terça-feira, 30 de novembro de 2010

Cuba, estrela cintilante

  Gilvander Moreira   no Correio da Cidadania
 
Tive a alegria e a responsabilidade de visitar Cuba durante nove dias, em dezembro de 2006. Ao voltar da Ilha, escrevi o texto "Cuba: os desafios de um grande povo ‘ilhado’" (cf. www.gilvander.org.br/C001.htm). Hoje, dia 15 de novembro de 2010, estou divulgando um novo artigo sobre Cuba, com informações que são fruto de estudo, do que vi e ouvi em Cuba e também do que ouvi de estudantes brasileiros, membros da Via Campesina, que estão estudando em território cubano.
 
Ouço com interesse pessoas que vão a Cuba e procuro me informar o que se passa com o povo cubano, ciente de que não podemos aceitar ingenuamente a criminalização do governo cubano e do socialismo em Cuba feita pela mídia: TV Globo e Cia. Mas a história absolverá os criminalizados injustamente. Fidel Castro será um deles. A mídia, geralmente, desfila um rosário de preconceitos acerca do regime político cubano e da história da Revolução cubana.
 
Falar de Cuba, do povo cubano, do socialismo e dos grandes líderes revolucionários, tais como Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos, exige muita responsabilidade de quem se arrisca, porque, para quem conhece Cuba, convive um pouco com o povo cubano e estuda a história da revolução cubana, é impossível não aprender e não reconhecer o histórico de indignação, a força e a luta por parte dos revolucionários e o grande sentimento de amor por Cuba e por seu povo por parte desses. E se torna impossível não respeitar e admirar o povo cubano e sua história.
 
Cuba é uma ilha de 110.000 km², 20% do estado de Minas Gerais, estreita e comprida, assemelhando-se a um jacaré. Com 11 milhões de habitantes é uma ilha encantada por sua beleza natural e encantadora pelo seu povo. Cristóvão Colombo, ao chegar a Cuba, em 1492, já afirmara: "Esta é a terra mais bela que olhos humanos viram".
 
Desde o início Cuba teve um histórico de luta do povo contra a opressão do imperialismo desde muitos tempos, com lutadores como o grande revolucionário José Marti na luta pela Independência. Cuba foi inicialmente uma colônia espanhola. Em 1898 foi invadida militarmente pelos Estados Unidos. A partir de então, cresceram os negócios dos norte-americanos na ilha.
 
Em dezembro de 1898 Cuba converte-se em uma nova colônia dos Estados Unidos através de um "tratado de paz" absurdo realizado pela Espanha e pelos Estados Unidos onde excluíam os cubanos. Em 1902 surge a "República" e junto dela um documento "Ementa plate" que dava total direito aos Estados Unidos de intervirem em Cuba politicamente e militarmente, de todas as formas.
 
O destino de Cuba foi profundamente marcado pela influência norte-americana tanto no plano político, mediante o apoio a partidos ou grupos, quanto no econômico. A beleza caribenha e a localização estratégica atraíram também para o local o lazer e a orgia dos ianques. Também uma chaga que gera um grande incômodo: uma base militar dos Estados Unidos em território cubano, a de Guantánamo. Essa base militar resultou das negociações para a retirada das tropas americanas na independência.
 
Anos e anos se passam e Cuba fica a mercê do poder dos EUA, mas o povo sempre se organizou e lutou contra o seu poder econômico. Em 1933 aconteceu o Golpe de Estado de Fulgêncio Batista, com seu governo ditador repressor do povo Cubano.
 
O revolucionário Fidel castro, diferente do que a mídia burguesa alardeia, surge em um momento histórico carregado de luta e de sonhos por uma pátria livre. E, principalmente, não sozinho, e sim junto com o povo que lutava com mínimas condições objetivas e subjetivas, o que era possível na época, e de forma popular. O processo revolucionário foi uma construção coletiva.
 
Só existiu o triunfo da Revolução porque o povo estava junto, participando. Fidel, com indignação, coerência e amor por seu país, junto com o povo cubano, nunca desistiu de Cuba e continuou o projeto de libertação iniciado por José Marti. Um grupo de revolucionários realizou no dia 26 de julho de 1953 um assalto ao Quartel Moncada, situado na Província de Santiago de Cuba - na época era a segunda maior força militar de Cuba - como estratégia para conseguir armas e iniciar a Revolução. Houve um erro tático e foram derrotados pelos soldados do ditador Fulgêncio Batista.
 
Neste contexto, muitos revolucionários foram assassinados, presos e torturados. Fidel Castro foi torturado e, quando estava preso, pronunciou a seguinte frase: "Condenar-me não importa. A história me absolverá". Fidel, ao ver companheiros e companheiras sendo assassinados e torturados injustamente, se humanizou ainda mais; a indignação palpitou mais em seu peito e o desejo pela Revolução cubana se fortaleceu muito mais como seu projeto de vida. No momento em que estava preso, Fidel estudou muito, inclusive ‘O Capital’, de Marx. Produziu o documento "A História me absolverá", documento esse que o mesmo usou para se defender em seu julgamento e que mais tarde, com o triunfo, virou plano de governo da Revolução Cubana. Fidel, ao ser solto, foi exilado para o México, mas não desistiu do seu povo. No México, começou a organizar pessoas que tinham a revolução como projeto de vida, e começaram a se preparar para regressarem a Cuba e começarem o processo da revolução.
 
Segundo a História, quando se reuniram para subir a Sierra Maestra, tinham somente quatro armas e disseram: "estamos prontos para iniciarmos a Revolução". Estavam encharcados de coragem, mas com pouca comida. Em um dos combates que durou vinte dias, o exército rebelde comeu somente nove vezes. Esta informação está escrita no livro de Che Guevara "Passagem da Guerra revolucionária". Com pouca estrutura, mas com muita vontade e muita convicção do que buscavam, o grupo de guerrilheiras e guerrilheiros do exército rebelde na Sierra Maestra iniciou um marco da história que culminou no triunfo da Revolução Cubana e na libertação do povo cubano. Fidel Castro é um dos comandantes que lutou junto com seus companheiros e venceu.
 
Em toda a história da Revolução cubana está presente o compromisso, a coerência, o amor e a força dos revolucionários. Não se pode negar essa história e o povo cubano sabe da sua história, respeita e a vive todos os dias. Não podemos aceitar ingenuamente a criminalização do governo cubano e do socialismo por parte da mídia de turistas da sociedade capitalista, que não aceitam a liberdade do povo cubano de viverem o socialismo. O povo cubano ama a Revolução, reconhece os limites materiais hoje existentes em Cuba, mas quer continuar a viver no socialismo. "Capitalismo, jamais!", dizem todos.
 
A Revolução pensa cada detalhe para as pessoas, que vai desde as questões mais complexas de como manter a produção de alimentos no país, como sobreviver com o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, até o sagrado direito de tomar um sorvete gostoso por um preço acessível a todos na Sorveteria Popular Copélia, no centro de Havana. Essa Sorveteria Copélia foi um projeto da guerrilheira Haidee Santa Maria, que adorava sorvete. Na Sierra Maestra tinham pouca comida, mas Haidee almejava que com a Revolução todos os cubanos teriam o direito ao prazer de tomar sorvete. Hoje, em todos os municípios de Cuba existe uma sorveteria popular para os cidadãos.
 
A Revolução mudou a vida das pessoas, fez reforma agrária, erradicou o analfabetismo, distribuiu as riquezas etc. Após viver 15 anos no capitalismo antes da revolução, o camponês Sr. Vicente Guillen Granado disse: "Na época do capitalismo em Cuba, eu não era gente; eu era um miserável. Hoje, no socialismo, sou gente; tenho dignidade e um governo que zela por mim e por meu povo. Nunca mais quero ter a experiência de viver no capitalismo". Os cubanos sabem a diferença entre viver em uma sociedade socialista e viver numa sociedade capitalista. Como o próprio Sr. Vicente disse: "O socialismo em Cuba nunca vai acabar, porque o povo cubano não quer, porque aqui quem tem o poder é o povo e o que prevalece é a vontade do proletariado".
 
Então, diferentemente do que a mídia trombeteia, os cubanos são felizes com o socialismo e sabem da importância da Revolução. Sabem que o poder está nas mãos do povo. E o socialismo em Cuba ainda existe e está firme não porque uma pessoa governa, e sim porque o povo governa.
 
Antes de emitir qualquer opinião sobre Cuba é importante entender a história do povo cubano e da Revolução, e acredito ser relevante ter em mente alguns aspectos fundamentais: o primeiro, a localização estratégica da Ilha, que fica a apenas 150 milhas do maior império da atualidade. Esta é a distância que separa Cuba do estado da Flórida nos Estados Unidos. O segundo aspecto é o fato de o país ter sofrido, e continuar sofrendo, ao longo de sua história, permanentes tentativas de invasão, exatamente em vista de sua posição estratégica na entrada do golfo do México. E terceiro, o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba é injusto e covarde, pois dificulta a vida de todos os cubanos. Mas o povo cubano sabe que não é o bloqueio que vai destruir o socialismo, e já mostraram isso para o mundo e para o imperialismo. Pelo contrário, viver com o bloqueio cada dia mais unifica as pessoas, fortalece a solidariedade entre o povo. Os cubanos sabem que mesmo com as dificuldades que o bloqueio proporciona, não existe nenhum cubano analfabeto, as pessoas têm acesso à comida, à educação, à medicina, à cultura, ao esporte etc.
 
Na chegada a Havana, capital de Cuba, já é possível sentir a diferença de se estar em um Estado socialista. Do aeroporto José Marti ao centro da capital há um percurso de aproximadamente 30 quilômetros. Neste trajeto somos presenteados com uma delicada e bem cuidada paisagem, onde não há sequer uma propaganda comercial. Nas ruas de Havana, ocorre o mesmo, nenhum outdoor que estimule o consumo. Só podem ser vistas, e poucas, as propagandas do regime socialista. Lembro-me de algumas: "Neste momento mais de 2 milhões de crianças estão passando fome nas ruas do mundo, nenhuma delas é cubana"; "Pela vida. Não ao bloqueio econômico dos Estados Unidos"; "Che Guevara, teu exemplo é uma luz na nossa marcha socialista"; "Em Cuba, 100% das crianças estão na escola". É obrigatório estudar. Se uma criança é pega na rua em horário de aula, a polícia leva a criança em casa e os pais têm que ir à delegacia dar satisfação. A Educação não é responsabilidade somente dos pais, mas também do Estado. Por lei todos têm que estudar. Não se vêem crianças nas ruas sozinhas, sem os pais, pedindo esmola, vendendo balas, se prostituindo.
 
