terça-feira, 9 de março de 2010

A imprensa burguesa na visão de Marx, Lenin e Gramsci...

NADA MAIS ATUAL - MARX, LENIN, GRAMSCI E A IMPRENSA BURGUESA

Altamiro Borges

Diante do poder alcançado pela mídia hegemônica e das ilusões ainda existentes sobre seu papel, revisitar as idéias de intelectuais marxistas sobre o tema é da maior importância e causam surpresa por sua enorme atualidade. Marx, Lênin e Gramsci, entre outros pensadores revolucionários, sempre destacaram o papel dos meios de comunicação. Exatamente por entenderem a importância da luta de idéias, do fator subjetivo na transformação da sociedade, fizeram questão de desmascarar o que chamavam, sem meias palavras, de “imprensa burguesa” e de realçar a necessidade da construção de veículos alternativos dos trabalhadores.

Estes dois elementos, a denúncia do caráter de classe da imprensa capitalista e a defesa dos instrumentos próprios dos explorados, são as marcas principais destes intelectuais marxistas. Marx, Lênin e Gramsci dedicaram enorme energia ao trabalho jornalístico, escrevendo centenas de artigos e ajudando a construir vários jornais democráticos e proletários. Foram jornalistas de mão-cheia, produzindo textos que entraram para a história. Sempre estiveram sintonizados com o seu tempo, pulsando a evolução da luta de classes; nunca se descuidaram da forma, da linguagem, para melhor difundir os seus conteúdos revolucionários.

Defesa da liberdade de expressão

Vítimas da violenta perseguição das classes dominantes, os revolucionários nunca toleraram a censura dos opressores e foram os maiores defensores da verdadeira liberdade de expressão. A própria ampliação da democracia foi decorrência das lutas dos trabalhadores, já que nunca interessou à reacionária burguesia. Mas os revolucionários nunca confundiram esta exigência democrática com a proclamada “liberdade de imprensa”, tão alardeada pela burguesia que controla os meios de produção e usa todos os recursos, legais e ilegais, ardilosos e cruéis, para castrar a própria democracia e o avanço das lutas emancipadoras.

Numa fase ainda embrionária do movimento operário-socialista, Karl Marx logo se envolveu na atividade jornalística. Após concluir seu doutorado em filosofia, em 1841, ele pretendia seguir a carreira acadêmica e ingressar na Universidade de Bonn, mas a brutal repressão do governo prussiano inviabilizou tal projeto e o jovem filósofo alemão manteve seu sustento através do jornalismo. Em 1842, ingressou na equipe do jornal Gazeta Renana e virou o seu redator-chefe. Sob sua direção, este periódico democrático triplicou o número de assinantes e ganhou prestígio, mas durou poucos meses e foi fechado pela ditadura prussiana.
Sem ilusões na imprensa burguesa
Na seqüência, entre 1848/49, passou a escrever no jornal Nova Gazeta Renana, que se transformou numa trincheira de resistência ao regime autoritário. Em menos de dois anos, Marx escreveu mais de 500 textos e tornou-se um articulista de sucesso. O combate ao código de censura do governo prussiano resultou na proibição do jornal. Marx ainda escreveu para o Die Press e o New York Tribune sobre política, economia e história. “Era um jornalismo que revelava a minuciosa leitura de Marx, seu alto grau de informação não apenas sobre os fatos e conflitos, como também sobre os atores individuais e a própria imprensa”, relata José Onofre, na apresentação do livro recém-lançado “Karl Marx e a liberdade de imprensa”.

Em sua defesa da liberdade de expressão, ele nunca vacilou na denúncia da ditadura burguesa. Para ele, o jornal deveria ser uma arma de combate à opressão e à exploração e não um veículo neutro. “A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores, o olho onipresente e a boca onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade”. Em outro texto, afirma: “O dever da imprensa é tomar a palavra em favor dos oprimidos a sua volta. O primeiro dever da imprensa é minar todas as bases do sistema político existente”. Por estas idéias libertárias, ele foi processado e perseguido.

Poder do capital sobre a imprensa

Outro que nunca se iludiu foi Vladimir Lênin. Atuando num período da ascensão revolucionária, ele foi ainda mais duro no combate aos jornais burgueses. Num texto intitulado “a liberdade de imprensa do capitalismo”, ele desnuda esta falácia. “A ‘liberdade de imprensa’ é também uma das principais palavras de ordem da ‘democracia pura’. Os operários sabem e os socialistas de todos os países reconheceram-no milhares de vezes que esta liberdade é um engano enquanto as melhores impressoras e os estoques de papel forem açambarcados pelos capitalistas, e enquanto subsistir o poder do capital sobre a imprensa”.

“Com vista a conquistar a igualdade efetiva e a verdadeira democracia para os trabalhadores, é preciso começar por privar o capital da possibilidade de alugar escritores, de comprar editoriais e de subornar jornais, mas para isso é necessário destruir o jugo do capital... Os capitalistas chamam sempre ‘liberdade’ à liberdade para os ricos de manterem seus lucros e liberdade para os operários de morrerem à fome. Os capitalistas denominam de liberdade de imprensa a liberdade de suborno da imprensa pelos ricos, a liberdade de usar a riqueza para forjar e falsear a chamada opinião pública”. Nada mais atual!

Numa outra fase histórica, em que o setor da comunicação ainda não era um poderoso ramo da economia, Lênin chegou a se contrapor à participação dos comunistas na imprensa burguesa. “Poder-se-á admitir que colaborem nos jornais burgueses? Não. A semelhante colaboração se opõe tanto as razões teóricas como a linha política e a prática da social-democracia... Dir-nos-ão que não há regra sem exceção. O que é indiscutível. Não se pode condenar o camarada que, vivendo no exílio, escreve num jornal qualquer. É por vezes difícil criticar um social-democrata que, para ganhar a vida, colabora numa seção secundária de um jornal burguês”. Mas, para ele, tais casos deveriam ser encarados como exceção e com princípios.

“Boicote, boicote, boicote”
Para encerrar este bloco, que evidencia que os marxistas nunca nutriram ilusões sobre o caráter de classe da imprensa burguesa e nem se embasbacaram com o seu poder de sedução, vale reproduzir uma longa citação de Antonio Gramsci, o revolucionário italiano de padeceu onze anos nos cárceres. No texto “Os jornais e os operários”, escrito em 1916, ele faz uma conclamação aos trabalhadores que bem poderia servir para uma campanha contra a revista Veja e outros veículos da mídia brasileira na atualidade:

Para ele, a assinatura de jornal burguês “é uma escolha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação”.

“Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa em prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve! Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há uma manifestação! Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos e malfeitores. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador. Apesar disso, a aquiescência culposa do operário em relação ao jornal burguês é sem limites”.

“É preciso reagir contra ela e despertar o operário para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer e repetir que a moeda atirada distraidamente é um projétil oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a massa operária. Se os operários se persuadirem desta elementar verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa burguesa, em bloco e com a mesma disciplina com que a burguesia boicota os jornais operários, isto é, a imprensa socialista. Não contribuam com dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária: eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de assinatura de todos os jornais burgueses: Boicotem, boicotem, boicotem!”.

Construtores da Imprensa Revolucionária
Exatamente por não nutrirem ilusões na imprensa burguesa, Marx, Lênin e Gramsci sempre investiram na construção de instrumentos próprios das forças contrárias à lógica do capital. Segundo o biógrafo David Riazanov, “a Nova Gazeta Renana tratava de todas as questões importantes, de sorte que o jornal pode ser considerado um modelo de periódico revolucionário. Nenhum outro periódico russo nem europeu chegou à altura da Nova Gazeta... Seus artigos não perderam nada de sua atualidade, de seu ardor revolucionário, de sua agudeza na análise dos acontecimentos. Ao lê-los, sobretudo os de Marx, acreditamos assistir à história da revolução alemã e da revolução francesa, tão vivo é o estilo, como profundo é o sentido”.

