domingo, 8 de novembro de 2009

Que saudades desse tempo....

Faço minhas  as palavras do rico texto da Elaine que sintetiza minha(nossa), angústia perante o que vemos hoje nos movimentos,  ditos sociais, mas atrelados a acomodação daqueles militantes historicos e construtores de uma nova caminhada. Para não ficar repetitivo, leiam o texto dela:


As lutas populares o financiamento

Elaine Tavares


Eu lembro quando era bem menina e fazíamos campanha para os chamados anticandidatos do MDB. Era a ditadura militar e tudo se fazia escondido. Ainda assim, num mutirão de poucas pessoas recolhia-se dinheiro e faziam-se os panfletos que eram empurrados por baixo das portas durante a madrugada. Depois, no final dos anos 70, quando se começou a construção da CUT e do PT, os lutadores sociais faziam a mesma coisa. Era uma romaria com o chapéu para gente ir a encontros, reuniões, para organizar o povo. Todo o financiamento da luta era feito pelos próprios trabalhadores, pela gente em movimento. Ninguém media esforço. Era brechó, venda de disco, de livro velho, de tudo o que se podia imaginar, e na solidariedade de classe, íamos construindo o sonho da anistia, da democracia, da libertação.
Naqueles dias, as coisas também eram feitas por nossas próprias mãos. As faixas de papel, a cola de farinha, as tintas malucas para as pichações nos muros. Jamais se pensaria em pagar alguém para produzir um panfleto. Tudo era artesanalmente produzido, com os talentos que arrebanhávamos nas fileiras da luta. E, na azáfama de fazer acontecer, se dava a mística da solidariedade, da partilha, da cooperação.Hoje os tempos mudaram, os velhos militantes apaixonados assumiram postos de mando nos sindicatos, nas centrais, nos partidos e tudo perdeu a sua aura. Agora, para não se perder tempo, os materiais de divulgação e propaganda são feitos por assessores, as faixas são terceirizadas e parece que todo mundo fica paralisado quando não há dinheiro para fazer as coisas.Outro dia, durante uma discussão sobre a Conferência Nacional de Comunicação, a qual acredito que não servirá para nada, a não ser respaldar os desejos dos grandes empresários da comunicação, sugeri que fizéssemos uma conferência paralela, assim, com as nossas regras e não com as que foram impostas pelos empresários. Foi interessante observar a reação dos lutadores. A idéia soou como um completo absurdo. “Como vamos trazer as pessoas do interior?” “Como vamos alugar um lugar para o encontro? E onde as pessoas vão dormir? E todos os custos, quem vai bancar?” Perguntas tolas, diante da grandiosidade da liberdade...
Então eu lembrei a todos daqueles dias em que nós movíamos o mundo sem grana dos sindicatos, sem ajuda das fundações estadunidenses, sem grana do governo. Nós construímos partidos, centrais, mudanças importantes. Nós fizemos coisas demais com o financiamento dos próprios trabalhadores, com gente dormindo na nossa cama, comendo nossa comida, dividindo as parcas economias. Mas, naqueles dias, nós éramos movidos por uma paixão infinda, um desejo abissal de mudar o mundo e nossa pobreza jamais foi obstáculo para nada.
Hoje vejo alguns lutadores com ares de saciedade, descansando nos aparelhos, aceitando dinheiro das fundações estrangeiras, esperando migalhas do governo e, por conta disso, se rendendo às regras impostas pelos patrões.Eu repilo isso. Tenho nojo e ódio. Quero de volta a luta renhida, feita por nós mesmos, financiada por nós mesmos, na solidariedade, no amor. Quando ninguém nos impunha pautas e ninguém nos infligia regras. Éramos livres! Pois quero outra vez essa liberdade... Ou nada!

Nas estepes da Mongólia
Uma vitória transcendente do internacionalismo


Luis Carapinha “Na historiografia ocidental são raras as referências à batalha travada junto ao rio Khalkhin-Gol entre Maio e Setembro de 1939. A severa derrota ali infligida pelas tropas conjuntas da Mongólia Popular e da União Soviética ao exército de Kwantung do Japão imperialista permanece amplamente ignorada, tal como o significado da curta mas intensa guerra de Khalkhin-Gol”.
Luís Carapinha* - www.odiario.info


Na historiografia ocidental são raras as referências à batalha travada junto ao rio Khalkhin-Gol entre Maio e Setembro de 1939. A severa derrota ali infligida pelas tropas conjuntas da Mongólia Popular e da União Soviética ao exército de Kwantung do Japão imperialista permanece amplamente ignorada, tal como o significado da curta mas intensa guerra de Khalkhin-Gol. Facto ainda mais sonante porque contrasta com a vastíssima campanha ideológica de deturpação e revisão da história do século XX, visando extirpá-la dos seus avanços revolucionários e libertadores e denegrir e apagar o papel dos comunistas e da URSS, hoje empreendida. Campanha de cariz anticomunista que ultrapassa todos os limites imagináveis num passado recente, chegando ao ponto de pôr em causa as próprias decisões do Tribunal de Nuremberga [1].

E, contudo, na véspera do início da II Guerra Mundial o desaire do militarismo japonês naquela região remota da Mongólia oriental junto à fronteira chinesa da Manchúria – que desde 1931 se encontrava sob a ocupação do regime fascista nipónico – haveria de exercer uma influência profunda no próprio curso da mais destrutiva guerra de sempre na História.

Tóquio arquitectou a intervenção militar de 1939 na República Popular da Mongólia [2] como uma «questão fronteiriça», socorrendo-se, inclusive, de mapas topográficos falseados em que a linha da fronteira mongol oriental aparecia deslocada mais de vinte quilómetros para ocidente, alcançando o curso do rio Khalkhin-Gol. Um pretexto que pretendia encobrir as reais motivações, de carácter expansionista, do imperialismo japonês, nomeadamente os planos que apontavam em direcção ao território da Sibéria e extremo oriente da URSS. Para o Japão, o corredor mongol delimitado pelo rio Khalkhin-Gol, funcionando como barreira natural, representava uma via privilegiada de acesso em direcção à Transbaicália e ao coração da cobiçada Sibéria Oriental. E a visão da tenaz que se fecharia sobre a URSS a partir de ocidente e oriente era cara ao militarismo japonês e aos propósitos megalómanos das potências fascistas do Eixo [3]. A argumentação urdida pelos estrategas japoneses em Khalkhin-Gol seria totalmente desmascarada depois do final da II Guerra Mundial no decurso do Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente que julgou os crimes de guerra do imperialismo japonês.

Um ano antes, também invocando pretensões de carácter fronteiriço, o Japão já tinha provocado um conflito militar com a URSS no extremo oriente. A incursão de unidades japonesas, a partir do território coreano, na zona da URSS da fronteira tripartida entre a URSS, China e Coreia, desencadeada no final de Julho de 1938 e que ficou conhecida como a batalha do Lago Khasan, acabou por ser repelida pelas forças soviéticas comandadas pelo marechal Bliúkher ao fim de duas semanas de combates encarniçados [4].

