quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Apóie a nova Representação do MSM à Justiça Eleitoral...



Tem início, neste post, a nova campanha do Movimento dos Sem Mídia por adesões à Representação que a ONG fará à Justiça Eleitoral brasileira contra o desafio da lei que regula as eleições no país, desafio esse representado pela prática ILEGAL de concessões públicas de rádio e tevê manifestarem opinião favorável a pelo menos um candidato no processo eleitoral de 2010.

Querem cassar a candidatura de Dilma Roussef

Por Marcelo Salles no blog o escrevinhador



A coligação de José Serra acionou o Tribunal Superior Eleitoral, nesta quarta-feira (01/9), pedindo a cassação da candidatura de Dilma Rousseff. O motivo seria a quebra do sigilo fiscal, pela Receita Federal, de pessoas ligadas ao PSDB, incluindo a filha de Serra, Verônica Serra.
Vamos desde o começo.
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo. Petróleo, ouro, nióbio, solo fértil, as florestas, os mares, dimensões continentais, 200 milhões de habitantes, parque industrial diversificado e etc. O mundo inteiro cobiça as nossas riquezas.
É fundamental que isto seja dito, porque existe algo além de saúde, educação e segurança pública – sem falar nos temas menos votados – em jogo nessas eleições gerais. Não que saúde, educação e segurança pública sejam coisa pouca. Não é isso. Só estou dizendo que existe algo mais. Algo que, inclusive, é necessário para a administração de tudo o mais.
Quando o Brasil foi invadido em 1500, Portugal queria extrair o máximo de riquezas possível, mesmo porque precisava de recursos para se reposicionar frente ao surgimento de novas potências européias.
Nos séculos seguintes, o país foi marcado a ferro e fogo pelo instituto da escravidão. Entre 5 e 8 milhões de negros foram saqueados da África para o trabalho forçado nas Américas. Durante muito tempo era direito matá-los e torturá-los. Isso cria marcas profundas, cria racismo, que é desigualdade de oportunidade. Foram quase quatro séculos em que a mão de obra escrava era a força motriz da economia brasileira.
Com Getúlio Vargas a história começou a mudar. O gaúcho jogou água na política do café-com-leite, e a “revolução constitucionalista” de 1932 está aí para provar o ódio da elite paulista pelo Brasil. Em São Paulo não há nenhuma avenida com o nome de Getúlio Vargas, como nas principais capitais do país.
O período foi marcado por intensa mobilização popular, que culminou com o povo nas ruas diante do suicídio do presidente, em 1954. O golpe que vinha sendo gestado foi aadiado por 10 anos. Nesses anos, o país vivia um grande período de conscientização popular. Organizações de classe, uniões estudantis, todos tinham no topo de suas reivindicações um país melhor.
Até que veio o golpe, e a ditadura civil-militar iniciada em 1964.
Prisões, torturas, execuções extra-judiciais, ocultação de cadáver. A imposição do medo. Hoje o Brasil é um pouco filho desse medo. Conheço muita gente que foi criada assim. Eu mesmo ouvi muito dos meus pais: “Não escreva isso, meu filho, alguém pode te prejudicar. Não se exponha assim”. Na época deles, quem manifestasse opinião contrária ao status quo podia pagar com a própria vida. O medo causa paralisia social, em contraposição à mobilização popular.
O resultado de duas décadas de ditadura foi a desmobilização do povo. O interesse público, comum, coletivo, os grandes projetos para o país, a discussão sobre o que fazer com nossas riquezas, isso tudo foi posto de lado.
A ditadura desestruturou o ensino público, disciplinas que estimulam o pensamento como filosofia, sociologia e psicologia foram suprimidas dos currículos. Paralelamente, foi erguido um sistema de comunicação voltado para o emburrecimento do povo. A receita “novela + notícias controladas” funciona até hoje. Tudo o que se pretende é desviar a atenção dos assuntos realmente importantes.
A história não é feita de pílulas. Trata-se de uma construção, com início, meio e fim. Uma das maiores estultices é esse a frase “eleição não se decide pelo retrovisor”. Esse papo é má fé ou ignorância.
Imediatamente após a ditadura começaram a pensar no desmonte do Estado brasileiro, que o jornalista Aloysio Biondi mostra com rara precisão no livro “O Brasil privatizado”. Se a década de 1980 foi a década perdida, a década de 1990 foi a achada. Achada por tubarões capitalistas, que se fartaram com a privataria. Época em que uma Vale do Rio Doce era vendida pela metade do valor do lucro anual, em que mapas com estudos da Petrobrás sumiam da biblioteca da empresa, e logo depois poços com alta probabilidade de retorno eram leiloados por uns trocados. Uma época que ficou imortalizada pela frase: “Estamos agindo no limite da irresponsabilidade”.
Essa a invasão tão sonhada pelas multinacionais. A guerra sem sangue que faz sangrar o nosso povo em lágrimas de fome.
Essa época foi conduzida por Fernando Henrique Cardoso, que teve José Serra no corpo ministerial. O hoje candidato à presidência tem como principal parceiro o DEM, que até pouco tempo atrás era PFL, e antes ARENA, principal partido de sustentação da ditadura de 1964.
É esse o grupo político que pede a cassação da candidatura de Dilma.
A candidata do PT tem pelo menos três grandes trunfos, que vão ajudá-la a manter a dianteira nas pesquisas, que já indicam sua vitória em primeiro turno: o primeiro é a avaliação positiva do governo que representa, que beira 80%. Isso inclui percepções positivas sobre aumento do emprego e redução da miséria/pobreza, mas também a retomada da centralidade do Estado para o desenvolvimento do país. O segundo trunfo é o maior tempo de rádio e TV, com uma média de dez minutos contra sete de Serra. Por fim, Dilma e o PT contam com o apoio da maioria dos prefeitos.
Talvez o grupo do Serra já tenha perdido as esperanças de vencer nas urnas, e agora passe a tentar a vitória através da judicialização das eleições. O fato em si pouco importa. Tecnicamente seria um absurdo inominável cassar uma candidatura porque um funcionário da Receita Federal teria quebrado o sigilo bancário de alguém, ainda mais tendo o fato ocorrido em setembro de 2009, quando as eleições nem haviam começado. Isso não prova nada.
No entanto, está criado o fato político, que conta com ampla repercussão das corporações de mídia. As construções midiáticas camuflam a falta de estofo da coligação PSDB-DEM, conforme ficou muito claro nas palavras do senador tucano Álvaro Dias: “A lógica, o clima, tudo leva a crer…”. Ou a falta de coerência do próprio Serra, que comparou o caso em questão com o que fez Collor com Lula em 1989. Dilma não é Collor e Verônica não é Lurian. Uma coisa foi o Collor usar o depoimento da mãe da Lurian dizendo que Lula teria pedido pra que ela abortasse. Outra completamente diferente é a suposta quebra de sigilo fiscal pela Receita Federal da filha de Serra, fato ainda sob investigação. Uma imprensa minimamente comprometida com o fazer jornalístico teria desmascarado o factóide imediatamente.
Mas as corporações de mídia foram além em seu esforço para desenhar o quadro perfeito. O próprio presidente Lula foi instado a se posicionar, desde Foz do Iguaçu, onde cumpre agenda oficial – entre outras coisas uma aula inaugural na Universidade Federal da Integração Latino-Americana e um seminário sobre acolhimento familiar. Mas os meios de comunicação de massa simplesmente ignoraram os compromissos do presidente, usando a sua fala tão somente para a composição do “escândalo”.
Este não é apenas mais um ato covarde da direita brasileira. Trata-se de um significativo capítulo da nossa história em que ela tenta tudo para recuperar o poder perdido. É provável que até o dia da votação, 3 de outubro, outros episódios como esse apareçam. Confio na razoabilidade dos juízes do Tribunal Superior Eleitoral, mas, sobretudo, confio na capacidade do povo brasileiro em defender as suas riquezas, seu sentimento e seu voto.

Marcelo Salles, jornalista, é colaborador do jornal Fazendo Media e da revista Caros Amigos, da qual foi correspondente em La Paz entre 2008 e 2009. No twitter, é @MarceloSallesJ

Corvos pregam golpe - como sempre

Emir Sader no Carta Maior

A direita sempre foi derrotada por Getúlio. Em 1930, pelo movimento popular que deu inicio ao Brasil moderno. Em 1945, o candidato de Getúlio derrotou o brigadeiro Eduardo Gomes, o próprio Getúlio o derrotou em 1950 e JK, com o mesmo bloco de forças de Getúlio, depois da sua morte, derrotou o general Juarez Távora.

Significativamente a direita sempre apelou para militares. Era o seu espaço de oposição – o Clube Militar, os quartéis. E sempre perdeu. Ia perder de novo em 1960, de novo com um militar de origem, Juracy Magalhães – que foi o primeiro ministro de relações exteriores da ditadura, autor da frase “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, avô de dirigente tucano baiano -, mas apelou para um aventureiro, de fora dos seus quadros – Jânio. Ganhou, com o símbolo da vassoura e o lema do “Tostão contra o milhão”, mas não levou , como se sabe.

