segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Povo vai a luta...

Mobilizações populares




Frei Betto
- Correio da Cidadania

Desde 10 de agosto, mais de 3 mil trabalhadores sem-terra se encontram acampados em Brasília para, de novo, alertar o governo federal sobre uma questão que, outrora, foi considerada prioritária pelo PT: a reforma agrária.

O mundo gira, a Lusitana roda, e hoje muita coisa parece virada de cabeça para baixo: quem fazia oposição a Sarney o defende; quem gritava "fora Collor" o elogia; quem exigia reforma agrária exalta o agronegócio. E, apesar das políticas sociais, 31 milhões de brasileiros (as) continuam a sobreviver na miséria. E a violência dissemina o medo por nossas cidades.

A manifestação dos sem-terra reivindica do governo muito pouco, sobretudo se comparado aos incentivos oficiais concedidos a empresas que degradam a Amazônia e a usineiros que, em latifúndios, mantêm trabalhadores em regime de semiescravidão.

É urgente assentar mais de 100 mil famílias sem-terra acampadas pelo país afora, sobrevivendo em barracas de plástico preto à beira de estradas. E cuidar das 40 mil famílias assentadas virtualmente, apenas no papel, pois aguardam, há tempo, recursos para investirem em habitação, infra-estrutura e produção. Nos últimos seis anos foram financiadas apenas 40 mil casas no meio rural. Também as escolas rurais necessitam, urgente, de recursos.

O Brasil não tem futuro sem mudar sua estrutura fundiária. Nas três Américas, apenas Brasil e Argentina jamais fizeram reforma agrária. O detalhe é que somos um país de dimensões continentais, com 600 milhões de hectares cultiváveis.

Dois problemas crônicos encontrariam solução se nosso país não tivesse tanta terra ociosa, como se constata ao viajar por nossas estradas ou sobrevoar nosso território: o desemprego e a violência urbana. Os países desenvolvidos, como os EUA e a Europa Ocidental, com territórios bem menores que o nosso, conseguem obter alta produtividade no campo, sem que haja latifúndio. Há, sim, grande incentivo à agricultura familiar.

O governo federal deve à nação a atualização dos índices de produtividade das propriedades rurais, intocados desde 1975. Por exigência constitucional tais índices deveriam ser revistos a cada dez anos. Eles são utilizados para classificar como produtivo ou improdutivo um imóvel rural e agilizar, com transparência, a desapropriação das terras para efeito de reforma agrária.

O Ministério do Planejamento deve às famílias sem terra o descontingenciamento de R$ 800 milhões do orçamento do Incra previsto no orçamento de 2009. Esse recurso permitirá a obtenção de terras e aplicação no passivo dos assentamentos.

Durante o período de acampamento, que se encerra no próximo dia 21, estão previstos também debates sobre conjuntura agrária, clima e meio ambiente, energia, Previdência Social, juventude, comunicação, gênero e raça, além de atividades culturais e ato em comemoração aos 25 anos do MST.

Está marcada para dia 15 a jornada nacional de lutas contra a crise, uma mobilização de trabalhadores e desempregados, em todo o país, para assegurar manutenção do emprego, melhores salários, ampliação dos direitos, redução das taxas de juros e investimentos em políticas sociais.

Em 19 de agosto, movimentos sociais, estudantis e sindicais se reunirão em Brasília em defesa do petróleo, para reivindicar um novo marco regulatório para a produção energética do país.

E no dia 7 de setembro, em todo o Brasil, o 15º Grito dos Excluídos, promovido por várias entidades, inclusive a CNBB, terá como tema "Vida em primeiro lugar – a força da transformação está na organização popular".

A manifestação, que imprime caráter cívico à data da independência do Brasil, tem por objetivo arrancar a população do imobilismo e ressaltar a importância de se fortalecer os movimentos sociais para consolidar nossa democracia e conquistar soberania.

A democracia não pode se restringir a eleições periódicas que, por enquanto, permitem inclusive a candidatura de corruptos e réus de processos comuns. À democracia política é preciso aliar a econômica, de modo a reduzir a desigualdade social que envergonha o Brasil. Só assim conquistaremos o direito de ser um povo feliz.