Quando, em Maio de 1939 as tropas japoneses cruzaram a fronteira da Mongólia na zona de Khalkhin-Gol, o expansionismo japonês na Ásia oriental era já uma realidade em pleno desenvolvimento. A Coreia fora anexada ainda em 1910. Na Manchúria, depois da invasão do exército de Kwantung (que integrava as mais numerosas e bem preparadas unidades do Exército Imperial Japonês), o Japão orquestrou a criação, em 1932, do estado títere de Manchukuo (designado Grande Império Manchukuo), à frente do qual colocou como regente o último representante da decadente dinastia chinesa Qing. A intervenção japonesa numa China há décadas sujeita ao jugo e disputa das principais potências imperialistas ampliou-se com a segunda guerra sino-japonesa, lançada sem declaração prévia por Tóquio em 1937. Pequim e Nanquim – na altura a capital da República da China – tombaram sob a ocupação japonesa, que ficou marcada por monstruosas atrocidades. O Massacre de Nanquim constitui um dos mais abomináveis crimes de guerra e genocídio do século XX.

«Guerra não declarada em Khalhin-Gol». É assim que Jukov, o mais destacado comandante militar da URSS, que em Khalkhin-Gol celebraria a sua primeira grande vitória militar como comandante de tropas – que lhe valeu a primeira das quatro estrelas douradas de Herói da União Soviética com que foi agraciado – qualifica o confronto militar de 1939 na Mongólia com o Japão imperialista, ao qual dedica um capítulo das suas memórias [5].

A direcção soviética avaliou o ataque surpresa, em Maio de 1939, das forças manchus e japonesas contra as tropas fronteiriças da Mongólia e o seu avanço até à margem esquerda (oriental) do Khalkhin-Gol, não simplesmente como uma mera escaramuça numa terra inóspita e, escassamente, povoada por nómadas, mas como uma «perigosa aventura militar» que tinha como principal alvo a própria URSS.

No início de Junho, Gueorgui Jukov, talentoso tenente-general, perto de completar 44 anos, e vice-comandante da Região Militar da Bielorrússia, é chamado a Moscovo e imediatamente enviado para a Mongólia a fim de inteirar-se da situação e, se necessário, assumir o comando das operações do 57.º Corpo de Forças Especiais soviéticas em defesa da integridade territorial da Mongólia [6]. A 5 de Junho Jukov já se encontra em Tamsak-Bulak, o quartel-general das forças soviéticas (deslocadas da Região Militar da Transbaicália) na Mongólia, situado a cerca de 120 quilómetros da linha da frente.

Avaliada a situação no terreno, que confirmou a superioridade numérica do 6.º Exército japonês e das forças fantoches manchus, Jukov solicitou ao Estado-Maior em Moscovo, o reforço de unidades de infantaria, de tanques pesados, aerotransportadas e da aviação. O plano aprovado pelas forças conjuntas soviéticas e mongóis previa o sólido fortalecimento das posições defensivas na margem direita do rio Khalkhin-Gol e a preparação de um contra-ataque demolidor, para desbaratar e expulsar o inimigo de território mongol.

Durante mais de dois meses, a acção das tropas soviéticas – em conjunto com as unidades mongóis comandadas por Choibalsan – foi crucial para travar e repelir o ímpeto das sucessivas vagas ofensivas japonesas. Estas apenas uma vez lograram transpor a margem direita do Khalkhin-Gol, sendo forçadas quase de imediato a recuar, sofrendo pesadas baixas. Porém, o inimigo continuava entrincheirado em território da Mongólia.

Nas batalhas daquelas semanas, sob o escaldante calor estival da estepe quase desértica, participaram dezenas de milhares de homens e um elevado número de aviões, tanques, blindados e peças de artilharia de cada lado. O poeta e escritor soviético, Konstantin Simonov – para quem Khalkhin-Gol constituiu a estreia na frente de batalha e que, como correspondente de guerra do jornal Krasnaia Zvezda (Estrela Vermelha), cobriu toda a II Guerra Mundial, acompanhando as tropas soviéticas até Berlim –, lembraria mais tarde, em «Longe no Oriente [7], a intensidade das batalhas naquele Verão de 1939, referindo, por exemplo, jamais ter presenciado, ao longo da sua vasta experiência de guerra, uma tal quantidade de aviões de combate no ar em simultâneo – «várias centenas de cada lado» –, como em Khalkhin-Gol.

Com as linhas de abastecimento a 700 quilómetros da frente de batalha, o Exército Vermelho montou uma extraordinária operação logística por terra, determinante para o sucesso da operação.

O impasse em Khalkhin-Gol foi quebrado a 20 de Agosto: antecipando-se aos planos de um novo ataque japonês, as tropas comandadas por Jukov lançaram uma manobra fulminante de larga escala, surpreendendo as tropas ocupantes. Em três dias de intensos combates as forças japonesas foram cercadas. A batalha prosseguiu até dia 31 quando as últimas posições japonesas em território da Mongólia foram completamente derrotadas. O 6º Exército Imperial do Japão acabara de sofrer uma derrota humilhante em Khalkhin-Gol na véspera do início da II Guerra Mundial. Com a ajuda da União Soviética, a soberania e integridade territorial da Mongólia tinham sido defendidas. A 15 de Setembro, Tóquio assinava o acordo de cessar-fogo e dois anos depois [8] reconhecia o traçado da fronteira da Mongólia.

A dura lição recebida na Mongólia aplacou definitivamente a veleidade agressiva do Japão em relação à URSS. A derrota categórica do Japão foi um dos factores determinantes que impediu que a URSS fosse obrigada a combater em duas frentes na guerra de 1941-45. A confirmação de que o Japão não tencionava atacar a URSS, transmitida de Tóquio por Richard Sorge (que avisara a direcção soviética para o início da operação Barbarossa pela Alemanha nazi, desencadeada a 22 de Junho de 1941) permitiu, nos dias especialmente críticos do Outono de 1941, a transferência para os arredores da capital soviética de importantes reforços militares provenientes do extremo oriente – entre os quais algumas das unidades que tinham combatido em Khalkhin-Gol.

A derrota nazi na batalha de Moscovo, comandada por Jukov – impedindo a queda da capital e contendo a progressão alemã –, marcaria o início da contra-ofensiva da URSS e da reviravolta na II Guerra cujo destino seria decidido em Stalingrado.

No caminho da imortal vitória do povo soviético sobre o nazi-fascismo, que configurou o mundo e a ordem internacional que chegaram aos nossos dias, Khalkhin-Gol constituiu, como recorda Jukov [9], uma valiosa escola de internacionalismo e experiência de combate.

O seu exemplo não foi em vão e não será esquecido.

