram transformadas em museus, onde crânios das vítimas estão expostos para “exorcizar o Mal”. Vários testemunhos acusam a participação ativa ou passiva, por medo de represália, da Igreja Católica Ruandense, durante o genocídio. Duas freiras foram julgadas e condenadas, na Bélgica, por cumplicidade. Outros membros da Igreja foram igualmente perseguidos pela Justiça. Como recentemente a Igreja provocou vivas reações no mundo ocidental, em relação à excomunhão, será que o Vaticano baniu, ou puniu os eclesiáticos implicados neste massacre?

RB: Um processo foi lançado contra um religioso, que acabou por ser inocentado. Parece que não houve nenhum testemunho realmente convincente em relação a sua culpa. Ele tinha sido acusado de proteger um grupo de Tutsis, perseguido pelas forças governamentais, para entregá-lo, algum tempo depois, às milícias. O único caso, na minha lembrança, em que houve um processo judiciário, mas sem consequências. A ação da Justiça Internacional no caso do Ruanda é extremamente limitada. Os fatos remontam a 1994. Os massacres cometidos antes desta data não entram no domínio da competência da CPI. A Corte Penal Internacional foi criada pelo Tratado de Roma, em julho de 1998.

O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR) se interessa pelos próximos do regime de Habyarimana, pelos responsáveis pelo governo de transição, ou seja os suspeitos pelo atentado que causou a morte de dois presidentes. Este governo transitório foi, sem dúvida, o estrategista do genocídio. Esses indivíduos são visados através de diferentes processos. Todavia, não podemos esquecer que houve massacres cometidos também pelos adversários do regime Habyarimana, crimes de massa perpetrados pelo Exército Patriótico Ruandês, o setor armado do partido político Frente Patriótica Ruandesa, as forças dirigidas pelo atual presidente Robert Kagamé.

Estes crimes continuam impunes, metodicamente ignorados pela comunidade internacional, pela imprensa e pelos observadores de Ruanda. Não se trata de confrontar as vítimas do genocídio com seus carrascos. O que deve ficar claro, é que houve uma guerra civil e um genocídio. Os responsáveis pelo genocídio foram julgados em condições discutíveis, mas foram julgados. Enquanto que os militares, que assassinaram milhares de pessoas, no contexto de uma guerra civil, escaparam a todo tipo de perseguição.

MF: Depois da sua criação, a Corte Penal Internacional livrou quatro mandados contra os governos da República Democrática do Congo, Uganda, República Centro Africana e o Sudão. Desde que a sentença contra o presidente Omar El Bechir foi promulgada pelo procurador da CPI, Luis Moreno-Ocampo, o senhor se tornou uma voz dissonante, apontando os riscos que tal medida poderia provocar. Georges Clooney e seu pai, Nick Clooney, produziram o documetário “Um dia em Darfur : crônica de uma viagem”. Esta midiatização mundial do conflito poderia ter influenciado a decisão da Corte Penal Internacional de lançar um processo contra o presidente sudanês?

RB: Sim, eu acredito que seja o caso. O processo contra El Bechir me parece estar em relação direta com a campanha internacional da qual George Clooney foi um dos representantes mais célebres. Não tenho nenhuma razão de duvidar da sinceridade dele. Somente quero precisar que ele recusou o diálogo com todos aqueles que não concordavam com o tema da sua mobilização.

Assim que os Médicos sem Fronteira constataram que não havia genocídio em Darfur, entraram em contato com o ator norteamericano. Havia, porém, uma outra razão importante para solicitar este encontro: a fundação de George Clooney havia proposto dinheiro para as ações de MSF, em Darfur. Mas, como este dinheiro poderia exalar um forte perfume político e ideológico, seria delicado utilizá-lo. MSF queria, antes de mais nada, explicar a George Clooney as razões pelas quais este dinheiro não poderia ser aceito. Clooney recusou a receber seus representantes, não em razão da doação, mas por não aceitar os argumentos e os testemunhos de MSF, que eram incompatíveis com a sua posição.