Sempre que perdeu, a direita – que tinha no corvo-mor, Carlos Lacerda, seu principal expoente – apela para conclamar os militares para o golpe. A famosa afirmação de Lacerda: “Juscelino não pode ser candidato. Se for, não pode ganhar. Se ganhar, não pode tomar posse. Se tomar posse, deve ser derrubado.”, expressa, em estado puro o golpismo da direita dos corvos.

Hoje os militares não se prestam para isso e os corvos contemporâneos apelam para o Judiciário, na busca desesperada de impugnar a candidatura vitoriosa da Dilma. E a Marina se soma a esse coro. (Ninguém mais que se julgue de esquerda, progressista, democrático, pode continuar a apoiar a Marina, quando ela se revela abertamente de direita, golpista.)

Nada de surpreendente. Uma direita dirigida por jornais corvos só poderia desembocar no golpismo. Tentar ganhar no tapetão ou tentar desqualificar o processo eleitoral – ultimo apelo da tucanalhada. Perderão como perderam sempre contra o Getúlio, contra o JK e contra o Lula. Fim melancólico de um partido que se pretendia social democrata, implantou o neoliberalismo no Brasil e terminou como corvo golpista.

Ilustração: Maringoni

A comunidade cigana: mais um alvo fácil de Sarkozy

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mobilização no Chile em defesa do povo mapuche

Imagen activa
(Prensa Latina) Organizações sociais chilenas participarão hoje em uma mobilização nacional em defesa das lutas do povo mapuche por seus direitos ancestrais e na contramão da aplicação da lei antiterrorista na Araucanía.

  Os manifestantes marcharão também em solidariedade com os mapuches encarcerados que permanecem em greve de fome desde o passado 12 de julho e cujo estado de saúde é considerado em extremo crítico, sublinharam os organizadores do protesto.

A aplicação da lei antiterrorista a um grupo de nossa sociedade, particularmente de nossos povos originários, parece-nos um ato discriminatório e arbitrário que não se justifica juridicamente, destacou ontem o presidente do Senado chileno, Jorge Pizarro.

Transcendeu ademais a assinatura de uma declaração consensualizada pelos presidentes dos principais partidos da oposição no país, quem instaram ao governo à criação de uma mesa de diálogo para a solução do prolongado jejum.

Os líderes opositores coincidiram também na necessidade de derogar ou modificar profundamente a lei antiterrorista.

Em um evidente cruzamento de espadas com espadachins de administrações anteriores, o ministro do Interior de Chile, Rodrigo Hinzpeter, afirmou que não foi o atual governo o que marcou determinadas condutas como delitos terroristas.

Em declarações formuladas ao jornal La Segunda, Hinzpeter não eludiu, no entanto, uma possível revisão do ordenamento jurídico chileno.

Enquanto, 32 réus mapuches completam hoje 52 dias de jejum em cárceres de Concepção, Lebu, Angol, Temuco e Valdivia, no sul de Chile, em demanda de um processo judicial justo e em rejeição da impugnada norma legislativa.

Seus familiares assinalaram não celebrarão o Bicentenário da Independência pois consideram que os indígenas chilenos têm vivido 200 anos de opressão.

O “Plano Cohen”, a “Carta Brandi” e o dossiê do Serra. A perna da mentira ficou mais curta

Na foto, Fernando Henrique (D) tenta salvar o jenio (E)

O Conversa Afiada tem o prazer de publicar(e nós de reproduzir) os principais trechos de excelente artigo do amigo navegante Rogério Mattos Costa:

Receita Federal afirma que Verônica Serra autorizou abertura de seu sigilo fiscal. E a FOLHA é desmascarada. Mais uma vez.

Rogério Mattos Costa, Madrid, 01.09.2010

A Receita Federal afirmou ontem ter um documento, uma procuração da filha de Serra, com assinatura reconhecida em Cartório, autorizando a abertura de seu sigilo fiscal em 2008.

Mas a FOLHA, transformada em panfleto de campanha tucana, não disse nada sobre isso em sua matéria apócrifa de hoje, que não vem assinada por nenhum jornalista.

Algo que foi noticiado ontem até pelo próprio ESTADÃO no corpo de matéria publicada hoje.

É claro que, na manchete do combalido jornal dos Mesquita aparece apenas a denuncia de que “O sigilo da filha de Serra foi violado”, sem esclarecer que existiu o pedido da própria contribuinte, o que aparecerá apenas para os leitores que acessarem o corpo da matéria.

O Estadão faz uso de uma velha técnica de desinformação, retirada do manual do jornalismo de esgoto, que diz


“Se for impossível mentir, omita a verdade na manchete e mostre-a só no corpo da matéria. O efeito é quase o mesmo, pois grande parte do público, apesar de só ler a manchete, sai contando por você a mentira que você queria contar”.


Basta comparar a matéria da FOLHA aqui que coloca a filha de Serra e o próprio candidato como “vítimas”, com a matéria do ESTADAO, aqui para ver a má-fé de ambos, mas em especial, da FOLHA.

Segundo a Receita, a abertura foi feita a pedido de um homem, portando a autorização assinada, com firma reconhecida.


Falsificação: velha prática da direita e da sua imprensa.


Muito antes de Getúlio Vargas, os partidos de direita e famílias como os Marinho,  os Frias, os Mesquita e outros donos dos maiores meios de comunicação, acostumaram-se a fabricar “cartas” e “dôssies” para justificar golpes militares e enganar a população.

Especialmente, nas vésperas das eleições.

A novidade é apenas o tempo que leva para a mentira ser descoberta.

Foi assim com a célebre “Carta Brandi”, uma montagem de Carlos Lacerda, um jornalista que iniciou a carreira cobrindo crimes sanguinolentos e que no dia das eleições de 3 de outubro de 1955,que elegeram o presidente Juscelino, leu pela televisão uma carta de um deputado provincial argentino que dava detalhes de uma pretensa revolta para implantar a “república sindicalista do Brasil”.

Segundo Lacerda, que mais tarde virou governador da Guanabara, a carta havia sido escrita por um deputado argentino aos seus comparsas no Brasil e provava que a “sangrenta revolução”seria executada através de um levante de operários, realizado com armas contrabandeadas do país vizinho.

Mas tudo fora uma armação da UDN ( como se chamava o DEM naquela época) e do Carlos Lacerda,

A tal Carta do deputado peronista Antonio Brandi era falsa, como ficou comprovado em um Inquérito Policial Militar realizado pelo Ministério do Exército, presidido pelo General Emilio Maurell Filho, como descreve Edmar Morel em “Confissões de Um Repórter”.

Um depoimento do próprio deputado Antonio Brandi, um picareta que confessou ter ganho dois mil pesos para escrever a tal carta, mostrou que foi o próprio Lacerda que foi lá no interior da Argentina, numa cidadezinha chamada Goya, na fronteira do Brasil com a Argentina e  o Paraguai, produzir a tal carta com fotos e tudo.

Já na época, os golpistas e o “experto” Lacerda foram traídos por um pequeno detalhe: a máquina de escrever em que havia sido batida a tal “carta” tinha o “til” em separado, para usar sobre o “a” e sobre o “o”, como ocorre no português e no Brasil.

Ora, na Argentina e nos países de fala castelhana, só existe o “til” sobre o “n”, que é o “ñ” ( “enhe”)…

Lacerda havia levado uma máquina daqui do Brasil para escrever a carta na Argentina…e se deu mal nessa. O golpe não colou e JK foi eleito.

Os golpistas haviam superestimado o alcance da TV naquele tempo e deixado para “divulgar o plano dos sindicalistas” no dia das eleições. E afinal, nem todo mundo é bobo, como a direita sempre pensa.

Além do mais, essa não havia sido a única vez que golpistas tinham recorrido a “cartas secretas” e “dossiês” falsificados. O povo estava acostumado, como agora, com essas maluquices e pirotecnias da direita e seus jornais.

Já em 1921, duas cartas falsificadas, que teriam sido manuscritas, haviam sido publicada poucos dias antes das eleições pelo jornal “Correio da Manhã”, com grande destaque.

Elas continham pretensos insultos de Arthur Bernardes, então candidato, ao ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca, presidente e aos militares, e ao candidato do governo, Nilo Peçanha, para prejudicar seu partido e indispô-lo com o Exército.

Mas Bernardes contratou peritos e provou na Justiça, que as cartas haviam sido falsificadas.

Outra vez um detalhe derrubou a tese do jornal e dos golpistas: os peritos mostraram que elas haviam sido escritas não por um, mas por dois falsários, chamados Jacinto Guimarães e Oldemar Lacerda e Bernardes era só um…

Em 1937, em outra empulhação, o Plano Cohen”, um pretenso plano criminoso para os comunistas tomarem o poder, escrito na verdade pelo general Olímpio Mourão Filho, do serviço secreto do Exército, havia sido usada para justificar o golpe que criou a ditadura do Estado Novo.