Em Cuba, na Escola Latino-Americana de Ciências Médicas - ELAM –, criada em 1999, milhares de jovens latino-americanos já se formaram em Medicina. O Estado cubano custeia tudo: além dos professores e da manutenção da universidade, oferece hospedagem, alimentação, livros, cadernos e ainda dá uma ajuda de custo mensal. Os livros usados são devolvidos ao final de cada ano para que outros estudantes possam estudar neles. É interessante registrar: enquanto nos Estados Unidos gastam-se 350 mil dólares para formar um médico, em Cuba 120 mil dólares são suficientes.
 
Há milhares de estudantes estrangeiros em Cuba, na graduação e na pós-graduação. Só do Brasil são mais de mil jovens, mais de 200 dos quais enviados pelo MST para medicina e outros cursos. Dezenas, já formados.
 
Após a Revolução em 1959, muitos cubanos - latifundiários, banqueiros e empresários - migraram para os EUA por discordar do regime, e são, ainda nos dias atuais, manipulados e financiados pelo governo estadunidense com o intuito de derrubar o regime socialista de Cuba. Hoje, incluindo os descendentes, há mais de um milhão de cubanos que vivem naquele país. A grande maioria colabora efetivamente para a economia cubana enviando mensalmente dólares para os parentes que moram na ilha. Uma minoria, conhecida como a máfia cubana de Miami, que perdeu dinheiro e poder após a Revolução de 1959, conspira o tempo inteiro contra a política socialista. Essa pressão de uma minoria cubana interessa à política imperialista dos Estados Unidos, que usa de tais artifícios para isolar o último país de resistência socialista existente no planeta.
 
Basta ver que quando um estrangeiro chega clandestinamente aos Estados Unidos é imediatamente mandado de volta ao seu país. Os cubanos são a exceção. Para incentivar a saída de Cuba, o governo dos Estados Unidos acolhe como cidadãos os cubanos que chegam ao seu território. Ou seja, os únicos estrangeiros que têm visto de permanência incondicional nos Estados Unidos são os originários de Cuba.
 
O bloqueio dos Estados Unidos a Cuba consiste na proibição do comércio dos produtos cubanos nos Estados Unidos e a venda de qualquer produto norte-americano a Cuba. Além, é claro, da proibição do uso de tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos. Não existe relação diplomática e comercial entre os dois países. Isso gera enormes dificuldades à economia cubana devido ao custo do transporte, que é acrescido a todos os produtos que vêm de países bem mais distantes, como os países europeus, o Canadá ou China. Cuba tem de pagar sobretaxas para importar produtos norte-americanos de outros países.
 
Deste modo, a única forma de o governo cubano sobreviver ao bloqueio é usar de muita criatividade. Mas ocorre um verdadeiro milagre: Cuba conta irrestritamente com o apoio de um povo educado (mais de 34% dos cubanos têm, no mínimo, um curso universitário) e que conhece muito bem a sua história. O governo cubano é tão fiel ao seu povo e facilita em tudo a vida de todos. Eis um exemplo: muitos produtos vendidos em Cuba e no Brasil têm o mesmo preço em Cuba e no Brasil, porém Cuba compra os mesmos produtos muito mais caros do que o Brasil por causa do Bloqueio. Se empresas que atuam no Brasil compram por um preço muito mais barato, poderiam vender para os consumidores por um preço menor. Logo, o povo brasileiro é mais explorado. Em Cuba, o povo não é explorado. Outro exemplo muito importante é na alimentação. Um camponês vende um ovo de galinha a 2,00 pesos para o Estado e o Estado vende o mesmo ovo nas tendas estatais para as pessoas por 0,20 centavos. O camponês vende 1 litro de leite para o Estado a 2,5 pesos e o Estado vende nas tendas a 0,20 centavos. Isso é incrível. Um país que sofre com o bloqueio consegue garantir qualidade de vida para os camponeses que vivem no campo, valorizando o seu produto, com venda garantida dos alimentos para o Estado, incentivando a agricultura na produção de alimentos e repassando os alimentos a baixo custo para a população. Essa é uma estratégia para superar os malefícios do bloqueio.
 
Dessa forma os camponeses se motivam a continuar no campo e produzirem alimentos. E o mais importante: alimentos saudáveis sem uso de agrotóxicos. Cuba vem trabalhando e mostrando na prática que é possível produzir alimentos agroecológicos de forma sustentável. Diferentemente do Brasil, que a cada dia fortalece o agronegócio, a concentração da terra, a intensificação dos monocultivos transforma o país num grande lixão das transnacionais, com uso abusivo de agrotóxicos, poluindo os alimentos da população, o solo e as águas. Não é por acaso que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo: 713 milhões de litros por ano, 3,5 quilos para cada pessoa, em média.
 
Na conjuntura atual, Cuba tem como estratégia principal garantir a soberania alimentar, dependendo o mínimo de alimentos importados. Cuba hoje exporta café, açúcar, tabaco, cacau e outros produtos. E importa em grande quantidade, por exemplo, arroz e leite em pó. Em cima da frase dita pelo comandante Fidel de que "o dever patriótico número um do campesinato cubano é produzir para o povo", está sendo feita uma campanha nacional, traçando linhas políticas de incentivo à agricultura para a produção de alimentos. Com a elaboração da lei 259 - "Entrega de terras em usufruto", de 11 de julho de 2008, segundo a qual o Estado repassa terras que estão ociosas para as pessoas que querem trabalhar na agricultura com o compromisso de produzirem alimentos. Desde o surgimento desta lei, mais de 100 mil famílias já voltaram ao campo para a produção de alimentos. O que mostra que a produção só vem aumentando. E o governo supervaloriza o preço dos alimentos. O que garante a permanência dos agricultores no campo.
 
O Estado, através da ANAP (Associação Nacional de Agricultores Pequenos), presente em todas as Províncias de Cuba, garante a compra de 80% da produção dos camponeses, ficando 20% para consumo da família produtora. E o camponês que quiser vende seus 20% nas feiras, na beira das estradas ou em casa. Para se ter idéia, as pessoas que mais têm poder de ingresso de dinheiro em Cuba são os camponeses. Onde já se viu isso em um país capitalista! É lindo ver a alegria e a satisfação dos camponeses na lida com a terra. Eles têm convicção da sua importância para o país. Orgulham-se de ser camponeses. A meta do governo cubano é não precisar importar nenhum alimento. Há planejamento da produção de alimentos. A demanda é distribuída por região. São informados aos camponeses os alimentos de que o Estado precisa. Os agricultores plantam levando em consideração a demanda da região e do país. Por exemplo, se em uma determinada região há potencial para a produção de milho, arroz e feijão, com certeza essa região potencializa suas forças na produção de tais alimentos, e assim vai se fazendo o planejamento e garantindo uma agricultura diversificada, cumprindo as metas. Os camponeses têm a tarefa de produzir. O transporte e a comercialização são por conta do Estado. Os caminhões do Estado buscam a produção nas propriedades. Os camponeses têm assistência técnica garantida pelo Estado. Cuba, somente em 2009, formou mais de cinco mil agrônomos. Todos os meios de produção são garantidos, como ferramentas, sementes etc.
 
O presidente Raul Castro convocou toda a juventude para vir ao campo contribuir na produção de alimentos. É uma realidade bonita de se ver. Jovens que até trancam suas matrículas na Universidade para prestar ajuda ao Estado, ao seu país; professores universitários que prestam trabalho solidário no campo na produção de alimentos. Em Cuba existe uma solidariedade que contagia as pessoas, o que é um processo de humanização muito grande. Todos os cubanos, desde as crianças até os idosos, sabem do problema que é o bloqueio dos EUA, existe uma consciência fantástica por parte das pessoas. E todos contribuem como podem.
 
Em Havana, vê-se um grande número de pessoas pegando carona e muitos motoristas oferecendo carona, especialmente nos horários de pico. Cerca de 80% dos automóveis são estatais e são orientados a dar carona. Os carros particulares, que são poucos, também cultivam a prática de dar carona. É muito difícil ver uma pessoa sozinha em um automóvel. Normalmente andam duas, três ou quatro pessoas no mesmo automóvel, inclusive nos táxis. Dar e receber carona é um valor socialista e faz parte da cultura, é o normal. Muita gente vai trabalhar e volta sem ter que pagar pelo transporte. Não existe o menor receio de violência como seria de se esperar no Brasil. Além de ser também uma forma bastante inteligente de economizar energia. O petróleo é muito oneroso para o governo cubano. Assim, o povo cubano vai driblando o bloqueio norte-americano.
 
Faz bem considerar o que nos diz Haroldo Brasil, no artigo "Flashes de Cuba" (Jornal Estado de Minas, 31/05/2010):
 
"Quem buscar conhecer por dentro como vive o povo cubano, sua geografia e sua cultura, ao ir a Cuba, deve se hospedar em casas de família. Lá existe, com a autorização do governo, uma rede de casas de família, divididas em pequenos apartamentos, que podem ser alugados a visitantes, preservando uma área para uso próprio. Há sempre a opção de café da manhã e jantar, que são cobrados à parte. É possível assim um melhor conhecimento da intimidade das famílias, através do papo agradável e aberto que foi possível manter com os moradores locais. A exceção acontece em Varadero, praia no norte da ilha, que só recebe turistas, em hotéis, com uso de mão-de-obra cubana.
 