Frei Betto é escritor, autor de "A mosca azul – reflexão sobre o poder" (Rocco), entre outros livros.

Tom Zé - Correio da Estação do Brás (1978)




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Créditos: UmQueTenha

Os deputados britânicos entregam um relatório demolidor sobre o Afeganistão


Parlamento britânico
“Ao fim de oito anos de presença neste país, as forças internacionais, dirigidas pela NATO desde 2003, estão longe de ter atingido os resultados pretendidos, principalmente por causa da «falta de uma estratégia coerente baseada nas realidades da história, da cultura e da política do Afeganistão», de acordo com esse relato tornado público no domingo, dia 2 de Agosto”.

Le Monde - 17.08.09

Os deputados britânicos acabam de fazer um relatório esmagador sobre a missão militar internacional no Afeganistão. Ao fim de oito anos de presença neste país, as forças internacionais, dirigidas pela NATO desde 2003, estão longe de ter atingido os resultados pretendidos, principalmente por causa da «falta de uma estratégia coerente baseada nas realidades da história, da cultura e da política do Afeganistão», de acordo com esse relato tornado público no domingo, dia 2 de Agosto.

A comissão dos assuntos externos da câmara dos Comuns põe em causa «a importante falta de sensibilidade cultural» de alguns militares da coligação, cujos danos «serão difíceis de reparar». É de opinião que «os erros evitáveis, assim como as reacções impensadas, a dispersão ou os atropelos nas tomadas de decisões tornam actualmente” a tarefa muito mais difícil. Os deputados estão preocupados sobretudo com os problemas suscitados pelo uso da força aérea pelo exército americano, sublinhando que os tiros de mísseis dos aviões telecomandados americanos sobre objectivos situados no Paquistão “comprometeram a reputação dos Estados Unidos”.

"PLANIFICAÇÃO IRREALISTA"


O relato lamenta também que o esforço de guerra não esteja mais bem repartido entre os vários países. A reputação da NATO enquanto aliança militar poderá ser “fortemente abalada” se não houver uma repartição mais justa do esforço, acham os seus autores, “A incapacidade de alguns dos países para contribuir para que o fardo seja repartido exerce uma tensão inaceitável sobre uma meia dúzia de países”, insistem.

Quanto ao posicionamento britânico na província de Helmand, é prejudicado por uma “planificação irrealista ao mais alto nível” e por uma “falta de coordenação entre os serviços de Whitehall [o governo]”. Os soldados britânicos foram enviados para o Iraque para combater o terrorismo internacional, ou dedicam-se presentemente a objectivos como a luta contra o tráfico de drogas e a insurreição, sublinha o relatório que lamenta a ausência de “orientações claras” (ler também o artigo do Guardian sobre este tema).

Este relatório foi publicado num período difícil para o governo de Gordon Brown, cuja acção no Afeganistão é fortemente criticada por causa da explosão de baixas nas fileiras britânicas. O mês mais mortífero, desde o início do conflito, para o exército britânico foi o mês de Julho, com 22 soldados mortos e numerosos feridos, recorda o site do Times.

RECEIOS DE VIOLÊNCIAS PÓS-ELEITORAIS

O Afeganistão assiste a um reacender da violência numa altura em que se perfilam as eleições presidenciais e provinciais a 20 de Agosto. Neste fim-de-semana foram mortos em ataques dos insurrectos, cinco soldados da NATO, dos quais três americanos e um francês. Só no sábado, foram mortos no sul e no norte do país dezanove afegãos, dos quais doze insurrectos, três polícias e quatro soldados.

E o governo afegão receia presentemente tumultos pós-eleitorais semelhantes aos que ocorreram no Irão. “O ministério do interior reagirá com firmeza contra todos os que tentarem impor a sua vontade pelas armas (…) ao povo do Afeganistão”, foi o anunciado num comunicado difundido no domingo.