É provável que haja uma relação direta entre esta campanha midiatizada e a não condenção de El Bechir. Há realmente pontos concordantes nos argumentos do procurador da CPI, Luis Moreno-Ocampo, que repete afirmações e análises provindas diretamente de “Safe Dafur" ou “Urgence Darfur France” que são, de maneira geral, seus correspondantes, seus afiliados. Afirmações, segundo as quais milhares de pessoas continuam a ser perseguidas e que os campos de refugiados são locais de genocídio em potencial, são sem fundamento.

Seguir a lógica da CPI é entrar numa inflação judiciária em que, por falta de percepção ou de informações, todos os conflitos acabarão por ser genocidários. Ora, o emprego de milícias, da tortura e o deslocamento forçado das populações são, infelizmente, práticas de guerra. Confundi-las com genocídio, é subtrair da História e da Política as relações de compromisso e de diálogos diplomáticos.

Tanto o regime sudanês como as milícias cometeram atrocidades contra a população. Mas afirmar que houve intenção de exterminar os povos de Darfur é pura especulação. Se fosse o caso, como explicar que mais de dois milhões de darfurianos procuraram refúgio junto ao exército de suas províncias, ou que um milhão deles vivem em Kartum, sem nunca terem sidos incomodados? Seria possível imaginar os Tutsis pedirem proteção às forças armadas ruandesas, em 1994 ou os judeus à Wehrmacht em 1943?

O enorme dispositivo humanitário, implantado no Darfur, contribuiu para salvar milhares de vida. A incrimação de Omar El Bechir destrói a ajuda humanitária, que sustenta a vida cotidiana destas populações, e arrruína toda possibilidade imediata de negociação entre os rebeldes e o governo.

MF: Apesar da existência de organismos internacionais criados para evitar os conflitos entre os povos e punir os responsáveis de crimes de guerra e genocídios, a Históra se repete, com transmissão ao vivo, via satélite, do que é capaz a selvageria humana. Alguns países, como os Estados Unidos, a Rússia, China e Israel jamais retificaram o Tratado de Roma, talvez por temerem suas próprias ações : Estados Unidos no Iraque; China na questão do Tibete e Israel em relação a ocupação dos territórios palestinos e os crimes cometidos em janeiro.

RB: A extrema violência dos ataques contra Gaza já seriam suficientes para serem declarados como crimes de guerra. Mas não houve guerra, houve um ataque. Além disso, me pergunto se seria possível existir guerra sem crime de guerra. Seria uma ficção. O problema fundamental da CPI, é que ela está sob autoridade direta do Conselho de Segurança da ONU. Somente a Organização das Nações Unidas pode fazer apêlo à Corte ou suspender uma decisão por ela emitida. Além disso, ela não exclui a aplicação do artigo 16 que permite suspender, durante um ano, qualquer investigação ou processo, se o Conselho de Segurança considerar as hostilidades uma ameaça à paz.

O que é evidente, por razões explicitamente políticas, que nem Putin, cuja responsabilidade nos massacres na Chechenia é imensa, nem os dirigentes chineses, americanos ou israelenses serão incomodados por quem quer que seja. Estes países ocupam posições Permanentes no Conselho de Segurança da ONU. Não é o caso de Israel, mas a lógica é a mesma, já que este país é protegido pelos EUA. A impressão que ressalta da CPI, de imediato, é que alguns países são sancionados e outros, cujos crimes são tão graves ou piores, nenhuma punição é invocada. Nestas condições, podemos dizer que a CPI é seletiva, que não se trata de Justiça, mas acerto de contas, que é o oposto da verdadeira Justiça.

MF: Existe, então, pouca chance que Israel seja julgado pelos crimes cometidos contra os palestinos de Gaza?