Quem vai a Cuba vê com os próprios olhos um sistema educacional de ótima qualidade em todos os níveis, saúde pública para todos os cidadãos, nível de renda equalizado, segurança pública total, sem policiamento ostensivo, com criminalidade próxima de zero e sem o clássico problema das drogas de nossas sociedades capitalistas. Além disso, o cuidado com o meio ambiente transparece em todos os locais que visitamos. No que diz respeito à educação das crianças e adolescentes, há escolas em quase todos os quarteirões das cidades em tempo integral, com espaço para brincadeiras e esportes. A constituição de Cuba é enfática: ‘O único privilégio que admitimos nesse país é com relação ao tratamento que daremos às nossas crianças’.
 
O bloqueio norte-americano causa muitos danos ao povo cubano. Carência de matérias primas essenciais como papel, tintas, peças sobressalentes para veículos etc. Quem volta de Cuba para o Brasil, no avião, que faz conexão no Panamá, sente um grande contraste quando se observam os brasileiros vindos de Aruba, Cancun, Miami, Nova Iorque, carregando imensas malas com quinquilharias inúteis e despejando um papo furado sobre suas inúteis aventuras consumistas".
 
Conhecer Cuba e poder conviver com o povo cubano é um verdadeiro processo de humanização, é entender que precisamos de muito pouco para ser felizes. E que é possível viver em uma sociedade onde a competitividade e a acumulação de bens não são o mais importante; a vida das pessoas está acima de qualquer coisa. Em Cuba o ser das pessoas é mais importante do que o ter.
 
Os cubanos sabem o que é o socialismo, o quanto foi difícil conquistá-lo e que é este regime que querem que permaneça em Cuba. Também sabem o quanto o governo faz por eles e com eles. Cuba incomoda os capitalistas, pois, mesmo pequena como Davi, nos dá exemplo de que, ainda que sofrendo todo tipo de pressão, segue firme vencendo todos os obstáculos. Os imperialistas já sabem que não conseguirão destruir o socialismo de Cuba, porque Cuba, junto com Fidel, com seu povo, não é governada por uma ditadura, mas sim pelo poder popular. Se existe alguma ditadura em Cuba é a ditadura do proletariado, dos trabalhadores, da classe trabalhadora, do povo. Assim, Cuba, como uma estrela cintilante, resiste sendo exemplo de que uma sociedade livre é possível. Ser livre é difícil, mas possível, nos ensina o povo cubano.
 
Gilvander Moreira é frei e padre carmelita; mestre em Exegese Bíblica; professor de Teologia Bíblica; assessor da CPT – Comissão Pastoral da Terra, de CEBs – Comunidades Eclesiais de Base , do SAB – Serviço de Animação Bíblica e da Via Campesina; E-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email Página na Web e Twitter: http://www.gilvander.org.br/www.twitter.com/gilvanderluis
 

Regulando a mídia...

Os donos da mídia estão nervosos

por Laurindo Lalo Leal Filho, na Carta Maior *

O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
A essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores.
O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.
Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda.
Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade.
Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.
Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a possibilidade de entendê-los com muita clareza.
Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais, dispensando intermediários.
Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim do mandato.
Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo do mundo.
Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país, participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos. Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo.
Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela o presidente foi para o sacrifício.
Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O descompasso será enorme.
As inúmeras conquistas alcançadas ficariam escondidas se o presidente não fosse às ruas, às praças, às conferências setoriais de nível nacional, aos congressos e reuniões de trabalhadores para contar de viva voz e cara-a-cara o que o seu governo vinha fazendo. A NBR, televisão do governo federal, tem tudo gravado. É um excelente acervo para futuras pesquisas.
Curioso lembrar as várias teses publicadas sobre a sociedade mediatizada, onde se tenta demonstrar como os meios de comunicação estabelecem os limites do espaço público e fazem a intermediação entre governos e sociedade.
Pois não é que o governo Lula rompeu até mesmo com essas teorias. Passou por cima dos meios, transmitiu diretamente suas mensagens e deixou nervosos os empresários da comunicação e os seus fiéis funcionários, abalados com a perda do monopólio da transmissão de mensagens.
Está dada, ao final deste governo, mais uma lição. Governos populares não podem ficar sujeitos ao filtro ideológico da mídia para se relacionarem com a sociedade.
Mas também não pode depender apenas de comunicadores excepcionais como é caso do presidente Lula. Se outros surgirem ótimo. Mas uma sociedade democrática não pode ficar contando com o acaso.
Daí a importância dos blogueiros, dos jornais regionais, das emissoras comunitárias e de uma futura legislação da mídia que garanta espaços para vozes divergentes do pensamento único atual.

* Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).


campanha sobre racismo nas escolas será “puxão de orelha” na sociedade, diz secretária



Em um Mundo de Diferenças, Enxergue a Igualdade. Esse é o tema de campanha lançada hoje (29) pelo Ministério da Educação (MEC) e a Unicef para alertar sobre o impacto do racismo nas escolas e promover iniciativas para a redução das desigualdades.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que das 530 mil crianças entre 7 e 14 anos fora da escola, 330 mil são negras. O índice representa 62% do total. Para a subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Oliveira, a iniciativa é um “puxão de orelha na sociedade em geral e nos responsáveis pelas políticas públicas para o setor”, porque chama a atenção para a criminalização da adolescência negra no país.
A campanha tem como fundamento as dez maneiras de contribuir para uma infância sem racismo. Entre elas, o incentivo ao comportamento respeitoso e à denúncia, além da lembrança de que racismo é crime inafiançável. “Educação é mais do que aprender a ler, escrever e contar. É aprender a viver junto, a não se intimidar diante da opressão e encontrar na vida forças para enfrentar resistências”, afirmou o secretário de Educação Continuada do MEC, André Lázaro.
A campanha terá dois filmes, de 27 segundos e de 30 segundos, veiculados na televisão e na internet. Foi criado também um blog, no endereço www.infanciasemracismo.org.br. Na página, o internauta vai poder contar também histórias de sucesso ou de discriminações que tenha sofrido ou presenciado. O blog ficará no ar durante um ano, tempo de duração da campanha.