Notas:
[1] Veja-se os exemplos da vergonhosa resolução anticomunista do Conselho da Europa (2006) e da recente moção aprovada pela Assembleia Parlamentar da OSCE que coloca em plano de igualdade a Alemanha nazi e a União Soviética. O processo de grotesca mistificação da história e branqueamento dos crimes do fascismo revela-se também – assumindo contornos ainda mais inquietantes – na reabilitação oficial ou semi-oficial das legiões nazis e forças fascistas e nacionalistas que colaboraram com o ocupante nazi que se verifica – contando com a conivência silenciosa de Bruxelas – em diversos países da UE, com especial destaque para as três repúblicas bálticas e também na Ucrânia.
[2] Depois da segunda e definitiva declaração da independência e a vitória da revolução, em 1921, sob a influência e com o apoio da gesta revolucionária russa e da URSS, constituída no final de 1922, a República Popular da Mongólia foi proclamada em 1924.
[3] Em 1936, o Japão assinou com a Alemanha nazi o Pacto Anti-Comintern dirigido contra a URSS e o movimento comunista internacional.
[4] Cabe aqui igualmente recordar que depois da revolução de Outubro, em 1918, as tropas japonesas desembarcaram em Vladivostok e participaram na ocupação da região de Primórie no extremo oriente da Rússia, que terminou apenas após a vitória do poder soviético na guerra civil russa.
[5] A versão electrónica da 12.ª e mais recente edição das memórias de Jukov – Jukov G. K., Vospominania i Razmychlenia (Memórias e reflexões), em dois tomos, Moscovo, Olma-Press, 2002 – está disponível em http://militera.lib.ru/memo/russian/zhukov1/index.html
[6] O tratado de amizade e aliança entre Moscovo e Ulan-Bator, renovado em 1936, previa a ajuda militar da URSS à Mongólia em caso de agressão externa.
[7] Konstantin Simonov, Sobranie Sochinenia (Colectânea de Obras), tomo 10, Moscovo, Khudojestvennaia Literatura, 1984.
[8] Em Abril de 1941 a URSS e o Japão assinaram um tratado de não-agressão.
[9] Diferentemente da guerra de 1939-1940 na Finlândia.


Este texto foi publicado em Avante nº 1.875 de 5 de Novembro de 2009

* Analista de política internacional

Terra e Liberdade (1995)




Formato: RMVB
Tamanho: 442 MB
Duração: 105 minutos
Direção: Ken Loach
Servidor: Rapidshare (5 partes)




Sinopse:

Em meados dos anos 30, David Carr deixa a cidade de Liverpool para lutar por seus ideais na Guerra Civil Espanhola.
A Guerra, marcada pela polarização ideológica, uma das características que marcaram o período entreguerras, foi um dos acontecimentos mais marcantes da história do século XX.
A crise desencadeada pela Primeira Guerra Mundial, aprofundada pela quebra da economia mundial após 1929, afetou praticamente todo o mundo, gerando grande desemprego e pobreza. Na Europa, essa situação foi responsável pela "polarização ideológica", ou seja, pelo desenvolvimento das forças populares de esquerda e, ao mesmo tempo, das forças reacionárias fascistas.
Na Espanha, essa situação foi responsável pela Guerra Civil, de 1936 a 39, quando um golpe militar, apoiado pelas forças de direita, provocou a divisão do país. O golpe, pretendia eliminar o regime republicano instituído em 1931, responsável por uma série de reformas que desagradaram os setores mais conservadores do país, uma vez que os interesses de latifundiários e da Igreja Católica foram duramente atingidos.
O conflito teve de um lado os republicanos apoiados pelos grupos de esquerda - comunistas e anarquistas -, enquanto de outro encontravam-se os grupos fascistas e os setores mais conservadores do país.
Enquanto a Alemanha e Itália ajudaram diretamente os fascistas espanhóis, Inglaterra e França adotaram uma política de neutralidade. A principal ajuda material foi dada pela União Soviética, que enviou armas e assessores;no entanto, o grande destaque do lado republicano, foi o das "Brigadas Internacionais", grupos de voluntários de vários países, que foram combater na Espanha. No inicio de 1937, as Brigadas tiveram papel importante na vitória sobre tropas italianas. O filme é uma ótima oportunidade de ver como se formaram as brigadas internacionais, que contaram com nomes ilustres em suas fileiras, como Ernest Hemingway, George Orwell e Antoine de Saint-Exupéry.
Em abril do mesmo ano, a aviação alemã, em apoio aos nacionalistas, bombardeou a cidade basca de Guernica.


Elenco:

Ian Hart,
Rosana Pastor,
Icíar Bollaín,
Tom Gilroy,
Marc Martínez,
Frédéric Pierrot,
Andrés Aladren,
Sergi Calleja,
Raffaele Cantatore,
Pascal Demolon,
Paul Laverty,
Josep Magem,
Eoin McCarthy,
Jürgen Müller

sábado, 7 de novembro de 2009

O Inquilino: Título original: Locataire, 1976


Imigrante polonês, recentemente chegado a Paris, aluga quarto em pequeno prédio e se impressiona com a história de que a inquilina anterior se suicidou. Aos poucos, no dia-a-dia, vai se sentindo oprimido e passa a identificar-se com a vítima. Parábola pesada, lúgubre, sobre a rejeição de meios hostis à presença de forasteiros. Polanski fez questão de atuar no papel principal, talvez por identificação. Excelente desempenho de Shelley Winters como a fria e antipática zeladora. Roteiro, produção e direção primorosos. A sequência final é uma obra-prima do sarcasmo em cinema.

IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0074811/

 
 
 
 
Formato: RMVB
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 125min
Tamanho: 419 MB
Servidor: Rapidshare
Créditos: SoFilmaços

Part1
Part2
Part3
Part4
Part5
Senha:http://farra.clickforuns.net

Tango progressivo....

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Luta do povo Mapuche no Chile....

 