RB: Sim. Não podemos imaginar, num futuro previsível, que estes crimes serão punidos. Algumas investigações serão efetuadas pelo próprio exército israelense e talvez uma comissão de juristas apresentará alguns relatórios. As conclusões serão contraditórias e os erros apontados serão atribuídos igualmente aos responsáveis de cada campo. Alguns soldados, que cometeram atos inaceitáveis, serão condenados para celebrar os méritos da democracia israelense e passaremos a outra coisa, como aconteceu sistematicamente com todos os crimes cometidos pelo exército israelense. Depois a imprensa evocará outros eventos, a vida seguirá seu rumo, e tudo será enterrado.

Aproveito para frisar que o ataque particularmente sanguinário e espetacular de Gaza, faz parte de uma estratégia que é, de uma certa maneira, mais grave do que os acontecimentos de janeiro. Esta estratégia visa a enfraquecer e a expulsar os palestinos, num processo lento e seguro de ganhar cada vez mais partes de territórios e aumentar a fronteira de Israel, em contradição com todas as obrigações teoricamente impostas aos israelenses pelo direito internacional. Este é o problema central do caso israelo-palestino e que evidentemente não é tratado pela CPI. Talvez a presidência de Obama tente uma abertura para o processo de paz, mas isso não quer dizer que sanções penais serão aplicadas contra os dirigentes israelenses.

MF: A presença de Ehud Barak e dos Trabalhistas no governo Benyamin Nétanyahou seria uma maneira de temperar as preocupações internacionais provocadas pela controversa nomeação de Avigdor Lieberman, chefe do partido de extrema direita ? A política deste governo será a mesma ou pior em relação ao conflito com os palestinos ?

RB: Pelo que tudo indica, penso que não haverá mudança política. Será talvez mais brutal, em razão do perfil da composição do novo governo israelense. Não devemos esquecer que Ehud Barak possui um título de glória particularmente célebre, além de seu talento de pianista: ele foi um membro ativo, um oficial do esquadrão da morte, no Líbano, nos anos 80. Seus feitos de armas heróicos consistem na sua participação na eliminação física da maior parte dos intelectuais e dos ativistas palestinos refugiados no Líbano. Não há nada a esperar da parte dele, ao contrário. Ehud Barak aceita, e o que parece lógico, fazer parte de um governo de coalizão com a extrema direita nacionalista e fascista.

O que poderá ser positivo, nisto tudo, é que este governo será dificilmente frequentável . Aqueles que hesitam a apertar as mãos de extremistas, em outras partes do mundo, como é o caso dos líderes da Palestina, vão se sentir constrangidos com a obrigação de cumprimentar Avigdor Liberman, o grande admirador de Putin, que literalmente destruiu a Chechenia. Eis o sonho de Avigdor Liberman: aplicar os métodos de Putin na Palestina. Minha única expectiativa é que a presença dos extremistas israelenses no poder, aumentará o isolamento de Israel e contribuirá, talvez, para mudar o ponto de vista da comunidade internacional. É apenas uma esperança e não uma análise

Marta Fantini é produtora e apresentadora do programa "Le Brésil en Noir & Blanc", na Rádio Campus Bordeaux - France
www.bordeaux.radio-campus.org

Mais um de Galeano....

Galeano lança na capital mexicana seu mais recente livro










México (Prensa Latina) O escritor uruguaio Eduardo Galeano apresentou no Palácio de Belas Artes, no centro histórico da capital mexicana, seu mais recente livro Espejos: uma história quase universal.

O encontro dedicou-o ontem à noite ao “zapatista do Iraque, que lançou os sapatos contra Bush e que assim defendeu com coragem a dignidade de sua nação humilhada”.

Com uma linguagem desenfadado e com a ironia na ponta da cada palavra, Galeano fez um percurso por este texto que “quer que os mortos renasciam e que os anônimos tenham nome”.

Disse que o dedicou aos escravos, às mulheres por séculos ignoradas, ao sul e o oriente do planeta desprezados, e aos muitos mundos que o mundo contém e esconde.

O livro refere-se, ressaltou, “às pessoas que fizeram a história mas não figuram nela e também aos lugares, aos países que não encontram no relato da história o lugar que merecem”.

