terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O OUTRO Luiz....

A história de um outro Luiz, também filho do Brasil


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Olhos que vivenciaram a tortura psicológica e física. Olhos que sofreram com o abuso sexual, preconceito e a miséria. Olhos que sentiram fome. Olhos que ainda têm fome. Fome de uma sociedade mais justa e solidária. Este olhar sonhador pertence ao jovem Luiz Roberto Lima, 35 anos, estudante de jornalismo e coordenador do Diretório Acadêmico de Comunicação da PUC-Campinas. Luiz foi um dos quatro selecionados para o concurso mundial de fotografia “Humanizando o Desenvolvimento”, promovido pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) que selecionou 50 imagens de 27 países.
Participaram do concurso fotógrafos profissionais e membros da sociedade civil. O conteúdo enviado foi avaliado por representantes do IPC-IG, do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV) e um fotógrafo profissional. Os olhos que já presenciaram o pior das mazelas sociais, hoje, registram por meio da lente fotográfica a realidade, rumo à construção de um mundo melhor. Militante de direitos humanos, Luiz explicou que o objetivo da foto, feita em 2009 em uma oficina de meio ambiente no distrito de Sousas, em Campinas, foi mostrar exemplos de superação social.
Já no 3º ano de jornalismo na PUC, Luiz é bolsista do Prouni e carrega uma história de luta e sobrevivência. Abandonado pela mãe na maternidade, ele cresceu em um orfanato, onde sofreu todos os tipos de violência possíveis. “Tinha muitos afazeres domésticos, como cuidar dos menores. Passava a noite inteira acordado, pois se os bebês chorassem, eu apanhava muito. Qualquer travessura era motivo para ficarmos sem comida. Muitas vezes, cheguei a comer pasta de dente, mesmo com uma dispensa enorme cheia de comida que, inclusive, chegava a estragar, mas eles não nos deixavam comer”, contou.
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Foto do jovem Luiz Roberto Lima premiada pela Onu.

Entre espancamentos, assédio moral e fome, Luiz não foi imune ao preconceito, já que é negro. “O fato de ser negro pesava muito. Eu pedia a Deus para ser branco e assim ser adotado para libertar-me daquela situação. Apanhava feito um condenado, por motivos banais. Nós não podíamos contar para visitas, pois as surras eram piores”, relatou Luiz lembrando que seu apelido era “Negrinho do Pastoreio” e, por este motivo, simplesmente pelo fato de ser negro, recebia surras homéricas, assim como outros companheiros negros.
Além de negar comida e espancá-lo, as pessoas responsáveis pela instituição que o acolheu também surravam os bebês, segundo Luiz. “Quando as crianças de berço choravam muito, as tias pressionavam a cabecinha delas contra o berço. Na hora do banho, batiam muito. As crianças viviam marcadas. Lembro-me de um menino negro, chamado Jorginho, ele tinha um ano e meio aproximadamente. Ele chorava muito e quanto mais chorava, mais apanhava. O menino, coitado, só queria ficar no meu colo. Ele me via e chorava. Às vezes, a tia me fazia passar a noite inteira com ele no colo e não podia dormir”, declarou.
Mesmo com inúmeras doações à instituição, as crianças e os jovens não recebiam nada. De acordo com Luiz, sua principal memória do Natal era quando uma fábrica de brinquedos fazia uma imensa doação e as crianças nunca chegavam a ver os tais presentes. “Num determinado Natal aprontamos alguma coisa. Era comum no final de ano, algumas famílias nos levarem para suas casas, mas neste ano, devido a alguma travessura, passamos todos nós lá, com fome, vendo a caseira comemorando com a família e todos muito bem arrumados”, denunciou.
E o Luiz cresceu
Aos 11 anos, Luiz foi transferido para uma instituição para adolescentes. O menino sonhava que poderia viver melhor, pelo menos com mais tranquilidade e sem surras, mas não foi bem esse quadro que ele encontrou. “Diálogo era o da porrada. Era como se fosse um quartel, com as regras mais arcaicas que podiam existir, baseada na submissão e violência. Tinha um cara que cuidava da gente, chamado Benê, negro também. Ele era o mais violento batia com murros e pontapés. Era um ambiente de medo, revolta. Parecia um caldeirão com todos os ingredientes presentes, prontos pra explodir”, ele contou.
Mesmo com o corpo dolorido de violência e a alma castigada pela injustiça, Luiz alimenta um sonho: o de conhecer sua mãe. “Desde criança olho para as mulheres negras que encontro imaginando como seria minha mãe e, assim, meu olhar foi envelhecendo com as dificuldades para encontrar minha verdadeira família, mas a esperança ainda persiste em mim”.
Aos 16 anos, ainda sem perspectiva de adoção, Luiz pediu emancipação e foi morar em uma pensão. No entanto, pouco tempo depois, ele perdeu o emprego e foi morar na rua. “Aí que realmente eu vi o que era sofrer. Descobri que a violência, o abuso sexual sofrido na primeira instituição não chegavam perto do que era a rua – nua e crua”, revelou.
De acordo com levantamento feito pelo Ministério de Desenvolvimento Social, há uma predominância masculina (82%) entre as pessoas em situação de rua. A maior parte, 53%, situa-se na faixa etária de 25 a 44 anos. Nesta população, 30% se declararam negros, índice bem acima da média nacional, que é de 6,2%. Já o percentual dos que se consideram brancos é de 29,5% (esse índice é de 54% entre o conjunto dos brasileiros) . “Conheci alguns “menores de rua” e comecei a acompanhá-los. Tentei furtar pra comer, mas não dava certo, eu não conseguia, diferenciava- me, dos demais. Alguns dos meninos e homens de ruas mais velhos, diziam que a rua não era pra mim. Na verdade, a rua não é pra ninguém”, alertou Luiz.
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“O preconceito marcou a história de Luiz, também filho do Brasil”.

Depois de passar três anos em situação de rua, Luiz começou a viver com a solidariedade das pessoas que lhe ofereciam abrigo, comida e ajuda. Começava a construir uma nova vida e, desta vez com o apoio de amigos e companheiros.
Outro fato que revelou o preconceito aconteceu em um shopping center de São Paulo. “Comecei a trabalhar e já podia comprar minhas roupas de marca, que é o sonho de jovens da periferia. Fui com um amigo comprar o tão sonhado tênis. Mas como paguei à vista o vendedor, achou que eu era bandido e avisou o setor de segurança. Fui algemado pelo segurança em uma cadeira e comecei a levar tapa na cara, com um revólver apontado pra minha cara. O interessante é que meu amigo, branco, não apanhou. Eu gritava e o segurança pegou dois fios ligado na tomada e passou a dar choque, querendo saber do resto do dinheiro, querendo saber de que quadrilha eu era”, disse Luiz lembrando que todos os seus documentos estavam certos e não havia qualquer indício para que o acusassem. “As ameaças eram cruéis, a ponto de ele dizer que ia me penetrar com cabo de vassoura. Para minha sorte, chegou um chefe de segurança do turno da noite, e perguntou o que estava acontecendo, o segurança relatou e eu relatei”. Foi nesse momento que o rapaz foi liberado.
Após este episódio traumático, Luiz resolveu entrar em um supletivo e em um cursinho, momento em que passou no Curso de Ciências da Educação da UERJ, logo depois transferiu para Ciências Sociais. “O cursinho foi fundamental na minha trajetória, pois ele era alternativo, então me deu uma base socialista, de esquerda. Lá aprendi música, teatro, poesia, arte e esperança. Esperança para uma nova vida”. Sem dinheiro, ele resolveu arriscar e iniciou sua faculdade. Inicialmente, conquistou uma bolsa-auxílio, mas o governo da época (Garotinho) cortou o benefício e Luiz teve de abandonar no 3º ano e retornar à Campinas. “Procurei um emprego na cidade e fui trabalhar num call center. Fiquei um ano sem estudar e depois entrei na Puc para fazer Direito pelo Prouni. Fiz um ano e mudei para o Jornalismo”.
E foi como estudante de jornalismo que Luiz transformou seu olhar estético e crítico em visão de mundo. “Acredito que a revolução se faz no cotidiano. A construção de um mundo melhor, de um Brasil mais justo e mais igualitário se faz todos os dias e o jornalismo tem um papel fundamental na consolidação da democracia”, concluiu Luiz que caminha pelas esquinas de Campinas com máquinas fotográficas emprestadas, com passos pesados da vida, mas braços prontos para a construção de um mundo melhor.