No dia 30 de setembro, o general Goes Monteiro, chefe do estado maior, leu, na Voz do Brasil, no dia 30 de setembro de 1937, a denuncia sobre o “plano tenebroso” em que estudantes, operários e presos políticos libertados iriam seqüestrar e fuzilar imediatamente os ministros militares e civis, os presidentes da câmara e do senado, para implantar a “republica comunista” no Brasil, justificando uma ;época de repressão, censura, torturas e morte de opositores.

A fraude só foi descoberta oito anos mais tarde, em 1945, o próprio Goes Monteiro, reconheceu a fraude e pôs a culpa em Mourão Filho, que confessou ter escrito o documento a pedido do líder nazista brasileiro Plínio Salgado, apenas como uma simulação de como poderia ser um golpe comunista e ficou tudo por isso mesmo, nada tendo sofrido os falsários e impostores que tanto mal causaram ao Brasil.

O pior é que em 1964, o tal Mourão Filho foi um dos articuladores e executores do golpe militar de abril, que nos levou a 21 anos de ditadura, não só com censura, prisões, torturas e mortes, mas à dependência extrema, para tudo, do governo dos Estados Unidos da América. ,

Afinal, o golpista e falsário, em vez de ser punido e expulso das forças armadas como manda o regulamento, havia sido promovido a general e nomeado pelo próprio Jango  comandante do IV Exército em Minas Gerais…

O fabricante de histórias Frias, José Serra, derrotado pela internet e por você.

Serra é um impostor, a começar pelo próprio diploma de economista, que ele nunca apresentou ao público, mas ostenta em seu currículo no TRE.

Tal como Lacerda e os demais golpistas, Serra acredita firmemente que o povo é burro.

Foi assim também com o “Diploma que Serra recebeu na sede da ONU” de “melhor ministro  da saúde do mundo”, concedido por uma ONG corrupta sediada a poucos passos da sede do DEM em Curitiba.

Foi assim com o caso da Lunus, contra Roseana Sarney quando ela queria ser a anti-Lula em 2002, no lugar de Serra.

Foi assim com “o dossiê contra os gastos do cartão de FHC e da Dona Ruth”, vazado por um funcionário do gabinete do ex-governador tucano Álvaro Dias.

Foi assim no “dossiê dos aloprados”.

A especialidade de Serra agora é a de fabricar dossiês contra ele mesmo, para, com sua divulgação, fazer-se de vítima, como no caso do dossiê do sigilo.

Mas as coisas estão mudando, graças à internet e aos blogs, uma ferramenta ágil e acessível, que acabou com o monopólio dos jornalões.

Se você não sabia nada sobre o Plano Cohen, a Carta Brandi e as Cartas Falsas de Arthur Bernardes, agradeça às famílias Frias, Marinho, Mesquita e Civita, pois “eles” nunca falam nada sobre seus próprios crimes…

Se você gostou desse artigo, se achou que ele trouxe mais informação, espalhe-o na rede.

Faça sua parte na divulgação da História do Brasil que os donos da grande mídia comercial, o falso economista Serra e o PSDB não querem que o nosso povo conheça.