Priscilla Mazenotti, da Agência Brasil

O discurso de Evo



Por Fidel Castro Ruz

Há momentos na história que precisam de um discurso, embora seja tão breve como o "Alia jacta est" de Julio César quando atravessou o Rubicão. Era necessário atravessá-lo nesse dia, justamente quando os ministros da Defesa dos Estados soberanos do hemisfério ocidental estavam reunidos na cidade de Santa Cruz, onde os ianques têm estimulado o separatismo e a desintegração da Bolívia.
Era segunda-feira 21, e as agências de notícias dedicavam-se a divulgar e fazer comentários sobre a reunião da OTAN em Lisboa, onde essa instituição belicosa, em linguagem arrogante e grosseira, proclamou seu direito de intervir em qualquer país do mundo onde seus interesses se sentissem ameaçados.
Ignorava-se por completo a sorte de milhares de milhões de pessoas, e as verdadeiras causas da pobreza e do sofrimento da maioria dos habitantes do planeta.
O cinismo da OTAN merecia uma resposta, e ela veio na voz de um indígena aimara da Bolívia, no coração da América do Sul, onde uma civilização mais humana floresceu antes que a conquista, o colonialismo, o desenvolvimento capitalista e o imperialismo impusessem o domínio da força bruta, baseada no poder das armas e das tecnologias mais desenvolvidas.
Evo Morales, presidente desse país, eleito pela imensa maioria de seu povo, com argumentos, dados e fatos incontestáveis, talvez sem conhecer ainda o infame documento da OTAN, deu resposta à política que o governo dos Estados Unidos pratica historicamente com os povos da América Latina e do Caribe. 
A política da força expressa através de guerras, crimes, violações da constituição e das leis; treinamentos de oficiais dos institutos armados para participar em conspirações, golpes de Estado, crimes políticos que foram usados para derrubar governos progressistas e instalar regimes de força aos quais oferecem sistematicamente apoio político, militar e da mídia. 
Jamais um discurso foi tão oportuno. 
Usando muitas vezes as formas expressivas de sua língua aimara, disse verdades que passarão à história. 
Tentarei fazer uma apertada síntese, usando suas próprias frases e palavras, 
Muito obrigado.
 "Apraz-me imenso receber em Santa Cruz de la Sierra os ministros e ministras da Defesa da América, Santa Cruz, terra de Ignácio Warnes, de Juan José Manuel Vaca, homens rebeldes de 1810 que lutaram e morreram a favor da independência da nossa querida Bolívia". 
"Homens como Andrés Ibáñez, Atahualipa Tumpa, irmãos indígenas que durante a república lutaram por sua autonomia e pela igualdade dos povos em nossa terra". 
"Bem-vindos a Bolívia, terra de Túpac Katarí, terra de Bartolina Sisa, de Simón Bolívar e de tantos homens que lutaram durante 200 anos pela independência da Bolívia e de muitos países na América". 
"A América Latina [...] vive nos últimos anos profundas transformações democráticas buscando a igualdade e a dignidade dos povos..." 
"... seguindo os passos de Antonio José de Sucre, de Simón Bolívar, de vários líderes indígenas, mestiços, crioulos que viveram há 200 anos." 
"Há exatamente uma semana, celebramos o bicentenário do Exército da Bolívia, que em 14 de novembro de 1810 indígenas, mestiços, crioulos se organizaram militarmente para combater contra a dominação espanhola..." 
"Nos últimos tempos a América Latina retoma essa decisão de se libertar, como uma segunda libertação não só social nem cultural, mas também econômica e financeira, dos povos da América Latina". 
"... esta 9ª Conferência de ministros da Defesa visa o debate sobre gênero e multiculturalidade nas Forças Armadas, democracia, paz e segurança das Américas, desastres naturais, ajuda humanitária e o papel das Forças Armadas, temário acertado, temário bem colocado para debater a esperança dos povos, não só da América Latina, mas também do mundo." 
"Em 1985 [...] só tinham direito a serem eleitos ou eleger autoridades, aqueles que tinham dinheiro, que tinham profissão e os que falavam espanhol ou o castelhano". 
"Menos de 10% da população boliviana podia, por conseguinte, participar das eleições ou ser eleita como autoridade, e mais de 90% não tinha direito [...] tiveram lugar diferentes processos [...] algumas reformas, mas no ano 2009, com a participação pela primeira vez do povo boliviano, uma nova Constituição do Estado Plurinacional foi aprovada pelo povo boliviano." 
"... nesta nova Constituição, logicamente os setores mais marginalizados [...] não tinham direito a serem eleitos nem a eleger às autoridades do Estado, da República da Bolívia. 
"Tiveram que passar mais de 180 anos para fazer profundas transformações e incorporar estes setores marginalizados historicamente na Bolívia, e confio em não estar errado, mas acho que é o único país, não só na América, mas também no mundo com 50% de mulheres ministras e 50% de homens. 
"É lógico que, com respeito às normas da Constituição [...] sinto que é mais importante a decisão política que deve ser tomada para incorporar os setores mais abandonados; é depois da aprovação da Constituição pelo povo boliviano em 2009, que os mais marginalizados, os mais desprezados, os considerados animais, que era o movimento indígena, têm sua representação na Assembléia Legislativa Plurinacional e também nas assembléias departamentais". 
"Algo importante, para os movimentos indígenas que não têm muita população foram criadas circunscrições especiais para que estejam presentes os irmãos indígenas do planalto, do vale, do leste da Bolívia". 
"As circunstâncias uninominais também permitem que os irmãos indígenas estejam representados na Assembléia Legislativa Plurinacional..." 
"Desta forma, permitimos a presença desses irmãos indígenas que estavam abandonados, condenados ao extermínio." 
"... isso não existia antes..." 
"... quando eu era muito jovem, como líder sindical, às vezes me opus às Forças Armadas e depois, quando assumo a presidência percebo que uma boa parte das Forças Armadas provêm das comunidades camponesas, principalmente do vale ..." 
"Quero dizer-lhes queridos ministros, ministras, que nunca houve participação como agora, anteriormente apenas a cor da pele determinava o nível hierárquico da sociedade, agora um indígena, um líder sindical, um intelectual, um profissional, um líder empresarial, um militar, um general, qualquer pessoa pode ser eleita presidente, democraticamente, antes não existia essa possibilidade, de mudar a Bolívia e nossa Constituição. 
"Quando esta Conferência enfoca apenas a democracia, a segurança e a paz, rever a história, revisar as normas para mim é muito interessante, é bom revisar, não só revisar por revisar, mas fazer qualquer coisa a favor da democracia na América Latina, da segurança, da paz na América ou no mundo. 
"Se falamos da democracia no passado, na Bolívia apenas existia uma democracia pactuada, não existia um partido que pudesse ganhar com mais de 50% dos votos como expressa a Constituição Política do Estado Plurinacional..." 
" ... na Bolívia, até 2005, desde 1952, na década dos anos 50, só existiam democracias pactuadas, os partidos ganhavam com 20%, 30% ..." 
"Um Partido que ocupasse o terceiro lugar podia ser presidente, dependia dos pactos e da distribuição dos ministérios, este tipo de pactos era justamente organizado pelo embaixador dos Estados Unidos; nossos compatriotas, irmãs, irmãos, bolivianas e bolivianos, devem lembrar, por exemplo, o ano 2002, quando ninguém ganhava com mais de 50%, o partido com mais votos conseguiu 21% dos votos, e aí estava o embaixador dos Estados Unidos, Manuel Rocha, juntando, unindo os partidos neoliberais para que pudessem governar, e esses governos não duraram, não agüentaram. 
"Felizmente, graças à consciência do povo boliviano vamos vencendo esta classe de democracias, agora não temos uma democracia pactuada, e sim uma democracia legítima a partir do sentimento do povo boliviano que acompanha um pensamento, um sentimento que vem do sofrimento dos povos sob um programa de governo." 
"... um programa de dignificação dos bolivianos, um programa que busca a igualdade dos bolivianos, das bolivianas, um programa que recupera seus recursos naturais, um programa que permite que os serviços básicos sejam um direito humano .." 
"... quando alguns de nossos adversários, como vocês em cada país têm sua oposição, nos dizem, um governo totalitário, governo autoritário, governo ditador, que culpa eu tenho, se este programa de governo proposto por um partido tem mais de dois terços nas diferentes estruturas do Estado Plurinacional?, só não consegui ganhar na prefeitura da cidade de Santa Cruz. 
"Respeitamos nosso prefeito, nos ganharam, mas cumprimento o senhor prefeito pelas ações que realizou na semana passada para combater o ágio, a especulação [...] parabéns, meu respeito, senhor prefeito..." 
"E alguns nos dizem que temos pensamento único, não há pensamento único algum, apenas um programa elaborado pelos diferentes setores sociais à frente dos movimentos sociais originários e operários consegue esse apoio para mudar a Bolívia. 
"Mas que enfrentamos no caminho se falamos de democracia, conspiração, golpe de Estado, tentativas de golpes de Estado em 2008  [...]  quem era o organizador de este golpe de Estado, o ex-embaixador dos Estados Unidos. 
"Estava revendo sobre história [...] sobre o golpe de Estado de 1964 quando o presidente era o tenente-coronel Gualberto Villarroel, que disse como presidente: ‘não sou inimigo dos ricos, mas sou mais amigo dos pobres’, este militar patriota foi o primeiro presidente que convocou um congresso indígena". 
"Outro presidente, Germán Bush, que disse: ‘não cheguei à presidência para servir aos capitalistas’, um militar. 
"O primeiro presidente que nacionalizou os recursos naturais, também foi um militar, David Toro, refiro-me ao ano 1937 ou 38 [...] porém este militar foi assassinado no Palácio, em 1946." 
" ... nesse então a ofensiva concentrou-se no Palácio Quemado que foi atacado pela rua Illimani, pela esquina Bolívar, pela rua Comércio, pela polícia e pela parte de atrás do edifício de La Salle e do edifício Kersul onde fica o consulado dos Estados Unidos." 
" ... ao observar o fogo que provinha do edifício Kersul, do consulado norte-americano, contra este militar patriota que garantiu o primeiro congresso indígena, do consulado dos Estados Unidos, metralhando, disparando para acabar com a vida de um militar, aí estão os documentos que revisamos. 
"... a história se repete, eu tive que enfrentar que um embaixador organizara, planificara acabar antidemocraticamente com meu mandato, e eu sinto que isso se repete em todo o mundo". 
"Mas um companheiro, um compatriota nosso, vítima de tantos golpes militares, me disse, ‘Evo, temos que cuidar-nos da embaixada dos Estados Unidos, sempre houve golpes de Estado em toda a América Latina’ e me disse, ‘só não há golpes de Estado nos Estados Unidos porque não existe uma embaixada dos Estados Unidos, realmente compreendi que na história não escutei a respeito de golpes de Estado. 
"... os países que suportamos tentativas de golpes de Estado, em 2002 na Venezuela; em 2008 na Bolívia; em 2009 em Honduras, em 2010 no Equador, temos que reconhecer compatriotas latino-americanos ou da América, que os Estados Unidos venceram em Honduras, conseguiram consolidar o golpe de Estado, o império norte-americano ganhou, mas também os povos da América na Venezuela, na Bolívia, no Equador, vencemos  [...] o que será no futuro, veremos o futuro." 
"... esta avaliação interna deve ser um debate profundo dos ministros da Defesa para garantir democracias  [...] meus antepassados, meu povo têm sido permanentemente vítima de golpes de Estado, golpes sangrentos, não porque assim o queriam os militares, as Forças Armadas, mas sim por decisões políticas internas e externas para acabar com os governos revolucionários, com os governos que surgem do povo, essa é a história da América Latina." 
"... temos direito a decidir quais a formas para garantir a democracia em cada país, mas sem golpes, nem tentativas de golpes". 
"Gostaríamos que esta conferência de ministras e ministros de Defesa possa garantir uma democracia verdadeira dos povos, respeitando as nossas diferenças em cada região, em cada setor". 
"Mas também quando falamos de paz, eu pergunto, como pode existir a paz com a presença de bases militares, e também posso falar com certo conhecimento porque eu fui vítima dessas bases militares dos Estados Unidos, sob o pretexto da luta contra o narcotráfico". 
"Quando eu era soldado, soldado sem patente, das Forças Armadas em 1978, os oficiais, suboficiais me ensinaram a defender a Pátria, as Forças Armadas têm que defender a Pátria, as Forças Armadas não podem permitir que outro militar estrangeiro uniformizado e armado permaneça na Bolívia". 
" ... como dirigente tenho sido testemunha de que não somente a DEA uniformizada e armada conduzia as Forças Armadas, nem conduzia a Polícia Nacional, mas também com sua metralhadora, sob pretexto de lutar contra o tráfico de narcóticos, combatia os movimentos sociais, perseguia com seus teco-tecos as marchas de Santa Cruz, de Cochabamba, de Oruro, e não nos podiam encontrar nem com seus teco-tecos, e diziam que eram marchas fantasmas, nada disso, eram milhares os companheiros procurando a reivindicação, a dignidade e a soberania de nossos povos." 
"... convencido de que se os povos lutamos por nossa dignidade, por nossa soberania, isso não pode ser feito nem com bases militares nem com intervenções militares; todos nós, por pequenos que sejamos, países chamados subdesenvolvidos, em vias de desenvolvimento, temos dignidade, temos soberania; além disso quando era membro do Parlamento, tentaram que aprovasse a imunidade para os funcionários da embaixada dos Estados Unidos. 
"O que é a imunidade?, que os funcionários da embaixada dos Estados Unidos, incluída a DEA norte-americana, se cometem algum delito não sejam julgados com as leis bolivianas, isso era uma carta aberta para matar, para ferir, mesmo como fizeram em minha região." 
"... a paz é a filha legítima da igualdade, da dignidade que é a justiça social, sem dignidade, sem igualdade, sem justiça social será impossível garantir a paz, porque há povos que se rebelam porque existe a injustiça." 
"... escutando falar nosso secretário geral das Nações Unidas sobre as doutrinas, as doutrinas que conhecemos na Bolívia, doutrinas anticomunistas com golpes de Estado para intervir militarmente os centros mineiros, porque os movimentos sociais, os centros mineiros eram grandes revolucionários para transformar a Bolívia". 
"Na década de 50 e 60, acusavam-nos de comunistas, de vermelhos, aos dirigentes sindicais do setor mineiro, para nos encerrar nos cárceres, para nos condenar ao exílio, para nos processar até sermos massacrados, essa época passou, agora não nos podem acusar de vermelhos nem de comunistas, todos temos direito a pensar diferente. 
Se para um país, se para uma região a solução é o comunismo, muito bem; se para outro é o socialismo, muito bem; se para outro é o capitalismo, muito bem; isso é decisão democrática de qualquer país. 
"Mas quando ganhamos essa luta, que já não podem justificar com uma doutrina anticomunista para fazer calar os povos, para mudar de presidentes, para mudar governos, então aparece a outra doutrina, a guerra contra a droga". 
