domingo, 2 de agosto de 2009

Por que não toda a quadrilha?

POR QUE SÓ SARNEY? E MARCONI PERILLO? TASSO JEREISSATI? ARTUR VIRGÍLIO?

POR QUE NÃO TODA A QUADRILHA?

Laerte Braga

É evidente que José Sarney é bem mais que um simples pilantra. Sarney é um desses lixos humanos que volta e meia sempre aparecem na política aqui no Brasil e em quase todos os lugares do mundo. E que nesse momento, vive apenas o inferno de uma briga de quadrilhas, disputa de ponto. Só que numa dimensão bem mais alta do que se possa imaginar.

Quem assume a presidência do Senado? Marconi Perillo, bandido sem pudor algum e com vários processos por corrupção nas formas mais diversas? Por que o conselho de ética não abre um processo contra cada um dos senadores envolvidos em falcatruas – uns cinco no máximo não estão – que vão desde uso de passagens e verbas de gabinetes, passando por atos secretos e posições até então desconhecidas?

Como é que fica Tasso Jereissati, um sujeito sem respeito por coisa alguma, venal, ligado a grupos econômicos paulistas e internacionais? Arthur Virgílio, o tal líder do PSDB, que quer Agaciel na cadeia, mas pegou dez mil dólares numa “emergência” com o mesmo Agaciel?

E Marconi Perillo, vice-presidente do Senado, com processos em múltiplas situações de bandidagem explícita, muitas delas documentadas por gravações autorizadas pela Justiça? Compra de votos, recibo e notas fiscais frias? Dinheiro por baixo dos panos?

Como é que fica essa turma?

Perillo vai para o lugar de Sarney, uma figura repulsiva não tenho dúvidas, mas não menos que esses que citei e fica tudo resolvido? A moralidade restaurada?

A renunciar, que renuncie a Mesa Diretora do Senado. São cúmplices que neste momento procuram salvar suas peles e seus interesses (e dos que lhes pagam).

Vamos admitir por um breve instante que a Polícia Federal resolvesse investigar o senador Tasso Jereissati, suas ligações com Daniel Dantas, com as privatizações corruptas de seu chefe FHC e toda a sorte de trapaças que ornam a sua carreira política eivada de modernizador e administrador eficiente (?). Uns cem processos, uns trezentos anos de cadeia, coisa de deixar qualquer Beira-mar em segundo plano.

Sarney é diferente? Claro que não, o problema é que são iguais. Iguais, mas em quadrilhas com interesses diversos, diferenciados. Em muitos momentos estiveram juntos, naquela de beijinho no rosto e tapinha nos ombros. Clube de amigos e inimigos cordiais.

O senador José Sarney quando percebeu que era o bode expiatório de uma situação em que os adversários estão atirando com espingarda de cano curvo (miram num alvo, mas querem é atingir outro) lamentou a ausência de “meu amigo” Roberto Marinho, que “não deixaria que fizessem isso comigo lá na GLOBO”. É a segunda aliás. Houve aquela contra o marido de Roseana. Sarney não percebeu que mesmo sendo sócio dos “homens”, é dono da retransmissora da GLOBO no Maranhão, já perdeu a data de validade. Não sentiu ainda que politicamente está morto e teima em viver montado num bigode pornográfico – que me perdoem os bigodes – e num império típico de elites podres e atrasadas. Nem sentiu que GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, essa tal de grande mídia, é parte dessas quadrilhas. E parte muito importante, pois faz a cabeça do cidadão cá embaixo.

E Jereissati? Difere em que? Talvez só no estilo no mundo da corrupção, dos “negócios”. Sarney é dono dos negócios dele, toca tudo a moda antiga, Jereissati obedece ao esquema FIESP/DASLU e atua no braço tucano/DEMOcrata da quadrilha, com ligações com poderosas outras quadrilhas internacionais sediadas em Wall Street, Washington e alguns pontos de países europeus.

Jereissati, tal como Arthur Virgílio e/ou Marconi Perillo, é pulha lato sensu.

Como pulhas os que estão por trás deles. Serra. Aécio, FHC, a mais sinistra quadrilha da história política do Brasil, o PSDB.

Disputam o controle de um “negócio” chamado Brasil, eles, os tucanos. Sarney disputa o direito de manter seu império particular no Maranhão, no Amapá e passear seu bigode com pretensões literárias – ridículas – de imortalidade. Mafioso dos tempos de D. João Charuto.

O que há por trás de toda essa pantomima vergonhosa são os “negócios”. As elites paulistas, as mesmas que acham que 1932 foi um movimento “revolucionário”, e não uma reação de antigos barões, não querem esse negócio de Nordeste dando palpites, decidindo alguma coisa. Querem o império e pronto. Até hoje o ESTADO DE SÃO PAULO acredita que um D. Pedro qualquer governe o Brasil e que libertar os escravos foi uma atitude insensata de uma princesa mimada.

Para que exista corrupção é necessário que exista mais que o corrupto. É necessário que exista o corruptor.

Quem corrompe senadores, deputados e por exemplo Gilmar Mendes presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD?

Eu, você, o distinto eleitor? Ou os grandes empresários, banqueiros, latifundiários, hoje globalizados na perversa exploração da classe trabalhadora e na faina de transformar cada ser humano em zumbi consumidor de celular que fala sozinho?

O distinto público será que tem percepção do faturamento da MONSANTO, ou da ARACRUZ com a droga tóxica que chamam de progresso e envenenam o dia a dia de todos nós? Sabe o quanto esses bandidos contribuem para as campanhas dos Jereissatis da vida?

Será que sabe o tamanho da canalhice que é a história política de um biltre como Gérson Camata? Ou como a do senador (Putz! É o fim da picada) Álvaro Dias?

Pô!. A jornalista Sônia Montenegro escreveu um desabafo onde pede que seja poupada de toda essa lambança planejada, bem orquestrada de tucanos e democratas contra o senador Sarney (pústula sim, mas e os outros?).

Que tal olhar, por exemplo, quanto a GLOBO faturou no governo Sarney em verbas que rolavam disfarçadas de contratos legais, etc, etc?

O xis da questão é que a data de validade do senador Sarney esgotou. Sarney opera no mercado no estilo década de 10 do século XV e os caras hoje dispõem de tecnologia de banditismo de última geração. Sarney é do tempo da terra quadrada e tucanos e demos não.

E tem mais, tem eleições em 2010 e querem a todo custo retomar o controle do País. José Serra, corrupto de plantão no governo de São Paulo, ou Aécio, viajante "pirlimpimpim" em mundos delirantes no governo de Minas, um ou outro quer o governo do País e dessa forma o comando dos “negócios”.