Recordou que foi em Iraque onde nasceu a escritura, a civilização, ainda que o aniquilador de Iraque, George W. Bush, segua convencido de que a escritura nasceu em Texas.

“Mas nasceu no Iraque, quando ainda não tinha esse nome, e foi o fogo o que cozinhou a argila e guardou as primeiras palavras que aniquilam e salvam, que matam e dão vida como os deuses e como nós”.

Destacou que esses murais foram roubados ou destroçados pelos bombardeios durante a atual guerra que nasceu de uma mentira e mentindo segue.

Na apresentação de seu livro ontem à noite, Galeano percorreu os diferentes fatos históricos mais conotados da história universal, mas questionando-se o tempo todo, como tivessem sido esses acontecimentos, como a Guerra de Tróia, contados por personagens anônimas.

Assegurou que eles, aparentemente sem importância, sempre tiveram algo que dizer, mas foram condenados a viver com a boca fechada “pela história oficial”.

Agora, disse aos assistentes à apresentação de Espelhos: uma história quase universal, estão ocorrendo mudanças muito interessantes em América-Latina que estão provocando escândalos porque são atos de sentido comum.

E é que “há mais de cinco séculos, quando América descobriu o capitalismo, lhe proibiram o sentido comum que é 'um exercício perigoso’, é por isso o escândalo pelos novos giros do continente, disse.

Galeano destacou que na América Latina se desatou uma energia popular de mudanças.

A uma pergunta dos interlocutores sobre o que espera da política do novo governo dos Estados Unidos para estes homens e povos que ressalta em sua obra, Galeano respondeu: "saiam de nossas costas."

Créditos: PatriaLatina

Texto: Odalys Troya/Prensa Latina

A escrita continua....

domingo, 5 de abril de 2009

Grande Clássico do cinema....



Wuthering Heights (O MORRO DOS VENTOS UIVANTES - 1939)


Links:

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Senha para descompactar:
http://farra.clickforuns.net
Créditos: F.A.R.R.A.-Christine

Informações:

Arquivo: RMVB
Tamanho: 324 Mb
Direção: William Wyler
Roteiro: Charles MacArthur, Ben Hecht
Produção: Samuel Goldwyn
Música Original: Alfred Newman
Fotografia: Gregg Toland
Edição: Daniel Mandell
Design de Produção: James Basevi
Figurino: Omar Kiam
Efeitos Visuais: W. Percy Day
País: USA
Gênero: Drama
Nota: 8,9

Prêmios: Academia de Hollywood - Oscar de Melhor Fotografia

Sinopse:

Um caminhante, chamado Lockwood, é apanhado pela neve e se vê forçado a se abrigar na propriedade 'Wuthering Heights' onde a governanta, Ellen Dean, senta-se para lhe contar a história do local.
Assim, em flashbacks, o filme volta ao início do século XIX, quando o proprietário original de 'Wuthering Heights', Joseph Earnshaw, traz para casa um órfão de Liverpool chamado Heathcliff. Embora o filho legítimo de Joseph, Hindley, despreze o garoto, sua filha, Cathy, desenvolve uma grande afeição por Heathcliff que evolui para uma paixão.
Quando o Sr. Earnshaw morre, Hindley obriga Heathcliff a trabalhar como um criado. Surge, então, Edgar Linton, um rico vizinho, que pede a mão de Cathy. Enciumado, Heathcliff vai embora, enquanto Cathy se casa com Edgar.
Anos mais tarde, agora um homem rico e sofisticado, Heathcliff retorna em busca de vingança. Compra 'Wuthering Heights' do alcoólatra Hindley e se casa com a irmã de Edgar, Isabella Linton. Ainda obsessivamente apaixonados um pelo outro, Cathy termina gravemente doente, enquanto Heathcliff se torna uma pessoa extremamente amarga.
Voltando ao presente, Ellen continua a contar a história a Lockwood, quando o Dr. Kenneth entra e decide revelar o final fatídico da história.