A Palestina resiste.....

Boicote a Israel ganha ímpeto

por Johh Pilger
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A farsa da cimeira sobre a alteração climática em Copenhaga confirmou uma guerra mundial travada pelos ricos contra a maior parte da humanidade. Também pôs em relevo uma resistência que cresce como talvez nunca antes se viu: um internacionalismo ligando a justiça para o planeta terra com os direitos humanos universais, e a justiça criminal para os que invadem e espoliam com impunidade. E as boas notícias provêm da Palestina.

A resistência palestina ao roubo do seu país atingiu um momento crítico em 2001 quando Israel foi classificado como um estado de apartheid numa conferência das Nações Unidas sobre o racismo em Durban, África do Sul. Para Nelson Mandela, a justiça para os palestinos é "a maior questão moral da nossa época". O movimento Palestinian Civil Society Call for Boycott, Disinvestment and Sanctions (BDS), foi fundado a 9 de Julho de 2005, voltando a reunir de forma impressionante o grande movimento não-violento que varreu o mundo e levou ao desmoronamento do apartheid africano. "Durante décadas de ocupação e expropriação", escreveu Mustafa Barghouti, uma voz inteligente da política palestina, "90 por cento da luta palestina tem sido não-violenta… Uma nova geração de líderes palestinos [fala agora] ao mundo exactamente como o fez Martin Luther King. O mesmo mundo que rejeita qualquer uso de violência por parte dos palestinos, mesmo em nítida auto-defesa, não pode certamente recusar a não-violência utilizada por homens como King e Gandhi".

Nos Estados Unidos e na Europa, sindicatos, associações académicas e igrejas importantes ressuscitaram as estratégias e tácticas que foram usadas contra o apartheid sul-africano. Numa resolução adoptada por 431 votos contra 62, a Igreja Presbiteriana dos EUA aprovou "um processo de desinvestimento selectivo faseado em corporações multinacionais que mantêm negócios com Israel". Isto vem na sequência da opinião do Tribunal Internacional de Justiça de que o muro de Israel e as suas colónias "colonizadoras" eram ilegais. Uma declaração semelhante feita pelo tribunal em 1971, denunciando a ocupação da Namíbia pela África do Sul, desencadeou o boicote internacional.

Tal como a campanha da África do Sul, a questão da lei é fundamental. A nenhum estado é permitido desprezar o direito internacional tão deliberadamente como Israel. A resolução de 1990 do Conselho de Segurança da ONU exigindo que Saddam Hussein saísse do Kuwait foi a mesma, quase palavra por palavra, do que a que exigiu que Israel saísse da Cisjordânia. Os Estados Unidos e os seus aliados atacaram e expulsaram o Iraque, ao passo que Israel tem sido recompensado repetidamente. A 11 de Dezembro, o presidente Obama anunciou uma "ajuda" a Israel de 2,75 mil milhões de dólares, um primeiro pagamento dos 30 mil milhões de dólares que os contribuintes americanos irão oferecer durante esta década a partir da sua apertada economia.

A hipocrisia é agora bem compreendida nos EUA, onde campanhas de boicote dos consumidores se estão a tornar um lugar comum. A campanha de "beleza roubada" dirige-se contra os produtos de beleza Ahava que são feitos em "colonatos" ilegais da Cisjordânia, forçando a empresa a desistir da sua sensacionalista celebridade "embaixadora", Kristin Davis, estrela de 'O Sexo e a Cidade'. Na Grã-Bretanha, a Sainsbury's e a Tesco estão a ser pressionadas para identificar produtos de "colonatos", cuja venda transgride a cláusula dos direitos humanos no acordo de comércio da União Europeia com Israel.

Na Austrália, um consórcio que inclui a companhia francesa Veolia perdeu a sua proposta de mil milhões de dólares, para uma instalação de dessalinização, na sequência de uma campanha denunciando o plano da Veolia para construir uma via-férrea ligeira ligando Jerusalém aos "colonatos". Na Noruega, o governo retirou o seu apoio à Elbit, uma companhia israelense de alta tecnologia, que ajudou a construir o muro na Palestina. Este é o primeiro boicote oficial feito por um país ocidental. "Não queremos financiar empresas que contribuem de forma tão directa para violações do direito humanitário internacional", disse o ministro das finanças norueguês.

Em 2005, a Associação de Professores Universitários na Grã-Bretanha (AUT) aprovou o boicote a instituições académicas israelenses cúmplices da opressão dos palestinos. A campanha AUT foi forçada a recuar quando o lobby de Israel desencadeou uma avalanche de difamações e acusações de anti-semitismo. O escritor e activista palestino Omar Baghouti chamou-lhe "terrorismo intelectual": uma perversão da moral e da lógica que afirma que ser contra o racismo para com os palestinos é ser anti-semita. Mas o ataque israelense a Gaza a 27 de Dezembro de 2008 alterou quase tudo. Formou-se a primeira Campanha americana para um Boicote Académico e Cultural de Israel , com Desmond Tutu na sua assembleia consultiva. Na conferência de 2009, o Conselho de Sindicatos da Grã-Bretanha aprovou um boicote de consumidores. O "tabu Israel" acabou.

A complementar tudo isto observa-se a rápida evolução da lei criminal internacional desde o caso Pinochet em 1999, quando o antigo ditador chileno foi colocado sob prisão domiciliar na Grã-Bretanha. Os instigadores da guerra israelenses enfrentam agora um processo semelhante em países que têm leis de "jurisdição universal". Na Grã-Bretanha, a Lei das Convenções de Genebra de 1957 foi reforçada pelo relatório da ONU sobre Gaza, do juiz Richard Goldstone, que em Dezembro obrigou um magistrado de Londres a emitir um mandato de prisão para Tzini Livni, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, acusado de crimes contra a humanidade. Em Setembro, apenas a imunidade diplomática artificial salvou Ehud Barak, o ministro da Defesa israelense durante o ataque a Gaza, de ser preso pela Scotland Yard.

Há precisamente um ano, foram assassinadas pelos israelenses em Gaza 1400 pessoas indefesas. A 29 de Dezembro, Mohamed Jassier tornou-se o 367º residente de Gaza a morrer, porque as pessoas que precisam de tratamento médico para salvarem a vida não têm autorização de sair. Não podemos esquecer isto quando observarmos a BBC a "equilibrar" este sofrimento com os protestos mistificadores dos opressores.