"Logicamente é nossa obrigação combater as drogas [...] a Bolívia não é a cultura das drogas, a Bolívia não é a cultura da cocaína, mas de onde vem a cocaína?, do mercado dos países desenvolvidos, isso não é responsabilidade do governo nacional, mas é obrigado combatê-la" .
"... por trás da luta contra o tráfico de drogas não podem existir interesses geopolíticos, que sob pretexto de lutar contra o narcotráfico demonizam os movimentos sociais, criminalizam os movimentos sociais, confundem a folha de coca com a cocaína, confundem o produtor da folha de coca com o narcotraficante, ou o consumo legal da folha de coca com o narco dependente". 
"Por que não combateram a coca antes, no século passado, se a coca provocava dano, os europeus foram os primeiros proprietários de terras que exploraram a folha de coca, com certeza não se desviava a cocaína. 
"Os governos dos Estados Unidos entregava uma certidão de reconhecimento aos melhores produtores de folha de coca, para que?, para que esse produtor de folha de coca pudesse manter, atender a folha de coca, e aos mineiros que exploravam o estanho também fazia um reconhecimento, e dessa forma puder levar o estanho para os Estados Unidos". 
"... o mundo sabe, vocês sabem, a chamada guerra contra a droga fracassou, essas políticas têm que mudar, logicamente, qual seria a nova política? como por exemplo, acabar com o segredo bancário, esse grande narcotraficante, o peixe grande do narcotráfico, anda com sua mochila carregada de dinheiro, também sua mala, viajando de avião, não circula nos bancos; por que não acabar com o segredo bancário para dessa forma acabar também com o narcotráfico, para controlar esse traficante de narcóticos". 
"Por que não cada país defende a entrada de qualquer droga a seu território?, com essa tecnologia, fazendo uso de radares, eu sinto que existe capacidade para controlar, e não podemos controlar, e só sob pretexto da luta contra o narcotráfico impor políticas de controle e sobretudo, encaminhados a como recuperar os recursos naturais para as transnacionais." 
"... o ex-embaixador dos Estados Unidos, Manuel Rocha disse: Não votem em Evo Morales, Evo Morales é o Bin Laden andino e os cocaleiros os talibanes".
"Quer dizer, caros ministros, ministras da Defesa, segundo este tipo de doutrinas, vocês estão neste momento reunidos como o Bin Laden andino e meus companheiros, os movimentos sociais, são os talibanes, semehantes acusações, às vezes tergiversações." 
"... agora quando tampouco podem sustentar essas teses e doutrinas anticomunistas, anti-terroristas, existe outra nova doutrina que há dias ouvimos, e quero aproveitar esta oportunidade para informar a povo através dos meios de comunicação". 
"No dia 17 deste mês, uma reunião da qual participaram alguns latino-americanos e alguns congressistas norte-americanos, realizada nos Estados Unidos, tinha como lema: perigo dos Andes, ameaças à democracia, aos direitos humanos e à segurança interamericana". 
"... a congressista Ileana Ros-Lehtinen disse: nos últimos anos temos observado com preocupação os esforços de vários presidentes na região, como Hugo Chávez, na Venezuela, Evo Morales, na Bolívia, Daniel Ortega, na Nicarágua, Rafael Correa, no Equador, para consolidar seu poder custe o que custar. Os membros da aliança ALBA com Chávez como líder, um após o outro, manipulam o sistema democrático de seus países para servir a seus próprios objetivos autocráticos. 
"É a oportunidade para dizer a essa congressista que não ganhamos como nos Estados Unidos com uma diferença de 1%, 2%; aqui ganhamos com mais de 50, ou mais de 60%, e em algumas regiões com mais de 80%, essa é a verdadeira democracia". 
"O que diz a agenda sobre Daniel Ortega, mas a agenda cocaleira impulsada por Evo Morales, é uma nascente aliança com o Irã e a Rússia, a respeito do caso de Rafael Correia, as duvidosas reformas constitucionais com postulados anti-americanos. 
"... a Bolívia sob minha direção terá acordos, alianças com todo o mundo, ninguém pode me proibir, temos direito, somos a cultura do diálogo." 
"... sem sócios democráticos estáveis não pode haver segurança regional, também procuram segurança regional para os Estados Unidos, tal como agora mais do que nunca é o momento em que os Estados Unidos apóiem seus inimigos ou debilitem seus inimigos, agora é o momento em que a Organização dos Estados Americanos absolva seu legado de dupla moral e que finalmente faça com que todos os estados membros cumpram os princípios e obrigações fundamentais da carta democrática interamericana, bom, haverá que revisar a carta interamericana". 
"O segundo congressista (fala de Connie Mack, e explica suas idéias com as palavras seguintes), tenho sua intervenção, mas para ganhar tempo vou tentar resumir, quero falar sobre algumas observações dos últimos seis anos como membro deste Congresso, eu vi francamente as duas administrações: o governo republicano e o governo democrata. 
"Nessa linha acho que está a idéia de ambas as administrações a respeito de Hugo Chávez, que não intervenhamos, que nos sentemos e o deixemos explodir em si próprio, e o outro pensamento é que talvez Hugo Chávez esteja doido, e ele disse, eu não acredito em nenhuma dessas noções, não acho que Hugo Chávez esteja doido, e não acho que deixá-lo explodir em si próprio funcionará. Hugo Chávez é uma ameaça para a liberdade e para a democracia na América Latina e ao redor do mundo." 
"isto é o que mais me preocupa, confio em que quando viremos maioria no próximo Congresso, como presidente do subcomitê, façamos justamente isso, nos encarregaremos de Chávez, derrotá-lo politicamente ou fisicamente." 
A seguir Evo expressa: 
"Eu diria que este congressista Connie Mack já é um assassino confesso ou um conspirador confesso do irmão presidente da Venezuela, Hugo Chávez" . 
"Se acontecer alguma coisa com a vida de Hugo Chávez, o único responsável será este congressista norte-americano, ele o diz publicamente e aparece escrito nos meios de comunicação e em sua intervenção." 
"Companheiro, irmão, secretário-geral da OEA, você tem que expulsar a Venezuela, o Equador e a Bolívia e também a Nicarágua, e aplicar sanções, o que significa isso?, seguramente um bloqueio econômico como a Cuba." 
"Acho que a isso se referem as sanções, então como podemos alguns países da América garantir a segurança, a paz, quando estas são as expressões  de alguns congressistas, de alguns latino-americanos". 
"Estava revisando qual o motivo, por que Cuba foi expulsa em 1962, por ser leninista, marxista, e comunista. Agora a nova doutrina é uma doutrina anti-ALBA, como esses países organizamos, cumprimentamos Fidel, cumprimentamos Chávez, e outros presidentes, por construírem um instrumento como a ALBA, um instrumento de integração, de solidariedade, solidariedade sem condicionamentos, como compartilhar em vez de competir, como praticar políticas de complementaridade e não de competitividade. 
"... dentro dessa competitividade somente grupos pequenos beneficiar-se-ão e não as maiorias que esperam de seus presidentes". 
"Dentro de estas políticas de competitividade e não de complementaridade nem o capitalismo já é uma solução para o capitalismo, essa é a crise financeira. 
"... a nova doutrina como antes vinham as doutrinas da escola de Panamá, o comando sul treinava nossos militares, fecharam isso graças às lutas dos povos e agora já não existe a escola das Américas, o que é que há?, operações conjuntas mediante forças especiais." 
"...admiro alguns oficiais das Forças Armadas da Bolívia que informaram em detalhe sobre esses treinamentos que realizam todos os anos de maneira rotativa nos diferentes países da América, para que?, para ensinar-lhes como acabar com esses países revolucionários, países que fazem profundas transformações democráticas, treinamentos inclusive para ensaiar ou ensinar os franco-atiradores como matar os líderes. 
"... com muita indignação vi algumas imagens dessas operações conjuntas mediante forças especiais que vão passando de um povo para o outro. É lógico que a Bolívia já não participa e jamais participará enquanto eu continue na presidência neste tipo de operações conjuntas para continuar atentando contra a democracia". 
"... para o movimento indígena [...] este planeta ou a Pachamama pode existir sem o ser humano, mas o ser humano não pode viver sem o planeta, sem a Pachamama." 
"... o capitalismo não é a propriedade privada, porque às vezes tentam confundir e nos dizem que o presidente Evo questiona o capitalismo, que vai tirar nossas casas, nossos carros; não, a propriedade privada está garantida." 
"... a nova Constituição garante uma economia plural, e essa economia plural garante a propriedade privada, é garantida a propriedade comunal, estatal, de todos os setores sociais, mas quando falamos de capitalismo estamos falando deste desenvolvimento irracional, irresponsável, ilimitado." 
"Nossos companheiros já não encontram água na Amazônia, quando começamos a perfurar em alguma região encontramos a água cada vez mais profunda e em poucas quantidades, e quando não garantimos água por causa da seca, justamente produto do aquecimento global, essa família fica abandonada a sua sorte, são milhares, milhões no mundo, são imigrantes climáticos". 
"Isso não vamos resolver com a participação das Forças Armadas, não o poderemos resolver com a participação dos ministros da
Defesa, nem com a cooperação, esse é um tema estrutural de caráter mundial." 
"... gostaríamos de resolver aqui a médio e longo prazo; a melhor solução para acabar com os desastres, ou acabar com os desastres naturais é acabando com o capitalismo, modificando essas políticas de exagerada industrialização". 
"Logicamente, todos os países queremos industrializarmos, industrializarmos para a vida, para o ser humano e não uma industrialização para acabar com a vida, com os seres humanos, existem doutrinas que proclamam e promovem a guerra, existem povos ou Estados que vivem da guerra, isso tem que acabar, e para acabar com isso temos que eliminar as grandes indústrias de armamentos que acabam com a vida." 
"... eu sei que muitos ministros trazem a mensagem de seus presidentes, de seus governos, de seus povos, mas sejamos responsáveis pela vida, e ser responsável pela vida significa ser responsável pelo planeta ou pela Pachamama, pela Mãe Terra, e ser responsável pela Mãe Terra, pelo planeta ou pela Pachamama é respeitar os direitos da Mãe Terra." 
"... tomara que a América possa encabeçar através de vocês ministras e ministros da Defesa a garantia do direito da Mãe Terra para garantir os direitos humanos, a vida, a humanidade, não somente para a América, mas também para todo o mundo, sinto que temos uma enorme responsabilidade nesta conjuntura". 
"Quero saudar a participação de nossas Forças Armadas, e também ser sincero com vocês, eu tinha muito medo, temor, nos anos 2005 e 2006 quando assumi a presidência, de se as Forças Armadas me acompanhariam ou não neste processo." 
"... as Forças Armadas participando de trabalhos sociais, das mudanças estruturais, recuperando as minas, apoiando as políticas de recuperação dos recursos naturais, essas Forças Armadas agora são queridas pelo povo boliviano." 
"... o povo sente que tem umas Forças Armadas para o povo, agora felizmente temos duas estruturas importantes no Estado Plurinacional, os movimentos sociais que defendem seus recursos naturais e as Forças Armadas que também defendem seus recursos naturais, e se voltamos ao ano 1810, claro as Forças Armadas nasceram defendendo seus recursos naturais, a identidade, a soberania de nossos povos, só em alguns tempos fizeram mal uso de nossas Forças Armadas, não por culpa dos comandantes, mas sim por interesses oligárquicos ou alheios aos povos, que evidentemente nos fizeram muito dano." 
"... com as imposições de políticas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, privatizações, desnacionalização das empresas públicas." 
"... dos lucros só  [...] ficava 18% para os bolivianos e 82% para as empresas multinacionais.
"Em1o de maio de 2006 mediante decreto supremo, primeiro decidimos o controle do Estado de nossos recursos naturais, segundo, se convencidos de que aquele que investe tem direito a recuperar seu investimento e tem direito a ter lucros, dizemos que agora com 18% eles podem obter lucros e recuperar seu investimento, assim os técnicos mo demonstraram, e a partir de 1º de maio de 2006, 82% passou para os bolivianos e 18% para as empresas que investem, essa é a nacionalização, respeitando seu investimento." 
Evo conclui seu discurso aportando dados incontestáveis sobre os resultados econômicos atingidos pela revolução. 
"Antes o produto interno bruto era de US$9 bilhões, em 2005; agora em 2010, é de US$18,5 bilhões". 
"... com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional a receita média por pessoa era de mil dólatres ao ano  [...] em nosso governo 1. 9000 dólares." 
"... em 2005, a Bolívia era o penúltimo país em reservas internacionais, agora conseguimos melhorar, em  reservas internacionais tinha US$1,7 bilhão, neste ano temos US$ 9,3 bilhões..." 
"... quando os governos dependiam dos Estados Unidos nem sequer podíamos erradicar o analfabetismo, graças à cooperação incondicional de Cuba especialmente, bem como da Venezuela, há dois anos atrás declaramos a Bolívia território livre de analfabetismo, depois de quase 200 anos".  
"Em troca dessa cooperação Cuba não pede nada, isso é solidariedade, isso é compartilhar o pouco que temos e não compartilhar o que nos sobra, isso aprendi com o companheiro Fidel a quem admiro muitíssimo." 
Por pura modéstia Evo não falou dos avanços obtidos pelo povo boliviano no setor da saúde. Somente na oftalmologia, por volta de 500 mil bolivianos foram operados da visão, os serviços da saúde chegam a todos os bolivianos e por volta de 5 000 especialistas em Medicina Geral Integral se estão formando e em breve receberão seu título. Esse irmão país latino-americano tem razões demais para se sentir orgulhoso. 
Evo conclui:  
"... sem o Fundo Monetário Internacional, isto é, que não imponham políticas econômicas de privatizações, de leilões, podemos melhorar ainda no democrático, se não dependemos dos Estados Unidos podemos melhorar nossa democracia na América Latina, este é o resultado de cinco anos de meu desempenho como presidente." 
"Logicamente, com isso não digo que a Bolívia não precisa de cooperação, Bolívia ainda precisa de créditos internacionais, de cooperação internacional, agradeço aos países da Europa que cooperam, aos da América Latina, que oferecem facilidade de créditos porque estamos em um processo de profundas transformações..." 
"... que os povos tenham direito a decidir por si próprios sobre sua democracia, sobre sua segurança, mas enquanto tenhamos atitudes de intervencionistas com qualquer pretexto [...] certamente vai demorar a libertação dos povos, porém mais cedo ou mais tarde, como estamos vendo, os povos vão continuar rebelando-se". 
"É por isso que estou convencido da rebelião à revolução, da revolução à descolonização..." 
Após o discurso de Evo, apenas 48 horas depois, caiu como um relâmpago o discurso de Chávez. As luzes da rebelião iluminavam os céus da Nossa América.
Fidel Castro Ruz