Este texto foi publicado no diário francês Le Monde

Tradução de Margarida Ferreira

O Intervozes e a Confecom: hora de avançar para nova fase

do portal vermelho


No dia 13 de agosto, a maioria das entidades empresariais que integrava a Comissão Organizadora Nacional (CON) da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) abandonou a instância. O Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social estranha a justificativa da saída apontada pelos empresários em nota à imprensa, segundo a qual a defesa de princípios constitucionais como “a livre iniciativa, a liberdade de expressão e o direito à informação e à legalidade” teria encontrado resistência junto a outros interlocutores no interior da Comissão.

Em nenhum momento do processo qualquer entidade ou ente público da Comissão Organizadora foi contra a defesa da Constituição Federal. Ao contrário, as entidades sociais reforçaram que, além dos princípios elencados pelos empresários, deveriam constar outros igualmente estabelecidos na Carta Magna, como a promoção da produção regional e independente no rádio e na TV, a proibição de monopólio e oligopólio neste setor, o respeito aos direitos humanos e a complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal. Dispositivos estes que não foram incluídos no rol de premissas apresentado.

Partindo destes fatos, consideramos importante, para esclarecer o episódio em questão, problematizar a justificativa apresentada pelas entidades empresariais que se ausentaram da Comissão Organizadora. Afirmamos enfaticamente que não aceitamos a atribuição do rompimento ocorrido nessa quinta-feira à postura ou às propostas das entidades sociais.

Estranhamos a alegação dos representantes do setor empresarial de que “não têm interesse algum em impedir a livre realização da Confecom”. É de conhecimento público as seguidas tentativas dos empresários de embarreirar os debates no interior da CON, bem como as articulações para cancelamento e o não comparecimento em reuniões decisivas da Comissão. É contraditório que aqueles preocupados em não “impedir a livre realização da Conferência” tenham sido os principais responsáveis pelo atraso de quase dois meses para aprovação do regimento interno.

O fato de parte significativa dos empresários ter saído da Comissão Organizadora é lamentável. No entanto, consideramos que este episódio, de maneira alguma, diminui a importância e a legitimidade do Confecom como marco do debate sobre as políticas públicas para as comunicações. A Conferência segue sendo um mecanismo de participação popular fundamental para construir um conjunto de propostas visando reformar o marco institucional das comunicações brasileiras à luz do processo de convergência tecnológica com o foco da promoção da democratização dos meios de comunicação.

Ainda que fora da Comissão Organizadora, reconhecemos a importância da participação dos empresários na Confecom como uma oportunidade histórica de travarem um debate aberto, franco e democrático sobre o futuro das comunicações no país com o conjunto da população e do Estado brasileiro.

Porém, com sua saída da organização do processo, as propostas em discussão sobre a proporção dos delegados e o quórum para as votações devem ser totalmente reestruturadas. Tais propostas, tal como foram apresentadas até agora, desvirtuam a natureza do espaço democrático que representam as conferências, conferem a um setor uma presença totalmente desproporcional à sua representação real na sociedade e, acima de tudo, contradizem profundamente toda a trajetória deste governo no esforço de fortalecer a participação popular nos espaços decisórios e formuladores de políticas públicas.

Uma dessas propostas diz respeito à composição dos delegados para a Conferência. Na avaliação do Intervozes e de dezenas de organizações que estão construindo a Confecom em âmbito nacional e estadual, não há qualquer justificativa razoável para que os empresários do setor tenham garantidos, de antemão, 40% do universo dos delegados e delegadas da Conferência, cabendo à sociedade civil não empresarial a mesma cota e, aos entes do poder público, 20%.

Nas mais de cinqüenta conferências realizadas de 2003 até hoje não existe qualquer precedente neste sentido. Levantamento realizado sobre a questão pelo Intervozes comprovou que o máximo percentual já reservado aos empresários em conferências foi de 30%, caso único da conferência de meio ambiente. Nem na sociedade brasileira, nem no Congresso Nacional, onde já se observa uma sobre-representação dos donos da mídia em relação à população, o setor empresarial tem um peso tão expressivo quanto o que se lhe pretende reservar na Confecom.