O povo Mapuche segue em luta 

 
Pouca gente sabe, mas existe um povo que nunca foi conquistado pelos espanhóis aqui na América Latina. Com a chegada dos brancos europeus, civilizações complexas foram dizimadas; Estados foram destruídos; nacionalidades extintas. Mas, o povo que habitava as margens dos rios Biobío e Toltén, no que é hoje o sul do Chile, nunca se deixou vencer, nem mesmo pelos incas que, antes da dominação espanhola, também chegaram a conformar o império do Tawantinsuyo. Ao longo de 300 anos de invasão européia, este povo guerreiro enfrentou com valentia e audácia a fúria dos espanhóis até ser reconhecido como um estado autônomo dentro do imenso território conquistado. São os Mapuche, palavra que designa "gente da terra", na língua mapudungun. Nestes séculos todos em que reinaram Espanha e Portugal aqui por estas terras, os Mapuche resistiram altivamente a qualquer investida, chegando a usar, com sucesso, táticas de espionagem bastante eficazes. Além disso, incorporaram as novidades das forças produtivas inimigas para fortalecer a sua defesa.
Pois esta gente única, hoje segue em pé de guerra, agora contra o estado chileno que tem atuado como opressor e também contra as transnacionais que invadem seu território. Nunca vencidos, os Mapuche enfrentam com a mesma dignidade ancestral, os novos desafios que se apresentam. Saber da sua história é o primeiro passo para compreender suas demandas político/econômico/culturais e adentrar pelas intricadas trilhas de Abya Yala (nome dado pelos originários ao que os brancos chamam de América Latina). Luan-Taru - o grande herói Mapuche
Assim que desembarcaram na parte leste do que hoje é América do Sul os espanhóis iniciaram suas guerras de conquista e destruição, derrotando primeiramente os incas. A região Mapuche, mais ao sul, logo passou a ser também espaço da cobiça. Muitas foram as batalhas entre eles e os invasores. Numa dessas escaramuças, em 1546, um menino Mapuche, filho do lonko (guia do povo) local, foi capturado pelas tropas inimigas. Seu nome era Luan-Taro, de luan (guanaco) e de taro (conhecida ave de rapina da região), que na língua mapundungun queria dizer "veloz". Ele tinha pouco mais de 11 anos e foi levado para servir ao comandante Pedro Valdívia. Durante muito tempo participou das batalhas, cuidou dos cavalos, fez-se ginete e aprendeu táticas militares. Por não saber pronunciar direito seu nome os espanhóis o chamaram Lautaro. Seus olhos escuros observavam todas as atrocidades que as tropas de Valdívia cometiam contra seu povo. Ele se fazia mudo e aprendia mais e mais.
No ano de 1552 Luan-Taru montou num cavalo e deu de rédea pelo campo afora. Os espanhóis não fizeram caso, era só mais uma fuga de "índio". Só que este não iria apenas escapulir e sumir da vista dos espanhóis. Ele imediatamente se apresentou diante dos chefes Mapuche e ofereceu-se para ensiná-los a lutar. Mostrou o cavalo - até então desconhecido pelos originários - ensinou a montar e a tal ponto que os Mapuche tornaram este animal quase como uma parte do seu ser. Usaram a vantagem do inimigo a seu favor, transformando-se em centauros, quase invencíveis sobre o cavalo. Luan-taru ainda os ensinava a lutar em campo aberto, introduzia novas armas, mostrava as técnicas de guerra aprendidas com os espanhóis e usava cada uma delas para enfrentá-los em pé de igualdade. Tamanha foi a liderança deste jovem Mapuche que em pouco tempo era escolhido como o Toqui (chefe máximo na guerra).
Tornado líder das batalhas, Luan-taru ensinou a técnica do batalhão, da retirada estratégica e ainda criou um eficaz sistema de espionagem que envolvia crianças, velhos e mulheres. Eles eram introduzidos no contexto espanhol como traidores do povo Mapuche, loucos, bêbados ou servos e, fingindo não entender o idioma, arrebanhavam informações importantes que eram repassadas por um também engenhoso sistema de sinais enviado através dos ramos das árvores. Foi por conta da sabedoria militar de Luan-taru que o próprio Valdívia caiu prisioneiro dos Mapuche pouco tempo depois. Sob a liderança do jovem Toqui, os Mapuche enfrentaram por anos, sem fraquejar, as tropas espanholas. A palavra de ordem que movia as gentes era o seu grito de guerra: "Adiante, Mapuches, vamos tomar Madrid". Ele não chegou a Madrid, mas tampouco foi vencido em batalha. Sua morte se deu num acampamento perto do Rio Maule. Luan-taru descansava nos braços da sua mulher, Guacolda, numa tenda de campanha. Emboscado por uma pequena tropa liderada por Francisco de Villagra, ele foi surpreendido e transpassado por uma lança, no ano de 1557. O jovem Toqui encantou, mas a luta Mapuche não acabou. Como um verdadeiro mestre ele havia ensinado seu povo, e a resistência seguiu pelos 300 anos afora.
Os Mapuche e o estado chileno
A luta do povo Mapuche não foi em vão. Diante de um continente dominado, a Espanha obrigou-se a aceitar a autonomia desta nacionalidade, sendo traçadas, inclusive, fronteiras territoriais bem claras. O "wall mapu", território e também espaço sagrado dos Mapuche, permaneceu intacto até que chegaram as guerras de independência. Durante este processo os Mapuche foram, por várias vezes, mostrados como exemplo, inclusive por Bernardo O’Higgins, um dos grandes heróis da independência do Chile, que falava fluentemente o mapudungun. Mas, com o passar do tempo, e já sem a presença de O’Higgins, a nação Mapuche teve de enfrentar a saga capitalista que começava a se expressar nos Estados-nacionais criados pós independência. Depois de uma década de conflitos, estabelece-se o conservadorismo no Chile, e os ideais de Bolívar são esquecidos. Descobre-se a riqueza do cobre e do trigo. Em 1861 o liberalismo se instala e duas décadas depois havia "modernizado" o país a partir da exploração do cobre e do salitre. Neste período inicia-se uma campanha agressiva de "nacionalização" do Chile, e a proposta era a de incluir todas as diferenças no conceito único de "chileno", daí o processo que ficou conhecido como "pacificação da Araucanía", região onde viviam quase duzentos mil Mapuche.
Este foi um período conturbado, com inclusive a presença de um francês na área do Arauco, que havia se autoproclamado rei. Aquele era, portanto, um espaço conflagrado e o governo decidiu iniciar um trabalho de colonização, criando cidades, abrindo estradas, levando escolas e hospitais. Mas, neste movimento, a república chilena jamais reconheceu os Mapuches como um povo autônomo, que tinha sua própria cosmovisão e sua forma original de organizar a vida. Considerava-os "araucanos", simples moradores daquele espaço de terra e acreditava que todos deveriam se unificar sob a mesma bandeira. Não houve conversa nem respeito.
Neste meio tempo, em 1879 o Chile trava com a Bolívia a Guerra do Pacífico, por conta das minas de salitre. O ouro branco era responsável por quase 75% dos ingressos financeiros do país. . Não bastasse isso, se registrou a existência de ouro nas terras do sul, o que tornou ainda mais aguda a ocupação do território Mapuche. Assim, a chamada pacificação acabou sendo uma guerra suja e significou justamente a invasão do "wall mapu" por hordas de aventureiros e de colonos enviados pelo governo que tomavam terra, gado e expulsavam violentamente as famílias. Então, aproveitando que o exército nacional estava envolvido na guerra do pacífico, os Mapuche se levantaram em rebelião. Mas, com o fim da guerra com a Bolívia, o exército voltou seus olhos para a região Mapuche e recomeçou a ocupação. Durante muito tempo o povo resistiu, mas no ano de 1881 os Mapuche foram finalmente vencidos e incorporados à república chilena, perdendo o estatuto de comunidade autônoma. A partir daí os originários foram colocados em "reduções", e suas terras ancestrais passaram para as mãos dos colonos brancos enviados para "civilizar" um espaço territorial que desde os tempos imemoriais estivera sob o domínio do povo Mapuche. Este mesmo processo de colonização também foi encaminhado no lado argentino, para onde se estendia o wall pamu.
A resistência Mapuche