Já Lênin, que viveu numa fase de efervescência revolucionária, dedicou boa parte das suas energias para construção de jornais socialistas – dos mais diferentes tipos, sempre sintonizados com a evolução da luta de classes. Iskra, Vperiod, Pravda, Proletari, Rabotchaia Pravda, Nievskaia Svesdá, entre outros jornais organizados e dirigidos por ele, servirão para agregar as forças de esquerda, fazer agitação nas fábricas, aprofundar os debates ideológicos e construir o partido. Na sua mais célebre definição, Lênin sintetizou:

“O jornal não é apenas um propagandista coletivo e um agitador coletivo. Ele é, também, um organizador coletivo. Neste último sentido, ele pode ser comparado com os andaimes que são levantados ao redor de um edifício em construção, que assinala os contornos, facilitam as relações entre os diferentes pedreiros, ajudam-lhes a distribuírem tarefas e a observar os resultados gerais alcançados pelo trabalho organizado”. A reacionária burguesia russa logo entendeu o perigo representado por estes jornais, tanto que os reprimiu ferozmente. No caso do Pravda, de um total de 270 edições, 110 foram objeto de ações judiciais e os seus redatores foram condenados a um total de 472 anos de prisão. Mas isto não abrandou o seu vigor!

Atualidade das noções marxistas
No caso de Gramsci, o longo período de cárcere dificultou a sua atividade jornalística e castrou seu desejo de organizar a imprensa operária. Antes da prisão, ele editou vários jornais de fábrica e empenhou-se na difusão do Ordine Nuovo. Na sua rica elaboração sobre o papel dos intelectuais e a luta pela hegemonia, ele chega a afirmar que, em momentos de crise, o jornal pode funcionar como partido político, ajudando a desnudar a ideologia dominante e a construir a ação contra-hegemônica do proletariado. Para ele, o momento da desconstrução do velho é, ao mesmo tempo, o da construção do novo.

As contribuições de Gramsci servem para desmistificar o papel da mídia hoje, mantendo impressionante atualidade. Para ele, a imprensa burguesa é um “aparelho privado de hegemonia”, capaz de disputar os rumos da sociedade por meio de uma verdadeira guerra de posições em todas as “trincheiras ideológicas”. Através da imprensa privada e mercantil, que objetiva o lucro e que faz da notícia uma mera mercadoria, a burguesia tenta se aparentar como representante da esfera pública. Além disso, em momentos de crise da ideologia dominante e de fratura dos partidos burgueses, a imprensa se apresenta como “o partido do capital”, que organiza e amalgama os interesses das várias frações de classe da burguesia.

Nota:

Exposição apresentada durante o 12º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (CNC), em 02 de dezembro, no Rio de Janeiro.

Por Altamiro Borges, jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro "As encruzilhadas do sindicalismo" (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição)

A predação dos eucaliptos.....

O crescimento da transgenia chega aos eucaliptos. Entrevista com Paulo Kageyama




 
 "Há uma controvérsia sobre a questão de que os eucaliptos transgênicos são de mais alto consumo que outras espécies. De fato, como são de muito rápido crescimento, plantados em grande escala e em monocultivo, sem Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e Reservas Legais (RLs), deve haver grande consumo de água e rebaixamento do lençol freático", explica o geneticista Paulo Kageyama. Em entrevista, concedida, por e-mail, à IHU On-Line ele fala sobre a estrutura desse tipo de eucalipto geneticamente modificado, suas principais características e formas de influência em relação ao meio ambiente onde vai ser plantado. Mas Kageyama alerta: "O que está em jogo é o custo ambiental, dado o perigo de contaminação de eucaliptos não transgênicos, voltados para a produção de outro fim que não o de celulose e papel, que seriam prejudicados". Paulo Kageyama é formado em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo, onde realizou mestrado e doutorado em Agronomia. É pós-doutor pela North Carolina State University. Atua no Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal e é professor da USP.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Quais as principais vantagens do eucalipto transgênico, que justificam o investimento em sua cultura? As árvores crescem mais rápido, por exemplo?
Paulo Kageyama - O principal e mais utilizado Gene Geneticamente Modificado (OGM) pelas indústrias madeireiras de produção de celulose e papel, e que vem sendo motivo de vários processos da CTNBio, é o transgene que reduz o teor de lignina [1] da madeira. Essas indústrias alegam vantagens econômicas muito grandes no processo de extração da lignina para a produção de celulose, que seria o motivo das mesmas ao propor esse OGM, além de que se utilizaria menor quantidade de produtos químicos para a extração da celulose, que seria um outro objetivo alegado.

Em princípio, o gene em questão não tem efeito sobre o crescimento das plantas, mas sim na qualidade da sua madeira. Certamente que, sendo a estrutura da madeira das árvores basicamente formada de lignina, que dá a dureza, e a celulose, que completaria a sua estrutura, a redução de lignina pode afetar indiretamente o crescimento, pois pode a árvore com sua redução sofrer tombamento, quebra etc.

 

IHU On-Line - Quando são feitos os cálculos sobre as vantagens econômicas do eucalipto transgênico, é incluído nessa conta o gasto ambiental que seu plantio produz, como o consumo de água e energia?
Paulo Kageyama - Como o transgene em questão confere em princípio somente efeito sobre a qualidade da madeira (menor teor de lignina), o consumo de água e energia, em princípio, não seria diferente entre o eucalipto Geneticamente Modificado (GM) e o não GM. Portanto, os impactos ambientais apontados para os não GMs seriam, em princípio, os mesmos para os transgênicos. O consumo de água e energia, em princípio, não entra nos cálculos econômicos e ambientais, na comparação entre os eucaliptos GMs e não GMs. O que está em jogo é o custo ambiental, dado o perigo de contaminação de eucaliptos não transgênicos voltados para a produção de outro fim que não o de celulose e papel, que seriam prejudicados.

 

IHU On-Line - Se o monocultivo do eucalipto já é ambientalmente condenável, o que se pode falar do eucalipto transgênico? Quais os principais riscos que ele oferece ao meio ambiente?
Paulo Kageyama - De fato, o eucalipto em monocultivo em grande escala tem impactos sobre o meio ambiente e a biodiversidade. Como o OGM em questão se refere à diminuição do teor de lignina, as críticas ao monocultivo de eucalipto GM devem ser as mesmas do Não GM.
Em menor importância para as indústrias, é o gene para aumento da produtividade, através de aumento da eficácia da fotossíntese. Nesse caso, podemos ter maior crescimento e maior produtividade ainda, tendo efeito nos impactos sobre o ambiente. Porém, a ênfase das indústrias nesse momento é com a redução de lignina na madeira.
IHU On-Line - O eucalipto transgênico consome mais ou menos água do que o eucalipto não transgênico?
Paulo Kageyama - Há uma controvérsia sobre a questão de que os eucaliptos transgênicos são de mais alto consumo que outras espécies. De fato, como são de muito rápido crescimento, plantados em grande escala e em monocultivo, sem Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e Reservas Legais (RLs), deve haver grande consumo de água e rebaixamento do lençol freático. O problema, portanto, é muito mais de escala, principalmente. Muitas outras espécies de árvores, inclusive nativas, devem ter o mesmo comportamento se utilizadas da mesma forma que vêm sendo utilizados os eucaliptos. Ao se plantar qualquer cultura em monocultivo em grande escala, as APPs e RLs têm exatamente a função de dar equilíbrio à paisagem rural, tanto na questão de água como de pragas e doenças. Porém, deve-se salientar que os OGMs mais destacados são para redução de lignina, não devendo, em princípio, afetar essa questão do consumo de água.

 

IHU On-Line - Como são feitos os testes do plantio do eucalipto transgênico? Que cuidados são tomados?
Paulo Kageyama - Na CTNBio, as empresas podem entrar com processos de Liberação Planejada, e na fase de pesquisa, e, numa fase mais avançada, com processos de Liberação Comercial, como o próprio nome diz, para já liberação de plantios em escala comercial.

Com os eucaliptos, estamos ainda na fase de pesquisa, ou de contenção, sendo em áreas pequenas e com controle de isolamento, com regras já estabelecidas. Segundo o Comunicado No 2 da CTNBio para esses processos, deve-se guardar uma distância de 1 000 metros de outro talhão de eucalipto que possa ser utilizado para produção de sementes, visando evitar a contaminação de pólen GM para não GM. Para o caso de sementes, nessa fase de Liberação Planejada, ou de Pesquisa, essa distância mínima é de 100 metros de outro talhão que possa ser contaminado.