Tal proposta de composição torna-se ainda mais estranha ao espírito das conferências diante da constatação de que as posições das empresas de comunicação já são inegavelmente hegemônicas em toda a história da regulação do setor no Brasil. Atestam isso os exemplos os processos de elaboração do Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT), da Constituição de 1988, da elaboração da lei da radiodifusão comunitária e da Lei de Concessões, que exclui a radiodifusão da regulamentação das outorgas para serviços públicos. Somam-se a estes casos os episódios da privatização das empresas de telefonia, a abertura ao capital estrangeiro nas empresas jornalísticas, a definição do sistema de TV digital adotado no país e a discussão sobre as propostas natimortas da Agência Nacional do Audiovisual (Ancinav) e do Conselho Federal de Jornalismo.

No tocante à proposta de quórum qualificado de 60% para aprovação de “temas sensíveis”, consideramos que a mesma, somada à reserva de 40% dos delegados para o setor empresarial, na prática, conferirá um poder de veto a toda e qualquer proposta que gerar polêmica e representar a mínima ameaça à hegemonia dos grupos dominantes na comunicação brasileira. Ademais, consideramos impertinente a distinção de “temas sensíveis”, uma vez que tradicionalmente não há qualquer tipo de diferenciação no tratamento de votações sobre qualquer assunto em conferências nacionais.

Estas iniciativas, independentemente da correlação de forças políticas nos respectivos campos, são instrumentos de democracia participativa que visam promover o direito humano à participação política. Distorcer os princípios básicos desse instrumento – como a participação majoritária da sociedade civil e o poder deliberativo por maioria – significa restringir e marginalizar o poder de incidência da sociedade civil não empresarial no processo, desde as etapas municipais até a nacional. Isso resumirá a Confecom a uma grande mesa de negociação, onde as cúpulas dos principais atores políticos decidirão o que pode se tornar resolução ou não.

É hora de inaugurarmos uma nova fase no processo da I Conferência de Comunicação. A conclusão do regimento nacional faz-se urgente. Somente sua publicação imediata pode minimizar os danos provocados pela intransigência dos empresários e pela tentativa de negociação levada a cabo pelo governo ao calendário das etapas preparatórias e estaduais, bem como à própria divulgação do processo da Conferência e dos importantes debates que ela deve ensejar.

Espera-se, portanto, que, uma vez retiradas as demandas do segmento empresarial, os termos do regimento sejam ajustados para prever a maior e mais democrática participação de todos os setores da sociedade. Na avaliação do Intervozes, esta deve ser agora uma das bandeiras das entidades envolvidas no processo hoje reunidas em torno da Comissão Nacional Pró-Conferência e das 24 Comissões Estaduais em funcionamento no país. É a democracia brasileira que está em jogo.

Fonte: Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

domingo, 16 de agosto de 2009

Poema-denúncia

Poesia da Tania Marques que tem tudo a ver com o que defendemos: a liberdade de expressão e o fim da dominação midiatica efetuada hoje no Brasil e no mundo pela midia corporativa.


















Fonte da imagem:

worlddy.files.wordpress.com/2009/06/censura1.jpg
artedesign.wordpress.com


Grito por liberdade

de expressão
Censura camuflada
Corruptos abafados
Não deixemos
calar a voz
daqueles que proferem
aos outros
o que a corja
de parasitas
esconde
atrás do
pano

Tânia Marques

Cursos de Esperanto...

Por indicação do professor Edney Mesquita, estamos indicando alguns cursos de Esperanto, pelo Brasil e pela internet, bem como deixando um link de um programa(aqui) que visa facilitar o aprendizado da lingua. As dicas abaixo foram retiradas do sitio www.esperanto.org.br

Cursos Presenciais no Brasil:

Informações sobre cursos de Esperanto em classe poderão ser obtidas na entidade esperantista da sua cidade ou estado. Para os cursos comunicados à liga, Clique em Cursos de Esperanto (menu principal)

Pela Internet:

  • Curso CER

Curso de Esperanto pela Rede (básico, com monitoria)

http://www.aleph.com.br/kce/cer.htm

CER é o primeiro curso gratuito de Esperanto em português, pela internet, com professores que corrigem as licões e que tem se mantido gratuito ao longo de seus nove anos de existência. É um curso básico que opera no ambiente de sala e ensino virtual a distância criado e mantido pela UNICAMP.