Desde a derrota diante do exército chileno em 1881, os Mapuche seguiram resistindo na intenção de recuperar seu território, porque para este povo, o território não é apenas a terra. Ele significa uma unidade física e cosmológica, onde coabitam seres humanos, bichos, matas, rios, deuses, enfim, é muito mais do que a idéia de propriedade privada imposta pelo capitalismo. No vídeo "El despojo", fala um Mapuche: "Os deuses habitam esse lugar, e nós nos sentimos protegidos pela paisagem. O território não é só terra, é herança cultural. Da terra vem a araucária, que nos foi dada por deus, dela vem o pinhão que recolhemos e que nos permite viver. É nossa riqueza". Há uma relação profunda entre a vida Mapuche e os deuses que habitam o wall mapu. "Eles se comunicam através do sonho e assim nós sabemos se o verão vai ser bom se a colheita será farta, se o inverno vem rigoroso". Sem wall mapu os Mapuche perdem essa ligação. Um pouco da compreensão desta realidade foi conseguida durante o governo de Salvador Allende, que iniciou um processo de Reforma Agrária no qual respeitava a lógica Mapuche de organização da vida, fincada na comunidade. Mas, a ditadura militar chilena, que inicia em 1974, com o golpe liderado por Augusto Pinochet, promove mais uma divisão das terras comunitárias que se havia conseguido ao longo dos anos de luta. Não bastasse isso, a região da Araucanía, a exemplo do que passou a acontecer também no sul do Brasil, se transforma em espaço da plantação do pinus, matando as araucárias. E as personagens nefastas que vão tomando conta da terra Mapuche são as transnacionais do campo do reflorestamento. Heresia pura. A terra que dá o pinhão, a unidade sagrada, é rompida em nome do lucro e da "plantation".
Em resposta a essa política da ditadura a luta Mapuche se organiza de forma mais orgânica e começam os movimentos pela recuperação do território e pela autodeterminação que eles lograram manter ao longo de mais de 300 anos, em pleno domínio espanhol. Nos anos 90, com a instituição do Aukin Wallpamu Ngulam (Conselho de Todas as Terras - espaço de organização e governo do povo Mapuche) esta nacionalidade inaugura nova onda de mobilização com a ocupação das empresas transnacionais de reflorestamento e de energia, incêndio das plantações, passeatas, ocupações de prédios públicos. Uma reação radical que os coloca hoje sob a Lei de Segurança Nacional e os denomina "terroristas". O estado chileno, sob o comando de uma ex-ativista de esquerda, sequer deu fim a esta lei arbitrária da ditadura de Pinochet. Os militantes Mapuche, quando presos em algumas destas ações que visam a recuperação e a proteção do seu território, são presos como bandidos e ainda está longe de o estado chileno compreender a dimensão do que seja a nacionalidade Mapuche e o que significa para esse povo manter seu espaço original.
A luta hoje
Conforme conta o professor de história e militante da causa Mapuche, Bóris Ramírez, a luta hoje está amparada em três grandes eixos: recuperação do território ancestral, autodeterminação e fim da discriminação pelo Estado. E o que se vê no sul do Chile é um enfrentamento entre o estado e o povo, num contexto de completa militarização da região da Araucanía e criminalização do movimento, no qual os Mapuche em luta são presos, torturados ou assassinados sob a denominação de "terroristas". É a completa inversão da história. Aqueles que são os donos da terra - que foram roubados e espoliados - são os que agora se tornam os vilões por quererem de volta o que sempre lhes pertenceu. Mas, no Chile, o racismo é uma doença endêmica e só agora, com as lutas do povo Mapuche avançando para dentro das cidades, onde estão muitos dos membros desta nacionalidade, é que este tema começa a ser desvelado. Desde os tempos da chamada "pacificação" os winka (os brancos) consideram que é legítimo colonizar as terras dos "índios", porque, afinal, para eles, aquele povo que se manteve autônomo por tanto tempo nesta América dominada, não deve nem ser humano. "O racismo é uma coisa bem séria no Chile. Custa muito reconhecer a mestiçagem, e há muita discriminação contra peruanos e equatorianos. É uma contradição porque na escola se usa muito a história dos Mapuche como um povo guerreiro que resistiu ao império espanhol, mas, por outro lado, essa imagem fica só no passado. Hoje, os Mapuche são apontados como bêbados, vadios e sequer são reconhecidos como cidadãos chilenos, uma vez que qualquer ação deles não é julgada pela lei ordinária, e sim pela Lei de Segurança Nacional", conta Bóris.
Outra contradição é que o governo finalmente assinou o Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que define os direitos dos povos originários e de outros grupos que se constituem uma identidade própria, como os quilombolas, mas apesar disso segue tratando os Mapuche como bandidos. "Seria necessário uma redefinição constitucional para que esta questão se resolvesse pelo menos do ponto de vista do direito. Porque a Constituição chilena não os reconhece como um povo originário, que tem direito a autodeterminação".
Reconhecidos ou não pelo governo chileno, para os Mapuche a luta segue. E, hoje, o que era uma batalha dentro das fronteiras do Estado-nação, já tomou outras dimensões. Os principais embates da nacionalidade Mapuche são contra as grandes empresas florestais e a as hidrelétricas, a maioria propriedade de empresas estrangeiras, uma vez que no Chile, o processo neoliberal foi levado às últimas consequências. Então, a luta assume proporções gigantescas porque o enfrentamento é com o próprio capital, que se expressa ali na região através destas empresas cujos donos estão em lugares não sabidos. Não é sem razão que, praticamente todos os dias, tenha algum Mapuche sendo preso ou assassinado. É a razão da força se impondo tal qual nos tempos coloniais.
As relações com os demais movimentos sociais
A luta dos Mapuche até bem pouco tempo era uma coisa meio fechada, resolvida entre eles. Pudera, fica difícil confiar nos winka (brancos). A própria esquerda também tem visões muito diferenciadas sobre a questão indígena. Há quem defenda a integração, outros a "guetização", o que torna o diálogo bem mais difícil. O novo movimento originário que se expressa em Abya Yala com mais vigor desde o final dos anos 80 não quer mais este paternalismo fingido que vigorou por décadas nos países, com os originários sendo tutelados em reservas, e também não querem essa proposta de "branqueamento" que se expressa na idéia de "integração". Os originários querem o direito de viver nas suas terras, de acordo com sua cultura e seguindo outras formas de organização da vida. Daí a proposta dos estados plurinacionais, que em nada quer dizer separatismo como querem fazer crer os racistas que não aceitam a idéia de que um povo possa ter mantido ao longo de todos estes anos sua identidade originária.
No Chile, hoje, os Mapuche já conseguiram sair de suas fronteiras e estabelecer parcerias políticas. Vários movimentos sociais apóiam a luta originária e nos episódios de prisão ou assassinato, se manifestam, dão suporte e denunciam internacionalmente. Além disso, participam ativamente das marchas e protestos que o povo Mapuche organiza para se fazer visível a um país que insiste em não reconhecê-lo. Mas, segundo Ramírez, esta parte da esquerda organizada ainda é muito pequena no Chile, embora contribua muito ao levar a discussão para o reduto winka.
A organização dos Mapuche avança agora no rumo da Argentina, o que torna o assunto ainda mais complexo, por sair das fronteiras do estado-nacional. É que a região de Neuquén, no país vizinho, faz parte do território ancestral, o wall mapu, e os Mapuche que ali vivem igualmente se sentem parte da mesma nacionalidade. Não é à toa que esta aproximação seja vista como um "perigo" pelos governantes dos dois países, incapazes de compreender a nova configuração do mundo abyayálico. Os povos originários não entendem o mundo como um espaço esquadrinhado artificialmente pelo povo conquistador. Eles vivenciam seu território como espaço unitário de corpo/terra/espírito/deuses. As fronteiras são outras. E a proposta de autodeterminação é a única possível para estas nacionalidades que se encontram firmemente organizadas num tronco comum de cultura. Eles não buscam se separar do estado-nação onde estão fincados, mas exigem que este estado os reconheça como nacionalidade autônoma, capaz de gerir seus destinos e também de atuar em sintonia com os interesses de todo o povo chileno e argentino. Entender isso é dar um passo para o futuro. A América Latina não pode mais ser a mesma que foi fundada hegemonicamente pelos criollos com as guerras de independência. Assim como muitos Estados-nação estão refundando suas repúblicas, tais como a Venezuela, o Equador e a Bolívia, também o continente precisa se refazer. Abya Yala reclama seu lugar. E o povo Mapuche está fazendo sua parte nesta nova conformação. Das entranhas da Araucanía ouve-se o grito Mapuche de Luan-taru e todos os outros heróis tombados: pulchetun... pulchetun... Esta palavra, na língua dos "hombres de la tierra", quer dizer: faça deslizar a flecha mensageira. E lá vai ela, rasgando as fronteiras, constituindo a terra do esplendor.