Como calar e intimidar a imprensa

Por Luiz Cláudio Cunha no Observatorio da Imprensa
"Quando o mal é mais audacioso, o bem precisa ser mais corajoso." (Pierre Chesnelong, 1820-1894, político francês
Agosto, mês de cachorro louco, marcou o décimo ano da mais longa e infame ação na Justiça brasileira contra a liberdade de expressão.
É movida pela família do ex-governador Germano Rigotto, 60 anos, agora candidato ao Senado pelo PMDB do Rio Grande do Sul e supostamente alheio ao processo aberto em 2001 por sua mãe, dona Julieta, hoje com 89 anos. A família atacou em duas frentes, indignada com uma reportagem de quatro páginas, publicada em maio daquele ano em um pequeno mensário (tiragem de 5 mil exemplares) de Porto Alegre, o JÁ, que jogava luzes sobre a maior fraude da história gaúcha e repercutia o envolvimento de Lindomar Rigotto, filho de Julieta e irmão de Germano.
Uma ação, cível, cobrava indenização da editora por dano moral. A outra, por injúria, calúnia e difamação, punia o editor do e autor da reportagem, Elmar Bones da Costa, hoje com 66 anos. O jornalista foi absolvido em todas as instâncias, apesar dos recursos da família Rigotto, e o processo pelo Código Penal foi arquivado. Mas, em 2003, Bones acabou sendo condenado na área cível ao pagamento de uma indenização de R$ 17 mil. Em agosto de 2005 a Justiça determinou a penhora dos bens da empresa. O ofereceu o seu acervo de livros, cerca de 15 mil exemplares, mas o juiz não aceitou. Em agosto de 2009, sempre agosto, quando a pena ascendera a quase R$ 55 mil, a Justiça nomeou um perito para bloquear 20% da receita bruta de um jornal comunitário quase moribundo, sem anúncios e reduzido a uma redação virtual que um dia teve 22 jornalistas e hoje se resume a dois – Bones e Patrícia Marini, sua companheira. Cinco meses depois, o perito foi embora com os bolsos vazios, penalizado diante da flagrante indigência financeira da editora.
Até que, na semana passada, no maldito agosto de 2010, a família de Germano Rigotto saboreou mais um giro no inacreditável garrote judicial que asfixia o jornal e seu editor desde o início do Século 21: o juiz Roberto Carvalho Fraga, da 15ª Vara Cível de Porto Alegre, autorizou o bloqueio online das contas bancárias pessoais de Elmar Bones e seu sócio minoritário, o também jornalista Kenny Braga. Assim, depois do cerco judicial que está matando a editora, a família Rigotto assume o risco deliberado de submeter dois dos jornalistas mais conhecidos do Rio Grande ao vexame da inanição, privados dos recursos essenciais à subsistência de qualquer ser humano.
O personagem de Scorsese Afinal, qual o odioso crime praticado pelo e por Elmar Bones que possa justificar tanta ira, tanta vindita, ao longo de tanto tempo, pelo bilioso clã Rigotto? O pecado do jornal e seu editor só pode ter sido o jornalismo de primeira qualidade, ousado e corajoso, que lhe conferiu em 2001 os prêmios Esso Regional e ARI (Associação Riograndense de Imprensa), os principais da categoria no sul do país, pela reportagem "Caso Rigotto – Um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas".
A primeira morte era a de uma garota de programa, Andréa Viviane Catarina, 24 anos, que despencou nua do 14º andar de um prédio na Rua Duque de Caxias, no centro da capital gaúcha, no fim da tarde de 29 de setembro de 1998. O dono do apartamento, Lindomar Rigotto, estava lá na hora da queda. Ele contou à polícia que a garota tinha bebido uísque e ingerido cocaína. Nenhum vestígio de álcool ou droga foi confirmado nos exames de sangue coletados pela criminalística. O laudo da necropsia diz que a vítima mostrava três lesões – duas nas costas, uma no rosto – que não tinham relação com a queda. Ela estava ferida antes de cair, o que indicava que houve luta no apartamento. Um teste do Instituto de Criminalística indicou que o corpo de Andréa recebeu um impulso no início da queda.
No relatório que fez após ouvir Rigotto, o delegado Cláudio Barbedo, um dos mais experientes da polícia gaúcha, achou relevante anotar: "[Lindomar] depôs sorrindo, senhor de si, falando como se estivesse proferindo uma conferência". Os repórteres que o viram chegar para depor, no dia 12 de novembro, disseram que ele parecia "um personagem de Martin Scorsese", famoso pelos filmes sobre a Máfia: Lindomar usava óculos escuros, terno azul marinho, calça com bainha italiana, camisa azul, gravata colorida e gel nos cabelos compridos. O figurino não impressionou o delegado, que incluiu na denúncia o depoimento de uma testemunha informando que Lindomar era conhecido como "usuário e traficante de cocaína" na noite que ele frequentava – por prazer e ofício – como dono do Ibiza Club, uma rede de quatro casas noturnas que agitavam as madrugadas no litoral do Rio Grande e Santa Catarina. Em dezembro, o delegado Barbedo concluiu o inquérito, denunciando Lindomar Rigotto por homicídio culposo e omissão de socorro.
Lindomar só não sentou no banco dos réus porque teve também uma morte violenta, 142 dias após a de Andréa. Na manhã de 17 de fevereiro, ele fechava o balanço da última noite do Carnaval de 1999, que levou sete mil foliões ao salão do Ibiza da praia de Atlântida, a casa mais badalada do litoral gaúcho. Cinco homens armados irromperam no local e roubaram a féria da noitada. Lindomar saiu em perseguição ao carro dos assaltantes. Emparelhou com eles na praia vizinha, Xangrilá, a três quilômetros do Ibiza. Um assaltante botou a arma para fora e disparou uma única vez. Lindomar morreu a caminho do hospital, com um tiro acima do olho direito. Tinha 47 anos.
O choque de Dilma A trepidante carreira de Lindomar Rigotto sofrera um forte solavanco dez anos antes, com seu envolvimento na maior fraude da história gaúcha: a licitação manipulada de 11 subestações da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), uma tungada em valores corrigidos de aproximadamente R$ 840 milhões – 21 vezes maiores do que o escândalo do Detran que submeteu a governadora Yeda Crusius a um pedido de impeachment, quase três vezes mais do que os desvios atribuídos ao clã Maluf em São Paulo, quinze vezes maior do que o total contabilizado pelo Supremo Tribunal Federal para denunciar a "quadrilha dos 40" do mensalão do governo Lula.
Afundada em dívidas, a estatal gaúcha de energia tinha dificuldades para captar os US$ 141 milhões necessários para as subestações que gerariam 500 mil quilowatts para 51 pequenas e médias cidades do Rio Grande. Preocupado com a situação pré-falimentar da empresa, o então governador Pedro Simon (PMDB) tinha exigido austeridade total.
Até que, em março de 1987, inventou-se o cargo de "assistente da diretoria financeira" para acomodar Lindomar, irmão do líder do Governo Simon na Assembléia, o deputado caxiense Germano Rigotto. "Era um pleito político da base do PMDB em Caxias do Sul", confessaria depois o secretário de Minas e Energia, Alcides Saldanha. Mais explícito, um assessor de Saldanha reforçou a paternidade ao : "Houve resistência ao seu nome [Lindomar], mas o irmão [Germano] exigiu".
Com a chegada de Lindomar, as negociações com os dois consórcios das obras, que se arrastavam há meses, foram agilizadas em apenas oito dias. Logo após a assinatura dos contratos, os pagamentos foram antecipados, contrariando as normas estritas baixadas por Simon para evitar curtos-circuitos contábeis na CEEE. Três meses depois, a empresa foi obrigada a um empréstimo de US$ 50 milhões do Banco do Brasil, captado pela agência de Nassau, no paraíso fiscal das Bahamas. Uma apuração da área técnica da CEEE detectou graves problemas: documentos adulterados, folhas numeradas a lápis, licitação sem laudo comprovando a necessidade da obra. A sindicância da estatal propôs a revisão dos contratos, mas nada foi feito. A recomendação chegou ao governo seguinte, o de Alceu Collares (PDT), e à sucessora de Saldanha na pasta das Minas e Energia, uma economista chamada Dilma Rousseff. "Eu nunca tinha visto nada igual", diria ela, chocada com o que leu.
Dilma só não botou o dedo na tomada porque o PDT de Collares precisava dos votos do PMDB de Rigotto para ter maioria na Assembléia. Para evitar o risco de queimaduras, Dilma, às vésperas de deixar a secretaria, em dezembro de 1994, teve o cuidado de mandar aquela papelada de alta voltagem para a Contadoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE), que começou a rastrear a CEEE com auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público. Dependendo do câmbio, o tamanho da fraude constatada era sempre eletrizante: US$ 65 milhões, segundo o CAGE, ou R$ 78,9 milhões, de acordo com o Ministério Público.
A denúncia energizou a criação de uma CPI na Assembléia, proposta pelo deputado Vieira da Cunha, líder da bancada do PDT em 2008 na Câmara Federal. Vinte e cinco auditores quebraram sigilos bancários e fiscais. Lindomar Rigotto foi apontado em 13 depoimentos como figura central do esquema, acusação reforçada pelo chefe dele na CEEE, o diretor-financeiro Silvino Marcon. A CPI constatou que os vencedores da licitação, gerenciados por Rigotto, apresentavam propostas "em combinação e, talvez, até ao mesmo tempo e pelas mesmas pessoas". O relatório final lembrava: "É forçoso concluir pela existência de conluio entre as empresas interessadas que, se organizando através de consórcios, acertaram a divisão das obras entre si, fraudando dessa forma a licitação". O foi mais didático: "Apurados os vencedores, constatou-se que o consórcio Sulino venceu todas as subestações do grupo B2 e nenhuma do B1. Em compensação, o Conesul venceu todas as obras do B1 e nenhuma do B1. A diferença entre as propostas dos dois consórcios é de apenas 1,4%".
O aval de Dulce A quebra do sigilo bancário de Lindomar revelou um crédito em sua conta de R$ 1,17 milhão, de fonte não esclarecida. O relatório final da CPI caiu na mão de um parlamentar do PT, o também caxiense Pepe Vargas, primo de Lindomar e Germano Vargas Rigotto. Apesar do parentesco, o primo Pepe, hoje deputado federal, foi inclemente na sua acusação final: "De tudo o que se apurou, tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto". Além dele, a CPI indiciou outras 12 pessoas e 11 empresas, botando no mesmo balaio nomes vistosos como Camargo Corrêa, Alstom, Brown Boveri, Coemsa, Sultepa e Lorenzetti. No final de 1996, a Assembléia remeteu as 260 caixas de papelão da CPI ao Ministério Público, de onde nasceu o processo n° 011960058232 da 2ª Vara Cível da Fazenda Pública em Porto Alegre. Os autos somam 30 volumes e 80 anexos e mofam ainda na primeira instância do Judiciário, protegidos por um inacreditável "segredo de justiça". Em fevereiro próximo, o Rio Grande do Sul poderá comemorar os 15 anos de completo sigilo sobre a maior fraude de sua história.
Esta incrível saga de resistência e agonia do e de Bones provocada pela família Rigotto foi contada, em primeira mão, neste Observatório, em 24 de novembro de 2009 ("O jornal que ousou contar a verdade"). No dia seguinte, uma quarta-feira, Rigotto telefonou de Porto Alegre para reclamar ao autor que assina aquele e este texto.
– Isso ficou muito ruim pra mim, Luiz Cláudio, pois o Observatório é um formador de opinião, muito lido e respeitado. Ficou parecendo que eu estou querendo fechar um jornal. Eu não tenho nada a ver com isso. O processo é coisa da minha mãe. Foi a minha irmã, Dulce, que me disse que a reportagem era muito pesada, irresponsável. Eu nem conheço este jornal, este jornalista...
– Rigotto, a dona Julieta não é candidata a nada. O candidato és tu. A reportagem do tem implicações políticas que batem em ti, não na tua mãe. E acho muito estranho que, passados oito anos, tu ainda não tiveste a curiosidade de ler a reportagem que tanta aflição provoca na dona Julieta. Se tu estás te baseando na avaliação da Dulce, devo te alertar que ela não entende xongas de jornalismo, Rigotto! Esta matéria do Bones é precisa, calcada em fatos, relatórios, documentos e conclusões da CPI e do Ministério Público que incriminam o teu irmão. Não tem opinião, só informação. O teu processo...