Todos os dias o povo come veneno


  Altamiro Borges em seun blog reproduz artigo de João Pedro Stedile, integrante da coordenação nacional do MST, publicado no sítio da Adital:

O Brasil se transformou desde 2007, no maior consumidor mundial de venenos agrícolas. E na ultima safra as empresas produtoras venderam nada menos do que um bilhão de litros de venenos agrícolas. Isso representa uma media anual de 6 litros por pessoa ou 150 litros por hectare cultivado. Uma vergonha. Um indicador incomparável com a situação de nenhum outro país ou agricultura.

Há um oligopólio de produção por parte de algumas empresas transnacionais que controlam toda a produção e estimulam seu uso, como a Bayer, a Basf, Syngenta, Monsanto, Du Pont, Shell química etc.

O Brasil possui a terceira maior frota mundial de aviões de pulverização agrícola. Somente esse ano foram treinados 716 novos pilotos. E a pulverização aérea é a mais contaminadora e comprometedora para toda a população.

Há diversos produtos sendo usados no Brasil que já estão proibidos nos países de suas matrizes. A ANVISA conseguiu proibir o uso de um determinado veneno agrícola. Mas as empresas ganharam uma liminar no "neutral poder judiciário" brasileiro, que autorizou a retirada durante o prazo de três anos... e quem será o responsável pelas conseqüências do uso durante esses três anos? Na minha opinião é esse Juiz irresponsável que autorizou na verdade as empresas desovarem seus estoques.

Os fazendeiros do agronegócio usam e abusam dos venenos, como única forma que tem de manter sua matriz na base do monocultivo e sem usar mão-de-obra. Um dos venenos mais usados é o secante, que é aplicado no final da safra para matar as próprias plantas e assim eles podem colher com as maquinas num mesmo período. Pois bem esse veneno secante vai para atmosfera e depois retorna com a chuva, democraticamente atingindo toda população inclusive das cidades vizinhas.

O Dr. Vanderley Pignati da Universidade Federal do Mato Grosso tem várias pesquisas comprovando o aumento de aborto e outras conseqüências na população que vive no ambiente dominado pelos venenos da soja.

Diversos pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e da Universidade federal do Ceara já comprovaram o aumento do câncer, na população brasileira, conseqüência do aumento do uso de agrotóxicos.

A ANVISA - responsável pela vigilância sanitária de nosso país -, detectou e destruiu mais de 500 mil litros de venenos adulterados, somente esse ano, produzido por grandes empresas transnacionais. Ou seja, alem de aumentar o uso do veneno, eles falsificavam a fórmula autorizada, para deixar o veneno mais potente, e assim o agricultor se iludir ainda mais.

O Dr. Nascimento Sakano, consultor de saúde, da insuspeita revista Caras, escreveu em sua coluna que ocorrem anualmente ao redor de 20 mil casos de câncer de estomago no Brasil, a maioria conseqüente dos alimentos contaminados, e destes 12 mil vão a óbito.

Tudo isso vem acontecendo todos os dias. E ninguém diz nada. Talvez pelo conluio que existe das grandes empresas com o monopólio dos meios de comunicação. Ao contrário, a propaganda sistemática das empresas fabricantes que tem lucros astronômicos é de que, é impossível produzir sem venenos. Uma grande mentira.

A humanidade se reproduziu ao longo de 10 milhões de anos sem usar venenos. Estamos usando veneno, apenas depois da segunda guerra mundial para cá, como uma adequação das fabricas de bombas químicas agora, para matar os vegetais e animais. Assim, o poder da Monsanto começou fabricando o Napalm e o agente laranja, usado largamente no Vietnam. E agora suas fabricas produzem o glifosato, que mata ervas, pequenos animais, contamina as águas e vai parar no seu estômago.

Esperamos que na próxima legislatura, com parlamentares mais progressistas e com novo governo, nos estados e a nível federal, consigamos pressão social suficiente, para proibir certos venenos, proibir o uso de aviação agrícola, proibir qualquer propaganda de veneno e responsabilizar as empresas por todas as conseqüências no meio ambiente e na saúde da população.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Reflexões de Fidel Castro

SETE DIAS SEM MORTOS PELA CÓLERA

Ontem expliquei que no Haiti já morreram 1 523 pessoas como conseqüência da cólera e ao mesmo tempo as medidas adotadas pelo Partido e o Governo de Cuba.