Somente após vários processos de liberação planejada, envolvendo testes e pesquisas com contenção, é que as empresas podem solicitar processos de liberação comercial. As empresas estão caminhando a passos largos para entrar nessa fase de liberação comercial, que só temos atualmente para a soja, o algodão e o milho.
IHU On-Line - Quais os riscos da realização de testes de plantio de eucalipto transgênico sem fiscalização ambiental? Que tipo de fiscalização ambiental deveria ser feita para acompanhar esses testes?
Paulo Kageyama - Nós membros da CTNBio analisamos e aprovamos ou não os processos de liberação mandados pelas empresas. Em casos novos ou duvidosos, podemos pedir visitas para checagem de algum ponto de dúvida. Porém, a fiscalização no campo é de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do IBAMA. Essa fiscalização não é feita em 100% dos processos, a não ser que haja pedido especial, o que é uma boa coisa. Como existem as regras aprovadas pela CTNBio, com elas em mãos, pode-se cobrar dos órgãos competentes para se fazer essa fiscalização. Na CTNBio, temos que acreditar que o que está no processo é o que está ocorrendo no campo. Na fase de liberação planejada, onde estamos com os eucaliptos, a fiscalização das distâncias para se evitar a contaminação por pólen e sementes é relativamente fácil, se se conhece bem as espécies. Julgo que as empresas, na fase de liberação planejada, praticamente não têm condições de realizar plantios comerciais de OGMs, pois, para isso, deveria ter as sementes para tal e que passam pelo controle da CTNBio.
IHU On-Line - Como está essa questão no Brasil? O país já produz eucalipto transgênico?   
Paulo Kageyama - Como já relatado, temos eucaliptos transgênicos no Brasil, porém, ainda na fase de testes ou de pesquisa, com áreas pequenas (cerca de 1um hectare) onde os cuidados de se evitar a contaminação por polinização ou dispersão de sementes são regulados pelo Comunicado já relatado. Dessa forma, as empresas já detêm conhecimento e material genético para produzir eucaliptos transgênicos, só faltando passar esta fase para proposições de liberação comercial.

A nosso ver, como os eucaliptos são de polinização cruzada, como o milho, com polinização à longa distância por abelhas sociais, principalmente, cuidados com a contaminação vêm sendo uma das preocupações de cautela e precaução. Os genes para redução de lignina beneficiam os produtores de celulose e papel, mas devem prejudicar os produtores de eucaliptos para madeira, carvão, móveis, óleos, mel etc.
Notas:
[1] A lignina ou lenhina é uma macromolécula tridimensional amorfa encontrada nas plantas terrestres, associada à celulose na parede celular cuja função é de conferir rigidez, impermeabilidade e resistência a ataques microbiológicos e mecânicos aos tecidos vegetais.

* Instituto Humanitas Unisinos

segunda-feira, 8 de março de 2010

PNBL – Sobre os preços de banda larga da Telebrás.

 
Lucas Santos


A informação de que o Governo Federal pretende fixar o preço do 1Mbps de internet banda larga a R$35,00, confesso que me decepcionou em um primeiro momento.

Apesar de ser um grande avanço em relação ao preço absurdo que vigora hoje no mercado nacional, comparando-se a outros países - e mesmo à condição de muitos brasileiros pobres - vemos que ainda teremos um preço de conexão banda larga elevado.
Leia também: Comparação do preço da banda larga, no Brasil e no mundo.

Pareceu-me que o Governo estava agindo da mesma maneira que na questão da Tv Digital – privilegiando o intere$$e das empresas privadas, em detrimento do interesse público.
Porém, hoje pensando sobre o assunto cheguei à conclusão de que o Governo, ao ser moderado, agiu corretamente.

Primeiro: as Teles já estão fulas da vida com esse preço de 35,00R$ (já com impostos) a ser praticado pela Telebrás. Se o preço fosse mais baixo, obviamente a oposição desse grupo de poderosas empresas seria ainda maior – o que tem suas consequências, inclusive na questão da eleição de Dilma.

Quanto mais o Governo Lula mexer com o intere$$e das Teles, mais elas entram com entusiasmo na candidatura Serra. E se Dilma não for eleita, adeus inclusão digital.

Segundo: um preço muito baixo geraria uma enorme demanda, logo de início. A Telebrás, como ainda está se estruturando, é possível que não consiga atender a essa demanda inicialmente, deixando muitos potenciais compradores frustrados. O PiG obviamente iria bombardear a estatal, relembrando os tempos em que ela não conseguia (na verdade, não podia) atender à demanda por telefonia.
Ou seja, a esse preço - R$35,00 - o Governo consegue enfrentar a chiadeira das Teles, e a Telebrás não enfrentará logo de início uma demanda altíssima por seus serviços, o que lhe permite se organizar melhor para, futuramente, expandir sua oferta de banda larga.


E como o preço cairá mais, permitindo a inclusão plena?

A entrada de uma estatal no ramo da banda larga permite um pulo do gato que, talvez, já se esconda por trás dessa moderada decisão de preço/velocidade anunciada pelo Governo.
Por exemplo: de início, vende-se 1 Mb a R$35,00. Amplia-se consideravelmente o número de pessoas conectadas à rede, porém muitos ainda ficariam de fora. A este valor, as Teles esperneiam mas aceitam.
Num segundo momento, a Telebrás pode dar um passo a frente, aumentando a velocidade e mantendo os preços. Por exemplo: passa-se a vender 2 Mb por 35,00 reais e 1 Mb a R$20,00. Ou seja, a estatal – e, no caso brasileiro, somente uma estatal pode fazer isso – fará com que os preços caiam, aumentando a velocidade.
A 20 reais, o número de brasileiros ligados à rede será ainda maior. Em um terceiro momento pode-se repetir a dose, aumentando de 2 para 4 Mb de velocidade, mantendo os preços. Isso faria com que os preços caíssem, por exemplo: 2 Mb por 20,00 e 1 Mb por 15,00.
Isso só é possível porque uma estatal pode e deve operar não apenas com a lógica de mercado (visando o lucro), mas também como uma indutora do bem-estar da sociedade.

A lógica das telefônicas da vida é investimento zero, lucro máximo. Já a Telebrás terá papel de investir e gerar concorrência, o que forçará as empresas do ramo a investir também. Essa concorrência trará melhores serviços, preços mais baixos e, por conseguinte, a inclusão digital. Mas isso só se dará – ao contrário do que os liberais pensam – com a intervenção do Estado no Mercado. O Mercado livre gerou esse monstro das Teles no Brasil.

A nova classe média ascendente.....

Classe média num país injusto
  Frei Betto - Correio da Cidadania  
 
A população brasileira é, hoje, de 190 milhões de pessoas, divididas em classes segundo o poder aquisitivo. Pertencem às classes A e B as de renda mensal superior a R$ 4.807 – os ricos do Brasil.
 
R$ 4.807 não é salário de dar tranqüilidade financeira a ninguém. O aluguel de um apartamento de dois quartos na capital paulista consome metade desse valor. Mas, dentre os ricos, muitos recebem remunerações astronômicas, além de possuírem patrimônio invejável. Nas grandes empresas de São Paulo, o salário mensal de um diretor varia de R$ 40 mil a R$ 60 mil.
 
Análise recente da Fundação Getúlio Vargas, divulgada em fevereiro último, revela que integram esse segmento privilegiado apenas 10,42% da população, ou seja, 19,4 milhões de pessoas. Elas concentram em mãos 44% da renda nacional. Muita riqueza para pouca gente.
 
A classe C, conhecida como média, possui renda mensal de R$ 1.115 a R$ 4.807. Tem crescido nos últimos anos, graças à política econômica do governo Lula. Em 2003 abrangia 37,56% da população, num total de 64,1 milhões de brasileiros. Hoje, inclui 91 milhões – quase metade da população do país (49,22%) – que detêm 46% da renda nacional.
 