– Não é meu, não é meu... É da minha mãe...
– Isso é o que diz também o Sarney, Rigotto, quando perguntam a ele sobre a censura que cala O Estado de S.Paulo. "Isso é coisa do meu filho, o Fernando"...
– Eu fico muito ofendido com esta comparação! Eu não sou o Sarney, não sou!...
– Lamento, mas estás usando a mesma desculpa do Sarney, Rigotto.
– Luiz Cláudio, como resolver isso tudo com o Bones? A gente pode parcelar a dívida e aí...
– Rigotto, tu não estás entendendo nada. O Bones não quer parcelar, não quer pagar um único centavo. Isso seria uma confissão de culpa, e ele não fez nada errado. Pelo contrário. Produziu uma reportagem impecável, que ganhou os maiores prêmios. Eu assinaria essa matéria, com o maior orgulho. Sai dessa, Rigotto!
Coincidência ou não, um dia depois do telefonema, na quinta-feira, 26, Rigotto convocou uma inesperada coletiva de imprensa em Porto Alegre para anunciar sua retirada como possível candidato ao Palácio Piratini, deixando o espaço livre para o prefeito José Fogaça.
O modelo de Roosevelt Naquela mesma quarta-feira, 25 de novembro, a emenda ficou pior que o soneto. O advogado dos Rigotto, Elói José Thomas Filho, botou no papel aquela mesma proposta indecente que ouvi do próprio Germano Rigotto, confirmando por escrito ao editor a idéia de parcelar a indenização devida de R$ 55 mil em 100 (cem) módicas prestações. Diante da altiva recusa de Bones, o advogado pareceu incorporar a doutrina do big stick de Theodore Ted Roosevelt (1901-1909), popularmente conhecida como "lei do tacape" e inspirada pela frase favorita do belicoso presidente estadunidense: "Fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete". O suave advogado Thomas Filho escreveu então para Bones: "... em nova demonstração de boa-fé, formalizamos nossa intenção em compor amigavelmente o litígio acima, bem como a possibilidade [sic] de nos abstermos de ajuizar novas demandas judiciais...".
Certamente para tranquilizar o filho candidato, o advogado reafirmava na carta a Bones que a ação contra o jornal era movida "unicamente" por dona Julieta, que buscava na justiça o ressarcimento pelo "abalo moral" provocado pela reportagem do , que misturava "irresponsavelmente três fatos diversos que envolveram a figura do falecido". Ou seja, dona Julieta Rigotto, que entende de jornalismo tanto quanto os filhos Dulce e Germano, não consegue perceber a obviedade linear de uma pauta irresistível para qualquer repórter inteligente: o objetivo relato jornalístico sobre um homem público – Lindomar – morto num assalto pouco antes de ser julgado pelo homicídio culposo de uma prostituta e pouco depois de ser denunciado no relatório de uma CPI, redigido pelo primo deputado, pela prática comprovada de "corrupção passiva e enriquecimento ilícito" na maior fraude já cometida contra os cofres públicos do Rio Grande do Sul. Mas, na lógica simplória da mãe dos Rigotto, uma coisa não tem nada a ver com a outra...
Para garantir o tom "amigável" entre as partes, o advogado de dona Julieta propôs a Bones os termos de uma retratação pública, suave como um porrete, enfatizando três pontos:
1. "Dona Julieta nunca teve a intenção de fechar o jornal";
2. "a ação não é promovida pela família Rigotto, mas apenas por dona Julieta";
3. "retirar o jornal de circulação, para estancar a propagação do dano".
Tudo isso, incluindo o ameno confisco de um jornal das bancas em pleno regime democrático, segundo o tortuoso raciocínio do advogado, serviria para "tutelar a honra e a imagem de seu falecido filho". Neste longo, patético episódio, que intercala demonstrações de coragem e altivez com cenas de pura violência, fina hipocrisia ou corrupção explícita, ficou pelo caminho o contraste de atitudes que elevam ou rebaixam. Diante da primeira ação criminal de dona Julieta na Justiça, o promotor Ubaldo Alexandre Licks Flores ensinou, em novembro de 2002:
"[não houve] qualquer intenção de ofensa à honra do falecido Lindomar Rigotto. Por outro lado, é indiscutível que os três temas [a CEEE e as duas mortes] estavam e ainda estão impregnados de interesse público". O orgulho de Enedina Apesar da lucidez do promotor, o caso tonitruante da CEEE não ecoa nos ouvidos surdos da imprensa gaúcha, conhecida no país pela acuidade de profissionais talentosos, criativos, corajosos. Nenhum grande jornal do sul – Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio, O Sul –, nenhum colunista de peso, nenhum editorialista, nenhum blog de prestígio perdeu tempo ou tinta com esse tema, que nem de longe parece um assunto velho, batido ou nostálgico. O que lhe dá notória atualidade não é o ancestral confronto entre a liberdade de expressão e a prepotência envergonhada dos eventuais poderosos de plantão, mas a reaparição de seus principais personagens no turbilhão da corrida eleitoral de 2010.
Germano Rigotto, o líder governista que emplacou o filho de dona Julieta na máquina estatal, é hoje o candidato do maior partido gaúcho ao Senado Federal. A ex-secretária Dilma Rousseff, que ficou estarrecida com o que leu sobre as fraudes de Lindomar Rigotto na CEEE, é apontada pelas pesquisas como a futura presidente do Brasil, numa vitória classificada pelo renomado jornal inglês Financial Times como "retumbante". Tarso Genro, o ex-comandante supremo da Polícia Federal, que executou as maiores operações contra corruptos da máquina pública, lidera a corrida ao governo gaúcho e, certamente, tem os instrumentos para saber hoje o que Dilma sabe desde 1990. O primo Pepe Vargas, que mostrou isenção e coragem no relatório da CPI sobre a maior fraude da história do Rio Grande, é candidato à reeleição, assim como o deputado federal que inventou a CPI, Vieira da Cunha.
É a lógica perversa do interesse eleitoral que explica o desinteresse até dos principais adversários de Rigotto na disputa pelo Senado. O candidato do PMDB está emparedado entre a líder na pesquisa da Datafolha, a jornalista Ana Amélia Lemos (PP) – que subiu de 33% em julho para 44% na semana passada – e o candidato à reeleição pelo PT, senador Paulo Paim – que cresceu de 35% no início do mês para 38% agora. Rigotto caiu de 43% para 42% no espaço de três semanas. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, Ana Amélia bate Rigotto por 47% a 39%. Seus oponentes desprezam o potencial explosivo do "Caso CEEE" porque todos sonham em ganhar o segundo voto dos outros candidatos, o que justifica a calculada misericórdia e o piedoso silêncio que modera a estratégia de adversários historicamente tão diferentes e hostis como são, no Rio Grande do Sul, o PT, o PMDB e o PP.
O que é recato na política se transforma em omissão nas entidades que, ao longo do tempo, marcaram suas vidas na luta pela democracia e pela liberdade de expressão e no repúdio veemente à ditadura e à censura. Siglas notáveis como OAB, ABI, SIP, Fenaj e Abraji brilham pelo silêncio, pela omissão, pelo desinteresse ou pelo trato burocrático do caso vs. Rigotto, que resume uma questão crucial na vida de todas elas e de todos nós: a livre opinião e o combate à prepotência dos grandes sobre os pequenos, apanágio de toda democracia que se respeita.
A OAB e seus advogados, no Rio Grande ou no Brasil, que impulsionaram a queda de um presidente envolvido em denúncias de corrupção, não se sensibilizam pela sorte de um pequeno jornal e seu bravo editor, punidos por seu desassombrado jornalismo e mortalmente asfixiados pelo cerco econômico surpreendentemente avalizado pela Justiça, que deveria proteger os fracos contra os fortes – e não o contrário.
A inerte Associação Brasileira de Imprensa jamais se pronunciou sobre as agruras de Bones e seu jornal. Só em setembro de 2009, um mês após a denúncia sobre o bloqueio judicial das receitas do , é que a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas do RS trataram de fazer alguma coisa: uma nota gelada, descartável, manifestando solidariedade à vítima e lamentando a decisão "equivocada" da Justiça. A Associação Riograndense de Imprensa, que em 2001 conferiu à reportagem contestada do o seu maior prêmio jornalístico, só quebrou o seu constrangedor silêncio ao ser cobrada publicamente por este Observatório, em novembro passado. Todos os membros da brava Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo têm a obrigação de conhecer a biografia de Elmar Bones, que nos anos de chumbo pilotou o CooJornal, um mensário da extinta Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (1976-1983) que virou referência da imprensa nanica que resistia à ditadura.
Bones chegou a ser preso, em 1980, pela publicação de um relatório secreto em que o Exército fazia uma autocrítica sobre as bobagens cometidas na repressão à guerrilha do Araguaia. Algo mais perigoso, na época, do que falar na roubalheira operada pelo filho de dona Julieta na CEEE... No site da Abraji, a entidade emite sua opinião em quatro notas, nos últimos dois anos. Critica o sigilo eterno de documentos públicos, defende o seguro de vida para repórteres em zona de risco, repudia um tapa na cara que uma repórter de TV do Centro-Oeste levou de um vereador e, enfim, faz uma vigorosa, firme, veemente manifestação a favor da liberdade de expressão... no México. Ao pobre e seu editor, lá no sul do Brasil, nenhuma linha, nada.
A poderosa Sociedade Interamericana de Imprensa, que reúne os maiores veículos das três Américas, patrocina uma influente Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, hoje sob a presidência de um jornal do Texas, o San Antonio Express News. Entre os 26 vice-presidentes regionais, existem dois brasileiros: Sidnei Basile, do Grupo Abril, e Maria Judith de Brito, da Folha de S.Paulo. Envolvidos com os graves problemas da Paulicéia, eles provavelmente não podem atentar para o drama vivido por um pequeno jornal de Porto Alegre. Mas, existem outros 17 membros na Comissão de Liberdade da SIP, e dois deles bem próximos do drama de Bones: os gaúchos Mário Gusmão e Gustavo Ick, do jornal NH, de Novo Hamburgo, cidade a 40 km da capital gaúcha. Nem essa proximidade livra as aflições do e seu editor do completo desdém da SIP.
Este monumental cone de silêncio e omissão, que atravessa fronteiras e biografias, continua desafiando a sensibilidade e a competência de jornais e jornalistas, que deveriam se perguntar o que existe por trás do amaldiçoado caso da CEEE, que afugenta em vez de atrair a imprensa. A maior fraude da história do Rio Grande, mais do que uma bomba, é uma pauta em aberto, origem talvez da irritação dos Rigotto contra o editor e o jornal que ousaram jogar luz nessa história mal contada. Os volumes empoeirados deste megaescândalo continuam intocados nas estantes da Justiça em Porto Alegre, protegido por um sigilo inexplicável que só pode ser útil a quem mente e a quem rouba, não a quem luta pela verdade e a quem é ético na política, como fazem os bons repórteres e como devem ser os bons políticos.
O bom jornalismo não é aquele que produz boas respostas, mas aquele que faz as boas perguntas – e as perguntas são ainda melhores quando incomodam, quando importunam, quando constrangem, quando afligem os consolados e quando consolam os aflitos.
A emoção é a última fronteira de quem perde os limites da razão. Elmar Bones tinha ganhado todas as instâncias do processo criminal, quando um juiz do Tribunal de Justiça, na falta de melhores argumentos, preferiu se assentar nos autos impalpáveis do sentimento para decidir em favor da mãe de Germano Rigotto:
"Não há como afastar a responsabilidade da ré pelas matérias veiculadas, que atingiram negativamente a memória do falecido, o que certamente causou tristeza, angústia e sofrimento à mãe do mesmo (...)". Dona Julieta Rigotto, viva e forte aos 89 anos, ainda sofre com a honra e a imagem maculadas de seu falecido filho, Lindomar.
Dona Enedina Bones da Costa tinha 79 anos quando morreu, em 2001, poupada assim da tristeza, angústia e sofrimento que sentiria ao ver o drama vivido agora por seu filho, Elmar. Mas ela teria, com certeza, um enorme, um insuperável orgulho pelo filho honrado e corajoso que trouxe ao mundo e ao jornalismo.