Já pensaram o que esses bandidos farão com o pré-sal? Vão dar de bandeja para as empresas estrangeiras. Só que, na bandeja, chega a propina.

É aí que está o fulcro como dizem juristas da campanha contra Sarney. Não tem importância que ele seja corrupto, todos são e sabem disso, importa que é preciso vender um produto para 2010. O bandido Serra. O tresloucado Aécio.

Não estou defendendo o governo Lula. Nem de longe. Mas tenho a certeza absoluta que com todos os erros, por pior que possa ser (nem acho que seja assim), Lula é bem diferente no todo de qualquer tucano em qualquer lugar, principalmente de FHC.

Que tal comparar o Brasil do tucano bandido e o de Lula?

O que está em disputa é isso. Lula paga o preço dos vacilos nas alianças espúrias no sentido político, mas em nada diferentes das feitas pelos tucanos.

Sarney é o bocó que se imagina acima do bem e do mal, com a sua história de um político pusilânime, sobrevivente, que está sendo levado a um mausoléu sem glória alguma.

Os outros, os que carregam o caixão não são nem um pouco diferentes. Querem apenas o lugar dele. Só isso.

É complicado ouvir Tasso Jereissati e Arthur Virgílio falarem em sepultar gerações comprometidas com o coronelismo na política. E eles? Tasso e Virgílio são a décima ou enésima sei lá, figuras impessoais, de aparência asséptica, sem bigodes pintados, mas que chegaram ao Brasil com Cabral. E enquanto o almirante português pensava numa forma de contato com os nativos, os jereissatis e virgílios já estavam trocando miçangas coloridas por ouro e os virgílio enfiando nos porões dos navios da esquadra índias, de preferência com menos de quinze anos, para regalo da corte.

No passar dos tempos, é só buscar, tem jereissatis e virgílios carregando a mala de Carlota Joaquina quando da vinda da corte para o Brasil. E assim até chegarmos a Tasso e Arthur. E nesse Arthur não tem távola redonda e nem o mágico Merlin. Tem uma das mais organizadas quadrilhas da política brasileira. A dupla PSDB/DEMO, sob a batuta da quadrilha FIESP/DASLU. São que nem os Andradas. Chegaram e “navio chapa branca” em 22 de abril de 1500.

Brasil e brasileiros que se arrebentem. É o lema deles, “são só negócios, não é nada pessoal”.

O modelo está falido. O econômico é podre.

Golpe em Honduras....

Negociar o que? A refundação de Honduras
Reutres


A notícia que Roberto Michelletti (foto), presidente golpista de Honduras, teria dito ao presidente da Costa Rica, Oscar Árias, que não é ele o intransigente quanto a cumprir a decisão da OEA (Organização dos Estados Americanos) de restituir o governo do país ao presidente constitucional Manuel Zelaya, mas das elites e dos militares, é só um jogo de empurrar o problema com a barriga, não chegar a acordo algum (não há o que negociar) e criar uma situação de fato, o fim do mandato atual de Zelaya. E eleições farsa.
É como um condenado à morte que vai recorrendo a todas as instâncias e perdendo em todas elas, mas luta no sentido de ganhar tempo, ganhar vida. Na prisão de San Quentin, nos EUA, vários foram os casos assim. A prisão não existe mais. A pena de morte sim.
Não há o que negociar em Honduras. A afirmação sobre a “intransigência das elites e dos militares” mostra que Michelletti é apenas um pau mandado e não vai resolver coisa alguma, até porque não tem legitimidade. É produto de um golpe de estado. Que militares e elites são mandatários do golpe e o golpe visou apenas manter os “negócios” e os privilégios dos donos, ninguém tem dúvidas disso. É histórico, funciona assim faz tempo.
Michelleti teria dito também que a condição imposta pelos militares e pelas elites (banqueiros, empresários, latifundiários, EUA, tráfico de drogas e nas mais diversas modalidades, esquadrões da morte, o cardeal, etc, etc) é que Zelaya não “enfraqueça a democracia”.
Putz! Quadrilhas se associam, derrubam o presidente constitucional de um país, eleito pelo voto direto do povo, que num dado momento manifesta o desejo de ouvir o povo na forma de um referendo sobre reformas políticas e econômicas. Quadrilhas que se mantêm no poder usando a barbárie e a boçalidade típica de militares golpistas e elites, ou seja, prendem, torturam, seqüestram, estupram mulheres, matam inocentes, toda a sorte de estupidez característica desse tipo de gente e Zelaya é que “enfraquece a democracia"?
A leitura das declarações de Michelletti é simples, não há o que pensar ou analisar, nada. Quer ganhar tempo, empurrar o problema com a barriga, não resolver coisa alguma e manter o atual estado de barbárie no país.
O grande problema dessas quadrilhas é que não contavam com a reação popular ao golpe. Aí a história de outros quinhentos.
Nem de longe podiam imaginar que o povo hondurenho estava pronto a se manifestar sobre as reformas propostas pelo presidente Zelaya e dar ao país os rumos que desejava. E lógico, rumos diferentes dos rumos desejados por banqueiros, empresários, latifundiários, traficantes, esquadrões da morte, militares, o cardeal, etc, etc, sempre, o usual na história da América Latina, da América Central e de Honduras então...
A reação, as manifestações dos mais diversos setores da população hondurenha, o nível de organização espontânea e o destemor de trabalhadores da cidade e do campo, todo esse conjunto de determinação e resistência mais que assustou os golpistas.
Trouxe a tona o caráter perverso, criminoso, a insânia da violência organizada e travestida de “democracia”. A repressão na sua crueza despótica e absoluta. O desprezo das classes dominantes por trabalhadores. Desprezo e desrespeito.
Os próprios aliados norte-americanos, que cozinham o golpe em banho maria para fingir que se opõem à quebra da ordem constitucional em Honduras, começam a perceber que vai ser preciso sacrificar os anéis para que não percam os dedos.
A não ser que queiram cometer crime de genocídio contra o povo hondurenho.
Permitir que militares hondurenhos repitam as tragédias cruéis e sanguinárias das ditaduras que implantaram nas décadas de 60, 70 e até 80 do século passado em toda a América Latina. E, para variar, disfarçadas de “defesa da democracia e das liberdades”.
É a cantilena de sempre.
A repercussão negativa do golpe e os movimentos de apoio à resistência em toda a América Latina, a despeito da mídia venal e corrupta (atua a serviço das elites), assustou, além dos golpistas e bem mais, ao governo show do presidente Barak Obama e sua primeira dançarina, a secretária Hilary Clinton, como começa a causar problemas ao governo de fato, real dos EUA, os chamados porões.
Não há o que negociar. O povo hondurenho quer refundar o seu país e construí-lo segundo a sua vontade. E a vontade do povo hondurenho não está representada pelos golpistas e nem pelos seus aliados norte-americanos.
É a vocação bolivariana que se manifesta no ideal revolucionário de nação livre, soberana, justa socialmente, sem privilégios, portanto, democrática em sua essência. Em seu sentido e em sua direção.
O próprio Zelaya é apenas o símbolo dessa luta que se mantém desde o primeiro momento do golpe. Percebeu isso e abraçou a causa do seu povo. Não pode traí-lo e isso implica em não negociar a soberania maior de todas, a do povo hondurenho.
São as centenas de mortos, os milhares de presos e desaparecidos, de mulheres estupradas por militares e policiais que se manifestam em cada ato de resistência e tudo isso transcende a Zelaya, tem uma dimensão bem maior.
E os milhões de trabalhadores resistentes. Que não aceitam a borduna e o tacão nazista das elites, impostos pelos militares, na verdade, esbirros dos senhores do país.
Bem mais que isso. O alcance latino-americano da resistência do povo de Honduras.
A luta pelo retorno do presidente legítimo do país tem o caráter de refundação de Honduras.
E a partir da vontade popular. Não há que se falar em anistia a golpistas assassinos, corruptos. Nem ceder em acordos feitos em gabinetes fechados à revelia do povo. Há que ser tudo à luz do dia. Com a transparência cristalina da democracia em seu sentido pleno, popular.
O que se vê é tão somente o processo histórico em curso. O reencontro de hondurenhos, de todos os latino-americanos, com a sua própria história. Com sua identidade. Não é forjada em Miami, tampouco nos salões ou quartéis de “patriotas” lambe botas dos senhores do mundo.
Se a primeira dançarina quer que a orquestra toque num ritmo mais lento para não permitir tombos ou encontrões entre eles, os donos, o povo hondurenho quer que a primeira dançarina saia do palco.
É um palco popular e é dos trabalhadores do campo e da cidade. Do povo hondurenho. Um circo mambembe. Com lonas furadas, mas passos precisos e determinados para reencontrar a Honduras perdida desde a colonização espanhola e os massacres da população indígena – Maias, 1523/1539 –.
Os furos da lona são as páginas da história escrita na luta que não se esgota na volta de Zelaya. Pelo contrário, renasce ali o que os hondurenhos iam dizer nas urnas no dia do golpe. E numa proporção bem mais ampla. Numa vontade e numa determinação que não serão abaladas com a covardia e a crueldade dos tais “defensores da pátria”.
Confundem pátria com negócios.
O povo hondurenho não. Sabe o caminho. E está lutando por ele. E os povos latino-americanos também. Começam a acordar. É só olhar cada governo bolivariano da América Latina. Cada organização camponesa. Operária.
Refundar Honduras. É a determinação.