Na classe D – os pobres – estão 43 milhões de pessoas, com renda mensal de R$ 768 a R$ 1.115, obrigadas a dividir apenas 8% da riqueza nacional. E na classe E – os miseráveis, com renda até R$ 768/mês – se encontram 29,9 milhões de brasileiros (16,02% da população), condenados a repartir entre si apenas 2% da renda nacional.
 
Embora a distribuição de renda no Brasil continue escandalosamente desigual, constata-se que o brasileiro, como diria La Fontaine, começa a ser mais formiga que cigarra. Graças às políticas sociais do governo, como Bolsa Família, aposentadorias e crédito consignado, há um nítido aumento de consumo. Porém, falta ao Bolsa Família encontrar, como frisa o economista Marcelo Néri, a porta de entrada no mercado formal de trabalho.
 
Dos 91 milhões de brasileiros de classe média, 58,87% têm computador em casa; 57,04% freqüentam escolas particulares; 46,25% fazem curso superior; 58,47% habitam casa própria. E um dado interessante: o aumento da renda familiar se deve ao ingresso de maior número de mulheres no mercado de trabalho.
 
Já foi o tempo em que o homem trabalhava (patrimônio) e a mulher cuidava da casa (matrimônio). De 2003 a 2008, os salários das mulheres cresceram 37%. O dos homens, 24,6%, embora eles continuem a ser melhor remunerados do que elas.
 
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o governo Lula tirou da pobreza 19,3 milhões de brasileiros e alavancou outros 32 milhões para degraus superiores da escala social, inserindo-os nas classes A, B e C. Desde 2003, foram criados 8,5 milhões de novos empregos formais. É verdade que, a maioria, de baixa remuneração.
 
No início dos anos 90, de nossas crianças de 7 a 14 anos, 15% estavam fora da escola. Hoje, são menos de 2,5%. O aumento da escolaridade facilita a inserção no mercado de trabalho, apesar de o Brasil padecer de ensino público de má qualidade e particular de alto custo.
 
Quanto à educação, estão insatisfeitas com a sua qualidade 40% das pessoas com curso superior; 59% daquelas com ensino médio; 63% das com ensino fundamental; e 69% dos semi-escolarizados (cf. "A classe média brasileira", Amaury de Souza e Bolívar Lamounier, SP, Campus, 2010).
 
A escola faz de conta que ensina, o aluno finge que aprende, os níveis de capacitação profissional e cultural são vergonhosos comparados aos de outros países emergentes. Quem dera que, no Brasil, houvesse tantas livrarias quanto farmácias!
 
Hoje há mais consumo no país, o que os economistas chamam de forte demanda por bens e serviços. Processo, contudo, ameaçado pela instabilidade no emprego e o crescimento da inadimplência – a classe média tende a gastar mais do que ganha, atraída fortemente pela aquisição de produtos supérfluos que simbolizam ascensão social.
 
A classe média ascendente aspira a ter seu próprio negócio. Porém, o empreendedorismo no Brasil é travado pela falta de crédito, conhecimento técnico e capacidade de gestão. E demasiadas exigências legais e trabalhistas, somadas à pesada carga tributária, multiplicam as falências de pequenas e médias empresas e dilatam o mercado informal de trabalho.
 
Embora a classe média detenha em mãos poderoso capital político, ela tem dificuldade de se organizar, de criar redes sociais, estabelecer vínculos de solidariedade. Praticamente só se associa quando se trata de religião. E revela aversão à política, sobretudo devido à corrupção.
 
Descrente na capacidade de o governo e o Judiciário combaterem a criminalidade e a corrupção, a classe média torna-se vulnerável aos "salvadores da pátria" - figuras caudilhescas que lhe prometam ação enérgica e punições impiedosas. Foi esse o caldo de cultura capaz de fomentar a ascensão de Hitler e Mussolini.
 
Reduzir a desigualdade social, assegurar educação de qualidade a todos e aumentar o poder de organização e mobilização da sociedade civil, eis os maiores desafios do Brasil atual.
 
 
Frei Betto é escritor, autor de "Calendário do Poder" (Rocco), entre outros livros.

Dia Internacional da Mulher...

Centenário do Dia Internacional da Mulher
Dossier: Centenário do Dia Internacional da Mulher
Cem anos passam desde que Clara Zetkin propôs o dia 8 de Março como Dia Internacional da Mulher, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. Muitas histórias se contam sobre a origem deste dia e muitas lutas importantes se seguiram. O Esquerda.net publica um dossier com o relato e a análise destes acontecimentos.
 
Cem anos passam desde que Clara Zetkin propôs o dia 8 de Março como Dia Internacional da Mulher, aquando da II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas.
Muitas histórias se contam sobre a origem deste dia, mas “Em busca da memória perdida ”, recontam-se os acontecimentos que marcaram o início da luta feminista desde o séc. XIX, que antecedem e são consequência da proclamação de um “Dia da Mulher”.
Na altura, dava-se início à organização política das mulheres, das mulheres socialistas e é sobre isso que Alexandra Kollontai, a famosa feminista russa, nos conta no seu texto publicado em 1920 - Uma celebração militante .
Uma sucessão de convulsões políticas entrelaça-se com os acontecimentos que dão origem ao 8 de Março como Dia (de luta) Internacional da Mulher. Em Estes caminhos que vão dar a Março… Helena Neves faz a análise política deste percurso e apresenta-nos uma cronologia das Memórias de alguns Marços .
Este é também o ano da III Acção Internacional da Marcha Mundial de Mulheres. Nadia Demond, entrevistada pelo Esquerda.net, conta-nos o que irá acontecer, fazendo um balanço nestes cem anos de luta contra o patriarcado – exemplo de uma vitória: Agora há mulheres em todo o mundo que se reconhecem como feministas ”. Violência contra as mulheres e Paz e desmilitarização são dois dos eixos principais da intervenção política desta III Acção Internacional.
No início deste mês de Março, reúne a Comissão das Nações Unidas sobre a Condição Jurídica e Social da Mulher, onde se fará o balanço dos 15 anos da última Conferência Mundial da Mulher, que teve lugar em Pequim. Sobre o balanço a fazer-se, Thoraya Obaid adianta já que Temos de fazer o que está escrito.
Invocando um balanço actual da evolução das políticas de género na Europa, Eva-Britt Svensson escreve sobre O Tratado de Lisboa e a (ausente) perspectiva de género na EU .
Como exemplo da diversificação e aprofundamento da reflexão feminista que tem vindo a acompanhar as mudanças da realidade social e o desenvolvimento do conceito de género, cruzando opressões, Carmen Gregorio Gil reflecte sobre a condição das Mulheres imigrantes .

domingo, 7 de março de 2010

Teoria da Conspiração! será?????

A louca corrida dos EUA pela hegemonia ameaça o planeta

Antes do 11 de setembro os neoconservadores norte-americanos foram explícitos quanto afirmaram que as guerras de agressão que pretendiam desencadear no Oriente Médio exigiam "um novo Pearl Harbour". Para seu próprio bem e para o bem de todo o mundo, é preciso que os norte-americanos prestem atenção ao número cada vez maior de especialistas que estão dizendo que o relato do governo sobre o 11 de Setembro não condiz com as suas próprias investigações. O 11 de Setembro desencadeou o plano neoconservador para a hegemonia mundial dos EUA. O artigo é de Paul Craig Roberts, ex-secretário assistente do tesouro no governo Reagan.

O Washington Times é um jornal que encara com bons olhos as guerras de agressão de Bush/Cheney/Obama/ neoconservadores no Médio Oriente e defende que se obrigue os terroristas a pagar pelo 11/Setembro. Por isso, fiquei admirado ao saber que, em 24 de fevereiro, a notícia mais apreciada no sítio web do jornal durante os últimos três dias era a reportagem "Explosive News" , do "Inside the Beltway", sobre as 31 conferências de imprensa em cidades dos EUA e no estrangeiro realizadas a 19 de Fevereiro pelos Arquitetos e Engenheiros para a Verdade do 11/Setembro, uma organização de profissionais que já tem 1 000 membros.

E ainda fiquei mais admirado por a reportagem do jornal tratar a conferência de imprensa muito a sério.