Existe neste momento uma dinâmica clara. Para assinalar o primeiro aniversário da atrocidade de Gaza, uma grande caravana humanitária de 42 países – muçulmanos, judeus, cristãos, ateus, velhos e novos, sindicalistas, escritores, artistas, músicos e os que encabeçam comboios de alimentos e medicamentos – convergiu para o Egipto e, apesar de a ditadura do Cairo, subornada pelos americanos, ter impedido a maior parte de prosseguir para Gaza, as pessoas daquela prisão aberta ficaram a saber que não estão sós, e as crianças escalaram os muros e hastearam a bandeira palestina. E isto é só o começo.

O original encontra-se em http://www.johnpilger.com/page.asp?partid=563 . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Mais de 50 entidades manifestam apoio ao MST de Santa Catarina

Créditos: Revista Pobres & Nojentas


Mais de 50 entidades sindicais, representantes de universidades, professores, partidos políticos, deputados e juristas participaram, na tarde desta sexta-feira (29), do ato de apoio ao MST de Santa Catarina. A atividade condenou a prisão arbitrária do coordenador do MST de SC, Altair Lavratti, do militante Rui Fernando da Silva Júnior, e da líder comunitária Marlene Borges. Lavratti foi algemado e preso em Imbituba, quando participava de uma reunião com catadores de material reciclado, num galpão, na noite de quinta-feira. Marlene e Rui foram presos na manhã de sexta-feira, depois de se apresentarem voluntariamente. Rui também foi algemado.

As acusações envolvem esbulho possessório (tomada violenta de um bem), formação de quadrilha e incitação à violência, e segundo a PM, foram “preventivas”, ou seja, para evitar que os supostos crimes fossem cometidos. As investigações começaram em dezembro, no entanto, há mais de 10 anos o MST participa de encontros com a comunidade local, informando as famílias sobre seus direitos.

A área de 200 ha, principal motivação das ações, pertence ao Governo Federal e foi cedida ao Governo do Estado para formação de uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE) em 1996, no entanto, desde então está abandonada. “O objetivo das reuniões era informar as pessoas sobre seus direitos e mostrar que o MST está solidário às lutas das famílias exploradas também nas cidades”, explicou o coordenador do MST, Lucídio Ravanello. O problema, segundo a comunidade local, é a privatização dos espaços, sem chance para que as famílias possam utilizar-se de uma área que é pública.

Denúncias descabidas

Uma das acusações que causou revolta ao MST é a denúncia, por parte da PM, de que pessoas estariam recebendo dinheiro para participar de mobilizações na região de Imbituba. “Isso nunca ocorreu. É um absurdo gigantesco que não tem qualquer cabimento. Respeitamos a vontade da comunidade local e é só. Gostaríamos de saber de onde a polícia tirou esse tipo de calúnia”, afirmou Ravanello, que desafiou a PM a apresentar provas de que esse tipo de ação ocorreu.

Prisões arbitrárias e ilegais

Juristas presentes ao ato destacaram as prisões como arbitrárias e ilegais, pela utilização de escutas consideradas criminosas pela Organização dos Estados Americanos (OEA), pelo uso indiscriminado de algemas, além do conflito de competências em razão da investigação realizada por uma polícia cuja atividade é amplamente questionada dentro do próprio sistema de segurança – a P2, serviço de inteligência da Polícia Militar de SC. “Acredito que esse é o momento de começarmos aqui uma discussão muito mais ampla, sobre as razões e motivações desses casos de criminalização que se repetem em diversos estados”, afirmou o doutor em direitos humanos e desenvolvimento, advogado Prudente José Silveira Mello, também conselheiro do Comitê de Anistia do Ministério da Justiça.

Em 6 de agosto de 2009, a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA divulgou sentença condenando o Brasil pelo uso de interceptações telefônicas ilegais, em 1999, contra associações de trabalhadores rurais ligadas ao MST no Paraná. O Estado brasileiro foi considerado culpado pela instalação dos grampos, pela divulgação ilegal das gravações e pela impunidade dos responsáveis.

Prudente ainda destaca que Altair Lavratti não teve respeitado o direito de contatar um familiar ou qualquer conhecido, para informar sobre sua prisão. Autoridades locais, advogados e representantes do MST somente conseguiram localizar Lavratti às 8h da manhã da sexta-feira, quase 10 horas depois da prisão. “Ele foi isolado de forma ilegal. Ninguém o encontrava em qualquer local e as autoridades não informavam sobre onde ele poderia estar”, disse.

Em nota, o movimento em SC destaca que “a prisão de homens e mulheres ligados ao MST, além de líderes comunitários, quando realizavam uma reunião com integrantes da comunidade, em Imbituba, demonstra uma faceta controversa do Estado, do poder policial e de uma parcela do judiciário. Estas pessoas foram detidas mesmo sem cometer qualquer crime, apenas pelo fato de trabalharem junto às famílias no esclarecimento de seus direitos enquanto cidadãos e cidadãs.”

Outra questão controversa do episódio é a participação do Ministério Público nas investigações. Foi o MP quem solicitou à justiça a quebra do sigilo telefônico de integrantes do MST, e também quem organizou, junto da PM, a prisão preventiva dos representantes do movimento. “O MST, como já ocorreu com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), é vítima de uma ação orquestrada que utiliza como artifício a prisão “preventiva” por “suspeita de invasão”. Para a polícia e para o poder judiciário, pelo que se entende a partir desta ação, reuniões que envolvam sindicalistas e lutadores sociais passam a ser “suspeitas” e, sendo assim, são passíveis de interrupção e prisão”, destaca o movimento na nota divulgada na manhã de sexta-feira.

Durante o ato, os representantes de mais de 50 entidades assinaram uma moção de apoio ao MST, e de repúdio à ação da Polícia Militar e do Judiciário.

Discografia Pink Floyd ( CDrip 1967 a 2004 )

Créditos: Filmeja
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Biografia :
Pink Floyd foi uma banda de rock inglesa do século XX famosa pelas suas composições de rock clássico harmónico, pelo seu estilo progressivo e pelos espectáculos ao vivo extremamente elaborados. A origem do nome "Pink Floyd" deve-se à admiração do fundador Syd Barrett pela arte dos músicos Pink Anderson e Floyd Council, do blues.

É um dos grupos mais influentes na história do rock, além de um dos mais bem sucedidos, tendo vendido aproximadamente 300 milhões de cópias de seus álbuns.[1][2] A produção The Dark Side of the Moon manteve-se no Top 100 Billboard de vendas durante mais de uma década e continua a ser um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos.

Liderada pelo lendário cantor e compositor Syd Barrett, o grupo tinha um modesto sucesso na segunda metade da década de 1960 produzindo rock psicodélico. Mas o comportamento errático de Barrett forçou seus colegas de banda a afastá-lo e substituí-lo pelo guitarrista e cantor David Gilmour.

Com a saída de cena de Barrett, o baixista e vocalista Roger Waters gradualmente tornou-se o líder e principal compositor do Pink Floyd. Esta fase foi marcada pela produção de álbuns conceituais como The Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e The Wall (1979) --- álbuns que obtiveram êxito mundial, foram aclamados pela crítica especializada e figuraram em listas dos mais vendidos e populares em vários países.

Mas após o álbum, The Final Cut, (1983), o grupo separou-se. Em 1985, Waters declarou que o Pink Floyd estava extinto, mas os demais membros - agora liderados por Gilmour, mais o tecladista Rick Wright e o baterista Nick Mason -, após briga judicial, retomaram a banda com o nome oficial e seguiram gravando e se apresentando - com grande sucesso comercial e, finalmente, fecharam um acordo com Waters.

Em 2 de julho de 2005 e pela primeira vez em 24 anos, a formação mais clássica do Pink Floyd voltou a tocar, para a sua maior platéia, no concerto Live 8, em Londres, Reino Unido. Em 15 de Setembro de 2008, o tecladista Richard Wright morreu, pondo um fim no sonho de um possível retorno dos Pink Floyd.