Concordo plenamente...












Onde você estiver, procure estar lá de verdade

por Nelson Sganzerla - nelsonsganzerla@terra.com.br

Sei que acharão estranho estar em determinado lugar e ao mesmo tempo não estar, ou, muitas vezes, estar e não percebermos que não estamos. Louco isso, não?

Quantas vezes vamos a determinados lugares que preferíamos não ir, muitas vezes vamos contrariados, pela insistência dos amigos; lugares que não sabemos bem o porquê, mas nos sentimos mal desde o momento em que entramos e nos deparamos com pessoas que nada têm a ver com o nosso agir, nosso falar e nosso pensar.

Tenho certeza que você já se sentiu assim. Em uma reunião com velhos amigos, em uma festa acompanhando alguém, uma viagem que insistiram para que fosse, um aniversário de quem você nunca viu mais gordo, mas você foi para agradar terceiros, enfim... lugares e momentos que além de não nos dizerem nada, nada agregam à nossa vida. E, no dia seguinte, nos perguntamos - O que é que eu estava fazendo lá? Mas eu lhe digo: na verdade, você não estava lá.

Pois é... muitas vezes o nosso espírito, o nosso eu interior, fala conosco através desses sentimentos de estranheza de repúdio, de incômodo, mas nunca damos ouvidos; ao contrário, procuramos insistir em momentos que a nada nos levam, a não ser a um sentimento de vazio interior.

Para estarmos felizes, onde quer que estejamos, precisamos antes de tudo estar por completo, em mente, corpo e alma e,
formaturadefinitivamente, estarmos lá de verdade.
Dou aqui como exemplo: o dia da nossa , o dia em que nasceu o filho, o dia do primeiro beijo, momentos inesquecíveis que não irão se desmanchar com o passar do tempo, porque estávamos lá de verdade.

Fazemos tantas coisas de uma maneira mecânica, até para seguir determinadas convenções sociais, que não nos damos conta do tempo que desperdiçamos com bobagens e com tantas outras inutilidades em nossas vidas.

Eu tomei há muito tempo uma decisão em minha vida: Não vou mais a lugares onde não me sinta bem, onde não estarei lá de verdade, não mantenho nenhum tipo de amizade com quem nada me diz, e fujo dos espertalhões que em tudo querem levar vantagem.

Noto que hoje o mote das pessoas é se vangloriar de atitudes que ao meu modo de pensar não existe valor algum. Atitudes machistas, fúteis, mal educadas e desrespeitosas para com as pessoas, e vantajosas só para um lado.

Não freqüento mais a casa de pessoas invejosas e nem faço questão nenhuma que freqüentem a minha; pessoas que são interesseiras, que procuram sempre saber como você vai e não como você está.
Pessoas que querem saber com que carro você está andando, como vai a sua empresa; se você está ganhando dinheiro ou não; pessoas que não conseguem ser feliz com sua própria vida. Notei que se assim eu o fizer, não serei eu e, definitivamente, não estarei lá.

Portanto, eu sei que existem coisas que muitas vezes não dá para mudar, principalmente no mundo corporativo, onde as amizades são na maioria por interesse, mas posso mudar o meu interior e não ser mais um, nesse inconsciente coletivo, onde falsos valores misturam-se com verdadeiros e a palavra ética há muito ficou esquecida. Definitivamente, sei e escolho onde quero estar de verdade.

Pense nisso.




sábado, 1 de agosto de 2009

Galileo, por Bertold Brecht...