Como é que três arranha-céus do World Trade Center se desintegram subitamente em poeira fina? Como é que sólidas vigas de aço em três arranha-céus cedem subitamente em consequência de incêndios de curta duração, isolados e de baixa temperatura? "Mil arquitetos e engenheiros querem saber, e apelam ao Congresso que promova uma nova investigação sobre a destruição das Torres Gêmeas e do Edifício 7", noticia o Washington Times.

O jornal noticia que os arquitetos e engenheiros chegaram à conclusão de que a Federal Emergency Management Agency (FEMA) e o National Institute of Standards and Technology (NIST) forneceram "relatos insuficientes, contraditórios e fraudulentos das circunstâncias da destruição das torres" e "exigem uma investigação de um grande júri aos funcionários do NIST".

O jornal relata que Richard Gage, o porta-voz dos arquitetos e engenheiros disse: "Deverão ser notificados funcionários do governo de que a 'Conivência com a Traição', Código 18 (Sec. 2382) dos EUA é um grave crime federal, que exige a ação dos que possuem indícios de traição. As implicações são enormes e podem ter um impacto profundo no próximo julgamento de Khalid Sheik Mohammed".

Agora há uma outra organização, os Bombeiros pela Verdade do 11/Setembro. Na principal conferência de imprensa em São Francisco, Eric Lawyer, o líder desta organização, anunciou o apoio dos bombeiros às exigências dos arquitetos e engenheiros. Denunciou que não houve qualquer investigação forense aos incêndios que supostamente destruíram os três edifícios e que esta omissão constitui um crime.

Não foram seguidos os procedimentos obrigatórios e, em vez de ser preservada e investigada, a cena do crime foi destruída. Também denunciou que há mais de cem testemunhas de primeira-mão que ouviram e sentiram explosões e há provas de explosões através da rádio, de gravações de som e de vídeos.

Também na conferência de imprensa, o físico Steven Jones apresentou provas da existência de nano-termite em resíduos dos edifícios do WTC encontrada por um painel internacional de cientistas, chefiado pelo Professor Niels Harrit, da Universidade de Copenhaga. A nano-termite é um explosivo/pirotécnico de alta tecnologia capaz de derreter instantaneamente vigas mestras de aço.

Antes de gritarmos "teoria da conspiração", temos que ter presente que os arquitetos, engenheiros, bombeiros e cientistas não apresentam qualquer teoria. Apresentam provas que contestam a teoria oficial. Estas provas não vão desaparecer.

Se o fato de exprimir dúvidas ou reservas quanto à versão oficial do Relatório da Comissão do 11/Setembro torna uma pessoa num idiota da teoria da conspiração, então também temos que incluir o co-presidente da Comissão do 11/Setembro e o conselheiro legal da Comissão, que escreveram livros em que declaram abertamente que foram enganados por funcionários do governo quando dirigiam a investigação, ou, melhor, quando presidiam à investigação dirigida pelo director executivo Philip Zelikow, membro da equipa de transição do Presidente George W. Bush e do Foreign Intelligence Advisory Board e um co-autor com a secretária de Estado de Bush, Condi "Mushroom Cloud" Rice.

Há-de haver sempre americanos que acreditam em tudo o que o governo lhes diz apesar de saberem que o governo lhes tem mentido muitas vezes. Apesar das dispendiosas guerras que ameaçam a Segurança Social e os Cuidados de Saúde, guerras essas baseadas em inexistentes armas de destruição maciça iraquianas, em inexistentes ligações de Saddam Hussein à al Qaida, em inexistente participação afegã nos ataques de 11/Setembro, e em inexistentes armas nucleares iranianas, que estão a ser invocadas como razão para a próxima guerra americana de agressão no Médio Oriente, mais de metade da população dos EUA continua a acreditar na história fantástica que o governo lhes contou sobre o 11/Setembro, uma conspiração muçulmana que ludibriou todo o mundo ocidental.

Mais ainda, esses americanos não se preocupam com a quantidade de vezes que o governo altera a sua versão. Por exemplo, os americanos ouviram falar pela primeira vez de Osama bin Laden porque o regime Bush lhe atribuiu os ataques do 11/Setembro. Ano após ano foram apresentados vídeos ao público crédulo americano com declarações de bin Laden. Os especialistas consideraram que esses vídeos eram falsificações, mas os americanos mantiveram-se crédulos. Depois, subitamente no ano passado, surgiu um novo "cérebro" do 11/Setembro que ocupou o lugar de Bin Laden, o preso Khalid Sheik Mohammed, o detido que foi mergulhado em água 183 vezes até confessar ter sido o cérebro dos ataques do 11/Setembro.

Na Idade Média, as confissões arrancadas sob tortura constituíam prova, mas o sistema legal dos EUA sempre recusou a auto-incriminação desde a sua fundação. Mas com o regime Bush e os juízes federais Republicanos, que nos juraram defender a Constituição dos EUA, a auto-incriminação de Sheik Mohammed consiste hoje na única prova que o governo americano tem de que foram terroristas muçulmanos que provocaram o 11/Setembro.

Se uma pessoa analisar as acções atribuídas a Khalid Sheik Mohammed, estas são simplesmente incríveis. Sheik Mohammed é um super-herói mais brilhante, com mais capacidades do que V no filme de ficção, "V de Vingança" (V for Vendetta). Sheik Mohammed ludibriou todas as 16 agências de informações americanas e as de todos os aliados ou fantoches dos EUA, incluindo o Mossad de Israel. Não há nenhum serviço de informações na terra nem mesmo todos eles juntos que cheguem aos calcanhares de Sheik Mohammed.

Sheik Mohammed ludibriou o Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Dick Cheney, o Pentágono, o Departamento de Estado, o NORAD, a Força Aérea americana, e o Controlo de Tráfego Aéreo.

Fez com que a Segurança dos Aeroportos falhasse quatro vezes na mesma manhã. Provocou a falha das modernas defesas aéreas do Pentágono, o que permitiu que se jogasse no Pentágono um avião comercial pirateado, que andou fora da rota durante toda a manhã enquanto a Força Aérea americana, pela primeira vez na história, foi incapaz de o interceptar,

Sheik Mohammed conseguiu realizar estas façanhas com pilotos não qualificados.

Sheik Mohammed, apesar de ser um prisioneiro mergulhado em água, conseguiu impedir que o FBI divulgasse os muitos vídeos confiscados que, segundo a versão oficial, mostrariam o avião pirateado a bater no Pentágono.

Até que ponto temos que ser ingênuos para acreditar que qualquer ser humano, qual personagem de ficção de Hollywood, tem este poder e capacidades?

Se Sheik Mohammed tem estas capacidades super humanas, como é que os incompetentes americanos o apanharam? Este tipo é um bode expiatório torturado até à confissão, a fim de que os americanos ingênuos continuem a acreditar na teoria da conspiração governamental.

O que está havendo é que o governo americano tem que pôr fim ao mistério do 11/Setembro. O governo tem que levar a julgamento e condenar um réu para poder encerrar o caso antes que ele rebente. Qualquer pessoa que foi mergulhada em água 183 vezes confessa o que quer que seja.

O governo americano tem respondido às provas, que têm sido apresentadas contra a sua extraordinária teoria da conspiração do 11/Setembro, redefinindo a guerra contra o terrorismo de inimigos externos para inimigos internos. Janet Napolitano, secretária da Segurança Nacional, disse em 21 de Fevereiro que atualmente os extremistas americanos são motivo de preocupação tão grande como os terroristas internacionais. Os extremistas, claro, são pessoas que interferem na agenda do governo, como os 1 000 Arquitectos e Engenheiros pela Verdade do 11/Setembro. Este grupo era de 100, agora já são 1 000. E se vierem a ser 10 000?

Cass Sunstein, um funcionário do regime Obama, tem uma solução para os céticos do 11/Setembro: infiltrar-se dentro deles e levá-los a fazerem declarações e ações que possam ser usadas para os desacreditar ou para os prender. Mas livrar-se deles a todo o custo.

Por quê utilizar estas medidas extremas contra supostos idiotas se eles apenas provocam divertimento e risadas? Estará o governo preocupado que eles farejem alguma coisa?