Quem será capaz de levar o Brasil adiante?

por Mark Weisbrot [*]
. A maior questão econômica que o Brasil tem a enfrentar, como no caso da maioria dos países em desenvolvimento, é determinar quando será possível atingir seu pleno potencial de crescimento econômico. Para o Brasil, existe uma comparação simples e altamente relevante: seu passado anterior a 1980, ou seja, anterior ao neoliberalismo.


Entre 1960 e 1980, a renda [1] per capita – o indicador mais básico de que os economistas dispõem sobre progresso econômico – cresceu em cerca de 123% no Brasil. De 1980 a 2000, seu crescimento foi de menos de 4%, e de 2000 para cá ficou em cerca de 24%.


Seria difícil exagerar a importância dessa "mudança de regime" econômico. É claro que crescimento econômico não é tudo; mas, em um país em desenvolvimento, ele é um prerrequisito para a maior parte das formas de progresso social que as pessoas gostariam de ver.


Caso o Brasil tivesse continuado a crescer em seu ritmo anterior a 1980, teria hoje um padrão de vida semelhante ao da Europa. Em lugar de abrigar cerca de 50 milhões de pobres, como é o caso atualmente, a pobreza seria muito baixa. E quase todos desfrutariam hoje de padrões de vida, níveis educacionais e cuidados de saúde vastamente superiores.


Esse desfecho teria sido possível? Com certeza. A Coreia do Sul, que em 1960 era pobre como Gana, cresceu de forma tão rápida quanto o Brasil até 1980, mas, ao contrário do Brasil, seu ritmo de crescimento não despencou depois daquele ano. Hoje, a renda [1] per capita da Coreia do Sul atinge níveis europeus.


As políticas implementadas ao longo dos últimos 30 anos no Brasil incluíram taxas de juros reais fortemente elevadas, políticas fiscais mais duras (e ocasionalmente pró-cíclicas) e grandes privatizações.


A adoção de metas inflacionárias pelo Banco Central também desacelerou o crescimento e conduziu a uma supervalorização periódica da moeda, o que prejudica o crescimento industrial e o desenvolvimento ao tornar as importações baratas demais e as exportações brasileiras caras demais. O governo também abandonou a maior parte das políticas industriais e estratégias de desenvolvimento que haviam gerado o sucesso de que o país um dia desfrutou com respeito ao crescimento. O Brasil faz parte do grupo dos Brics, mas é diferente de Rússia, Índia e China. De 1998 a 2008, a economia russa cresceu em 94%; a da China em 155%; e a da Índia em 99%. A do Brasil cresceu em 39%.


Houve progressos significativos no governo Lula, com crescimento cumulativo do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 23%, ante apenas 3,5% nos anos de FHC (1995-2002). O desemprego caiu fortemente, de mais de 11% quando Lula assumiu para 6,9% hoje. De 2003 a 2008, o índice de pobreza brasileiro caiu de 38,7% para 25,8%, segundo a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina.


Para os eleitores que votarão em outubro a fim de escolher um presidente e estão preocupados com o futuro do Brasil, uma grande questão seria determinar quem será capaz de levar o país adiante e adotar as políticas necessárias a realizar o potencial de crescimento econômico brasileiro, e quem enfrentará os poderosos interesses privados que se opõem a essas mudanças – especialmente no setor financeiro, que favorece taxas altas de juros, crescimento mais lento e uma moeda supervalorizada, e na maior parte dos grandes veículos de mídia. Não será uma batalha fácil, mas seu resultado terá impacto enorme sobre o padrão de vida da vasta maioria dos brasileiros.
[1] No Brasil chamam de "renda" ao rendimento.


[*] Co-director do Center for Economic and Policy Research, em Washington, D.C.

O original encontra-se em http://mrzine.monthlyreview.org/2010/weisbrot290810.html , a versão em português em www.cepr.net/... e na Folha de S. Paulo de 27/Agosto/2010

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Quem perde com a eleição


Mário Augusto Jakobskind no direto da redação

Três de outubro se aproxima e a se confirmarem os resultados das pesquisas indicando uma vitória avassaladora de Dilma Roussef já no primeiro turno, as análises a serem feitas devem transcender o aspecto político partidário propriamente dito e o significado do fenômeno Lula na história brasileira.

O Presidente da República, segundo indicam as pesquisas, em termos de popularidade ultrapassou Getúlio Vargas em sua época. O então líder trabalhista, além de se eleger em 1950 enfrentando os ancestrais do PSDB e Demo, poucos anos antes elegeu quem parecia inelegível, ou seja, o seu ex-ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, que acabou se tornando um dos piores presidentes que o Brasil já teve, comparável a FHC, inclusive traindo compromissos assumidos durante a campanha.

Tais fatos pertencem à história, mas o principal neste momento é analisar a derrota acachapante que vem sofrendo a mídia de mercado tipo Veja, O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, TV Globo e outros veículos de imprensa que diariamente se opõem a Lula e a sua candidata. Ou seja, apesar disso, Lula está transferindo praticamente cem por cento dos seus votos para Dilma Roussef, o que os analistas de plantão diziam que jamais aconteceria.  

Tanto a mídia de mercado quanto o candidato de oposição de direita, José Serra, esgotaram o estoque de acusações infundadas contra a candidata Dilma Roussef. A aliança PSDB-Dem-PPS desencavou até o emergente da Barra de sobrenome da Costa como vice, para caluniar com base em mentiras. Não satisfeito com as baixarias, encampadas por Serra, da Costa gratuitamente passou a fazer críticas grosseiras a Leonel Brizola, o governador do Estado do Rio de Janeiro por duas vezes, falecido em junho de 2004.

Da Costa e Serra são exemplos típicos da baixa política. Serão julgados pelos mais de 135 milhões de eleitores aptos a votar em 3 de outubro. Da Costa foi indicado para vice por ordem de Cesar Maia, numa estratégia para lançá-lo candidato a Prefeito do Rio de Janeiro em 2012. Para aparecer nas páginas e na TV, o vice de Serra baixou tanto o nível que acabou tirando votos do próprio cabeça de chapa.

O Rio de Janeiro daqui a dois anos terá de dar um novo recado nas urnas para a escolha do Prefeito e o quadro que se apresenta, pelo menos até agora, chega a ser vergonhoso. Da Costa de um lado e Eduardo Paes de outro, cujos projetos, apesar das rivalidades eleitorais, não estão tão distantes assim.

Para se ter uma ideia, basta comparar o que Paes vem fazendo atualmente na área da educação, repetindo o receituário do Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do Dem. Tendo como titular da pasta a senhora Claudia Costin, egressa do PSDB, e  prestadora de serviços ao governo FHC na reforma administrativa, a atual secretária de Educação do município do Rio de Janeiro tenta  executar um projeto que tem a chancela do Banco Mundial e que terá reflexos negativos não só para os professores, como também para todos os servidores municipais.

Em troca de um empréstimo de  1,9 bilhão de dólares para o Rio, o Banco Mundial exigiu, e Paes está tentando colocar em execução com a ajuda de sua bancada  na Câmara dos Vereadores,  uma reforma da previdência municipal que prevê a quebra da paridade e diminuição nos vencimentos de aposentados e pensionistas. Ou seja, Paes está querendo ir até as últimas consequências com o receituário neoliberal, que sempre defendeu desde os tempos em que militava no PSDB, o mesmo partido que durante muitos anos abrigou o atual governador Sergio Cabral.

Leitores e telespectadores desconhecem também o que vem acontecendo no Rio de Janeiro, como, por exemplo, que a  senhora Costin está tentando incrementar uma formula para os professores do município do Rio idêntico ao existente em São Paulo: a chamada meritocracia em que os trabalhadores no setor de educação serão avaliados por uma comissão que dirá quem vai ganhar mais ou não, graças a vários critérios, inclusive a nota dos alunos. Em função disso, em São Paulo os professores foram divididos em sete categorias. E assim vai, no fundo, o objetivo maior é a competição desenfreada em que a qualidade do ensino propriamente dito é o último a contar, embora Costin diga ao contrário nas páginas da mídia de mercado.  

Em recente entrevista a um jornal de São Paulo, Diane Ravitch,  ex-secretária adjunta de Educação do governo Bill Clinton criticou com veemência  a política de meritocracia, por ela seguida. Segundo Ravitch, o ensino não melhorou e foram detectadas fraudes no processo de avaliação do desempenho dos professores. Quer dizer, Costin copiou um esquema que sabidamente não deu certo nos Estados Unidos e insiste em algo que não resultará em melhora para o ensino, muito pelo contrário.