  • Curso de Esperanto de Carlos Pereira

(básico, gratuito, sem monitoria)
http://www.kurso.com.br

Curso básico em apenas 12 Lições. Exercícios de pronúncia e compreensão oral. Músicas MP3 - Aprenda cantando! Exercícios variados, para fixação do conteúdo. Correção dos exercícios de tradução (opcional). Versões - Windows e Linux (em mais de 30 idiomas)

  • LERNU.NET

http://www.lernu.net

Uma opção interessante de aprendizagem na Internet, com muitas ferramentas de ensino. Textos para leitura e uma boa quantidade de exercícios para evoluir no Esperanto.

Outros métodos

  • Curso em fitas de vídeo

A TV Bandeirantes do Rio de Janeiro, no ano 2002, transmitiu o programa Gotas de Esperanto . Trata-se de um curso elaborado e conduzido pelo Prof. Sylla Chaves, constando de 6 fitas. Encomende-o na libroservo da Liga Brasileira de Esperanto.

  • Curso em livro

Para os autodidatas ou para estudo em sala, são indicados os seguintes livros:

  • Esperanto para Principiantes + CD do Professor Aloísio Sartorato;
  • Esperanto sem Mestre de Francisco Valdomiro Lorenz
  • Esperanto Conversacional - Curso básico do Prof. Jair Salles

Há muito mais opções de livros na libroservo da Liga Brasileira de Esperanto

Educação Socialista na Venezuela....

Hugo Chavez promulgou hoje a nova LDB da Venezuela.

Com uma grande assistência de jovens, estudantes, universitários, trabalhadores e cidadãos em geral, o Presidente da Republica Bolivariana da Venezuela promulgou e deu inicio a recem aprovada Lei Organica de Educação(LOE), em uma cerimonia especial desde a sala Rios Reyna do complexo cultural Teatro Teresa Carrenõ.
Em transmissão nacional do sistema de Radio e Televisão Venezuelana, o Chefe de Estado, esteve presente juntamente com a deputada Maria de Queipo, a presidenta da Assembleia Nacional Cilia Flores e o Ministro de Educação Hector Navarro. Veja o video abaixo:


Chico Buarque - Paratodos (1993)




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Créditos: UmQueTenha

A noite dos zumbis da RBS

Quem estará por trás dessa onda alarmista sobre a gripe A??
- A industria que fabrica o tamiflu?
- o PIG(partido da mídia golpista) fazendo associação com o governo Lula?
- O PRBS(partido da RBS) tentando desviar atenção sobre a lama de corrupção que se encontra o (des)governo de YRC??
Veja a matéria do sitio NovaE

Um design sensacionalista, em que rostos desesperados como zumbis surgem em agonia. Desta forma o grupo RBS criou o especial sobre a gripe A, em que o jornalismo como prestação de serviço fica em segundo plano, em nome da disseminação do terror. Nem "O Globo" faria "melhor". Não é só o visual. De cara, a chamada principal revela o tom de todo o hot site. "As mortes no Brasil e nos Estados". Depois, de uma forma macabra, a ficha de cada vítima: nome, internação, contágio, morte e condição de saúde. De arrepiar. A seguir, é um derramar daquilo que já circula na Internet e que está sendo a panaceia dos alarmistas de plantão, do quanto pior, melhor. O sentimento que você tem ao sair do especial RBS é de fim de mundo. Desespero, em que nada você pode fazer senão esperar o próprio fim, sem mesmo aprender alguma coisa. Aliás, um ensinamento transborda de toda esta situação: é nessas ondas que envolvem toda a sociedade que percebemos, mais uma vez, quem sabe ou não fazer jornalismo. (Manoel Fernandes Neto)

Os latifúndios da informação

Do blog Velho Comunista

Traduzido por J.A. Pina/R.Maciel

Na América Latina, alguns grupos e famílias poderosas controlam a mídia, fechando e bloqueando o espaço político e democrático. Uma hegemonia que os governos progressistas eleitos democraticamente querem atacar em profundidade.

No continente latino-americano começou uma mudança política que tenta romper com um passado de submissão às regras impostas por Washington e pelo FMI. Os novos governos têm dado um giro progressista, com moderação, conforme falamos de um grupo mais radical que inclui a Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua ou países como Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai ou inclusive Honduras.