Em vez disso, por que é que o governo americano não confronta pura e simplesmente as provas que são apresentadas e as contesta?

Se os arquitetos, engenheiros, bombeiros e cientistas são uns idiotas chapados, seria fácil analisar as suas provas e refutá-las. Porque é que é necessário infiltrar-se neles com agentes secretos e armar-lhes ratoeiras?

Muitos norte-americanos responderiam que o "seu" governo nunca sequer pensaria em matar seus próprios cidadãos, roubando aviões e destruindo edifícios só para promover a agenda do governo. Mas em 3 de Fevereiro, Dennis Blair, diretor do National Intelligence, disse à Comissão de Informações da Câmara que o governo dos EUA pode assassinar os seus próprios cidadãos quando eles estão além-mar. Não é necessário nenhuma detenção, nenhum julgamento, nenhuma condenação por um crime capital. Apenas um assassínio impune.

Obviamente, se o governo dos EUA pode assassinar os seus cidadãos no estrangeiro, também pode assassiná-los internamente, e é o que tem feito. Por exemplo, foram assassinados 100 davidianos Branch [1] em Waco, Texas, por ordem da administração Clinton, sem qualquer razão legítima. O governo decidiu apenas usar do seu poder sabendo que o podia fazer, e foi o que fez.

Os americanos que pensam que o "seu governo" é uma espécie de operação moralmente pura, deviam familiarizar-se com a Operação Northwoods. A Operação Northwoods foi uma conspiração organizada pelos chefes de estado-maior conjuntos para que a CIA efetuasse atos de terrorismo em cidades americanas e fabricasse provas culpando Castro a fim de os EUA poderem conquistar o apoio interno e internacional para a mudança de regime em Cuba. O plano secreto foi vetado pelo presidente John F. Kennedy e foi revelado pelo John F. Kennedy Assassination Records Review Board. Está disponível online no National Security Archive. Há inúmeros relatos disponíveis online, incluindo na Wikipedia. O livro de James Bamford, Body of Secrets , também fala resumidamente na conspiração.

"A Operação Northwoods, que teve a aprovação por escrito do presidente [Gen. Lemnitzer] e de todos os membros dos chefes de estado-maior, propunha que fossem alvejadas pessoas inocentes nas ruas americanas; que fossem afundados no alto mar barcos que transportassem refugiados fugidos de Cuba; que fosse desencadeada uma onda de terrorismo violento em Washington, DC, Miami, e noutros lugares. Seriam acusadas pessoas por explosões que não tinham feito, seriam sequestrados aviões. Através de provas fabricadas, tudo isso seria atribuído a Castro, dando a Lemnitzer e à sua pandilha a justificação e o apoio público e internacional de que precisavam para desencadear a sua guerra".

Antes do 11 de Setembro os neoconservadores americanos foram explícitos quanto afirmaram que as guerras de agressão que pretendiam desencadear no Médio Oriente exigiam "um novo Pearl Harbour".

Para seu próprio bem e para o bem de todo o mundo, é preciso que os norte-americanos prestem atenção ao número cada vez maior de especialistas que estão dizendo que o relato do governo sobre o 11 de Setembro não condiz com as suas próprias investigações. O 11 de Setembro desencadeou o plano neoconservador para a hegemonia mundial dos EUA. Enquanto escrevo, o governo dos EUA está a negociar o acordo de governos estrangeiros que rodeiam a Rússia para aceitar bases americanas de intercepção de mísseis. Os EUA pretendem cercar a Rússia com bases americanas de mísseis desde a Polônia, passando pela Europa Central e Kosovo, até à Geórgia, Azerbaijão e Ásia central [ver http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=17709 ]. O enviado especial americano Richard Holbrooke declarou a 20 de Fevereiro que a Al Qaeda está infiltrando-se em regiões da antiga União Soviética na Ásia central, como o Tajiquistão, o Quirguistão, o Uzbequistão, o Turquemenistão e o Cazaquistão. Hollbrooke está pedindo bases norte-americanas nestas repúblicas ex-soviéticas com a desculpa da "guerra contra o terrorismo" sempre em expansão.

Os EUA já cercaram o Irã com bases militares. O governo norte-americano pretende neutralizar a China assumindo o controlo do Oriente Médio e isolando a China do petróleo.

Este plano parte do princípio que a Rússia e a China, países com armas nucleares, ficarão intimidados com as defesas anti-mísseis americanas e cederão à hegemonia dos EUA e que a China ficará sem petróleo para as suas indústrias e forças militares.

O governo dos EUA está enganado. Os líderes militares e políticos russos responderam a esta ameaça óbvia declarando que a OTAN é uma ameaça direta para a segurança da Rússia e anunciando uma mudança na doutrina russa da guerra quanto ao lançamento preventivo de armas nucleares. Os chineses estão demasiado confiantes para serem intimidados por uma "superpotência" americana enfraquecida.

Os retardados mentais de Washington estão jogando a cartada da guerra nuclear. O impulso louco para a hegemonia americana ameaça a vida sobre a terra. O povo norte-americano, ao aceitar as mentiras e enganos do "seu" governo, estão facilitando este resultado.

(*) Ex-secretário assistente do Tesouro na administração Reagan, co-autor de The Tyranny of Good Intentions. Foi editor associado da página editorial do Wall Street Journal e editor colaborador na National Review.


[1] Davidianos Branch – seita religiosa destrutiva com origem na igreja adventista; em 1993 agentes federais dos EUA cercaram as suas instalações em Waco (Texas), tendo daí resultado a morte de dezenas dos seus membros quando o complexo ardeu completamente (N.T.).

O original encontra-se em http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=17821 . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Música na nossa terra....

Robertinho Silva – Speak No Evil (1991)


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Dudu Falcão – Dudu Falcão (2009)


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Turíbio Santos & Leandro Carvalho – O Guarani (1999)


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A visita de Hillary Clinton ao Brasil

Durante a visita de Hillary Clinton “deputados do PT, em resposta à clara intervenção de Hilary em assuntos internos do Brasil, questionaram a miséria nos EUA, a falta de atendimento médico a mais de 40 milhões de cidadãos norte-americanos, as intervenções militares em países do Oriente Médio e no Afeganistão, a morte de civis em flagrante violação aos direitos humanos, a prisão de Guantánamo e outros pontos, como o eixo EUA/Israel”. A senhora Clinton não gostou. É natural.