* Jornalista

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Convite...

ATIVIDADE: A luta A luta pela democratização da comunicação e a I Conferência Nacional de Comunicação na Fabico


*Sabia que comunicação não é só um curso superior, um produto, um campo de conhecimento acadêmico que estuda os processos de comunicação humana, um processo através do qual elementos de determinados grupos compartilham códigos e significados e tornam comuns ativos de informação ou conteúdos, a transmissão de uma mensagem - exposição oral ou escrita - sobre determinado tema?
COMUNICAÇÃO É DIREITO HUMANO!*

*Sabia que cerca de 80% das informações que os gaúchos e gaúchas consomem provém de um mesmo grupo empresarial controlado por uma única família?

*Sabia que as leis brasileiras proíbem o monopólio dos meios de comunicação e que uma mesma pessoa tenha canais de TV e rádio num mesmo Estado? (Parece que a mídia não gosta muito de leis…)

*Sabia que a “Lei dos Meios”, aprovada na Argentina recentemente, dividiu o espectro de radiofrequência, onde se localiza o canal utilizado por uma emissora de rádio ou televisão, em três partes iguais, sendo que um terço ficou reservado para a sociedade civil não-empresarial e sem fins lucrativos (igrejas, sindicatos, universidades, ongs, entidades comunitárias, entre outros), e o restante para o setor público-estatal e grupos privados com fins comerciais?
E que essa mesma lei diz que a publicidade infantil não deve incitar a compra de produtos, e institui um limite 20% do tempo diário de um canal para toda a publicidade?

*Sabia que nos dias 17 e 18 de novembro acontecerá a Conferência Estadual de Comunicação, na qual serão eleitos delegados que participarão da Etapa Nacional?

*Sabia que de 14 a 17 de dezembro, em Brasília, acontecerá a I Conferência Nacional de Comunicação? (Há boatos de que ela é fruto de uma antiga luta pela democratização da comunicação…)
Sim? Não? Então venha discutir conosco!

A luta pela democratização da comunicação e a I Conferência Nacional de Comunicação Quando? 11 de novembro, quarta-feira, das 8h30 às 12h.

Com quem? Bruno Lima Rocha, professor e pesquisador da Faculdade de Comunicação da Unisinos e redator do sítio Estratégia e Análise e militante da Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias),.
Eduardo Vizer, professor e pesquisador da Faculdade de Ciências Sociais do Instituto Gino Germani da Universidade de Buenos Aires (UBA).
Cristina Feio Lemos, sindicalista, membro da Comissão RS Pró-Confecom.
Onde? Auditório da Fabico (Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação) da UFRGS - Ramiro Barcelos, 2705 - Porto Alegre - RS

A candidatura Marina Silva

Plinio  de Arruda Sampaio - Correio da Cidadania


Desde a publicação do relatório da pesquisa patrocinada por universidades e por centros de investigação reunidos no Clube de Roma a respeito da crise ambiental (Limites do Crescimento. 1975), o "establishment" capitalista internacional passou a preocupar-se com a destruição do meio ambiente.
 
A pesquisa, realizada pela primeira vez com computadores aptos a processar simultaneamente uma quantidade enorme de dados, permitiu fazer previsões globais a respeito do impacto destruidor da produção econômica capitalista.
 
As medidas adotadas pelas instâncias internacionais para deter essa destruição tiveram, sem dúvida, efeitos positivos, pois as previsões mais catastróficas sobre o esgotamento de recursos naturais básicos não se realizaram. Entretanto, o problema não foi resolvido, e, na verdade, agravou-se, como vem anunciando o ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore.
 
Portanto, estes 35 anos de ecocapitalismo demonstraram a incapacidade desta proposta para dar uma solução efetiva ao problema ecológico. Com efeito, o ecocapitalismo é incompatível com a solução do problema ecológico em razão da própria racionalidade interna desse sistema econômico baseado na acumulação infinita de capital. A própria lógica desse sistema impõe rígidos limites às medidas de defesa do meio ambiente, porque tais medidas, para serem de fato eficazes, afetam necessariamente a acumulação de capital. O ecocapitalismo não se opõe à restrição da acumulação de capital, mas - atenção! – desde que tais restrições não ultrapassem limites considerados intransponíveis e fixados pelo próprio "establishment" capitalista. Essa linha de "no trespassing" demonstrou, nestes 35 anos, ser absolutamente insuficiente para afastar da humanidade o risco de uma hecatombe ambiental.
 