KEOMA - 1976


Título Original: Keoma
Título em inglês: Django Rides Again
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: George Eastman, Enzo G. Castellari, Nico Ducci, Mino Roli e Joshua Sinclair (diálogos)
Gênero: Ação/Drama/Faroeste
Origem: Itália
Ano de Lançamento: 1976
Música: Guido de Angelis, Maurizio de Angelis
Fotografia: Aiace Parolin
Créditos da postagem:  acullen, no cine gratuito
http://www.imdb.com/title/tt0074740/ - 7.1/10


Sinopse:
Ao final da Guerra Civil Americana, Keoma, um pistoleiro mestiço, cansado de fazer da morte um meio de vida, retorna para aquilo que um dia costumava ser seu lar. Encontra sua cidade natal totalmente destruída pela peste e sob o comando de um homem chamado Caldwell. Seus meio-irmãos Butch, Sam e Lenny trabalham para Caldwell e Keoma se vê sozinho contra todos.


Informações do Arquivo:

Formato: avi
Qualidade: DVDRip
Áudio: Inglês
Legendas: Português/BR
Duração: 97 min
Cor
Tamanho: 682 MB em 3 partes


DOWNLOAD:
AVI 682MB em 3 partes, legendado PT/BR:

http://www.megaupload.com/?d=3H5IY6QT
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SENHA PARA DESCOMPACTAR: acullen


TRILHA SONORA ORIGINAL DE 1976
Composer(s): Guido De Angelis e Maurizio De Angelis
Released in: 1976, Italy

Track listing
1. Keoma (instrumental) (04:43)
2. In front of my desperation (02:06) - canta Guy
3. Dusty banjo (part one) (00:42)
4. Keoma (harmonica) (01:38)
5. Piano and beer (01:25)
6. In front of my desperation (instrumental) (03:08)
7. Waiting (instrumental) (01:05)
8. Dusty banjo (part two) (01:25)
9. Keoma (04:45) - canta Sybil & Guy

DOWNLOAD 18 MB
http://www.megaupload.com/?d=QE47AE3N

** não tem senha **


Elenco :
Franco Nero - Keoma
William Berger - William Shannon
Olga Karlatos - Lisa
Orso Maria Guerrini - Butch Shannon
Gabriella Giacobbe - The Witch
Antonio Marsina - Lenny Shannon
Joshua Sinclair - Sam Shannon
Donald O'Brien - Caldwell
Leonardo Scavino - Doctor
Wolfango Soldati - Confederate Soldier
Victoria Zinny - Brothel Owner
Alfio Caltabiano - Member of Caldwell's Gang
Woody Strode - George


Por que me ajuda? Todos temos o direito de nascer.

A guerra? Não sei bem.
Acho que, logo que massacramos aqueles índios, achamos que deveríamos fazer algo generoso. Então demos a liberdade aos negros.
Assim, nos sentíamos bem para voltar a acabar com os índios.

Ele não pode morrer! E sabe por quê? Porque ele é livre.



Keoma é um filme que fala de legalidade, preconceitos, princípios de família e valores, com uma trilha sonora incrível e um elenco de primeira linha. Clássico do "western espaguetti", o filme é de propriedade ímpar: locação, atuação, trilha, etc., excepcionais.
O diretor, Enzo Castellari, saudado por Quentin Tarantino na utilização do título The Inglorious Bastards (1978), e que já levou até personagens shakespearianos para os saloons (Johnny Hamlet, 1968), se superou em Keoma, encabeçado pelo solitário personagem de Franco Nero.






O WESTERN, QUEM DIRIA, JÁ FOI REVOLUCIONÁRIO E CONTESTADOR...
Por Celso Lungaretti, jornalista e escritor
Fonte: http://www.jornalorebate.com.br/site/



Muitos dos que hoje se deslumbram com as estilizações de duelos e a extraordinária trilha musical de “Kill Bill” (Kill Bill: Vol. 1, 2003, e Kill Bill: Vol.2, 2004, d. Quentin Tarantino), ignoram que as primeiras inspiraram-se diretamente nas coreografias dos filmes do diretor Sergio Leone, enquanto várias músicas foram compostas há quatro décadas atrás, por Ennio Morricone, para os bangue-bangues italianos. É que Quentin Tarantino estava prestando um comovido tributo a esses dois mestres, que devem ter-lhe inspirado sonhos e brincadeiras nos seus tempos de menino.

Nascido em meados da década de 1960, o spaghetti-western lavou a alma de todos nós que gostávamos dos bangue-bangues, mas não da caretice dos norte-americanos.

Teve surpreendente sucesso nas bilheterias: "O Dólar Furado" ( Un Dollaro Bucato, 1965, d. Giorgio Ferroni), p. ex., chegou a ficar em cartaz por cerca de um ano num cinema de São Paulo. Isto se deveu não só a ter ocupado um espaço vazio, já que os norte-americanos haviam deixado de fazer westerns, como também a haver trazido um novo enfoque e uma nova moldura para o gênero.

Tirando obras de exceção como "Matar ou Morrer" (High Noon, 1952, d. Fred Zinneman), "Sem Lei e Sem Alma" (Gunfight at O.K. Corral, 1957, d. John Sturges), "O Matador" (The Gunfighter, 1950, d. Henry King), "Estigma da Crueldade" (The Bravados, 1958, d. Henry King) e "Rastros do Ódio" (The Searchers, 1956, d. John Ford), os faroestes made in USA de até então tinham o insuportável defeito de tentarem nos impingir aquela ladainha da luta eterna do Bem contra o Mal -- um tédio!

O mocinho não fumava, não bebia, não praguejava e nem trepava. A mocinha era recatada donzela. O xerife, pachorrento mas digno. Os índios, selvagens bestiais que tinham de ser tirados do caminho para não atrapalharem o progresso. Os mexicanos, beberrões subumanos.

Mesmo no mato, conduzindo boiada, o mocinho tinha a decência de manter-se sempre limpo e escanhoado. Bah!

O western italiano surgiu meio por acaso. A indústria cinematográfica italiana conseguira nos anos anteriores faturar uma boa grana com filmes épicos e mitológicos. Hércules, Maciste, Ursus, Golias, fundação de Roma, guerra de Tróia, etc. O filão, entretanto, estava esgotando-se e a Cinecittà saiu à cata de um novo produto.

Sergio Leone, então com 34 anos, tinha começado a carreira no neo-realismo italiano (como assistente de direção e diretor de segunda unidade), mas não conseguira alçar-se à direção. Era difícil abrir um espaço entre mestres como Vittorio De Sica, Lucchino Visconti, Pier Paolo Pasolini, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, etc.

Então, entre atuar eternamente à sombra dos medalhões do cinema de arte e mostrar seu trabalho no cinema dito comercial, escolheu a segunda opção. Depois de dirigir os épicos “Os Últimos Dias de Pompéia” (Gli Ultimi Giorni di Pompei, 1959, creditado, entretanto, a Mario Bonnard) e “O Colosso de Rodes” (Il Colosso di Rodi, 1961, d. Sergio Leone), teve a sorte de estar no lugar certo, no momento exato, para dar o pontapé de partida num novo ciclo.

Adaptou para o Oeste a história de “Yojimbo” (Yojimbo, 1961), um filme de Akira Kurosawa sobre samurai que açula a discórdia entre dois senhores feudais para prestar-lhes serviço alternadamente, sem que percebam seu jogo duplo. O que Leone fez em “Por Um Punhado de Dólares” ((Per un Pugno di Dollari, 1964), basicamente, foi mudar a ambientação e colocar um pistoleiro caça-prêmios no lugar do samurai.

O protagonista também teve aí seu grande golpe de sorte. Clint Eastwood não emplacara em Hollywood como mocinho, ficando relegado a papéis secundários em séries de TV e a filminhos classe “B” e “C”. Leone percebeu nele um bom anti-herói. Compôs seu personagem (o “Estranho Sem Nome”) com barba rala, chapéu sobre os olhos, charuto na boca, fala arrastada e um poncho. Com isto, acabou alçando-o ao estrelato e fazendo jus à homenagem que depois Eastwood lhe prestaria, ao dedicar-lhe sua obra-prima “Os Imperdoáveis” (Unforgiven, 1992, d. Clint Eastwood).

O que diferenciou o western italiano foi exatamente ter sido feito por cineastas bem diferentes dos tarefeiros hollywoodescos (os ditos “artesãos”, que se limitavam ao feijão-com-arroz artístico que lhes garantisse o dito cujo gastronômico).

Damiano Damiani, Carlo Lizzani e Sergio Corbucci eram outros talentos com a cabeça feita pelo cinema de arte, assim como o superlativo roteirista Sergio Donatti (aliás, até o grande diretor Bernardo Bertolucci chegou a desenvolver uma história para western). Então, não se limitaram a realizar filmes com muita ação e nenhuma vida inteligente; fizeram questão de deixar sua marca, passando mensagens cifradas, dando toques, propondo outra abordagem para o western.

Em vez de um palco em que o Bem vence sempre o Mal, o bangue-bangue italiano mostrou o velho Oeste como uma terra de ninguém, primitiva e selvagem, em que todos perseguem seus objetivos como podem. Evidentemente, há muito mais verossimilhança nesse enfoque do que no norte-americano. O Oeste do século 19 seria algo como o garimpo de Serra Pelada no seu apogeu. Um grotão selvagem e sem lei.