Em entrevista concedida ao jornal italiano La Repubblica no dia 3 de fevereiro de 2006, Gilmour indicava o fim do Pink Floyd, declarando que o célebre grupo não produzirá qualquer novo material, tampouco voltará a se reunir novamente. Ainda assim, a possibilidade de se fazer uma apresentação similar ao Live 8 não foi descartada tanto por Gilmour ou Mason.

Integrantes da banda :

David Gilmour
Nick Mason
Roger Waters
Richard Wright
Syd Barrett
Bob Klose


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Contra a pena de morte e nossa falta de tolerância


Uma pesquisa da CNT/Sensus aponta que entre os meses de janeiro de 2001 e 2010, aumentou a quantidade de brasileiros favoráveis à legalização do aborto. Mas também cresceu o número dos que defendem a pena de morte. Na última década, subiu de 39,4% para 41,2% a taxa dos que defendem a pena capital e de 17,7% a 22,7% dos que defendem o aborto.
Em abril de 2007, uma pesquisa Datafolha apontou que 55% dos brasileiros defendiam a adoção da pena de morte, 57% eram contra a eutanásia (o direito do paciente terminal de pôr fim à sua própria vida), 65% defendiam que a lei do aborto não fosse ampliada para além dos casos de estupro e risco para a mãe, 49% rejeitavam a união civil homossexual (ou seja, a maioria, uma vez que 42% eram a favor) e 52% eram contrários à adoção de filhos por casais do mesmo sexo.
Basicamente a pesquisa CNT/Sensus difere daquela realizada pelo Datafolha na questão da pena de morte, em que a primeira aponta que os contrário à sua adoção são maioria enquanto que, na outra, eles chegavam a 55%. Contudo, há um preocupante viés de alta dos favoráveis a lei de talião e o seu olho por olho, dente por dente.
Como já disse aqui anteriormente, se essas pesquisas fossem um gabarito, eu já teria sido reprovado retumbantemente como brasileiro, uma vez que minhas posições pessoais são opostas àquelas representadas pela pesquisa Datafolha. Em uma hipotética avaliação de segunda época que também incluísse a redução da maioridade penal, a prisão perpétua, a manutenção do uso de drogas como crime (que só atrasa a solução do problema), seria reprovado novamente.
Dizem que falta informação e por isso temos uma sociedade que pensa de forma tão conservadora. Mas informação não basta, caso contrário os mais escolarizados teriam um comportamento mais aberto aos direitos sociais e humanos do que aponta a pesquisa. Deve-se saber como trabalhar com essa informação que recebemos, refletir sobre ela. Entramos aqui na questão da consciência social, que não se aprende nos bancos de escola, mas no trato com a sociedade.
O contato com o “outro”, e com suas diferenças, contribui para fomentar essa consciência. Não através do filtro dos jornais e das lentes de TVs, mas pelo diálogo direto. Só dessa forma poderemos entender as razões desse outro. E se, mesmo assim, não concordarmos com sua posição, podemos, ao menos, ser tolerantes. E aceitar que as pessoas têm direito à própria vida e ao próprio corpo e que não é com uma sociedade ditatorial e sumária que se resolverão os problemas.
Infelizmente, o que vimos nas posições vociferadas contra o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos é que o desafio é imenso. Ele perpassa todas as camadas econômicas e sociais e encontra inimigos mesmo em pessoas que dizem ter rodado o mundo – mas que, pelo visto, nada de útil aprenderam por lá.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pobres professores....

Trabalho intenso prejudica saúde dos professores

Pesquisa realizada pela Universidade de Brasília que os professores da rede pública DF estão cansados, doentes e trabalhando demais, inclusive para suprir deficiências da merenda escolar. Estudo feito em uma escola-classe de ensino fundamental (1ª a 4ª série) na Asa Norte mostra que o trabalho intensificado pelas mudanças no comportamento da sociedade e políticas públicas ineficientes prejudicam a saúde dos professores.

A dissertação A intensificação do trabalho docente na escola pública, defendida pela pedagoga Sandra Jaqueline Barbosa aponta que os pais transferem à escola o papel de educar seus filhos e as instituições não estão prontas para isso. “A famosa educação que vem de berço, não é mais o pai ou a mãe que dão, agora é função das escolas. Os pais estão mais preocupados em suprir necessidades materiais e acabam trabalhando muito”, explica a pedagoga.

Sandra verificou que os professores estão procurando auxílio no Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF) muito mais por causa da saúde do que para questões jurídicas. “Os professores estão apresentando sofrimentos psíquicos pela intensificação do trabalho”, explica a pesquisadora. Um dos diretores do Sinpro/DF, Ilson Bernardo conta que a demanda cresceu. “Tivemos que abrir um espaço para atender a saúde porque os casos extrapolam o que poderíamos considerar razoável”.

Outros problemas que intensificam o trabalho do professor são algumas funções administrativas acumuladas sem adicional financeiro, atitudes de desrespeito dos estudantes e seus familiares em relação à autoridade do professor, e ainda a obrigação de captar recursos para a escola, como organização de festas juninas. “A política de descentralização financeira propugnada pelos governos acabam em uma busca de alternativa pelos professores de arrecadação de recursos ”, explica Sandra Jaqueline.

Sandra conta que, sem esse esforço extra dos professores para captar dinheiro, até a merenda estaria ameaçada. A pedagoga conta que o governo repassa aos colégios alimentos básicos que seriam intragáveis. Por exemplo, quando chega o macarrão, ele não vem acompanhado de temperos. A saída é levantar dinheiro para comprar os temperos. Os professores acabam realizando trabalhos paralelos junto à comunidade que cerca a escola.

METODOLOGIA – Para realizar a pesquisa, Sandra entrevistou sete professoras, seis delas com mais de dez anos de experiência e uma com mais de sete anos sob o regime de contrato temporário. Começou seu trabalho em março de 2007 e defendeu sua dissertação em março de 2009. De maio a dezembro de 2008, Sandra Jaqueline acompanhou as atividades desenvolvidas na escola e realizou entrevistas com as professoras. Participou de reuniões de coordenação, reuniões com famílias, oficinas para confecção de material para a festa junina, oficina de música, atendimento a alunos com dificuldade de aprendizagem e outros trabalhos.

Outro ponto que contribui para o stress dos professores é a inclusão de alunos com necessidades especiais. Apesar de ser um ponto positivo para a sociedade – também seria para a escola – as instituições não estão preparadas para receber essa demanda. “Há pais que podem pagar algum ajudante para cuidar seus filhos. A escola não consegue dar suporte para todos os alunos inclusivos. O Estado tem de garantir essas condições”, explica Sandra. Na maioria das vezes, a escola tem apenas uma pessoa para acompanhar cerca de 19 alunos com alguma deficiência.

A pesquisadora diz que a saída seria uma reestruturação no sistema, como salas de aula com menos alunos, mais colaboradores para ajudar os alunos inclusivos, diminuição de carga horária dentro da classe ou aumento de horas para elaborar os projetos, definir as avaliações e serem capacitados. “Hoje em dia é muito trabalho e pouco tempo”, explica Sandra Jaqueline.


Fonte UnB via Vermelho

O abuso continua.....