Vida de Galileu
(Galileo)
Galileo XviD Dual Audio Eng Spa



A peça mais conhecida dentre todas de Bertolt Brecht ganha uma versão que, se não pode ser chamada de definitiva, chega muito próximo disso (especialmente se forem levadas em conta as várias adaptações de obras teatrais que grassam nos circuitos comerciais de cinema).
Nesta adaptação vemos o célebre físico Galileu Galilei (interpretado por Topol) comprovar, por meio de instrumentos e verificação científica, a validade das teorias de Copérnico. Suas teorias e o trabalho de Galileu fazem ir abaixo toda uma ordem conceitual que justificava o poder da Igreja Católica na época.
É lógico que as autoridades eclesiásticas não gostam nem um pouco disso e, mesmo em um primeiro momento comprovando as teorias de Galileu, optam por mantê-lo calado, por meio da força, de modo que suas ideias não se espalhem pelo continente europeu.
Um filme (e uma peça também, já que Brecht aparece aqui respeitado tanto em forma quanto em conteúdo) absolutamente atual, principalmente se forem levadas em conta as lutas entre a geração que faz parte da Geração Internet e as megacorporações que tentam, através de mecanismos "legais", barrar o avanço humano e científico.
A realização do homem na sua condição humana.




ELENCO

Topol
James Aubrey
Colin Blakely
Robert Bridges
Georgia Brown
Tom Chatto
Dermot Colman
Tom Conti
(mais ver IMDB)

INFORMAÇÕES SOBRE O FILME
Gênero: Drama / Teatro Épico
Diretor: Joseph Losey
Duração: 145 minutos
Ano de Lançamento: 1975
País de Origem: Inglaterra
Idioma do Áudio: Inglês / Espanhol
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0073029/

RELEASE
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 1.037 Kbps
Áudio Codec: AC3
Áudio Bitrate: 192 kbps CBR 48 KHz
Resolução: 640 x 352
Aspect Ratio: 1.818
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 1,36 GB
Legendas: Em anexo

CREDITOS: FARRA - LOBOWOLF


Contraponto a midia de esgoto...

Blogs matarão censura

Do blog Cidadania.com de Eduardo Guimarães

Por ele mesmo...

O leitor Arruda, comerciante de São Paulo, em comentário neste blog fez uma observação que me permitirá explicar um fato importantíssimo. Para resumir o comentário em questão, ele pontuou que os blogs estariam “sempre correndo atrás” de desmentir a grande imprensa, quando o correto seria não se deixarem pautar por ela.

Entendo a preocupação do leitor, mas ele não entendeu ainda o valor da blogosfera. Ela existe justamente para se contrapor à propaganda política, ideológica, econômica, de costumes e de valores que existe hoje para esmagar idéias divergentes.

Com efeito, os blogs constituem uma arma social nova e inédita na história que já permite o combate frontal ao que sempre houve de mais nefasto na comunicação no Brasil, ou seja, o combate a uma máquina de dominação social e econômica baseada, fundamentalmente, na censura.

Os blogs – e, de forma cada vez mais importante, o Twitter – conformaram-se em ferramentas com um poder ainda não mensurado adequadamente, o poder de literalmente destruir a Teoria da Censura, que é a de impedir a difusão da verdade mesmo quando é dita pelos que têm só a própria voz e jamais os meios de amplificá-la ao volume da voz dos que detêm o monopólio da comunicação de massas.

Por atingirem contingentes populacionais muito menores do que conseguem atingir os meios de comunicação corporativos, os blogs ainda são vistos pelos controladores daqueles meios como incapazes de lhes provocar maiores problemas para venderem seus interesses políticos, ideológicos, econômicos, sociais e comerciais, e para venderem tais interesses sobretudo àqueles aos quais esses interesses são danosos, pois são maioria.

Estão enganados. Acredito nisso e tenho até provado isso com este blog. Acho que as novas mídias populares destroem a teoria que fundamenta as ações dos grandes impérios de mídia que infelicitam este país, este continente e grande parte do mundo, que é a Teoria da Censura.

Essa teoria se baseia em não permitir que ninguém fale, ao menos de forma pública e para maiores contingentes de pessoas, porque a mínima capacidade de reunir muitos – ainda que menos do que aqueles que assistem aos grandes meios de comunicação – em torno de algum idéia pode produzir um efeito de amplificação capilar na sociedade que, cedo ou tarde, terminaria por envolvê-la toda naquele conhecimento que se quer sufocar.

É por isso que acredito que os blogs repercutirem o grande noticiário de forma diametralmente oposta à forma que aquele noticiário pretendeu vender à sociedade, isso estaria fazendo o que realmente importa fazer neste momento, que é difundir o “vírus” benigno do contraditório, que se infiltra na sociedade e atua com impacto crescente, ainda que muito mais lentamente do que o impacto da pandemia maligna e avassaladora da censura.

É preciso dar resposta e argumentos àqueles que verão suas opiniões esmagadas pelo grande noticiário e que não saberiam formular por si mesmos muitos dos argumentos para reagirem devido, unicamente, à falta de informação contrária, mas que agora os blogs estão provendo num processo que acho convictamente que é possível que culmine com a morte definitiva da censura no Brasil.

Imagens que falam

Tucanos, demos e o “mensalão” da mídia

Do blog do Miro

Altamiro Borges

Por razões econômicas e ideológicas, a mídia hegemônica adora explorar os escândalos políticos. A crise mais recente é que a atinge o Senado Federal, no qual as denúncias das graves distorções se fundem com objetivos eleitoreiros marotos – que só os ingênuos não percebem. Ela só não faz sensacionalismo com os seus próprios negócios sinistros. Evita falar dela mesma, de seus pobres. Entre uma e outra denúncia de corrupção, ela deveria averiguar dois casos graves que envolvem poderosas corporações midiáticas. Ambos podem confirmar a exigência de um estranho “mensalão”, no qual governos demos-tucanos compram o apoio dos veículos de comunicação.

Os demos e o Correio Braziliense

O caso mais recente ocorreu no Distrito Federal, onde o governador José Roberto Arruda garfou R$ 442,4 mil do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para comprar assinaturas da revista Veja. Mais grave ainda, o demo desembolsou quase R$ 3 milhões na compra de 7.562 assinaturas do Correio Braziliense. O Sindicato dos Professores do Distrito Federal, um dos principais alvos dos ataques raivosos e recorrentes deste jornal, criticou o uso dos recursos públicos e a forma irregular e suspeita como foi firmado este convênio:

“O convênio foi feito sem licitação, sem um projeto pedagógico definido, sem discussão com os professores e sem transparência. Enquanto isso, as bibliotecas de nossas escolas estão em petição de miséria, sem livros e estrutura de funcionamento... Esses recursos poderiam ser utilizados para equipá-las com clássicos da nossa literatura, para dotá-las de banda larga na internet, o que garantiria a diversidade e a pluralidade das informações... É no mínimo uma contradição que o Correio, tão veemente ao atacar o Senado por causa dos atos secretos, anuncie este convênio sem dizer os valores envolvidos e sem especificar o embasamento legal para que ele ocorra”.