Elenco:

Merle Oberon - Catherine 'Cathy' Linton
Laurence Olivier - Heathcliff
David Niven - Edgar Linton
Flora Robson - Ellen Dean
Donald Crisp - Dr. Kenneth
Geraldine Fitzgerald - Isabella Linton
Hugh Williams - Hindley Earnshaw
Leo G. Carroll - Joseph Earnshaw
Miles Mander - Sr. Lockwood
Cecil Kellaway - Earnshaw
Cecil Humphreys - Juiz Linton
Sarita Wooton - Cathy, quando jovem
Rex Downing - Heathcliff, quando jovem
Douglas Scott - Hindley, quando jovem
Alice Ahlers - Madame Ehlers
Frank Benson - Criado de Heathcliff
Vernon Downing - Giles
Helena Grant - Srta. Hudkins
Eric Wilton - Criado de Linton

Indicações:

Academia de Hollywood - Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Ator (Laurence Olivier), Melhor Atriz Coadjuvante (Geraldine Fitzgerald), Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora


Críticas:

"O Morro dos Ventos Uivantes" é um dos grandes clássicos do cinema mundial. Com a magistral direção de William Wyler, essa imortal adaptação do famoso romance de Emily Bronte nos conta uma história que fala de amor, paixão, ciúme, ódio e vingança.
Partindo de um ótimo roteiro e contando com a excelente trilha sonora de Alfred Newman, Wyler realiza essa obra- prima, envolvente em cada detalhe.
Para completar, o elenco apresenta grandes atuações: Olivier está perfeito como Heathcliff, expressando magnificamente seus diversos sentimentos através do tom de sua voz e de expressões faciais; Merle Oberon está extraordinária como Cathy, conseguindo capturar e passar a dualidade de sua personalidade; Flora Robson, David Niven e, especialmente, Geraldine Fitzgerald, como coadjuvantes, também estão ótimos. Aliás, até as crianças têm uma boa atuação.






Do blog do Azenha....

Antes que vocês morram de infarto

Luiz Carlos Azenha

A cobertura dos jornais brasileiros sobre o lançamento de um foguete da Coréia do Norte meramente repete propaganda dos Estados Unidos, sem oferecer qualquer contexto. Nem o New York Times se mostra tão escandalizado.

Os Estados Unidos dispõe hoje de 450 mísseis balísticos intercontinentais com 500 ogivas nucleares. A Rússia dispõe de 415, com 1.422 ogivas "a bordo". Outros 30 países do mundo contam com mísseis balísticos em seus arsenais, com alcances de 120 a 10 mil quilômetros, de produção doméstica ou comprados das grandes potências.

Quando se diz que a Coréia do Norte poderia alcançar com seu míssil o território dos Estados Unidos, estão falando "em tese". Muito pouco se sabe sobre a confiabilidade do sistema que dá direção ao foguete. Quando se diz que o país poderia colocar uma arma nuclear no foguete, é mentira. Não há nenhum indício de que a Coréia do Norte tenha desenvolvido a capacidade de transformar um artefato nuclear rústico em uma ogiva suficientemente sofisticada para ser colocada na ponta de um foguete.

Além de vender jornal, essa "imagem" presume que os norte-coreanos seriam suficientemente malucos para atacar os Estados Unidos com um único foguete, recebendo de volta uma chuva de bombas nucleares. Por causa da crise econômica, o Pentágono corre o risco de ter parte de seu orçamento cortado pelo governo Obama. Por isso, criar novas "ameaças externas" é fundamental. Especialmente quando se debate se é mesmo necessário construir o sistema anti-mísseis que foi apelidado de "guerra nas estrelas" e que renderia polpudas verbas aos construtores de armas norte-americanos.

Não desfazendo da paranóia do patético regime da Coréia do Norte, é curioso ver que a Folha de S. Paulo, por exemplo, soa o alarme dos neocons como nem mesmo a mídia dos Estados Unidos vem fazendo. São as "armas de destruição em massa" de volta.


sábado, 4 de abril de 2009

Parabéns COLORADO!...100 anos de glórias...