Camponeses e população de periferia denunciam a poluição da Coca-Cola

Fábrica que contamina o Córrego das Pedras, no Espírito Santo, está construindo nova tubulação para jogar o efluente em outro rio


Winnie Overbeek de Linhares (ES) - BrasilDeFato

Revoltados com o avanço da poluição de suas águas, cerca de 100 manifestantes denunciaram em Linhares, norte do Espírito Santo, a contaminação do Córrego das Pedras, causada pela empresa de fabricação de sucos, a Mais Indústria de Alimentos, propriedade da transnacional Coca-Cola. A empresa é conhecida pela marca Minute Maid Mais, transformado recentemente na marca Del Valle Mais.

O protesto realizado no último dia 23 de janeiro mobilizou as famílias da comunidade do bairro Santa Cruz, vizinho à fábrica no município de Linhares, e famílias rurais camponesas ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

A fábrica que já contamina o Córrego das Pedras, afetando alguns agricultores e o bairro Santa Cruz, está construindo uma nova tubulação para poder jogar o efluente (produtos poluentes produzidos pela indústria lançado no meio ambiente) em um córrego limpo que tem contato direto com dezenas de lagoas naturais na região. Centenas de agricultores temem a contaminação deste córrego, já que pode afetar as fontes de água que usam para irrigação e para o consumo humano.

A nova fonte de contaminação afetará diretamente os pequenos agricultores da região, que já sofrem dos impactos da expansão da monocultura da cana em larga escala, realizada pela empresa Lasa. Uma das agricultoras, Cristina Soprani, explica que “o grande objetivo do movimento hoje é produzir comida limpa, comida saudável. E para isso, a gente precisa essencialmente da água, e da água preferencialmente limpa”.
A poluição avança
O problema começou em 2003 quando a empresa chamada Sucos Mais iniciou o lançamento de efluentes no Córrego das Pedras, que passa por algumas propriedades rurais e depois pelo bairro Santa Cruz. Desde então, os moradores do bairro sofrem com o mau cheiro. Uns dos agricultores mais afetados, os irmãos Zanetti, tiveram sua produção de café reduzida de 1500 para 60 sacas e não podem mais tomar água do poço na propriedade.

As reclamações feitas ao longo dos anos surtiram pouco efeito. E depois da compra do empreendimento pela Coca-Cola em 2006, a situação se agravou ainda mais. Segundo os dados do Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), a empresa requereu licença de ampliação da produção exatamente em 2006, visando a produzir outras bebidas como chás, bebidas mistas de sucos de frutos com soja, bebidas lácteas, preparados líquidos, entre outros, objetivando produzir mais 900 mil litros por mês. Apesar das denúncias, o IEMA tem concedido e renovado o licenciamento ambiental da empresa.

Em 2007, devido à situação de calamidade do Córrego das Pedras, a família dos irmãos Zanetti procurou o Ministério Público na cidade de Linhares denunciando a situação. A promotora de meio ambiente na época, Carina Jovita de Sá Santos, resolveu solicitar um laudo técnico realizado pelo IBAMA. O laudo, de 14 de julho de 2008, concluiu “uma inequívoca vinculação da degradação da qualidade ambiental do córrego “rio das Pedras” ao lançamento dos efluentes da empresa”, sobretudo no “período de junho a setembro de 2007”. O laudo constatou ainda que a Mais Indústria de Alimentos S/A, por ter poluído o Rio das Pedras e descumprindo a Licença de Operação 27/200, tinha infringido artigos 41 e 44 do decreto 3.179/99, constituindo também crime contra o meio ambiente. Posteriormente foi aberta ação criminal que tramita na 3ª Vara Criminal.

Em função do laudo do IBAMA, o Ministério Público do Espírito Santos ingressou com Ação Civil Pública para responsabilizar a empresa pelo dano ambiental. No entanto, Ministério Público e empresa resolveram celebrar um acordo sugerindo melhorias no tratamento do efluente num prazo de 120 dias.

Considerando, dentre outros, que o Córrego das Pedras continuava apresentando baixa qualidade de água, o Ministério Público resolveu celebrar no dia 27 de agosto de 2009 outro acordo contendo obrigações como apresentar dentro de um prazo de 90 dias “projeto de adequação a ser realizada para regularização do sistema de tratamento de efluentes industrial atualmente existentes na empresa”, além de “apresentar, ao IEMA, e implementar após aprovação projeto de recuperação das áreas adjacentes que possam ter sido objeto de degradação pelas obras de colocação das manilhas, no ponto de lançamento de efluentes da empresa”.

Porém, segundo os manifestantes, o efluente continua sujo e a prometida recuperação não foi realizada. “A gente percebe que o governo municipal, governo estadual, dá concessão às empresas e que os órgãos ambientais fazem todo o processo de licenciamento, e aí a gente fica se perguntando: onde fica a vida?”, reclama Cristina Soprani.

Educação em São Paulo em 4 partes, na visão dos professores...

O “Processo Imbecilizador” da Educação em SP (1)
 Escrito por Wellington Fontes Menezes   
 
1. Políticas neoliberais de punição e humilhação
 
"Humilhar é mais que odiar. A humilhação consiste em expor ao ridículo tanto quanto possível."
(Herbert Nier Koughron)
 
Se não bastasse a hecatombe educacional promovida pelas seguidas gestões tucanas à frente da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP), o que mais poderia vir das cabeças esquizofrênicas de seus irresponsáveis gestores? O primeiro passo foi empurrar a culpa no passado (responsabilizar outras gestões é coisa desta bela natureza eleitoreira). Depois, responsabilizar escancaradamente o professor pelo estágio de metástase em que se encontra o fosso educacional. Agora, a próxima etapa é unir a pirotecnia marqueteira e a humilhação total do profissional da educação. Bravo!
 
A política tucana de humilhação do funcionalismo público não é gratuita. No seu cerne busca sustentar uma ideologia de desmonte do Estado e tem grande suporte na mídia neoliberal. Logo, o governo Serra, por via do seu amigo e secretário de educação, Paulo Renato de Souza, tira do bico tucano um magistral e midiático "Plano de Carreira do Magistério". Possivelmente é o projeto mais ordinário dos últimos tempos feito pelo poder público para desmobilizar, estrangular e, por fim, destruir uma categoria de trabalhadores. E não se trata de apenas eclodir meros jargões políticos. Este processo merece muita atenção diante da condição de "assédio moral" que vem sofrendo a categoria docente.
 
Em que consiste mais esta nova maldição imposta pelo governo tucano de José Serra? Há uma estratégia bem definida e razoavelmente amarrada que consiste na falácia do discurso da meritocracia, impregnado de políticas neoliberais. Para seus defensores, a meritocracia separa de forma bem simplificada o "joio" do "trigo". Logo, os "bons" seriam premiados e as "maçãs podres", punidas. A meritocracia é o elogio ao "status" e somente as pessoas outorgadas com a "condição superior" que, exclusivamente, serão dignas dos louros e holofotes. Como assinala um aforismo de Allain de Boton, sobre o caráter da estratificação na sociedade meritocrática: "os ricos é que são úteis e não os pobres". Ou de outra maneira mais sintética e popularmente narcísea, "se eu consegui com meu ‘esforço’, por que o outro também não conseguiu?". A meritocracia dentro de uma categoria profissional, além de fazer uma clivagem corrosiva dentro dos seus quadros, alicerça uma condição avassaladora de hostil competição entre seus membros. Inevitavelmente, os resultados são desastrosos para quem emprega a política do código babilônico de Hamurabi, sinalizado pelo clássico aforismo "olho por olho, dente por dente".
 