Relações promíscuas com o poder

O professor Venício de Lima, um atento crítico das relações promíscuas entre os barões da mídia e os poderes públicos, foi um dos primeiros a denunciar este acordo. Ele lembra que, em março passado, o jornal Correio Braziliense, “principal jornal do Distrito Federal, dedicou duas páginas (uma delas a capa) do seu caderno ‘Cidades’ a ampla matéria na qual encampava publicamente a posição de porta-voz do governo contrária à anunciada greve dos professores da rede pública de ensino”. Com os títulos “greve sem causa” e “crime de lesa-futuro”, o jornal compôs a tropa de choque do demo José Roberto Arruda contra a reivindicação de reajuste salarial dos docentes.

“O leitor certamente terá notado, à época, que contrariamente às regras elementares e básicas do jornalismo, a longa matéria opinativa do Correio Braziliense, além de defender um dos lados, isto é, não ser isenta, omitia inteiramente o ‘outro lado’ envolvido na disputa: os professores não foram ouvidos, simplesmente não aparecem na matéria para explicar e defender sua posição”. De forma curiosa, quatro meses depois, em 22 de junho, o governo retribuiu com a compra de 7.562 assinaturas do jornal, que chegarão às 199 escolas da rede pública. Para Venício de Lima, esta suspeita aquisição representa 16% da tiragem média do jornal e retira R$ 2,9 milhões do Fundeb.

“Em tempos de crise da mídia impressa (salvo dos jornais populares e gratuitos), que coloca em risco a própria sobrevivência no mercado de alguns jornalões, não seria ético e salutar que jornais como o Correio Braziliense – além de zelar pela credibilidade fazendo jornalismo de notícias e não de matérias opinativas – praticassem, para si mesmos, aquilo que corretamente têm exigido de outras esferas do poder? Ou o critério da transparência na destinação do dinheiro público não se aplica quando beneficia a própria grande mídia?”, questiona Venício de Lima.

Serra e as relações perigosas com a Abril

Antes desta estranha negociata, outro caso bem suspeito já tinha vindo a púbico através dos sítios alternativos da internet e não da “grande mídia”. Em abril passado, o Ministério Público acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL) e abriu inquérito civil para apurar as irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola. O valor desta obscura transação foi de R$ 3,7 milhões e confirmou as perigosas relações entre o tucano José Serra e a Grupo Civita, que também publica a revista Veja, o principal palanque de oposição ao governo Lula.

A compra das 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da Nova Escola. Mas este não é o único caso de privilégio a este ao grupo direitista. O governo José Serra apresentou recentemente proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas em edições encalhadas do Guia do Estudante, outra publicação da Editora Abril. Como observa do deputado Ivan Valente, “cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo, tendo até mesmo publicações adotadas como material didático. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerado apenas o segundo semestre de 2008”.

A midia de esgoto volta a atacar....


Folha quer o fim da emissora da TV Brasil

Por Marcelo Salles

Reproduzido do blog do autor,

A Folha de S.Paulo quer o fim da TV Brasil. Em editorial publicado na sexta-feira (31/7) argumenta que a audiência é baixa, que sua criação não foi um ato democrático (porque nasceu de um decreto) e que gasta, por ano, 350 milhões de reais do dinheiro do contribuinte. Por isso, encerra o texto da seguinte forma: "Os vícios de origem e o retumbante fracasso de audiência recomendam que a TV seja fechada – antes que se desperdice mais dinheiro do contribuinte" [veja a íntegra abaixo].

Tenho críticas à TV Brasil, mas nenhuma delas tem a ver com a opinião da Folha. Aliás, seria bom perguntar: a quem serve a Folha? No cabeçalho se diz que é "um jornal a serviço do Brasil", o que soa como piada para quem conhece minimamente a história da imprensa do país. Para não ir muito longe, basta dizer que o jornalão emprestou veículos para a ditadura. Mas talvez isso seja uma questão de ponto de vista: estavam, diria o jornal da "ditabranda", a serviço do Brasil contra a Comunidade Comunista, que pretendia se instalar no governo federal.

"Inimigo interno"

Voltando. A TV Brasil é uma tentativa de cumprir a Constituição, que determina a complementariedade entre os serviços privado, público e estatal. Hoje só existe o privado e, tenho certeza, isto tem a ver com o lixo jogado no ar todos os dias. Sim, a televisão privada brasileira é um lixo. Não presta. Raríssimos são os programas razoáveis. Na Globo, por exemplo, nada menos que metade da programação entre 12h e 24h é de novela. E de uma novela que dissemina os piores valores morais que existem.

Posso concordar que existem erros graves na TV Brasil, e o primeiro deles foi a entrega dos cargos de direção para jornalistas oriundos das corporações de mídia. Com isso o governo indicou uma conciliação, não uma mudança substancial no jeito de fazer jornalismo. Assim, não é à toa que muito do conteúdo veiculado pela TV Brasil, sobretudo nos telejornais, tem sido muito parecido com aquele das corporações privadas (ver "Carta à TV Brasil").

Por outro lado, não dá para dizer que é tudo igual. Se pegarmos a programação como um todo, veremos a existência de iniciativas que jamais teriam vez no atual sistema privado de televisão. É o caso dos documentários, que dão voz e vez aos segmentos da sociedade que só aparecem na mídia corporativa como bandidos.

Por isso, o governo precisa se manter firme diante da pressão da Folha. E contra-atacar. Para começar, coloque em pauta a mudança na lei que criminaliza as rádios comunitárias e determine que sua Polícia Federal vá se preocupar com aqueles que realmente ameaçam a sociedade. Essa babaquice de inimigo interno já fez muito mal ao país. Enquanto calam as vozes do povo, armas e drogas atravessam nossas fronteiras numa boa. O Rio está infestado delas, e boa parte da culpa é da falta de fiscalização.

Comunicação apátrida

No Brasil arcaico do século 21, as emissoras privadas de televisão, todas golpistas, ainda recebem dinheiro grosso do governo (meu, seu, nosso) para veicular campanhas publicitárias de saúde pública. Em países um pouquinho mais civilizados isso não é assim, pois como as emissoras privadas são concessões públicas (decididas pelo meu, seu, nossos representantes no Congresso), trata-se de uma obrigação ceder espaço para veiculação de mensagens de interesse público, sobretudo em relação a epidemias (como, atualmente, a gripe suína). Isso a Folha não critica.

Assim como não vê problemas na existência de um oligopólio privado na televisão aberta. Justo o jornal que faz propaganda dizendo-se democrata ("quem lê a Folha fortalece a democracia"). Deveria ser processado por propaganda enganosa. A Folha não se incomoda com a SS brasileira, a Sociedade Sinistra que congrega TV Globo, RedeTV!, Band, CNT, SBT e Record. É como se fosse natural que apenas seis empresas tivessem o direito de se comunicar via TV com 191 milhões de pessoas. E, pior, é como se fosse natural que esse oligopólio se posicionasse, compacto, pela economia de mercado, pela cultura enlatada, pela política coronelista (Sarney foi "descoberto" com 30 anos de atraso), pelo imperialismo e pela exploração das riquezas e do povo brasileiro. É isso que veiculam, todos os dias, e, se discordam, desafio qualquer diretor de qualquer uma dessas empresas para um debate público, de preferência veiculado em cadeia nacional de rádio e televisão.