O ecocapitalismo é diametralmente oposto ao ecosocialismo. Este, considerando as limitações impostas pela conjuntura de hegemonia do capitalismo, propõe medidas (bem mais drásticas do que as da senadora Marina) que ainda se enquadram no marco do capitalismo, ou seja, ainda parciais e insuficientes para deter completamente o processo destrutivo. Porém, ao propô-las, deixa bem claro seu caráter limitado e aponta simultaneamente para os passos que podem levar a uma situação em que seja possível adotar um modo de produção ajustado às condições de reprodução saudável do meio ambiente. Ora, tais passos somente são possíveis nos marcos de governos não capitalistas. Trata-se, portanto, de uma proposta pedagógica, conscientizadora – a única que justifica a participação dos socialistas numa campanha eleitoral de cartas marcadas como a de 2.010.
 
A contradição antagônica entre o ecosocialismo e o ecocapitalismo não impede, em princípio, a aliança entre essas duas forças, com o propósito de confrontar conjuntamente o "establishment" capitalista em aspectos pontuais da luta ambientalista. Contudo, tal aliança é evidentemente impossível na atual conjuntura nacional em que o "establishment" trata de esmaecer diferenças, ocultar divergências, fantasiar a realidade, a fim de consolidar sua atual hegemonia política.
 
Não tem, portanto, cabimento algum o movimento de alguns setores socialistas para celebrar uma aliança eleitoral com a candidatura da senadora Marina Silva, cuja atuação política na defesa do meio ambiente nunca culpabilizou o capitalismo, como primeiro e universal predador.
 
Não se pode desconsiderar que durante mais de seis anos a senadora participou de um governo que aceitou servilmente todos os vetos do capital às medidas que a própria senadora quis aplicar (transgênicos, destruição de florestas, titulação do "grilo" amazônico e vários outras).
 
Quando, finalmente, a senadora deixou o PT, ficando livre para tomar um caminho claramente socialista, procurou o PV, uma legenda que sempre se aliou e hoje integra a base de vários governos de direita.
 
Para escapar do impasse, os setores que estão defendendo a candidatura Marina sugerem que se exija uma declaração formal da senadora em favor de uma plataforma ecosocialista. É preciso ser muito ingênuo para acreditar que uma conversa deste tipo possa dar alguma garantia concreta. Mesmo admitindo-se que a senadora assine a mais radical plataforma, sabemos que, dada a correlação de forças do bloco político que ela integra, tal plataforma não será para valer.
 
Por isso, independentemente da figura pessoal da candidata, não há como deixar de qualificar esse movimento de parte de alguns setores do socialismo como uma postura oportunista, eleitoreira, incompatível com uma proposta que, de fato, faça avançar a caminhada socialista em 2.010.
 
Plínio de Arruda Sampaio é diretor do Correio da Cidadania.
 

Impacto do agronegócio sobre ambiente e saúde: desafios à produção de conhecimento



Chove veneno sem parar no agronegócio

Créditos: Eduardo Sezimbra
 
O grupo de trabalho (GT) Saúde e Ambiente da Abrasco convocou, na manhã de domingo (1/11), um debate sobre o processo produtivo do agronegócio e suas relações e consequências para a saúde pública e o meio ambiente no IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Na mesa, coordenada pela pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, Raquel Rigotto, os palestrantes Vicente Almeida (Embrapa), Marcelo Firpo (ENSP/Fiocruz), Wanderlei Pignati (UFMT) e Lia Giraldo (CPqAM/Fiocruz) falaram do macrofenômeno do agronegócio e sua relação com a economia, a produção industrial, a política, a pesquisa e a necessidade de transição para um novo modelo agroecológico no país.

Para Vicente Almeida, da Embrapa, a alimentação e o ambiente são duas das principais formas de se obter saúde. Em sua apresentação, perguntou se há impactos do agronegócio sobre o ambiente, quais seriam esses impactos e como se expressam na saúde e no ambiente. Segundo ele, trata-se de um conceito construído pela política e pela economia, mas que demanda uma maior produção de conhecimento científico sobre o tema.

Vicente lembra que o processo produtivo do agronegócio gera disputa de território. De acordo com o pesquisador, essa disputa leva à concentração fundiária que, por sua vez, gera riqueza, que gera poder, que ocasiona a fome, a erosão genética e a contaminação do solo, da água e da biodiversidade. "O Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. A agricultura promete geração de renda e emprego, mas o que vemos são trabalhadores contaminados, alimento contaminado. É importante avançarmos na negação do atual modelo e incentivarmos uma transição agroecológica. É preciso analisar os custos que essa mudança traz e suas conseqüências para a população".

Para Marcelo Firpo Porto, pesquisador da ENSP, é necessária a articulação de uma rede de pesquisadores lutando contra o agronegócio, e não somente contra os efeitos do agrotóxico. Para isso, segundo ele, é importante articular saúde, economia, agronomia, política e outros atores para uma transição agroecológica justa e sustentável. "Grandes plantações são uma bomba ecológica, pois agridem a cultura local, geram disputa por território e trazem vários outros danos. Um exemplo da expressão do agronegócio é a soja. Ela tem avançado sobre o cerrado brasileiro e a Amazônia. É a expressão clara da expansão da monocultura e do agronegócio. Envolve diretamente queimadas para a preparação do solo e cria aquele 'oceano' de soja".

Marcelo apresentou um mapa que demonstrou a expansão do agronegócio de 1995 a 2005. Nesse período, a venda de agrotóxicos triplicou, e a área de plantio aumentou apenas 20%. "O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Denúncias da Rede Brasileira de Justiça Ambiental falam da fusão da indústria química com produtores de semente. O agrotóxico que o Brasil consome foi proibido na Europa e nos Estados Unidos. É preciso incentivar a transição agroecológica, e o papel da saúde é fundamental para um modelo com justiça social e cultural, com segurança alimentar e preservação ambiental".


Operação de guerra
 
Na sequência, Wanderlei Pignati, professor da Universidade Federal do Mato Grosso, afirmou que o Mato Grosso é um dos maiores produtores de soja, de gado e madeira - o que, segundo ele, "tem destruído o estado". De acordo com Pignati, em 2007, o Brasil possuía 52 milhões de hectares com lavoura temporária e uma média de dez quilos de agrotóxico por hectare. "Esse número revela uma média de 500 a 600 milhoes de quilos por ano no Brasil".

O palestrante fez questão de 'desconstruir' algumas afirmações com relação ao uso do agrotóxico. Uma delas diz que o uso adequado da substância não traria prejuízos ambientais. "Isso não é verdade. Qualquer utilização traz danos ao ambiente e, consequentemente, à saúde. Outra falsa afirmação é a de que a falta de informação dos agricultores é a maior causa das contaminações ocupacionais e ambientais".

O pesquisador afirmou que os agrotóxicos usados nas lavouras são absorvidos pela pele, pulmão e sistema gastrointestinal dos trabalhadores, com grande parte alojada nas plantas e no solo. "Acreditava-se que as embalagens das substâncias eram os principais meios de contaminação. Na verdade, o principal é saber onde foi parar o que está lá dentro e evitar sua utilização".