Laerte Braga

A secretária de Estado do governo dos Estados Unidos reuniu-se com senadores e deputados brasileiros para discutir temas como o Irã, o reconhecimento do governo golpista de Honduras, as propostas do governo Obama para a América Latina e a velha cantilena que o Brasil é importante parceiro dos EUA na preservação da democracia na América Latina.
Hilary Clinton está no Brasil para tentar atenuar o impacto das posições do governo Lula sobre temas como esses que discutiu a portas fechadas com parlamentares no gabinete do presidente do Senado, José Sarney.
Os norte-americanos têm consciência que, a despeito do envolvimento de várias agências daquele país no processo eleitoral de outubro (a eleição do futuro presidente, entre outras), em franco apoio a candidatura José Collor Arruda Serra, o presidente Lula tem chances concretas de eleger sua candidata, a ministra Dilma Roussef. Essa perspectiva contraria interesses de Obama que pretende ver retomada a agenda do governo de FHC.
A privatização de empresas como a PETROBRAS, o BANCO DO BRASIL, uma parceria estreita (que significa controle) sobre a exploração das reservas petrolíferas do pré-sal e uma presença maior na Amazônia e na região Meridional do Brasil, tanto através de empresas, como das famosas “bases militares de combate ao tráfico de drogas”.
A política externa de Lula é o ponto alto de seu governo. O trabalho desenvolvido pelo ministro Celso Amorim deu ao Brasil uma credibilidade impressionante em todo o mundo e colocou o País no centro de importantes decisões, cada vez mais contrárias ao imperialismo norte-americano. E por dentro do próprio modelo neoliberal. Lula não mudou a estrutura político econômica do Brasil.
Deputados do PT, em resposta à clara intervenção de Hilary em assuntos internos do Brasil, questionaram a miséria nos EUA, a falta de atendimento médico a mais de 40 milhões de cidadãos norte-americanos, as intervenções militares em países do Oriente Médio e no Afeganistão, a morte de civis em flagrante violação aos direitos humanos, a prisão de Guantánamo e outros pontos, como o eixo EUA/Israel. O último «feito» desse eixo foi a falsificação de passaportes de países europeus para que agentes do serviço secreto de Israel, o MOSSAD, pudessem assassinar um líder do Hamas em Dubai.
Hilary esteve com o chanceler Celso Amorim e deve ter estranhado as diferenças entre o ministro brasileiro de Lula e os dois ministros de FHC. Lampreia e Celso Láfer. Lampreia aprendeu a dizer sim senhor faremos tudo que o mestre mandar e não dizia outra coisa durante o governo do marido da secretária. Láfer chegou a tirar os sapatos no aeroporto de New York para submeter-se a uma revista, fato inadmissível e que FHC engoliu em seco, já que funcionário da Fundação Ford, braço do governo e da iniciativa privada nos EUA para países latino-americanos.
Há dias o presidente Lula fez duras críticas às posições dos EUA no Oriente Médio e citou a farsa das armas químicas e biológicas para a invasão do Iraque, no episódio que culminou com o afastamento do embaixador brasileiro José Maurício Bustani, então presidente da Agência de Energia Nuclear da ONU, por não aceitar pressões e recusar-se a assinar um relatório falso sobre essas armas inexistentes.
A passagem de Hillary pelo Chile a pretexto de dar solidariedade à presidente Bachelet diante da tragédia do terramoto e tsunamis que abalaram e abalam o país, trouxe de volta a participação crítica dos militares no processo democrático e o novo presidente, eleito com apoio dos EUA, já disse que vai endurecer estendendo o toque de recolher no país e ampliando a presença militar em várias outras áreas.
A simples ideia que o Brasil possa continuar a trilhar caminhos de preservação de sua soberania e venha a avançar no processo de ocupação de seu próprio território, Amazônia e sul do País, assusta ao governo dos EUA. A perspectiva de um gigante adormecido que acorda e começa a caminhar por suas próprias pernas não interessa a Obama e nem a Wall Street. Querem o Brasil de quatro e por isso mesmo Hilary termina sua visita depois de avistar-se com Lula, em São Paulo, onde, naturalmente, José Collor Arruda Serra vai desmanchar-se em salamaleques e rodopios na valsa da submissão.
Conversar primeiro com congressistas antes de avistar-se com o presidente do Brasil é um insulto, um desrespeito e mostra os verdadeiros objetivos da visita de Hilary. Quando Obama disse, logo nos primeiros dias de seu governo, que Lula «é o cara», estava contando que funcionasse aquele esquema de troca de colares, pirolitos e chicletes pela PETROBRAS, pelo BANCO DO BRASIL, tal e qual funcionava no governo FHC. Os colares, os pirolitos e os chicletes vinham recheados de dólares em contas no exterior.
Segundo Hilary o povo hondurenho está sofrendo com as sanções impostas pelo Brasil ao governo golpista e sua extensão. Não falou sobre o bloqueio norte-americano imposto a Cuba desde 1962 e seus efeitos. Na prática a secretária quer arrastar os governos da Venezuela, da Bolívia e do Equador ao reconhecimento da situação de fato em Honduras, golpe «legitimado» por uma grotesca farsa eleitoral, ao mesmo tempo que tenta afastar o Brasil das políticas de integração latino-americana e que envolvem governos populares na América do Sul e América Central.
A disposição de se criar um organismo latino-americano, que exclua EUA e Canadá, manifesta por governos dessa região, é inaceitável para os donos do mundo, acostumados a enxergarem a América Latina como quintal, como América Latrina.
Já que a moda é muro, levando em conta os problemas criados por norte-americanos em suas políticas colonialistas, imperialistas, qual tal cercar os Estados Unidos com um grande muro impedindo a exportação do modelo Disneyworld, aquele em que você imagina que as assombrações do trem fantasma são só ficção, quando na verdade chegam aos bandos com epíteto de «libertadores».
Que o digam os presos quando da ocupação do Iraque, ou os detidos em Guantánamo.
As unhas e as garras do governo branco e ariano de Obama começam a ser mostradas sem disfarces em países como o Brasil.
Hillary não pediu a Lula que não vá ao Irã, mas de forma solerte, que tente convencer o governo de Teerã a desistir de seu programa nuclear.
Se Israel tem perto de 60 bombas nucleares, isso é outra história, a senhora Clinton não fala sobre esse assunto, é «legítima defesa» do estado terrorista contra palestinos. Direito divino de ocupação de terras palestinas.
«Democracia cristã, ocidental e capitalista» servida ao mundo em bolos gigantescos de onde saem mariners e aviões que bombardeiam tudo o que possa parecer inimigo. Inclusive participantes de uma festa de casamento no Afeganistão.
É só pedir desculpas depois.
Torna-se desnecessário dizer que a mídia brasileira está toda emperiquitada com a visita da senhora Clinton. É, afinal, a representante legítima dos patrões.
* Jornalista brasileiro

sábado, 6 de março de 2010

Governo bolivariano alvo do imperialismo


Venezuela repudia acusações espanholas


A Venezuela considera «inaceitáveis» e de «natureza e motivação política» as acusações da Audiência Nacional espanhola sobre uma suposta cooperação do executivo de Hugo Chávez com as FARC e a ETA, visando a realização de atentados contra altos funcionários do governo colombiano em território espanhol.


Original Jornal Avante
Em comunicado emitido segunda-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), o governo bolivariano diz ter tido conhecimento do auto emitido nesse mesmo dia por um juiz espanhol (Eloy Velasco), no qual se tecem «considerações inaceitáveis, de natureza e motivação política sobre o governo venezuelano» e «se toma a liberdade de fazer reiteradas referências desrespeitosas ao presidente de todos os venezuelanos, Hugo Chávez, proferindo acusações tão tendenciosas quanto infundadas».
O MNE da Venezuela responde, desta forma, ao texto assinado por um magistrado da mais alta instância judicial de Espanha, no qual se acusa a República Bolivariana de facilitar a cooperação entre os dois grupos armados. Velasco processa seis presumíveis membros da ETA e sete das FARC e sustenta que as organizações tinham como alvos em território espanhol o actual presidente colombiano, Álvaro Uribe, o ex-presidente daquele país, Andrés Pastrana - que reside em Madrid e terá mesmo sido vigiado, diz -, e, entre outras personalidades, acrescenta ainda, o actual vice-presidente da Colômbia e mais que provável candidato da direita colombiana às próximas eleições, Francisco Santos.

Vale tudo

Eloy Velasco, fundamenta esta autêntica teoria da conspiração na alegada correspondência encontrada no computador supostamente apreendido a Raúl Reys, morto pelo exército colombiano num bombardeamento realizado no território do Equador, em Março de 2008, que matou o então comandante das FARC e outros guerrilheiros, e vitimou vários civis.
Para envolver o Estado venezuelano, o juiz não mede as palavras e refere que os 13 acusados «utilizaram a cooperação governamental venezuelana na colaboração ilícita entre as FARC e a ETA». Velasco vai mesmo mais longe e, numa argumentação forçada para criminalizar a Venezuela e o seu executivo, traz a lume o nome de Arturo Cubillas Fontán.
Fontán, pretenso etarra, é casado com a venezuelana Goizeder Lataillade, a qual, por sua vez, ocupou cargos públicos no governo do presidente Hugo Chávez, mais concretamente no gabinete de Administração e Serviços do Ministério de Agricultura e Terras.
O magistrado da Audiência Nacional também especula que Fontán seria, desde 1999, «o dirigente da ETA para aquela área da América, encarregando-se de coordenar as relações com as FARC e a participação de integrantes do organização separatista basca em cursos de explosivos e armamentos e na difusão de técnicas de guerrilha urbana terrorista».