Eis a dupla desgraça brasileira. Um sistema de comunicação apátrida, a serviço do capitalismo internacional, e um governo – eleito pelo povo e pelos movimentos sociais organizados – que não se livra disso.

Al Di Meola - Di Meola Plays Piazzolla (1996)

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Al Di Meola - Di Meola Plays Piazzolla (1996)

Artista: Al Di Meola
Album: Di Meola Plays Piazzolla
Ano: 1996
Genero: Jazz/ Tango progressista
Formato: mp3@320 / 134Mb


Músicas
1. Oblivon (6:03)
2. Cafe 1930 (6:15)
3. Tango Suite Part I (8:48)
4. Tango Suite Part II (8:50)
5. Verano Reflections (4:12)
6. Night Club 1960 (5:49)
7. Tango II (5:35)
8. Bordel 1900 (4:32)
9. Milonga Del Angel (3:48)
10. Last Tango For Astor (6:18)

Músicos:
Al DiMeola (guitar);
Dino Saluzzi (bandoneon).

Dowloads:

1 - Hotfile

2 - Rapidshare

Luto no 4 de Julho


John Pilger






Neste ensaio para o New Statesman, Pilger argumenta que enquanto os liberais agora celebram o retorno da América aos seus "ideais morais", mantêm-se silenciosos acerca de um tabu venerável: o do americanismo, uma ideologia que se caracteriza por não se reconhecer como ideologia. O presidente Obama é a sua corporificação.




John Pilger*

A monção entrelaçara-se em espessos novelos de neblina sobre as terras altas centrais do Vietname. Eu era um jovem correspondente de guerra, acampado na aldeia de Tuylon com uma unidade dos US marines cujas ordens era conquistar corações e mentes. "Não estamos aqui para matar", dizia o sargento, "estamos aqui para difundir o Caminho Americano da Liberdade tal como declarado no Manual de Pacificação. Isto destina-se a conquistar os corações e mentes dos sujeitos, como se diz na página 86".

A página 86 era intitulada WHAM ("Winning Hearts And Minds"). A unidade do sargento era chamada uma companhia de acção combinada, o que significava, como ele explicou, "nós atacamos estes sujeitos às segundas-feiras e conquistamos os seus corações e mentes às terças-feiras". Estava a brincar, apesar de não muito. De pé num jipe à beira de um arrozal, anunciou através de um alto-falante: "Venham para fora, toda a gente. Temos arroz, doces e escovas de dentes para dar a vocês".

Silêncio. Nem uma sombra se moveu.

"Agora ouçam, ou vocês bastardos (gooks) saem de onde quer que estejam ou nós vamos aí e apanhamos vocês!"

O povo de Tuylon finalmente saiu e fez fila para receber pacotes de arroz Uncle Ben's Long Grain Rice, barras de chocolate Hershey, balões de festa e vários milhares de escovas de dentes. Três sanitários portáteis com descarga amarela, operados a bateria, foram preparados para a chegada do coronel. E quando o coronel chegou naquela noite, o chefe do distrito foi convocado e os sanitários com descarga amarela foram inaugurados.

"Sr. Chefe do Distrito e todos vocês aqui", disse o coronel, "o que estas prendas representam é mais do que a soma das suas partes. Elas transportam o espírito da América. Senhoras e senhores, não há um lugar sobre a terra como a América. É uma luz orientadora para mim, e para si. Vocês vêm, quando voltamos para casa, consideramo-nos como realmente felizes por ter a maior democracia que o mundo alguma vez conheceu e queremos que vocês, bons sujeitos, participem da nossa boa fortuna".

Thomas Jefferson, George Washington e Davy Crockett ganhavam uma menção. "Farol" era outra favorita e ele evocava a "cidade sobre uma colina" de John Winthrop, os marines aplaudiam e as crianças aplaudiam, sem entenderem nem uma palavra.

Isto era uma lição do que os historiadores chamam o "excepcionalismo", a noção de que os Estados Unidos têm o direito divino de levar o que descrevem como liberdade e democracia ao resto do mundo. Que isto disfarçava simplesmente um sistema de dominação, o qual Martin Luther King, pouco antes do seu assassinato, descreveu como "o maior fornecedor de violência do mundo" era algo indizível.

Como destacou Howard Zinn, o grande historiador do povo, a muito citada descrição de Winthrop da Massachusetts Bay Colony no século XVII como uma "cidade sobre uma colina", um lugar de ilimitada bem aventurança e nobreza, era raramente contrastada com a violência dos primeiros colonos, para os quais queimar vivos uns 400 índios Pequot era uma "alegria triunfante". Os incontáveis massacres que se seguiram, escreveu Zinn, eram justificados pela "ideia de que a expansão americana é divinamente ordenada".

Não há muito, visitei o American Museum of History, parte da celebrada Smithsonian Institution, em Washington, DC. Uma das exposições populares era "O preço da liberdade: Americanos em guerra". Era um feriado e filas de pessoas, incluindo muitas crianças, entravam reverencialmente numa gruta de guerra e conquista onde eram dispensadas mensagens acerca da "grande missão" do seu país. Isto incluía tributos aos "americanos excepcionais que salvaram milhões de vida" no Vietname, onde estavam "determinados a travar a expansão comunista". No Iraque, outras boas almas "utilizavam ataques aéreos de precisão sem precedentes". O que era chocante não era tanto a descrição revisionista de dois dos tremendos crimes dos tempos modernos mas sim a escala de omissão total.

"A história sem memória", declarava a revista Time no fim do século XX, "confina os americanos a uma espécie de eterno presente. Eles são especialmente fracos em recordar o que fizeram a outros povos, em oposição ao que eles lhes fizeram". Ironicamente, foi Henry Luce, fundador da Time, que em 1941 previu o "século americano" como uma "vitória" americana social, política e cultural sobre a humanidade e o direito da "exercer sobre o mundo o pleno impacto da nossa influência, para os propósitos que consideremos adequados e pelos meios que considerarmos adequados".