Pelo PLC 29/09 lançado pelo governo Serra e aprovado pela Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp) no final de outubro passado, os professores efetivos e estáveis serão submetidos a diversas provinhas mediante uma rocambolesca quinquilharia de regras e pré-condições básicas intercaladas por "faixas de promoção". Para fazer propaganda em épocas pré-eleitoreiras, o governo Serra, em conjunto com a grande mídia, estampou nos quatro cantos que "um professor com curso superior poderá chegar a um salário final de R$ 6.270 (242% acima do piso), se conseguir atingir a quinta faixa. Se não conseguir as boas colocações nos exames, chegará a R$ 3.181 (73% acima do valor inicial)" (Folha de S. Paulo, 21/10/2009).
 
Logo, não seria difícil para a população concluir de forma abrupta que a classe dos professores dos seus filhos é bem afortunada e ao mesmo tempo "vagabunda" e responsável pela péssima qualidade de educação. Iludidos pela campanha midiática do governo Serra, não é estranho que alguns grupos de pais que se dizem "preocupados com a educação dos filhos" se manifestem de forma agressiva e alienada contra os professores. Vale lembrar que o piso nacional é menos de dois salários mínimos mensais para uma jornada de quarenta horas semanais. E no caso dos professores da rede pública da SEE-SP, o valor do salário-base (sobre o qual que incide cálculos previdenciários) é aproximadamente o mesmo para uma jornada básica pouco inferior a 30 horas semanais.
 
Na ocasião, esta fábula salarial prometida pelo governo foi estampada e anunciada em primeira página em todos os jornais de grande circulação de São Paulo, sem o menor questionamento das "regrinhas" no mágico plano da dupla Serra/Paulo Renato. Infelizmente, o senso crítico nem sempre é regra da prática docente, e sim o estéril mimetismo do "dador de aulas" (resultado de anos da massiva política do aneurisma fascista tucano para a Educação Básica). Muitos professores aplaudiram entusiasticamente o plano, como sendo a mítica "pedra da roseta" de sua convalescida profissão.
 
Todavia, com a timidez e indiferença omissa dos sindicatos da categoria (notadamente a APEOESP, uma vez que o CPP é apenas um sindicato patronal de fachada e administrador de "colônias de férias"), que não se mobilizaram ferrenhamente contra o projeto, grande parte dos professores não entendeu que, para ganharem os supostos miraculosos salários para quitarem seus carnês das Casas Bahia, precisam estar dentro de um rol de 25% dos supostos "bem avaliados da rede estadual" dentre os professores que se sujeitarem servilmente a fazerem a tal provinha.
 
Wellington Fontes Menezes é professor da rede pública.
 

Etiópia sob tensão...


Etiópia: Eleições causam ansiedade

Por Cristieni Castilhos

ADIS ABEBA, Etiópia: Meles Zenawi provavelmente vencerá as eleições, mas isso não trará tranqüilidade.
As preocupações sobre as eleições de maio na Etiópia crescem a cada dia. Os governos de países ocidentais doadores esperam que a eleição ocorra sem o conflito que se seguiu à anterior, em 2005, quando 200 pessoas foram mortas, milhares foram presas e as credenciais democráticas de Meles Zenawi, apesar de sua re-eleição, ficaram em frangalhos.
Embora pobre e frágil, a Etiópia é muito respeitada na região. Uma eleição desonesta poderia piorar as coisas no vizinho Sudão, onde a guerra civil ameaça retornar. As regiões de fronteira com o Quênia, onde caça a clandestina de gado, invasão e roubo são abundantes, se tornariam ainda mais perigosas. O ressurgimento da intranqüilidade na Etiópia seria explorado pelo seu arqui-inimigo,  o Estado da Eritréia, que apóia vários grupos rebeldes num esforço para minar o governo do país. E isso poderia se tornar ainda pior na Somália, país em que combatentes jihadistas ligados à al-Qaeda querem enfraquecer a Etiópia “cristã”, onde um terço da população é, de fato, muçulmana. Fontes de inteligência estrangeiras temem há bastante tempo um ataque jihadista em Adis Abeba, capital da Etiópia.
A Etiópia é um país de contradições. Com uma população atual em torno de 82 milhões, aumentando em dois milhões por ano, tranqüilamente vai superar o Egito como o segundo país mais populoso da África, depois da Nigéria, que tem cerca de 150 milhões de habitantes. A Etiópia hospeda a sede da União Africana. Controla uma das maiores companhias aéreas africanas. Este ano, sua economia está prevista para crescer cerca de 7%, uma das maiores taxas do mundo. Está conquistando investidores estrangeiros com ofertas de arrendamento de três milhões de hectares de terras cultiváveis. Está diferenciando seu café para exportação a um custo bem alto.
No entanto, a parte ruim é tão impressionante quanto. A fome assola o país periodicamente. Cerca de cinco milhões de pessoas dependem de comida de emergência para sobreviver; outros sete milhões recebem doações de alimentos. Poucas pessoas se beneficiam da liberdade de comércio no país. A Etiópia tem um dos menores números de proprietários de celulares da África. A renda per capita é uma das mais miseráveis no continente.
Tudo isso é responsabilidade da Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope, partido de Meles Zenawi (sigla em inglês EPRDF), que tem comandado o país desde 1991. O partido é dominado por antigos rebeldes marxistas de Tigré [região no norte da Etiópia], embora os tigrés, entre eles Meles Zenawi, representem apenas 6% da população etíope. “Não que os tigrés queiram abraçar o poder”, diz Meles bruscamente. “É que a Etiópia precisa buscar consistentemente uma agenda de longo prazo. E a EPRDF pode apontar alguns caminhos”. Desde que Meles chegou ao poder, a mortalidade infantil caiu pela metade, o atendimento escolar aumentou dramaticamente e a expectativa de vida cresceu de 45 para 55 anos.
Contudo, alimentar uma democracia liberal ou apoiar os direitos humanos nunca foi um tema central da agenda, muito menos depois de Meles derrotou completamente a oposição em 2005. Alguns diplomatas ocidentais insistem, de maneira pouco lógica, que a política melhorou depois disso. O governo e alguns partidos de oposição, por exemplo, assinaram um acordo de conduta para as próximas eleições. Alguns grupos da oposição são genuínos, mas outros estão em débito com a EPRDF. De qualquer forma, o principal grupo de oposição, o Fórum, se recusa a fazer parte das negociações, argumentando que a EPRDF exploraria qualquer acordo para seus próprios fins. O governo tem abafado fontes potenciais de oposição independente, tais como ONGs estrangeiras e locais, e insiste que não censura a imprensa;mas jornais continuam a fechar e jornalistas independentes estão indo embora do país. Alguns fazendeiros alegam que não estão recebendo doações de alimentos por razões políticas.
O Fórum está exigindo a libertação de um de seus líderes, Birtukan Mideksa, da prisão. Ela foi presa com outras personalidades da oposição depois da eleição de 2005, depois foi perdoada, e então foi presa novamente. É improvável que ela seja libertada antes da eleição já que poderia, afirmam alguns, posar como uma ameaça à EPRDF em Adis Abeba e em outras cidades.
No entanto, a maioria dos governos ocidentais parece muito interessada em subestimar os registros de Meles sobre direitos humanos, esperando que sua re-eleição mantenha seu país estável. Os Estados Unidos vão desembolsar um bilhão de dólares [cerca de R$1,8 bilhões] em ajuda estatal para a Etiópia este ano, ou mais se ajudas ocultas forem consideradas. A Etiópia pode esperar uma quantia similar da União Européia, multilateralmente e através de acordos bilaterais com a Grã-Bretanha e outros. E a questão das mudanças climáticas podem trazer para Meles até mais dinheiro.
The Economist.
Tradução de Aline Oliveira.
Para acessar o original, clique aqui.
Imagem retirada daqui.