Em seguida, Lia Giraldo, do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz), se concentrou nas políticas sobre o tema. De acordo com ela, o Brasil possui um marco legal sobre o agrotóxico, mas que vem sendo degradado por medidas provisórias da bancada ruralista do congresso. "Temos três ministérios que tratam o tema: o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; o Ministério da Saúde; e o Ministério do Meio Ambiente. Mesmo assim, temos imensos problemas com essa questão. Além das questões judiciais do setor empresarial, encontramos dificuldades dentro do próprio governo, suas alianças e o congresso".

Fonte: ENSP/Fiocruz

Reflexão de Emir Sader....

 Perón, Getúlio e Lula


Blog do Emir, em Carta Maior

Quando acusou Lula de uma espécie de neoperonista, FHC vestia, em cheio, o traje da direita oligárquica latinoamericana. Que não perdoou e segue sem perdoar os líderes populares latinoamericanos que lhes arrebataram o Estado de suas mãos e impuseram lideranças nacionais com amplo apoio popular.
Os três – Perón, Getúlio e Lula – têm em comum a personificação de projetos nacionais, articulados em torno do Estado, com ideologia nacional, desenvolvendo o mercado interno de consumo popular, as empresas estatais, realizando políticas sociais de reconhecimento de direitos básicos da massa da população, fortalecendo o peso dos países que governaram ou governam no cenário internacional.
Foi o suficiente para que se tornassem os diabos para as oligarquias tradicionais – brancas, ligadas aos grandes monopólios privados familiares da mídia, aos setores exportadores, discriminando o povo e excluindo-o dos benefícios das políticas estatais. Apesar das políticas de desenvolvimento econômico, especialmente industrial, foram atacados e criminalizados como se tivessem instaurados regimes anticapitalistas, contra os intereses do grande capital. Quando até mesmo os interesses dos grandes proprietários rurais – nos governos dos três líderes mencionados – foram contemplados de maneira significativa.
Perón e Getúlio dirigiram a construção dos Estados nacionais dos nossos dois países, como reações à crise dos modelos primário-exportadores. Fizeram-no, diante da ausência de forças políticas que os assumissem – seja da direita tradicional, seja da esquerda tradicional. Eles compreenderam o caráter do período que viviam, se valeram do refluxo das economias centrais, pelos efeitos da crise de 1929, posteriormente pela concentração de suas economías na II Guerra Mundial, tempo estendido pela guerra da Coréia.
A colocação em prática das chamadas políticas de substituição de importações permitiram a nossos países dar os saltos até aqui mais importantes de nossas histórias, desenvolvendo o mais longo e profundo ciclo expansivo das nossas economias, paralelamente ao mais extenso processo de conquisas de direitos por parte da massa da população, particularmente os trabalhadores urbanos.
Se tornaram os objetos privilegiados do ódio da direita local, dos seus órgãos de imprensa e dos governos imperiais dos EUA. Dos jornais oligárquicos – La Nación, La Prensa, La Razón, na Argentina, ao que se somou depois o Clarin; o Estadao, O Globo, no Brasil, a que se somaram depois os ódios da FSP e da Editora Abril. Os documentos do Senado dos EUA confirmam as articulações entre esses órgãos da imprensa, as FFAA, os partidos tradicionais e o governo dos EUA nas tentativas de golpe, que percorreram todos os governos de Perón e de Getúlio.
Não por acaso bastou terminar aquele longo parêntese da crise de 1929, passando pela Segunda Guerra e pela guerra da Coréia, com o retorno maciço dos investimentos estrangeiros – particularmente norteamericanos, com a indústria automobilística em primeiro lugar -, para que fossem derrubados Getúlio, em 1954, e Perón, em 1955.
Mas os fantasmas continuaram a assombrar os oligarcas brancos, que sentiam que aqueles líderes plebeus – tinham desprezo pelos líderes militares, que deveriam, na opinião deles, limitar-se à repressão dos movimentos populares e aos golpes que lhes restabeleceriam o poder – lhes tinham roubado o Estado e, de alguma forma, o Brasil.
O golpe militar argentino de 1955 inaugurou a expressão “gorila” para designar o que mais tarde o ditador brasileiro Costa e Silva chamaria, de “vacas fardadas”. A direita apelava aos quartéis, porque não conseguia ganhar eleições dos líderes populares. Durante os anos 50, no Brasil, fizeram articulações golpistas o tempo todo contra Getúlio, até que o levaram ao suicídio. Tentaram impedir a posse de JK, alegando que tinha ganho as eleições de maneira fraudulenta. JK teve que enfrentar duas tentativas de levantes militares de setores da Aeronáutica contra seu governo, legitimamente eleito, tentativas sempre apoiadas pela oposição da época, em conivência com os governos dos EUA.
O peronismo esteve proscrito políticamente de 1955 a 1973. Até o nome de Perón era proibido de ser mencionado na imprensa. (Os opositores usavam Juan para designá-lo ou alguns de seus apelidos.) Quando foram feitas eleições com um candidato peronista concorrendo – Hector Campora -, ele triunfou amplamente e – ao contrário de Sarney no Brasil – convocou novas eleições, truiunfando Perón, que governou um ano, até que foi dado o golpe de 1976, pelas mesmas forças gorilas.
No Brasil, o governo João Goulart foi vítima do mesmo tipo de campanha lacerdista, golpista, articulada com organismos da “sociedade civil” financiados pelos EUA, articulados com a imprensa privada, convocando as FFAA para um golpe, que acabou sendo dado em 1964.
Perón, Getúlio e, agora, Lula, têm em comum a liderança popular, projetos de desenolvimento nacional, políticas de redistribuição de renda, papel central do Estado, apoio popular, discurso popular. E o ódio da direita. Que usou todos os “palavrões”: populista, carismático, autoritário, líder dos ”cabecitas negras”, dos “descamisados” (na Argentina). A classe média e o grande empresariado da capital argentina, assim como a clase média (de São Paulo e de Minas, especialmente) e o grande empresariado, sempre a imprensa das rançosas famílias donas de jornais, rádios e televisões.
É o ódio de classe a tudo o que é popular, a tudo o que é nacional, a tudo o que cheira povo, mobilizações populares, sindicatos, movimentos populares, direitos sociais, distribuição de renda, nação, nacional, soberania. FHC se faz herdeiro do que há de mais retrógado na direita latinoamericana – da UDN de Lacerda, passando pelos gorilas do golpe argentino de 1955, pelos golpistas brasileiros de 1964, pelo anti-peronismo e o anti-getulismo, que agora desemboca no anti-lulismo. Ao chamar Lula de neo-peronista, quer usar a o termo como um palavrão, como acontece no vocabulário gorila, mas veste definitivamente a roupa da oligarquia latinoamericana, decrépita, odiosa, antinacional, antipopular. Um fim político coerente com seu governo e com seus amigos aliados.