Nada disto é para sugerir que o orgulho é exclusivo dos Estados Unidos. Os britânicos apresentaram a sua dominação de grande parte do mundo, muitas vezes violenta, como o progresso natural de cavalheiros cristãos a civilizarem os nativos de forma abnegada e os actuais historiadores da TV perpetuam os mitos. Os franceses ainda celebram a sua sangrenta "missão civilizadora". Antes da Segunda Guerra Mundial, "imperialista" era um título político honroso na Europa, ao passo que nos EUA era preferido o de "idade inocente". A América era diferente do Velho Mundo, diziam os seus mitólogos. A América era a Terra da Liberdade, não interessada em conquistas. Mas e quanto ao apelo de George Washington por um "império ascendente" e o de James Madison por "lançar a fundação de um grande império"? E quanto à escravidão, ao roubo do Texas ao México, à sangrenta subjugação da América Central, de Cuba e das Filipinas?

Uma memória nacional comandada destinou isto às margens da história e "imperialismo" foi quase desacreditado nos Estados Unidos, especialmente após Adolf Hitler e os fascistas, com as suas ideias de superioridade racial e cultural, deixaram um legado de culpa por associação. Os nazis, afinal de contas, haviam sido imperialistas orgulhosos e a Alemanha era, também, "excepcional". A ideia de imperialismo, a própria palavra, foi quase expurgada do léxico americano, "com o fundamento de que ela falsamente atribui motivos imorais à política externa do ocidente", argumentou um historiador. Aqueles que persistiam em utilizá-la eram "infames agitadores" e estavam "inspirados pela doutrina comunista", ou eram "intelectuais negros que tinham ressentimentos contra o capitalismo branco".

Enquanto isso, a "cidade sobre a colina" permanecei um farol de voracidade quando o capital estado-unidense começou a realizar o sonho de Luce e a recolonizar os impérios europeus nos anos do pós-guerra. Isto foi a "a marcha da livre empresa". Na verdade, foi conduzida por um boom de produção subsidiada num país não devastado pela guerra: uma espécie de socialismo para as grandes corporações, ou capitalismo de estado, o qual deixava metade da riqueza do mundo em mãos americanas. A pedra fundamental deste novo imperialismo foi colocada em 1944 na conferência dos aliados ocidentais em Bretton Woods, New Hampshire. Descrita como "negociações acerca da estabilidade económica", a conferência marcou a conquista da maior parte do mundo pela América.

O que a elite americana pedia, escreveu Frederic F. Clairmont em The Rise and Fall of Economic Liberalism, "era não aliados mas estados clientes servis. O que Bretton Woods deixou como legado para o mundo foi um plano totalitário letal para a repartição dos mercados mundiais". O Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, o Banco de Desenvolvimento Asiático, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Africano de Desenvolvimento foram com efeito estabelecidos como braços do Tesouro dos EUA e conceberiam e policiariam a nova ordem. Os militares estado-unidenses e seus clientes guardariam as portas destas instituições "internacionais" e um "governo invisível" dos media asseguraria os mitos, disse Edward Bernays.

Bernays, descrito como o pai da era dos media, era o sobrinho de Sigmund Freud. "Propaganda", escreveu ele, "acabou por ser uma palavra má devido aos alemães... de modo que o que fiz foi tentar e encontrar outras palavras [tais como] Relações Publicas". Bernays utilizou teorias de Freud acerca do controle do subconsciente para promover uma "cultura de massa" destinada a promover o medo dos inimigos oficiais e o servilismo ao consumo. Foi Bernays quem, em prol da indústria tabaco, fez campanha para as mulheres americanas assumirem o fumar como um acto de libertação feminista, chamando os cigarros de "tochas da liberdade"; e foi a sua noção de desinformação que aplicada para a derrubada de governos, tal como a democracia da Guatemala em 1954.

O objectivo, acima de tudo, era distrair e desviar os impulsos democráticos e sociais do povo trabalhador. O big business, com a sua reputação pública de uma espécie de máfia, foi elevado à de força patriótica. A "livre empresa" tornou-se uma divindidade. "No princípio da década de 1950", escreveu Noam Chomsky, "20 milhões de pessoas por semana estavam a assistir filmes patrocinados pelos negócios. A indústria do entretenimento foi alistada na causa, retratando os sindicatos como o inimigo, o intruso que rompe a "harmonia" do "American way of life"... Todo aspecto da vida social era visado e permeava escolas, universidades, igrejas e mesmo programas recreativos. Por volta de 1954, a propaganda de negócios nas escolas públicas atingiu a metade da quantia gasta com manuais escolares.

O novo "ismo" era americanismo, uma ideologia cuja distinção é negar que seja uma ideologia. Recentemente, vi o musical de 1957 Silk Stockings, estrelado por Fred Astaire e Cyd Charisse. Entre as cenas de dança maravilhosas e uma actuação de Cole Porter havia uma série de declarações de lealdade que aquele coronel no Vietname poderia muito bem ter escrito. Eu havia esquecido quão bruta e penetrante era a propaganda; os soviéticos nunca poderiam competir. Um juramento de lealdade para com todas as coisas americanas tornava-se um compromisso ideológico aos gigantes dos negócios: desde o negócio de armamentos e guerra (o qual consome 42 centavos de cada dólar hoje) ao negócio dos alimentos, conhecido como "agripower" (o qual recebe US$157 mil milhões por ano em subsídios do governo).

Barack Obama é a corporificação deste "ismo". Desde os seus primeiros tempos na política, o tema infalível de Obama tem sido não "mudança", o slogan desta campanha presidencial, mas o direito de a América dominar e ordenar o mundo. A partir dos Estados Unidos, afirmou ele, "conduzimos o mundo na batalha aos males imediatos e pela promoção do bem final... Devemos conduzir pela construção de uma força militar do século XXI para assegurar a segurança do nosso povo e o avanço da segurança de todos os povos". E: "Em momentos de grande perigo no século passado os nossos líderes asseguraram que a América, pelos feitos e pelo exemplo, conduzisse e levantasse o mundo, que nos sustivéssemos e combatêssemos pelas liberdades procuradas por milhares de milhões de pessoas para além das suas fronteiras".

Desde 1945, pelos feitos e pelo exemplo, os EUA derrubaram 50 governos, incluindo democracias, esmagaram 30 movimentos de libertação e apoiaram tiranias desde o Egipto até a Guatemala (ver histórias de William Blum). Bombardeamento é torta de maçã. Tendo apinhado o seu governo de belicistas, compadres da Wall Street e poluidores das eras Bush e Clinton, o 45º presidente está meramente a manter a tradição. A farsa dos corações e mentes que testemunhei no Vietname é hoje repetida em aldeias no Afeganistão e, por procuração, no Paquistão, as quais são guerras de Obama.

No seu discurso de aceitação do Prémio Nobel de Literatura de 2005, Harold Pinter notou que "todos sabem que terríveis crimes foram cometidos pela União Soviética no período do pós guerra, mas "os crimes dos EUA no mesmo período foram apenas superficialmente registados, muito menos documentados, muito menos admitidos, muito menos reconhecidos como crimes". É como se "isto nunca aconteceu. Nada alguma vez aconteceu. Mesmo enquanto estava a acontecer, não estava a acontecer. Você tem de apoiar a América... mascará-la como força para o bem universal. É um acto de hipnose brilhante, mesmo astuto, altamente bem sucedido".

Quando Obama enviou drones [1] para matar (desde Janeiro) uns 700 civis, distintos liberais rejubilaram porque a América é mais uma vez uma "nação de ideais morais", como Paul Krugman escreveu no New York Times. Na Grã-Bretanha, a elite viu há muito na excepcional América um lugar permanente para a "influência" britânica, embora como serviçal ou fantoche. O historiador pop Tristram Hunt diz que a América sob Obama é uma terra "onde os milagres acontecem". Justin Webb, até recentemente o homem da BBC em Washington, refere-se reverencialmente, um tanto como o coronel no Vietname, à "cidade sobre a colina".

Para além desta fachada de "intensificação do sentimento e degradação do signficado" (Walter Lippman), os americanos comuns estão a agitar-se talvez como nunca antes, como que a abandonar a deidade do "Sonho Americano" de que a prosperidade é uma garantia com trabalho árduo e parcimónia. Milhões de emails irados provenientes de pessoas comuns inundaram Washington, exprimindo uma indignação que a novidade de Obama não acalmou. Ao contrário, aqueles cujos empregos desapareceram e cujos lares são retomados vêem o novo presidente a premiar bancos desonestos e uma obesa força militar, no essencial a proteger o terreno de George W. Bush.

Minha suposição é que um populismo emergirá dentro de poucos anos, ateando uma força poderosa que jaz sob a superfície da América e que tem um passado orgulhoso. Não posso prever que caminho irá tomar. Contudo, a partir de um autêntico americanismo de raiz veio o sufrágio das mulheres, o dia de oito horas, o imposto escalonado sobre o rendimento e a propriedade publica. No fim do século XIX, os populistas foram traídos pelos líderes que os pressionaram ao compromisso e fundiram-se com o Partido Democrata. Na era Obama, a familiaridade disto ressoa.

O que é mais extraordinário acerca dos Estados Unidos de hoje é a rejeição e o desafio, em tantas atitudes, à propaganda histórica e contemporânea que tudo permeia do "governo invisível". Inquéritos críveis confirmaram há muito que mais de dois terços dos americanos mantêm pontos de vista progressistas. A maioria quer que o governo cuide daqueles que não podem cuidar-se a si próprios. Eles pagariam impostos mais altos para garantir cuidados de saúde para toda a gente. Querem completar o desarmamento nuclear, 72 por cento quer que os EUA finalize as suas guerras coloniais; e assim por diante. São informados, subversivos e até "anti-americanos".

Certa vez pedi a uma amiga, a grande correspondente de guerra americana Martha Gelhorn, a explicar-me a expressão. "Vou dizer-lhe o que é 'anti-americano' ", disse ela. "É ao que os governos e os interesses a ele ligados chamam aqueles que honram a América ao objectarem à guerra e ao roubo de recursos e acreditarem em toda a humanidade. Há milhões destes anti-americanos nos Estados Unidos. Eles são pessoas ordinárias que pertencem à elite e que julgam o seu governo em termos morais, embora chamem a isso decência comum. Não são pessoas fúteis. São as pessoas com consciência desperta, o melhor dos cidadãos americanos. Pode-se confiar neles. Estavam no Sul com o movimento dos direitos civis, acabando com a escravatura. Estavam nas ruas a exigir o fim das guerras na Ásia. Certamente desapareceram da vista agora e então, mas são como sementes debaixo da neve. Eu diria que eles são realmente excepcionais".


[1] Drones: Aviões sem piloto que os EUA estão a utilizar no Afeganistão e Paquistão para disparar mísseis contra populações civis.


Adaptado do discurso "Império, Obama e o último tabu", de John Pilger, na conferência Socialism 2009, em San Francisco, a 04 de Julho.


* Jornalista australiano

O original encontra-se em http://www.johnpilger.com/page.asp?partid=539

Este artigo foi publicado em resistir.info .

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Divulgando...

Assista ao Fórum da Cultura

Eduardo Guimarães


Nesta sexta-feira, 31 de julho, em auditório improvisado no saguão do prédio da Fiesp/Sesi, na avenida Paulista, em São Paulo, à partir das 15 horas, teve lugar um debate público com o ministro da Cultura, Juca Ferreira.

A convite da jornalista Lia Rangel (ex-Roda Viva, da TV Cultura, onde fazia excelentes entrevistas de “bastidores” com entrevistados e entrevistadores e a quem conheci quando me convidou para participar de um dos programas) participei desse evento e nele pude fazer minhas colocações e um questionamento importantíssimo ao ministro por conta da Conferência Nacional de Comunicação, que terá lugar no fim deste ano, quando serão discutidos temas candentes como a concentração da propriedade midiática, sobretudo da eletrônica, e, acima de tudo, para onde continuarão indo as verbas oficiais que irrigam a comunicação brasileira.

O vídeo acima é longo, porém de excelente qualidade. Minha participação, mais correlata aos assuntos dos quais tratamos aqui, acontece aos 38 minutos do vídeo e se estende por cerca de três minutos. À minha manifestação seguem-se duas questões correlatas de outros dois blogueiros, que, como eu e mais umas duas dezenas, foram convidados pela jornalista para o evento. Em seguida, um membro do ministério da Cultura responde, sendo novamente aparteado por mim (porém, sem que, desta vez, minha voz e imagem apareçam no vídeo) sugerindo-lhe uma campanha publicitária anunciando a Conferência Nacional de Comunicação, sugestão à qual acedeu. Por fim, aos 50 minutos de vídeo, o próprio ministro da Cultura aborda minha questão e, fora do vídeo, faço alguns apartes que ele responde depois de concordar com suas premissas.

Contudo, quem tiver coragem e paciência para assistir às mais de duas horas totais do vídeo, com certeza entenderá o que se quer dizer com Cultura Digital, tema de uma importância e de uma abrangência que, como o vídeo mostrará a quem assisti-lo atentamente, são muito maiores do que pode supor nossa vã filosofia.

Para localizar algum ponto específico do vídeo, há que clicar com o cursor do mouse pelos diversos pontos da barra de progresso e atentar para o contador de tempo no canto inferior direito da tela. Como exemplo, para localizar minha fala, aos 38 minutos, há que localizar, no contador, a posição 00:38:00. Demora alguns segundos para aparecer a nova contagem.

Espero que assistam. Travaram-se ali discussões importantíssimas para o futuro da comunicação no Brasil.