Em vez do herói, o western italiano consagrou o anti-herói: barbudo, desgrenhado, com roupas sinistras, muitas vezes um caça-prêmios, quase sempre um mau-caráter. No fundo, só se diferencia dos bandidos por agir sozinho enquanto os outros atuam em bando.

Lembrem-se: era a década de 1960, quando havia um imenso desencanto com a ordem estabelecida. Rebeldes eram tudo que queríamos ver Não suportávamos mais os heroizinhos c.d.f. de Hollywood. Os Djangos, Sabatas e Sartanas nos cativaram à primeira vista (o único mocinho nos moldes estadunidenses era o bonitão Ringo, de “O Dólar Furado”, interpretado por Giuliano Gemma).

E, enquanto os poderosos viraram vilãos, os índios e os peões mexicanos passaram a ser mostrados como vítimas e heróis. Afinal, vários cineastas italianos tinham inclinações revolucionárias, mas não havia nada revolucionário para destacar nos EUA do século 19. A solução foi transferir a ação para o efervescente México, como em "Quando Explode a Vingança" (Giù la Testa, 1971, d. Sergio Leone), "Gringo" (El Chuncho, Quién Sabe?, 1967, d. Damiano Damiani), "Reze a Deus e Cave Sua Sepultura" (Violenza al Sole, 1968, d. Florestano Vancini), "Réquiem Para Matar" (Requiescant, 1967, d. Carlo Lizzani), "Companheiros" (Vamos a Matar, Compañeros, 1970, d. Sergio Corbucci) e "O Dia da Desforra" (La Resa dei Conti, 1966, d. Sergio Sollima).

Toques esquerdistas, sim, eles podiam inserir em filmes ambientados nos EUA:

o próprio "Django" (Django, 1966, d. Sergio Corbucci), no qual os vilãos são visivelmente inspirados na Ku-Klux-Khan;
"Quando os Brutos Se Defrontam" (Faccia a Faccia, 1967, d. Sergio Sollima), reflexão sobre a gênese de líderes oportunistas;
"O Especialista" (Gli Specialisti, 1969, d. Sergio Corbucci), que coloca jovens rebeldes (referência às barricadas francesas de 1968) em ação no Oeste;
"O Vingador Silencioso" (Il Grande Silenzio, 1968, d. Sergio Corbucci), denunciando o massacre de Johnson Country, quando centenas de imigrantes eslavos foram dizimados pelos barões de gado do Wyoming – o mesmo episódio histórico que foi depois retratado em "O Portal do Paraíso" (Heaven's Gate, 1980, d. Michael Cimino);
e o extraordinário "Três Homens em Conflito" (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo, 1966, d. Sergio Leone), com algumas das mais marcantes seqüências antibelicistas do cinema.
Uma última característica notável foi libertar a trilha musical da tirania do country. Não mais o que realmente existia nos EUA do século retrasado, como violões, violinos, banjos, gaitas e sanfonas, mas também flauta, saxofone, órgão, sintetizadores, castanholas -- tudo que se harmonizasse com o clima daquela seqüência, pouco importando se tais instrumentos eram encontrados ou não no velho Oeste. Para completar, o uso criativo de sinos, caixas de música, assobios e outros achados. Morricone é, com certeza, o melhor criador de trilhas musicais de todos os tempos.

FILMES INESQUECÍVEIS

"Quando Explode a Vingança" está entre os melhores filmes do Leone. É, na verdade, o segundo da trilogia "era uma vez", que inclui “Era Uma Vez No Oeste” (C'Era Uma Volta il West, 1968, d. Sergio Leone) e “Era Uma Vez Na América” (Once Upon a Time in América, 1984, d. Sergio Leone). Deveria ter-se chamado "Era Uma Vez A Revolução", mas acabou com um título que em italiano significa "abaixe a cabeça" e, nos EUA, "abaixe-se, otário".

Na visão do Leone, os verdadeiros heróis da revolução são os anônimos homens do povo, enquanto os líderes acabam sempre traindo a causa -- seja no México (o médico interpretado por Romolo Valli) ou na Irlanda (o dirigente do IRA que é amigo do John/James Coburn).

Foi feito em 1971, quando os movimentos revolucionários pipocavam na Itália, radicalizando-se progressivamente. Parece expressar o desencanto do Leone com o Partido Comunista Italiano e ser um alerta de que as Brigadas Vermelhas e congêneres teriam destino trágico.

Um lance interessante é mostrar de forma totalmente desumanizada o comandante das forças contra-revolucionárias: ele é visto escovando repulsivamente os dentes, chupando um ovo, olhando pelo binóculo. Leone não lhe concede sequer a dignidade da fala. De sua forma sutil, expressa o desprezo absoluto que tinha pela direita troglodita.

Outra grande sacada do Leone é ressaltar que a História nunca fixa a versão correta dos fatos. A frase que o Irlandês sempre repete, sobre "os grandes e gloriosos heróis da revolução", é um primor de sarcasmo.

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"Três Homens em Conflito" foi, claramente, o divisor de águas na carreira de Sergio Leone, o momento em que ele mostrou ser muito mais do que um (brilhante) artesão.

"Por um Punhado de Dólares" introduziu a figura do anti-herói no centro da trama; a amoralidade básica dos tipos e das situações; a apresentação criativa dos letreiros iniciais, com o uso de animação; a nova concepção musical que Morricone trouxe para os westerns; e um dos personagens mais emblemáticos do bangue-bangue à italiana, o pistoleiro oportunista interpretado por Clint Eastwood.

Em "Por Uns Dólares a Mais" (Per Qualche Dollaro in Più, 1965, d. Sergio Leone), todas essas características foram desenvolvidas e aprimoradas. É um filme muito melhor do que o anterior, mas, paradoxalmente, não apresentou novidades significativas. A única que vale a pena citar é a colocação de dois personagens em destaque, em vez de um. A partir daí, os filmes de Leone trariam sempre essa dupla de anti-heróis ocupando o espaço dos antigos mocinhos. Depois dos personagens interpretados por Clint Eastwood/Lee Van Cleef em “Por Uns Dólares a Mais”, tivemos Charles Bronson/Jason Robards (“Era Uma Vez no Oeste”), Rod Steiger/James Coburn (“Quando Explode a Vingança”) e Robert De Niro/James Woods (“Era Uma Vez na América”).

"Três Homens em Conflito" foi a obra em que Leone definiu e afirmou seu estilo, embutindo no cinema de ação discussões mais profundas, sem prejuízo do entretenimento propriamente dito. É um tipo de obra em camadas. De acordo com sua sensibilidade, o espectador pode se divertir apenas com o básico ou captar os muitos toques subjacentes.

E é grandiosa a crítica que Leone fez ao belicismo, com algumas das seqüências mais comoventes que o cinema já apresentou: o oficial bêbado sem coragem para destruir a ponte, a orquestra do campo de prisioneiros tocando para abafar os ruídos da tortura, o jovem soldado agonizante a quem o Estranho Sem Nome dá seu charuto.

Nos três filmes seguintes ele dissecaria a lenda (vinganças) e a realidade (construção da ferrovia) no Velho Oeste, as verdades e mentiras de uma revolução e a transição da época glamourosa do aventureirismo para a hegemonia insípida das grandes organizações. Foi o cineasta que conseguiu ir mais longe na proposta de mesclar entretenimento e reflexão, saindo-se tão bem nas bilheterias quanto em termos de qualidade cinematográfica.

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“Keoma” (Keoma, 1976, d. Enzo G. Castellari) foi o canto do cisne do western italiano. E encerrou o ciclo com extrema dignidade. Trata-se daquela única obra-prima que, às vezes, um diretor convencional faz na vida, como que para provar que tinha talento para vôos maiores.

O subtexto é riquíssimo:

a briga entre os quatro irmãos remete, evidentemente, a Freud e suas teorias sobre a horda primitiva;
o nascimento da criança num estábulo é um paralelo bíblico, assim como a crucificação do herói;
a presença da velha índia nos momentos culminantes do filme vem da mitologia grega, ela é um tipo de deusa do destino;
o herói errante em busca de um desígnio que justifique sua vida também tem inspiração mitológica;
a peste se constituiu num elemento bíblico e mitológico ao mesmo tempo, além de estabelecer uma ponte com o escritor Albert Camus ("A Peste", "O Estrangeiro"), cujas obras são uma óbvia referência no delineamento do personagem principal;
finalmente, Castellari reverencia seus mitos cinematográficos -- Keoma é filho de Shane, o herói protagonizado por Alan Ladd em "Os Brutos Também Amam" (Shane, 1953, d. George Stevens), enquanto a presença de Woody Strode no elenco constitui uma homenagem a John Ford, de quem o negro era um dos atores prediletos.
E não foi só Castellari quem se superou, atingindo uma qualidade de que ninguém o suporia capaz. A dupla de compositores Guido e Maurizio de Angelis fez uma trilha musical extraordinária, capaz de rivalizar com as melhores de Morricone. O contraste do baixo com a soprano chega a nos arrepiar, as letras se casam maravilhosamente com o filme.

Em suma: trata-se de um clássico ainda não reconhecido.