A oposição reage de maneira diferente segundo os casos, não duvidando às vezes em escolher formas violentas como as tentativas separatistas na Bolívia ou o golpe de Estado em Honduras. A direita tem na imprensa um aliado que suaviza freqüentemente as debilidades de um setor que perdeu sua credibilidade. A direita e grandes grupos de comunicação denunciam censura, ataques à liberdade de expressão quando Rafael Correa no Equador, ou Hugo Chávez na Venezuela nacionalizam uma cadeia de televisão ou quando na Argentina Cristina Fernández propõe uma lei audiovisual que substituiria à herdada da ditadura de 1976. O que ocorre realmente?

A América Latina é a única zona do mundo onde a economia está concentrada nas mãos de um punhado de grupos de operam no agronegócio, na indústria e na informação. No que se refere a esta última, se constata que algumas famílias, Azcárraga, Slim no México, Noble na Argentina, controlam a imprensa escrita, audiovisual, internet, as editoras; em Honduras quatro grupos repartem o espaço informativo, o mesmo ocorre na Colômbia onde opera a família Santos da qual dois de seus membros estão no governo de Álvaro Uribe (um é vice-presidente, o outro deixou a pasta da Defesa para por em marcha sua campanha presidencial para 2010). Este fenômeno deu nascimento à expressão “latifúndios da informação”. Na ausência de legislação clara, a imprensa utiliza meios pouco compatíveis com a ética, ameaçando deste modo inclusive o direito dos cidadãos à informação. No que se refere a Honduras, os telespectadores da América Latina só receberam nos primeiros dias do golpe as imagens da CNN que mostravam manifestações e opiniões favoráveis aos golpistas, antes de ver as reportagens da Telesur criada pelo governo venezuelano como alternativa ao monopólio privado; no entanto, esta última não chega a todos os países.

Na Venezuela, durante o último referendum que modificava a Constituição, um estudo mostra que 76% das informações se inclinavam para o “não” à reforma proposta pelo governo contra 22% favorável ao “sim”, "não", que finalmente ganhará. E recordamos o apoio da mesma imprensa ao golpe de Estado contra o presidente Chávez em 2002. Na Bolívia, a imprensa escrita em sua quase totalidade apóia à oposição representada pelos grandes proprietários de terras do leste, que tentam impor a divisão do país. No Peru, durante as eleições presidenciais, a maioria da imprensa apoiou no primeiro turno aos candidatos da direita antes de apoiar ao socialdemocrata Alan García no segundo turno contra o candidato indigenista que lembrava a Evo Morales ou a Rafael Correa. Na Argentina, a imprensa escrita e audiovisual que pertence 85% aos grupos privados foi a ponta de lança da oligarquia agrária desejosa de baixar as taxas de exportação, durante o conflito que opunha este setor ao governo. E se recordará o papel representado no passado pelo Mercurio no Chile em 1973, incitando e apoiando o golpe de Estado do general Pinochet.

Em resposta, Rafael Correa propõe a criação de um organismo de controle que permita proteger o direito à informação do cidadão. Convém precisar quais seriam suas atribuições e seu campo de ação. No Paraguai, o presidente Lugo criou a primeira agencia nacional de imprensa como contraponto aos meios privados.

Estes fatos traduzem a inquietude dos governantes eleitos democraticamente, que recorrem seguidamente ao referendum popular, cuja política é, no entanto, posta em julgamento por um poder não eleito que extrai sua legitimidade de seu domínio nas esferas da informação. Estes grandes grupos de imprensa denunciam ataques à liberdade de expressão, recebendo freqüentemente o apoio de seus colegas europeus, quando se burla o direito a uma liberdade de expressão minimamente equilibrada que estes meios violam na ausência de qualquer organismo de regulamentação.

Todo-poderosos até hoje, os latifúndios da informação se encontram em oposição á vontade de governos desejosos de romper com sua hegemonia. Este aspecto de enfrentamento faz parte de uma luta muito mais ampla pelo pluralismo da informação e por uma verdadeira democratização da sociedade.
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Original em L'Humanité