Ocultação maliciosa

A respeito deste rol de acusações, o MNE da Venezuela precisa que no auto de Eloy Velasco «faz-se referência a um cidadão residente na Venezuela desde Maio de 1989 em resultado dos acordos então alcançados entre Carlos Andrés Pérez [à data presidente da Venezuela] e Filipe González [então primeiro-ministro espanhol]» mas, «surpreendentemente, em nenhum momento se menciona o nome dos autores deste acordo».
Simultaneamente, prossegue a resposta do MNE da Venezuela, «o juiz tem a ousadia de referir-se reiteradamente e de maneira desrespeitosa ao presidente de todos os venezuelanos, Hugo Chávez, proferindo acusações tão tendenciosas quanto infundadas acerca do governo bolivariano».
«A totalidade das alegações deste magistrado são produto da utilização de arquivos contidos no computador supostamente apreendido a Raúl Reys durante a operação militar que implicou um bombardeamento ilegal em território equatoriano e durante o qual foram massacradas dezenas de pessoas. Resulta também surpreendente que o juiz ressuscite a desgastada farsa do computador, que passou já a fazer parte do folclore colombiano», acrescenta o comunicado.
«O ministro dos Negócios Estrangeiros da República Bolivariana da Venezuela, em comunicação com o responsável das relações externas do reino de Espanha, recordou que o acordo de 1989 ao abrigo do qual reside na Venezuela, a pedido do Estado espanhol, o cidadão em questão, repudiou as acusações infames deste juiz e reiterou o profundo apego aos valores democráticos e humanistas que caracterizam o governo bolivariano da Venezuela», conclui.

CIA reúne com Uribe

Menos divulgado que o auto do juiz Velasco foi o encontro que, por estes dias, ocorreu entre o director da CIA, León Panetta, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, e alguns dos seus ministros, entre os quais o titular da Defesa, Gabriel Silva. Segundo fontes oficiais colombianas, Panetta encontrou-se igualmente com «peritos» locais da área da segurança, com o director da polícia, o general Óscar Naranjo, e outros altas patentes militares colombianas.
Esta é toda a informação oficial divulgada, mas nem por isso é menos interessante, sobretudo se tivermos em conta o clima de tensão entre a Venezuela e a Colômbia, fruto das permanentes provocações do governo de Bogotá, e o facto de o governo de Caracas, a par de outros governos do subcontinente, considerarem a cooperação militar entre a Colômbia e os EUA uma ameaça à sua soberania e um trampolim para a ingerência norte-americana na política de cada um dos Estados da América Latina que não sigam os ditames de Washington.
Há menos de quinze dias, Hugo Chávez alertou, mais uma vez, que o governo colombiano procura qualquer pretexto para agredir a Venezuela.
Não menos relevante neste contexto é o facto de estar provado - por documentação de acesso público e não por alegados arquivos de um suposto computador - que a CIA mantém relações, desde 1994, com o exército colombiano e com os paramiliatres, usados no combate às FARC e na defesa dos interesses do capital contra os trabalhadores colombianos.
Estes vínculos foram revelados pela National Security Archive (NSA), organização sem fins lucrativos sediada na Universidade George Washington. Nos documentos tornados públicos pela NSA, em Janeiro de 2009, seis dias antes de George W. Bush agraciar Álvaro Uribe com a Medalha Presidencial da Liberdade, confirma-se ainda que «a ideia de assassinar civis colombianos e fazê-los passar por guerrilheiros (os chamados falsos positivos) é antiga».
Recorde-se que mais de dois mil casos de falsos positivos estão a ser investigados pela justiça colombiana. O escândalo foi desencadeado depois da descoberta dos corpos de cerca de 20 jovens naturais da localidade de Soacha, recrutados por supostos angariadores de mão-de-obra que, posteriormente, os levaram à execução e os apresentaram como guerrilheiros das FARC abatidos em combate.
Aproximadamente 500 militares colombianos são suspeitos de envolvimento nos falsos positivos, diz o Ministério Público da Colômbia.

Narcotráfico como pretexto

Outra linha de ataque do imperialismo à Venezuela foi a divulgação, esta segunda-feira, do relatório anual do Departamento de Estado dos EUA relativo ao tráfico de estupefacientes. Diz Washington, segundo a AFP, que «há fortes evidências de que alguns elementos das forças de segurança da Venezuela assistem directamente» grupos colombianos designados como organizações terroristas pelos Estados Unidos, aludindo, claramente, às colombianas FARC.
Mas os EUA vão mesmo mais além alegando que o transito de droga no território venezuelano «aumentou bruscamente em 2009», que a Venezuela é «um importante país de trânsito», e, ainda, que o volume da exportação de estupefacientes é «extraordinário» desde o «sector adjacente à fronteira com a Colômbia».
Os norte-americanos não perdoam que desde 2006 a Venezuela tenha interrompido a cooperação com a agência americana antinarcóticos (DEA) e acusam igualmente os funcionários venezuelanos de não empreenderam «esforços significativos» para combater o narcotráfico, isto apesar de que contactos norte-americanos nesse sentido, prosseguem.
Em resultado de tudo isto, continua a Casa Branca, incrementou-se no território venezuelano «o nível de corrupção, crime e violência» e «a politização das investigações e a corrupção, que sufocam a confiança pública no sistema judiciário».
Esta declaração, para além de revelar nítidas acusações de natureza política e de ataque ao regime democrático venezuelano, e de pretender fazer passar a fronteira entre a Venezuela e a Colômbia por um território onde convivem o narcotráfico e o «terrorismo» com o beneplácito das autoridades, é mentirosa. Os dados divulgados no passado dia 26 pelo embaixador venezuelano nos EUA comprovam-no.

Venezuela na primeira linha

De acordo com Bernardo Álvarez, no último ano a Venezuela aumentou em 11 por cento as apreensões de droga no país.
Numa comunicação que pretendia rejeitar a politização da luta contra o tráfico de estupefacientes (que acabou por acontecer, quatro dias depois pela mãos dos EUA), Álvarez lembrou que a Venezuela partilha uma larga fronteira com o maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia, e encontra-se no mesmo continente que o maior consumidor do mundo, os EUA.
No que diz respeito a investimentos, o ano passado o governo boliviano canalizou 260 milhões de dólares para a compra e instalação de 10 radares de rastreio de voos ilegais, deteve cerca de 9 mil pessoas, destruiu 26 laboratórios clandestinos, começou a usar inceneradores (5 dos 10 previstos) dedicados à destruição de estupefacientes e reforçou os acordos internacionais de cooperação com 38 países.
No mesmo sentido, disse, foram preparadas e certificadas mais de 100 mil pessoas como assessores comunitários para a prevenção integral. Nos próximos três anos a meta é que este corpo de ligação entre a polícia e as comunidades se alargue a mais de 5 milhões de pessoas.
Já este ano, continuou o diplomata, a Venezuela interceptou 30 aviões, deportou três grandes narcotraficantes para a Colômbia, França e EUA, entre os quais Salomón Camacho, barão que figura no restrito lote dos 12 mais procurados pela DEA em todo o mundo.
Em suma, entre 2006 e 2008, o volume das apreensões feitas pelas autoridades venezuelanas aumentaram 38 por cento face ao registado no período de 2002 e 2005, quando o país cooperava com a DEA e os EUA, sublinhou para insistir que «a acusação de que a Venezuela não coopera no combate ao narcotráfico é puramente política».
Às palavras do embaixador venezuelano, juntam-se as informações oficiais das Nações Unidas, segundo as quais 90 por cento da cocaína que ingressa nos EUA segue a rota do Pacífico Oriental através do corredor mexicano e centro-americano. Na sua esmagadora maioria, esta droga provém da Colômbia, revela a ONU.

Professores de SP, entram em greve a partir de segunda...


Professores da rede estadual do Estado de São Paulo,  aprovaram ontem, em assembleia, uma greve por tempo indeterminado que será iniciada na segunda-feira. O ato reuniu 10 mil manifestantes.A principal reivindicação, segundo os sindicatos, é a ausência de reajuste salarial para a categoria, cujos salários estão congelados há cinco anos, segundo a Apeoesp. Eles pedem também o fim da política de conceder apenas gratificações e bônus.

Em nota divulgada ontem à noite, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) diz considerar a aprovação da greve como uma decisão política da Apeoesp e que, os professores não tem notivos para fazer paralização