Não pensava escrever hoje uma palavra sobre o problema. Desisto no entanto dessa idéia, para elaborar uma breve Reflexão sobre o tema.

A Doutora Lea Guido, representante da OPS-OMS em Cuba — neste momento representante de ambas as organizações nos dois países e pessoa de grande experiência —, declarou hoje à tarde que devido às atuais condições do Haiti se esperava que a epidemia afetasse 400 mil pessoas.

Por outro lado, o Vice-ministro de Saúde de Cuba e Chefe da Missão Médica Cubana, o embaixador de nosso país no Haiti e outros colegas da Missão, estiveram reunidos durante todo o dia com o presidente René Preval, a Doutora Lea Guido, o Ministro de Saúde haitiano e outros funcionários de Cuba e do Haiti, elaborando as medidas que serão aplicadas com urgência.

A missão médica cubana atende a 37 centros que enfrentam a epidemia, onde até hoje tem oferecido atendimento a 26 040 pessoas afetadas pela cólera, aos quais se somarão logo, com a Brigada “Henry Reeve”, mais 12 centros (para totalizar 49) com 1 100 novos leitos, em barracas de campanha desenhadas e elaboradas para esses fins na Noruega e outros países, já adquiridas com os fundos para enfrentar o terremoto, entregadas a Cuba por Venezuela para a reconstrução do sistema de saúde no Haiti.

Ao anoitecer de hoje chegou uma noticia alentadora do Doutor Somarriba: durante os últimos sete dias não houve nenhum falecimento pela cólera nos centros atendidos pela missão médica cubana. Seria impossível manter esse índice, visto que outros fatores podem incidir nesse resultado, mas oferece uma idéia muito reconfortante a experiência adquirida, os métodos adequados e o grau de consagração atingidos.

Satisfaz-nos igualmente que o presidente René Preval, cujo mandato finaliza no próximo dia 16 de janeiro, tenha decidido converter a luta contra a epidemia na atividade mais importante de sua vida, a qual legará ao povo do Haiti e ao Governo que o suceda.


Fidel Castro Ruz

Bolcheviques contra o racismo

Sergio Domingues no Pilulas Diárias

A esquerda costuma ser acusada de colocar em segundo plano a luta contra o racismo. Infelizmente, é verdade. Grande parte dos partidos que se assumem socialistas ou comunistas consideram esse combate como algo menor e “divisionista”. Talvez, uma herança do desprezo dos primeiros marxistas em relação aos povos não brancos.

Não foi o caso dos bolcheviques. Os revolucionários russos que tomaram o poder em 1917 eram grandes defensores das lutas anticoloniais. Por isso, conquistaram o apoio dos povos do antigo império russo. Em 1920, o 2º congresso da Internacional Comunista aprovou as “Teses sobre a questão colonial”.

O documento dizia que a “revolução proletária e a revolução nas colônias são complementares para a vitória de nossa da luta”. E que a “Internacional Comunista” deveria trabalhar “pela destruição do imperialismo nos países economicamente e politicamente dominados.” Lênin foi duro com seus antecessores. Ele dizia que para a Segunda Internacional o “mundo só existia dentro dos limites da Europa”. Desse modo, “tornaram-se eles próprios imperialistas.”

Em 1922, ocorreu o último congresso da Internacional antes de Stalin assumir o controle do partido russo. Nele, aprovaram-se as “Teses sobre a Questão Negra”. Era a primeira vez que o tema seria discutido no movimento socialista mundial.

Entre suas resoluções, estava “a necessidade de apoiar qualquer forma de resistência dos negros que busque minar e enfraquecer o capitalismo ou o imperialismo, ou barrar a sua expansão”. Além disso, lutar para “assegurar aos negros a igualdade de raça e a igualdade política e social.”

Como se vê, a luta contra o racismo faz parte da tradição revolucionária dos socialistas.

Leia as “Teses sobre a questão negra”, aqui.

Uma semana de solidariedade ao povo palestino

www.vermelho.org.br

Acompanhando calendário global, organizações da sociedade civil brasileira, juntamente com a comunidade árabe-palestina no País, realizam a Semana de Solidariedade ao Povo Palestino. Atividades centrais ocorrerão em vários estados no dia 29 de novembro próximo (confira agenda abaixo).

A data marca o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino – conforme resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) nº 32/40 de 1977. Anualmente, em todo o mundo, ocorrem inúmeras manifestações no período. No Brasil, é também lei em várias localidades.

Em 29 de novembro de 1947, portanto há 63 anos, em Assembleia-Geral da ONU, foi aprovada a Resolução nº 181, que decidiu pela partilha do território da Palestina histórica para o estabelecimento de um estado judeu e um árabe, sem qualquer consulta aos habitantes locais. Como consequência, o Estado de Israel foi implementado em 15 de maio de 1948 e o da Palestina não foi assegurado, culminando na nakba (catástrofe), em que foram expulsos mais de 700 mil palestinos de suas casas e centenas de vilas foram destruídas. O resultado é a ocupação mais longa do período contemporâneo, que tem sido aprofundada, ao arrepio das leis e convenções internacionais. Uma das maiores injustiças de que se tem notícia na história.

Consequentemente, todos os direitos inalienáveis do povo palestino têm sido desrespeitados: à autodeterminação, à saúde, à educação, a transitar livremente. Um muro em construção desde 2002, que corta a Cisjordânia ao meio – projetado para ter 720 metros de extensão e 9 metros de altura –, e centenas de checkpoints e assentamentos sionistas, além de estradas exclusivas proibidas a palestinos, são símbolos do apartheid que se configura no território ocupado. Em Gaza, o lugar mais densamente povoado do mundo, com 1,5 milhão de pessoas que se espremem em cerca de 360km2, um bloqueio criminoso tem feito com que grasse a fome e a miséria, numa punição coletiva que deveria ser impensável em pleno século 21. O território palestino, mediante esses aparatos, é mantido sob a forma de bantustões à la África do Sul. É hoje impossível, por exemplo, ir da Cisjordânia a Gaza.

Diante da barbárie, realizar atividades em 29 de novembro faz-se urgente. É uma forma de o mundo levantar suas vozes e clamar pelo fim imediato da ocupação na Palestina. A semana de solidariedade pretende contribuir para dar visibilidade a essa questão e lembrar que, dia após dia, famílias são separadas, plantações são destruídas, crianças são impedidas de ir à escola e mães, de dar à luz com dignidade. Mais do que isso: soma-se às iniciativas em que a comunidade internacional é chamada à responsabilidade pela drástica situação na Palestina e cobrada a dar continuidade a ações concretas que pressionem e levem à mudança dessa realidade.

Confira a programação e participe! É por direitos humanos e justiça!

Semana de Solidariedade ao Povo Palestino no Brasil

SÃO PAULO/SP
Semana do Povo Palestino
Dia: 29 de novembro de 2010 – segunda-feira
Horário: 14h
Local: FEA-USP Sala G-1
Instituto de Relações Internacionais
Exibição do documentário: Palestina Espera
(Palestine is waiting, EUA-Palestina, 2001, cor, 10 min -documentário)
Direção: Annemarie Kattan Jacir
Há mais de 5 milhões de refugiados palestinos, muitas vezes indesejados, vivendo em condições-limite em todo o mundo.
Participação: Maren Mantovani
Analista política, diretora de Relações Internacionais da Campanha Palestina contra o Muro do Apartheid e Representante para a América Latina do Comitê Nacional Palestino por Boicotes, Sanções e Desinvestimento (BNC)

Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 19h
Local: Auditório Franco Montoro - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - Av. Pedro Álvares Cabral, 201
Atividade: Ato político com convidados e autoridades, exibição de curta-metragem e poesias árabes. Participação de representante do movimento Stop the Wall.
Organização: Frente em Defesa do Povo Palestino
frentepalestina@yahoo.com.br

Dia: 4 de dezembro de 2010 - sábado
Horário: 16h
Local: Matilha Cultural - Rua Rego Freitas, 542
Atividade: Exibição dos filmes:
Ponto de Encontro (Encounter Point) - Direção: Júlia Bacha e Ronit Avni. Documentário, 85 min, 2008 e Nós e os Outros (Selves and Others, A Portrait of Edward Said) - Direção: Emmanuele Hamon. Documentário, 54 min, 2003.
Haverá debate com a participação de companheiros que participaram do Fórum Mundial da Educação na Palestina
Realização: Núcleo de Estudos Edward Said - Instituto da Cultura Árabe, Oboré e Matilha
Apoio: Frente em Defesa do Povo Palestino
contato@icarabe.org

CAMPINAS/SP
Dia: 24 de novembro de 2010 – quarta-feira
Local: Facamp – Faculdades de Campinas (Estrada Municipal Unicamp - Telebrás km 1, s/nº - Cidade Universitária)
Apresentação das pesquisas sobre a Palestina – história – sionismo e holocausto

Dia: 29 de novembro de 2010 – segunda-feira
Locais e atividades: Câmara Municipal de Campinas – homenagem à data Parque da Paz e Memorial Yasser Arafat – visitação pública
Colóquio – Mostra Afro-brasileira – Secretaria Municipal de Educação
Realização: Instituto Jerusalém do Brasil
institutojerusalembr@terra.com.br

PORTO ALEGRE/RS
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 19h
Local: Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul – Praça Mal. Deodoro, 101
Atividade: Sessão com convidados, Embaixada da Autoridade Palestina na República Federativa do Brasil e Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados)
Organização: Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Palestino
comitepalestinars@gmail.com

FLORIANÓPOLIS/SC
Dia: 30 de novembro de 2010 - terça-feira
Horário: 19h
Local: Câmara de Vereadores - Plenário do Centro Legislativo Municipal
Rua Anita Garibaldi, 35 - Centro
Atividade: Sessão solene e Ato político com convidados e autoridades
Lei 34/40 PMF – 1990 - 29 de novembro - Dia Municipal de Solidariedade ao Povo Palestino em Florianópolis
Lei nº 13850 - 2006 - Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino em Santa Catarina
Organização: Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
comitepalestinasc@yahoo.com.br

BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC
Semana de Difusão da Cultura Árabe-Palestina
22 a 29 de novembro de 2010
Dia: 24 - quarta-feira
Horário: 19h
Local: Biblioteca Pública Municipal Machado de Assis - 3º Avenida, esquina com Rua 2.500
Atividade: cerimônia de abertura do evento com a presença de amigos, convidados e autoridades. Entrega de certificados de participação no concurso escolar “Paz para a Palestina”. Exibição do filme: “Palestina - A história de uma terra” (Simone Bitton)

Dia: 25 - quinta-feira
Horário: 9h
Local: Auditório BI 4 - Curso de Relações Internacionais – Univali
Campus Balneário Camboriú
Tema: Palestina: história, cultura, religião e atualidades
Palestrantes: Fairuz Saleh Bujaa - advogada, integrante do Grupo Palestino Terra / Miriam Ramoniga - advogada, mestre em Direito e professora de Direito Internacional / Saleh Bujja - palestino (80 anos) residente no Brasil há 60 anos / Queila Martins - coordenadora do curso de Relações Internacionais da Univali / Márcia Sarubbi - professora do curso de Direito e Relações Internacionais da Univali
Dia: 25 - quinta-feira
Horário: 17h
Local: Câmara de Vereadores de
Balneário Camboriú
Atividade: Acompanhamento da votação da legislação municipal que institui o “Dia 29 de novembro como o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino no município de Balneário Camboriú - SC”
Dia: 26 - sexta-feira
Horário: 20h
Local: Restaurante Pharol - Av. Atlântica
Barra Sul, 5.740
Atividade: Jantar árabe - comidas típicas da gastronomia árabe, músicas, apresentações de danças folclóricas

Dia: 27 - sábado
Horário: 18h
Local: Livraria Nobel - Av. Alvim Bauer, 250, sl. 04 – Centro
Atividade: Cultura e lazer, exposição de livros, sugestão de roteiros de viagem, apresentações de dança do ventre e degustação de pastas e doces árabes
Organização: Instituto Amigos da Cultura
ramoniga@hotmail.com
www.amigosdaculturasc.com

RIO DE JANEIRO/RJ
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 18h
Local: IFCS-UFRJ (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro) - Largo de São Francisco
Atividade: Ato político em defesa do povo palestino. Lançamento da Campanha Mundial de BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel e da Campanha de Boicote Acadêmico e Cultural. Exposição do livro “Impressões de uma brasileira na Palestina”
Organização: Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino
vivaintifada@gmail.com

BELO HORIZONTE/MG
Dia: 26 de novembro de 2010 - sexta-feira
Horário: 9h30
Local: Auditório do Instituto de Ciências Exatas Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Atividade: Seminário de Solidariedade Internacional. Palestrante: Jadallah Safa
Comitê Democrático Palestino
Coordenação: UJC e Casa da América Latina www.seminariodesolidariedadeinternacional.
blogspot.com

AÇÃO MIDIÁTICA
Divulgação do balanço da maratona na Semana contra o muro e das atividades do dia 29 de novembro
Coordenação: Ciranda Internacional da Informação Independente e Movimento Palestina para Tod@s
www.ciranda.net e www.palestinalivre.org.

Celulares são cada vez mais importantes na África, diz ativista da FreedomFone


Amanda Rossi

A massificação dos celulares é um fenômeno vivido em toda a África. Em grande parte dos países africanos, o acesso aos telefones móveis é maior que à energia elétrica. Devido ao baixo custo do aparelho e dos serviços (muito menor que no Brasil), os celulares se transformaram em uma das poucas opções de comunicação disponíveis e assumiram diversas funções: desde de realizar pequenas operações bancárias até para receber recomendações médicas.
Considerando essa realidade, uma organização do Zimbábue chamada Kubatana procura encorajar cidadãos e a sociedade civil a usarem o celular para se mobilizarem e promoverem um “ativismo eletrônico”. Fundada em 2002, a organização desenvolveu o Freedom Fone, sistema operacional com código aberto (qualquer organização pode usar livremente o software e modificá-lo), que funciona como um disque notícias. O usuário pode receber e enviar informações em mensagens de voz ou SMS.

Efe
Upenyu Makoni-Muchemwa é ativista da Kubatana, organização que estimula o ativismo eletrônico via celular 

Upenyu Makoni-Muchemwa, ativista da Kubatana, esteve no Brasil para apresentar a experiência da organização no II Fórum de Cultura Digital, realizado entre 15 e 17 de novembro na Cinemateca, em São Paulo. Ela conversou com Opera Mundi sobre o uso dos celulares para promover cidadania e a situação de seu país, considerado o menos desenvolvido do mundo pelo último Relatório de Desenvolvimento Humano, lançado este mês.

Qual é a importância dos celulares na África? Os celulares estão se tornando cada vez mais importantes, principalmente nas áreas rurais e remotas. Há lugares no Zimbábue onde não existe nem telefonia fixa, mas existe sinal de celular, que se transforma na única ferramenta disponível para se comunicar com o resto do mundo. Nós vemos casos como a Uganda, onde as pessoas estão usando a tecnologia dos celulares para microfinanças e operações bancárias. Ao redor da África, estão usando celular na saúde.

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Qual é o número de pessoas que tem acesso a telefonia móvel no Zimbábue? Nós estimamos em 5 milhões pessoas. A população do país é de 6 milhões, segundo o último censo – realizado há 10 anos. Mais pessoas têm acesso aos celulares que à energia elétrica. A eletricidade está distribuída em grandes centros urbanos. Mas nas vilas não há eletricidade. Recentemente, foi lançado no Zimbábue um celular com bateria solar, o que o torna ainda mais acessível para as pessoas que vivem nas zonas rurais. Você não precisa mais plugar o aparelho na tomada, você apenas o coloca no sol e ele está carregado!
Como funciona o Freedom Fone? Quem o acessa, de que local, que tipo de informação as pessoas buscam? As pessoas ligam e então ouvem as informações que estão disponíveis no Freedom Fone. Você não precisa estar na Internet para usá-lo, o que o torna muito conveniente para pessoas que vivem nas áreas rurais, onde não existe acesso a computadores. O sistema também pode ligar de volta, o que é importante caso a pessoa não possa pagar.
Qualquer organização pode usar a tecnologia do Freedom Fone. Na Kubatana nós criamos um canal alternativo de mídia, em que cada número do telefone te destina para um conteúdo diferente.
Nós descobrimos que muitos estavam interessados no noticiário porque ele era equilibrado, ao contrário dos outros veículos. Não dizia que o governo era maravilhoso. Nós apenas colocamos os fatos. Quanto ao local de acesso, eu imaginava que as pessoas só escutariam em Harare (capital do Zimbábue), mas a audiência é em todo o país, mesmo nas áreas mais remotas, mesmo em uma vila com duas pessoas. Foi incrível o jeito que se espalhou.

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A informação produzida pelo Freedom Fone pode atingir mais pessoas que a produzida pelos canais informativos tradicionais, como jornais e televisão? Sim, considerando o grande número de pessoas que têm celulares - e todo mundo no Zimbábue tem celular. O nosso maior desafio no momento é fazer com que as pessoas participem, mas para isso elas precisam parar de ter medo. Há no Zimbábue a exigência de que todas as pessoas registrem suas linhas. Com o registro e a vigilância constante do governo, como fazer para que uma pessoa perceba que não há problema em ouvir informações e em informar? Sempre ouvimos a pergunta: o governo vai saber que eu estou enviando a informação, vão vir me pegar?
Em setembro, celulares foram usados para promover uma grande revolta popular em Moçambique, na fronteira com o Zimbábue, contra o aumento do custo de vida. Os celulares são um bom instrumento para mobilizar as pessoas para agendas políticas e temas sociais? No contexto africano sim e não. Os celulares têm suas limitações, mas são a mídia mais acessada e o canal mais adequado para fornecer informações para as pessoas. Então podem ser usados para promover ativismo, mobilizar. Mas o problema é que os operadores são movidos pelo lucro, não por moral. Se o governo os pressiona e diz: nós queremos saber quem está mandando essas mensagens, eles vão liberar essa informação. O registro das linhas também está ocorrendo em Moçambique. Isso torna o espaço democrático e de liberdade de discurso muito menor e ameaça o uso dos celulares para ativismo, para debater o que está acontecendo no seu país.
Recentemente, foi lançado um novo Índice de Desenvolvimento Humano, que coloca o Zimbábue na posição do país menos desenvolvido do mundo. Essa é uma realidade perceptível? Sim e não. Nós deveríamos ter progredido mais nesses 30 anos de independência. Mas em comparação com outros países, nós não estamos tão mal. Temos mais de 90% da população alfabetizada. Eu ainda não conheci uma criança zimbábueana que não soubesse ler e escrever. É verdade que nos últimos dez anos a educação sofreu muito porque não havia dinheiro, muitos professores saíram do país. Talvez, por isso, a próxima geração pode não ser tão alfabetizada quanto as que vieram antes. Eu não sei qual é o critério desse índice de desenvolvimento, mas eu não acho que seja uma classificação justa.

Em termos de desenvolvimento como eu o entendo, o Zimbábue não está mal. O país é capaz de conquistar mudança? Sim! Nosso dinheiro valia menos que nada e nós sobrevivemos. Por outro lado, se compararmos o Zimbábue com outros países, como o Brasil, com transporte público, saúde, educação, eu acho que não estamos onde deveríamos estar.
Qual é a situação do Zimbábue hoje, depois da grande crise que abateu o país?
Nós estamos lutando. Para recuperar a posição em que estávamos nos anos 90 é um trabalho grande e para avançar é um trabalho ainda maior. Estamos no meio do caminho, ainda tentando descobrir se nossa economia vai se estabilizar, se o número de empregos vai aumentar (nossa taxa de desemprego é de 90%), como essa situação vai mudar. Mas o mais importante é que o Zimbábue enfrenta hoje uma crise de liderança. Você não diz: “esta é a pessoa que vai nos tirar do ponto A e nos levar para o ponto B”. Não. Nós temos um longo caminho pela frente, há muito trabalho.