Petroleo no Haiti....

O que não estamos a ouvir acerca do Haiti: petróleo

por Pakalert [*]
 
"Há prova de que os Estados Unidos descobriram petróleo no Haiti décadas atrás e que devido a circunstâncias geopolíticas e a interesses do big business foi tomada a decisão de manter o petróleo haitiano na reserva para quando o do Médio Oriente escasseasse. Isto é pormenorizado pelo dr. Georges Michel num artigo datado de 27/Março/2004 em que esboça a história das explorações e das reservas de petróleo no Haiti, bem como na investigação do dr. Ginette e Daniel Mathurin.

Também há boa evidência de que estas mesmas grandes companhias de petróleo estado-unidenses e seus monopólios inter-relacionados de engenharia e empreiteiros da defesa fez planos, décadas atrás, para utilizar portos de águas profundas do Haiti tanto para refinarias de petróleo como para desenvolver parques de tancagem ou reservatórios onde o petróleo bruto pudesse ser armazenado e posteriormente transferido para pequenos petroleiros a fim de atender portos dos EUA e do Caribe. Isto é pormenorizado num documento acerca da Dunn Plantation em Fort Liberté , no Haiti.

A HLLN de Ezili [1] sublinha este documentos sobre recursos petrolíferos do Haiti e os trabalhos do dr. Ginette e Daniel Mathurin a fim de proporcionar uma visão não encontrável nos media "de referência" nem tão pouco se encontra em qualquer outro lugar as razões económicas e estratégicas porque os EUA construíram a sua quinta maior embaixada do mundo — a quinta, após a embaixada dos EUA na China, no Iraque, no Irão e na Alemanha — no minúsculo Haiti, após a mudança do regime haitiano pelo governo Bush.

Os factos esboçados na Dunn Plantation e nos documentos de Georges Michel, considerados em conjunto, desvelam razoavelmente parte das razões ocultas porque os Enviado Especial da ONU ao Haiti, Bill Clinton , está à ocupação da ONU o aspecto de que as suas tropas permanecerão no Haiti por longo período.

A HLLN de Ezili tem afirmado reiteradamente, desde o princípio da mudança de regime do Haiti em 2004 pelo regime Bush, que a invasão do país pelos EUA em 2004 utilizou tropas da ONU como suas procuradoras militares para esvaziar a acusação de imperialismo e racismo. Também temos afirmado reiteradamente que a invasão e ocupação do Haiti pela ONU/EUA não se refere à protecção dos direitos haitianos, a sua segurança, estabilidade e desenvolvimento interno a longo prazo mas sim acerca do retorno dos Washington Chimeres [gangters] – os tradicionais oligarcas haitianos – ao poder, o estabelecimento de comércio livre injusto, o plano mortal dos Chicago boys, políticas neoliberais, manutenção do salário mínimo a níveis de trabalho escravo , pilhagem dos recursos naturais e riquezas do Haiti , para não mencionar o benefício da localização pois o Haiti está entre Cuba e a Venezuela. Dois países em que, sem êxito, os EUA têm orquestrado mudanças de regime mas continuam a tentar. Na Dunn Plantation e nos documentos Georges Michel, descobrimos e novos pormenores como a razão porque os EUA estão no Haiti com esta tentativa de Bill Clinton para que as ocupações da ONU continuem.

Recursos minerais do Haiti. Não importam os disfarces ou a desinformação dos media, trata-se também das reservas de petróleo do Haiti e de assegurar portos de águas profundas no Haiti como local de transbordo (transshipment) para petróleo ou para armazenagem de petróleo bruto sem a interferência de um governo democrático obrigado para com o bem-estar da sua população. (Ver Reynold's deep water port in Miragoane / NIPDEVCO property .)

No Haiti, entre 1994 e 2004, quando o povo tinha voz no governo, havia um intenso movimento das bases para conceber como explorar os recursos do país. Havia um plano, explicitado no livro "Investir no povo: Livro Branco de Lavalas sob a direcção de Jean-Bertrand Aristide" (Investir dans l'humain), onde a maioria dos haitianos "foi não só informada onde estavam os recursos, mas que não tinham as qualificações e tecnologia para realmente extrair o ouro, extrair o petróleo".

O plano Aristide/Lavalas, como articulei na entrevista Riquezas do Haiti , era "empenhar-se em alguma espécie de parceria privada/pública. Nesta, seria considerado tanto o interesse do povo haitiano como naturalmente o dos privados que receberiam os seus lucros. Mas penso que isto foi naquele momento em que tínhamos St. Gevevieve a dizer que não gostavam do governo haitiano. Obviamente, eles não gostavam deste plano. Eles não gostam que o povo haitiano saiba onde estão os recursos. Mas este livro – pela primeira vez na história do Haiti – foi escrito em crioulo e em francês. E houve uma discussão nacional em todas as rádios do Haiti acerca de todos estes vários recursos do Haiti, onde estavam localizados e como o governo haitiano tencionava tentar construir desenvolvimento sustentável através daqueles recursos. Era o que acontecia antes de em 2004 Bush mudar o regime do Haiti através de golpe de estado. Agora, após o golpe de estado, embora o povo saiba onde estão estes recursos porque o livro existe, ele não sabe quem são estas companhias estrangeiras. Nem quais são as suas margens de lucros. Nem quais as regras de protecção ambiental e regulamentações irão protegê-los. Muitos, no Norte por exemplo, falam acerca da perda das suas propriedades, tendo vindo pessoas com armas e tomado a sua propriedade. É assim que estamos" ( Riquezas do Haiti: entrevista com Ezili Dantò sobre mineração no Haiti ).

Os media "de referência", possuídos pelas companhias multinacionais que espoliam o Haiti, certamente não exibem para consumo público o facto de que a invasão e ocupação do Haiti pela ONU/EUA é para assegurar o petróleo do país, posição estratégica, trabalho barato , portos de águas profundas, recursos minerais (irídio, ouro, cobre, urânio, diamantes, reservas de gás), terras, zonas costeiras, recursos offshore para privatização ou a utilização exclusiva de oligarcas ricos do mundo e de grandes monopólios petrolíferos dos EUA. (Ver mapa mostrando algumas das riquezas mineiras e minerais, inclusive cinco sítios de petróleo no Haiti; Oil in Haiti pelo dr. Georges Michel ; Excerto do documento Dunn Plantation ; o Haiti está cheio de petróleo , afirma Ginette e Daniel Mathurin. Há uma conspiração multinacional para tomar ilegalmente os recursos minerais do povo haitiano : Espaillat Nanita revelou que no Haiti há enormes recursos de ouro e outros minerais, Is UN proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti ).

De facto, a actual autoridade-haitiana-sob-a-ocupação-EUA/ONU que encarregada de conceder licenças de exploração e mineração no Haiti não explica, de qualquer maneira relevante ou sistemática, à maioria haitiana acerca das companhias a comprarem, após 2004, portos de águas profundas no Haiti, que lucros partilham com o povo do Haiti, não explicam os efeitos ambientais das escavações maciças nas montanhas do Haiti e sobre as águas neste momento. Ao invés disso, o director de Mineração do Haiti alegremente sustenta que "novas investigações serão necessárias para confirmar a existência de petróleo no Haiti" .