"Que era o maior, eu já sabia"


Luis Fernando Veríssimo


Alinhar ao centro Quando vi o Internacional pela primeira vez ele tinha 37 anos e eu, 10. Foi num Gre-Nal, 1946. Estádio dos Eucaliptos, eu acho. O Inter jogou com Ivo, Alfeu e Nena; Viana, Ávila e Abigail; Tesourinha, Villalba, Adãozinho, Eliseu e Carlitos. Além dos Eucaliptos, jogava-se nos estádios da Baixada do Grêmio, Timbauva do Força e Luz, Chácara das Camélias do Nacional, Rua Sertório do Renner, Passo d’Areia do São José e Colina Melancólica, do Cruzeiro. Neste havia um barranco atrás de uma das goleiras que era o melhor lugar para se assistir futebol em Porto Alegre, se você estivesse disposto a arriscar a vida. Naquela época, eu estava.
Havia pouco intercâmbio com times de outras cidades e menos com times de outros Estados, o negócio era o campeonato municipal. Como havia muito tempo para ser preenchido, faziam dois campeonatos por ano. O primeiro se chamava “Campeonato Extra” e não valia nada. Os campeonatos começavam com um “Torneio Início” com a participação de todos os times em jogos de meia-hora, uma loucura que ocupava toda uma tarde e em que escanteio valia pontos. Antes de cada partida do campeonato jogavam os times de aspirantes, de manhã jogavam os juvenis.
Quando um time ganhava de manhã, ganhava a preliminar e ganhava o jogo principal, dizia-se que tinha feito barba, cabelo e bigode. Felicidade completa era fazer barba, cabelo e bigode no domingo e na terça ler o que o Cid Pinheiro Cabral dizia a respeito na “Folha da Tarde”. Peguei o fim do Rolo Compressor de Nena, Ávila, Tesourinha, Adãozinho e etc., peguei aquele outro grande Inter de Florindo, Oreco, Salvador, Larry, Bodinho e etc., peguei o Inter campeão brasileiro de Manga, Figueroa, Carpegiani, Falcão, Valdomiro e etc – todos ao vivo.
Pela TV, peguei o resto dos 63 anos até agora. Inclusive, claro, o Inter de Fernandão, o Inter de Yokohama. Este não entra aqui com mais destaque não porque faltou espaço depois de tantas lembranças mas porque seria supérfluo.
Que o Inter era o maior do mundo eu sabia desde 1946.
Só faltava provar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Em defesa do Software Livre

Na contramão do caminho adotado por diversos governos (incluindo, ainda que parcialmente, o Brasil) e grandes empresas, o Rio Grande do Sul, sede do maior evento de Software Livre da América Latina, fecha acordo com a Microsoft. Confira a Análise de Marcelo Branco, coordenador geral da associação Software Livre.org.

Segundo Marcos Mazoni, diretor-presidente do Serpro e coordenador do Comitê de Implementação de Software Livre, “Os cofres públicos já economizaram mais de 370 milhões de reais com o uso do software livre no governo federal”. confira a notícia completa aqui.

Enquanto isso, no Texas, o Estado vai restringir adoção do Windows Vista no Governo.

O Software Livre dispensa o pagamento de licenças. É possível copiar, modificar (adequando o software às necessidades) e compartilhar programas e códigos. Existem substitutos tão bons ou melhores aos tradicionais programas proprietários. O Linux é uma alternativa ao uso do Windows, mas diversos programas livres rodam no Windows, como o GIMP, programa gráfico, e o próprio Open Office.

Para maiores informações sobre SL e sobre o 10º Fórum Internacional de Software Livre, que acontecerá em Porto Alegre, entre os dias 24 e 27 de junho, clique aqui.
Aproveite e baixe o BrOffice, alternativa livre ao Microsoft Office, e comece agora a boicotar os programas da MS.