Num trecho retirado do artigo postado em 09/Outubro/200 por Bob Perdue, intitulado "Lonnie Dunn, third owner of the Dauphin plantation" , ficamos a saber que: "Em 8 de Novembro de 1973, Martha C. Carbone, da Embaixada Americana em Port-au-Prince, enviou uma carta ao Office of Fuels and Energy, Departamento de Estado, na qual declarava que o Governo do Haiti "... tem diante de si propostas de oito grupos diferentes para estabelecer um porto de transbordo para petróleo em um ou mais portos de águas profundas haitianos. Alguns dos projectos incluem a construção de uma refinaria..." Ela a seguir comentava que a Embaixada conhecia três firmas: Ingram Corporation de Nova Orleans, Southern California Gas Company e Williams Chemical Corporation da Florida.. (Segundo John Moseley, a companhia de Nova Orleans provavelmente chama-se "Ingraham", não Ingram.)

No número de 6 de Novembro de 1972 da revista Oil and Gas Journal, Leo B. Aalund comentava no seu artigo "Vast Flight of Refining Capacity from U.S. Looms",.: "Finalmente, o Haiti de 'Baby Doc' Duvalier está a participar com um grupo que quer construir um terminal de transbordo junto a Fort Liberté, no Haiti". Uma das propostas mencionadas por Carbone estava sem dúvida submetida aos interesses Dunn.

Além disso, ficamos a saber por este artigo que "a Lonnie Dunn que possuía a plantação Dauphin "planeou rectificar e ampliar a entrada da baía [Fort Liberté] de modo a que super-petroleiros pudessem nela entrar e a carga ser distribuída para petroleiros mais pequenos para transferência a portos dos EUA e Caribe que não pudessem acomodar navios grandes..." ( Foto de Fort Liberté, Haiti).

Inserimos no sítio web HLLN as outras partes relevantes deste documento que se referem ao interesse que corporações dos EUA têm tido, durante décadas, em Fort Liberté como porto de águas profundas ideal para multinacionais instalarem uma refinaria de petróleo.

Nas décadas de 50 e 60 havia pouca necessidade dos portos ou do petróleo do Haiti pois do Médio Oriente jorravam dólares em abundância. Para os monopólios que ali actuavam não havia necessidade de enfraquecerem-se a si próprios colocando mais petróleo no mercado e cortarem os seus lucros. Escassez manipulada, teu nome é lucro! Ou, o que equivale dizer, capitalismo.

Mas o embargo petrolífero da década de 70, o advento da OPEP, a ascensão do factor venezuelano, a Crise do Golfo seguida pela guerra pelo petróleo do Iraque, tudo isso tornou o Haiti uma aposta melhor para o fato de três peças e os mercenários militares chamados "governos ocidentais", sim, um meio mais fácil de colocar a pilhagem e o saqueio sob a cobertura pública do "levar a democracia" ou da "ajuda humanitária".

Por acaso, após a mudança de regime de 2004 promovida por Bush filho, a seguir ao golpe militar de 1991 de Bush pai, descobrimos torrentes de "discussões" no Congresso acerca de perfurações off-shore em preparação, com a "revelação" final, tal como escrito há anos no documento Dunn, de que "é necessário para os super-petroleiros que precisam portos de águas profundas os quais não estão prontamente disponíveis ao longo da Costa Leste dos EUA – assim como por considerações ambientais e outras que não permitem a construção de refinarias internas na escala em que serão necessárias".

Enfatizamos que o Haiti é um local de despejo ideal para os EUA/Canadá/França e agora o Brasil , pois questões ambientais, de direitos humanos, de saúde e outras nos EU e nestes outros países provavelmente não permitiriam a construção de capacidade de refinação interna na escala em que as novas explorações de petróleo neste hemisfério exigirão. Assim, por que não escolher o país mais militarmente indefeso do Hemisfério Ocidental e salpicá-lo com iniciativas de desestabilização por trás da máscara "humanitária" da ONU e os paternais cabelos brancos de Bill Clinton com uma cara sorridente?

É relevante notar aqui que a maior parte dos principais portos de águas profundas do Haiti foram privatizados a partir da mudança de regime promovida por Bush em 2004. Também é relevante notar que no ano passado escrevi um artigo intitulado Is the UN military proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti : "Se há reservas significativas de petróleo e gás no Haiti, o genocídio e os crimes dos EUA/Europa contra a população haitiana ainda não começaram. Ayisyen leve zye nou anwo, kenbe red. Nou fèk komanse goumen. (Reler Is there oil in Haiti , de John Maxwell.)

As revelações do dr. Georges Michel e dos documentos Dunn Plantation parecem responder afirmativamente à questão de que há reservas substanciais de petróleo no Haiti. E a nossa informação no Ezili Dantò Witness Project é que na verdade está a ser aproveitada, mas não para o benefício dos haitianos ou do desenvolvimento autêntico do Haiti. Eis porque havia a necessidade de marginalizar as massas haitianas através do derrube do governo democraticamente elite de Aristide e de colocar as armas e a ocupação da ONU que hoje mascaram os EUA/europeus (com uma peça para o novo poder que é o Brasil) assegurando as reservas de petróleo e gás do Haiti e outras riquezas minerais tais como ouro, cobre, diamantes e tesouros submarinos. ( Majescor and SACG Discover a New Copper-Gold in Haiti , Oct. 6, 2009; Ver Haiti's Riches e There is a multinational conspiracy to illegally take the mineral resources of the Haitian people : Espaillat Nanita revelou que no Haiti há enormes recursos de ouro e outros minerais.)

Hoje, os EUA e os europeus dizem estar felizes com os "ganhos de segurança" do Haiti e com o seu governo "estável". Quer dizer: as últimas eleições presididas pelos EUA/ONU no Haiti excluíram o partido maioritário de qualquer participação. As prisões do Haiti estão cheias, desde 2004, com milhares de organizadores comunitários, civis pobres e dissidentes políticos que os EUA/ONU etiqueta como "gangsters", detidos indefinidamente sem julgamento ou audiências. A Cité Soleil foi "pacificada". Desde 2004 há mais ONGs e organizações caritativas no Haiti – cerca de 10 mil – do que em qualquer outro lugar do mundo e o povo haitiano está muitíssimo pior do que antes desta civilização EUA/ONU (também conhecida como "Comunidade Internacional") e seus bandidos, ladrões e esquadrões da morte corporativos que cassam os direitos de nove milhões de negros. Os preços dos alimentos estão demasiado altos, alguns recorrem ao pão que o diabo amassou na forma de biscoitos Clorox para aliviar a fome.

Lovinsky Pierre Antoine , o dirigente da maior organização de direitos humanos do Haiti, foi desaparecido em 2007 no Haiti ocupado pela ONU sem que qualquer investigação fosse efectuada. Entre 2004 e 2006, sob a ocupação ocidental, primeiro pelos Marines dos EUA e a seguir pelas tropas multinacionais encabeçadas pelo Brasil, de 14 mil a 20 mil haitianos, principalmente quem se opunha à ocupação e à mudança de regime, foram chacinados com impunidade total. Mais crianças haitianas estão fora da escola hoje em 2009 do que antes de vir a "civilização" EUA/ONG após 2004. Sob o regime imposto pelos EUA em Boca Raton, o Supremo Tribunal do Haiti foi despedido e outro completamente novo, sem qualquer autoridade constitucional emanada de mandato do povo do Haiti, substituiu os juízes legítimos e os funcionários judiciais sob a tutela da ocupação da ONU e da comunidade internacional.

(...)

[1] Ezili: Marguerite Laurent/Ezili Dantò é dramaturga, poeta, comentadora política e social, escritora e promotora de direitos humanos. Nasceu em Port-au-Prince e foi educada nos EUA. Para mais informação ver http://www.ezilidanto.com

O original encontra-se em http://pakalert.wordpress.com/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .