sábado, 31 de março de 2007

31 de março - porque não devemos esquecer.

Elaine Tavares *

O dia 31 de março é um dia que precisa ficar muito vivo na memória de todos os brasileiros. Foi no 31 de março, em 1964, que os militares, aliados a uma contra-ofensiva estadunidense ao que chamavam de "comunismo" do governo de Jango Goulart, deram um golpe de estado que resultou em mais de 20 anos de ditadura. Naqueles dias, havia uma efervescência popular, com lutas importantes no campo e na cidade. As ligas camponesas avançavam na organização, buscando a sonhada reforma agrária que acabaria com a cara latifundiária do país.

Dias antes do golpe, o presidente Jango, num comício gigantesco na Central do Brasil, Rio de Janeiro, apresentou ao povo brasileiro as reformas de Base que seu governo iria fazer. Uma delas era a reforma agrária, entre outras que apontavam para mudanças estruturais e uma transformação verdadeira do país. Naquele histórico comício Jango anunciou a desapropriação das terras devolutas às margens das rodovias federais e informou que estavam limitadas as remessas de divisas ao exterior. Isso gerou a reação imediata das forças conservadoras que apenas esperavam nas sombras, depois de terem tentado, por diversas vezes, tirar o poder das mãos do presidente, herdeiro da era Vargas.

Como resposta ao comício do Rio, os conservadores realizaram a Marcha com Deus e a Família pela Liberdade. A inspiração veio de campanhas muito parecidas organizadas nos Estados Unidos pelo padre Patrick Peyton, contra o que chamava de "manobras vermelhas". Era o auge da luta contra o comunismo naquele país. Qualquer semelhança com o discurso atual do presidente estadunidense George Bush não é mera coincidência. Só que agora os inimigos não são mais os comunistas, e sim os "terroristas", que, no fundo, para ele, é a mesma coisa. Basta falar em mudanças para melhorar a vida do povo que lá vêm os poderosos com mão de ferro defender o que chamam de democracia e liberdade. Universalizam um discurso de algo que só eles desfrutam. É o mesmo ataque que faz hoje a elite na Venezuela, na Bolívia e no Equador. Os presidentes que iniciam uma caminhada de mudanças são demonizados. Reformas ou transformações sociais são sempre consideradas "ameaças" à democracia.

Naqueles dias, de um triste 64, aqui no Brasil foi igual. João Goulart e suas reformas de base eram a ameaça comunista. E, assim, quando o primeiro de abril amanheceu, os tanques estavam nas ruas, obedecendo - diziam - ao chamado das famílias cristãs que pediam a liberdade. Na verdade, os militares assumiram o governo porque era meros "gerentes" da doutrina estadunidense de dominação na América Latina. Cuba era uma ferida recente e as lutas populares fervilhavam em todo o continente. O grupo golpista do exército brasileiro, acatando a vontade do mestre do norte, não queria as mudanças estruturais, não queria o povo conquistando direitos, não queria a terra repartida. E, ao longo dos anos de ditadura - também assessorados pelos Estados Unidos - provocaram o terror, o assassinato de lideranças populares, a tortura e a destruição dos movimentos sociais. Foram mais de 20 anos de feroz desmonte da vida social e seus efeitos ainda são sentidos até hoje.

Neste dia 31 de março muita gente, saudosa, vai lembrar dos "bons tempos" e não vai faltar na mídia quem fale do perigo vermelho que ainda está por aí travestido de Hugo Chávez, Rafael Correa, Fidel Castro e Evo Morales. É que existe muita gente que prefere o povo calado, assustado, com medo, submisso, sem poder. Porque se o povo se vê como sujeito, a coisa muda e eles perdem seus privilégios de classe dominante.

Mas, gente há que sonha e luta por um tempo de claridão, em que o povo recupere sua palavra, em que as terras sejam repartidas, que a vida seja solidária e as bênçãos coletivas se dêem na reciprocidade. Gente há que não tem medo de caminhar abrindo caminhos, de descortinar o que está apenas vislumbrado, de desvelar o escondido. Gente há que tem orgulho de ser socialista e acreditar que é possível uma vida diferente da que é proposta pelo capital.

Sempre haverá, é certo, os que caminharão, cegos, nas passeatas pela "liberdade" dos poderosos. Mas, os que lembram dos nomes dos desaparecidos, dos mortos, dos torturados, estes seguirão por outras veredas. As almas dos caídos no tenebroso espaço de tempo da ditadura iniciada em 1964 aqui estão, a nos olhar nos olhos. Vamos abraçá-las neste dia, um abraço de irmão. Porque nenhum de nós vai esquecer, nunca. E elas viverão nas lutas que travamos e nas que virão!

Companheiros mortos e desaparecidos da ditadura militar! Presentes!

www.ola.cse.ufsc.br

quinta-feira, 29 de março de 2007

O capataz do imperialismo e da reação interna

O capataz do imperialismo e da reacção interna

por Fernando Silva [*]

Abraço ao serviçal. O segundo mandato de Lula da Silva não começou com uma pancada única como foi em 2003 com a reforma previdenciária. Mas que ninguém se engane, o que estamos assistindo é muito pior e ainda mais perverso. Porque são muitas pancadas, ataques amplos, vários deles com profundas e danosas conseqüências de médio prazo e que não estão sendo sentidas de imediato pelos trabalhadores e o povo porque são feitos no varejo.

Estamos no final do 1º trimestre do ano. Já foram anunciados o PAC e seu conjunto de medidas para tentar regulamentar um grande projeto de parceria público-privado, sem tocar um centavo na remuneração sagrada e orçamentária ao capital financeiro e ainda atirando sobre a classe trabalhadora. Embutidos nesse projeto estão a garfada no FGTS [1] , o arrocho no salário mínimo e o congelamento dos salários dos servidores públicos.

Já fomos devidamente informados do ataque aos rendimentos da poupança, da tentativa de "regulamentar" o direito de greve no setor público, da parceria política e comercial com o governo Bush (o maior terrorista do planeta).

Some-se a isso a esculhambação do "espetáculo do crescimento" de cargos e ministérios para a montagem e acomodação do governo de coalizão.

Quando dava a impressão, após a visita de Bush, que estava esgotada a cota de barbaridades para o 1º trimestre do ano, quando, até pelo instinto humano de não desejarmos ver tantas más notícias em tão pouco tempo, ou por acreditarmos que nada pode ficar mais indecente do que já está, eis que, em uma mesma semana, em um espaço breve de três dias, Lula declara os usineiros [2] como heróis mundiais e reabilita Collor de Melo.

A declaração ao heroísmo dos usineiros ocorreu na mesma semana em que a fiscalização do próprio Ministério do Trabalho revelou as condições de semi-escravidão dos trabalhadores das usinas de cana-de-açúcar em São Paulo, condições que já resultaram, por exemplo, em mais de uma dezena de mortes por exaustão!

Até onde irá a arrogância e a estupidez de capataz que o presidente tem demonstrado é uma questão a ser decidida pelos próximos anos. Façam suas apostas. Mas o que é gravíssimo é que estamos diante de um retrocesso histórico, tragicamente patrocinado por um governo oriundo do movimento operário e popular.

Pois, desde que Bush aqui esteve, vai ficando ainda mais claro que, por trás do bonito discurso das fontes alternativas de combustível, nas quais o Brasil, com seu etanol, ocuparia um papel de destaque no cenário internacional, está sendo operada a entrega e associação de setores do agronegócio com empresas norte-americanas para a produção do etanol, às custas de uma superexploração do trabalho, digna de século XVIII.

Quanto à reabilitação política de Collor, bem, dá apenas uma dimensão da perda de caráter e de qualquer padrão moral de coerência e memória histórica do próprio presidente; pior do que isso, representa uma bofetada em dezenas de milhões de homens e mulheres, que não dedicaram décadas de suas vidas para que um projeto de mudanças terminasse em tal grau de rendição e de abjeta revisão histórica.

Tomando a liberdade de parafrasear os versos de Cazuza , os novos heróis de Lula não morreram de overdose, mas, definitivamente, os nossos inimigos estão no poder.

26/Março/2007
[1] Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
[2] Donos de fábricas de açúcar e de plantações de cana sacarina.


[*] Jornalista, do diretório nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.

O original encontra-se em Correio da Cidadania


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
30/Mar/07

segunda-feira, 26 de março de 2007

Hagar, o horrível

Tiras do Hagar, lembrando dos gibis...

Genesis


Clássico de 1970

baixar aqui

domingo, 25 de março de 2007

Grande jogo em Bagé

Acabou a pouco o jogo de futebol, pelo campeonato gaúcho entre Guarany de Bagé e Internacional de Porto Alegre, atual campeão mundial fifa-2006.
Foi um jogo bastante interessante do ponto de vista tático. Abel armou seu time com três zagueiros, quatro no meio campo e três atacantes, formação essa que siquer foi treinada, puro desespero de quem precisava ganhar.
O que se viu no início foi um Guarany bem armado defensivamente, marcando o tempo inteiro, sem tréguas, não dando espaços ao adversário.
O inter, por sua vez, perdido no meio campo, sem alguem para armar o ataque, tendo apenas Indio e Ceará desempenhando função tática de apoio aos atacantes, principalmente Ceará, com boas jogadas pela ponta direita, por onde aconteceu a jogada do gol de Cristiam, aos 21 minutos do primeiro tempo, com um cruzamento que lembrou Valdomiro Vaz Franco. Alguém lembra dele?
O Guarany, ao final do primeiro tempo teve uma falta a seu favor onde foi feita uma jogada ensaiada culminando com um chute forte bem defendido por Renan.
No segundo tempo, houveram maiores chances de gol de ambas as equipes, pois o Guarany atacou mais, precisando empatar a partida.
O Inter teve algumas oportunidades desperdiçadas e um gol bem anulado por Carlos Simon.
Mas quem teve a melhor oportunidade de gol foi o Guarany, num cruzamento da direira, Dudu entrou sozinho, sem goleiro e desperdiçou o que seria o gol de empate do jogo.
E ficou nisso. O Inter segue sua "via crucis", tendo que ganhar todas as partidas que faltam e o Guarany, com a certeza de ter realizado uma boa partida e um bom campeonanto, somente não obtendo classificação por ter ficado numa chave classificatória bem mais difícil que a outra. Se estivesse na chave do G.F.Portoalegrense certamente já teria obtido sua classificação.
O Índio de Bagé se despede com a cabeça erguida e com uma boa base para o ano que vem, na disputa de outro campeonato.
O estádio estava lotado e nenhum incidente aconteceu. está de parabéns a diretoria do Guarany e todos aqueles que colaboraram para o bom espetáculo que tivemos.
Em tempo: Ediglê e Rafael Santos? sou mais Bicudo e Darzone...

sábado, 24 de março de 2007

Literatura Islâmica

O sitio Oriente Médio Vivo está disponibilizando uma biblioteca virtual com temas específicos sobre literatura Islâmica, com textos em português. Para quem deseja se informar de forma correta, fugindo das "des-informação midiótica" pruduzida pela imprensa imperialista, vale a pena dar uma conferida e boa leitura.
Literatura Islâmica - biblioteca virtual

Leitura à distância

Gabriel Perissé

O título é redundante. Toda leitura é à distância. Distante no tempo, no espaço; distante do autor. O leitor distante de tudo e todos, navegando em linhas, entrelinhas, rastejando entre vírgulas, escalando parágrafos.
Educação à distância foi, é, sempre será a leitura. Leitura no papiro, na tela do computador, diante da TV, teleitura, leitura ouvinte de quem ensina à distância, leitura que vê longe.
O leitor está distante porque está próximo da Grécia antiga, da França medieval, da Ásia incompreensível, da África sangrenta; está próximo de tudo aquilo que é viver fora de si, entre povos extintos, sob céus estrelados cuja configuração nunca mais se repetirá, a não ser na releitura.
A distância do texto traduzido. A distância do livro censurado, queimado, contrabandeado, copiado sob o peso do medo. A distância da obra cujo autor sofreu para pensar e criar, e esse sofrimento se perdeu para sempre; mas, para sempre, ficou inscrito na escrita. A distância que aproxima o leitor de tudo o que ele não é, não sabe… e por vezes não anseia.
Ler é distanciar-se dos problemas reais, da conta de luz a pagar, da tragédia presente, e reaproximar-se de tudo isso pela via da consciência, da lucidez, da clarividência. Ler é ir longe, em direção ao que não se toca, para penetrar fundo naquilo que nos tocou viver.
O leitor cai no abismo da leitura, não há como localizá-lo, foi tragado pelos pesadelos de Kafka, pelos sonhos de Lewis Carrol, pelos devaneios de Cervantes, pelas visões de Dante. Onde está você, leitor distante? Em que distância você se perdeu e se encontrou?
A única disciplina é a leitura, o único professor é o livro, o único diploma é a vontade de reler.
Leitura, porta entreaberta para todas as distâncias. O leitor absorto, alheio, distraído, atento ao que ninguém percebe acontecer em sua imaginação, em sua mente hipnotizada.

O livro é o controle remoto com que trocamos os canais. Vamos de uma época a outra, de uma cultura a outra, de um coração a outro, de um drama a outro, num piscar de olhos, olhos arregalados.

A leitura nos afasta do aqui-agora, leva-nos para o além, o além-fronteira, o além-mar, o além-mundo. E é indo para tão longe daqui que o leitor caminha por dentro do livro, para fora do livro. Para dentro da vida.

* Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor
Colaboração de Marco Antonio Vargas de Lima

Jogo do século?

O jogo de amanhã a tarde entre o Guarany Futebol Clube e o Sport Club Internacional de Porto Alegre, atual campeão mundial Fifa-2006, vem se revestindo de muitas especulações. Por um lado a cidade de Bagé está eufórica com a visita do colorado e por outro está colocando este jogo como o desafio do século para o índio alvi-rubro visto que este, comemora seu centenário de fundação, e ainda possui possibilidades bastante grandes de classificação à próxima fase do campeonato gaúcho.
Para tanto, a cidade e a equipe estão num grau elevado de motivação, pois vencer o campeão do mundo, ainda que o colorado venha com um time misto, se configurará como um feito histórico para o atual momento que vive a equipe do Guarany de Bagé.
O Internacional virá com um time misto porque na próxima quarta-feira terá um jogo decisivo contra o Velez da Argentina, onde nem o empate servirá as suas pretensões de classificação à próxima fase da Copa Libertadores da América, onde é o atual campeão, mas que realiza este ano uma campanha sofrível, obtendo apenas uma vitória e duas derrotas em três jogos disputados.
Por tudo isso, o jogo de amanhã se configura como um evento sem sombra de dúvidas dos mais interessante. E que vença o melhor!

quinta-feira, 22 de março de 2007

Nova variante de peste bubônica preocupa cientistas

Bactéria 'Yersinia pestis'
A bactéria 'Yersinia pestis' causa a peste bubônica
Cientistas identificaram uma variante resistente a antibióticos da peste bubônica, uma das doenças mais antigas e letais da história da humanidade.

Os pesquisadores do departamento de Agricultura dos Estados Unidos analisaram uma amostra da bactéria Yersinia pestis, que causa a doença, encontrada em um adolescente em Madagascar.

Testes revelaram que a bactéria é resistente a oito tipos diferentes de antibióticos que poderiam ser usados em tratamentos contra a peste.

Em artigo publicado na revista médica Journal Public Library of Science One, os cientistas disseram que a descoberta dessa variante de peste está causando grande preocupação nas comunidades da área de saúde por causa de seu potencial de disseminação entre a população.

A peste bubônica, também conhecida como peste negra, matou milhões de pessoas na Europa durante a Idade Média, no século 14. A doença dizimou cerca de um terço da população do continente.

Ameaça

“A resistência a antibióticos na Yersinia pestis é rara, mas constitui uma séria ameaça à saúde pública e à biodefesa internacional.”

“A variante resistente da Y. pestis pode ter um enorme impacto na saúde humana, complicando o controle de epidemias e levando a altas taxas de mortalidade”, disseram os cientistas.

A peste normalmente é transmitida aos seres humanos por ratos ou pulgas. Mas a doença pode ser também passada entre humanos através da inalação de partículas contaminadas emitidas por espirro ou tosse.

Os pesquisadores temem que a bactéria possa ser usada por extremistas em atentados biológicos, já que pode ser facilmente disseminada através do ar.

Segundo os cientistas, a bactéria pode ter se tornado resistente depois de trocar genes com bactérias comumente encontradas em alimentos, como a salmonela e E. coli. Essa troca pode ter acontecido quando pulgas que carregavam a peste morderam ratos infectados com as outras bactérias.

Pequenos surtos de peste bubônica continuam acontecendo em diferentes partes do mundo, mas a doença vem sendo controlada com o uso de antibióticos, já que não existe uma vacina.

Em 2005, a República Democrática do Congo teve o pior surto da doença nos últimos 50 anos, com mais de 60 mortos.

Os sintomas da peste bubônica incluem febre alta, mal-estar e o aparecimento de protuberâncias azuladas na pele, os bubos, que são gânglios linfáticos inchados por causa da infecção.

Caso não seja tratada, a taxa de mortalidade pela peste bubônica pode chegar a 75%.

Já a peste pneumônica – que ocorre quando a bactéria da doença afeta o pulmão – tem um alto índice de mortalidade e é “invariavelmente” fatal se não for tratada, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Fonte:BBC

quarta-feira, 21 de março de 2007

Internacional deve anunciar duas contratações




O Internacional tem praticamente garantidos dois reforços - o zagueiro Antônio Carlos e o lateral-esquerdo Jorge Luís -, mas corre contra o tempo para contratar também um apoiador até esta sexta-feira, dia do encerramento das inscrições de jogadores contratados fora do país.

Em Vacaria, onde o Inter aguardava o jogo da noite desta quarta-feira, contra o Glória, pelo Campeonato Gaúcho, o vice de futebol Giovanni Luigi passou a tarde no telefone. Ele recebeu as notícias, por parte de empresários, de que Antônio Carlos, Ajjacio (FRA), já desembarcara no Rio de Janeiro e que o empréstimo de Jorge Luís, do Braga (POR), já estava concretizado.

O Ajaccio, da Segunda Divisão da França, receberá 1 milhão de euros (cerca de R$ 2,7 milhões) pela cessão dos direitos de Antônio Carlos em quatro parcelas de 250 mil euros (cerca de R$ 691 mil). A maior parte do dinheiro para a contratação do zagueiro de 23 anos revelado pelo Fluminense sairá de investidores. O jogador é esperado nesta quinta-feira em Porto Alegre, e será inscrito na segunda fase da Copa Libertadores, se o Inter conseguir classificação.

A pretensão dos dirigentes de contratar um apoiador é antiga. Desde o início do ano, quando concluíram que Pinga, contratado em 2006 do Treviso (ITA), por 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 4,1 milhões) não era o substituto que eles procuravam para Tinga. Desde então, tentaram duas vezes a contratação de Rosinei, do Corinthians, mas o Timão recusou as propostas.

terça-feira, 20 de março de 2007

Contra o pessimismo

Emir Sader

A crítica radical do mundo tem uma ampla avenida pela frente, mas isso também implica em riscos. Nunca a humanidade dispôs de tantos avanços técnicos e científicos para transformar o mundo conforme os sonhos humanistas, mas nunca se sentiu tão impotente diante de um mundo que parece funcionar por uma lógica absolutamente autônoma.

Entra governo, sai governo, as leis do mercado parecem dominar irreversivelmente o mundo, o estilo de vida norte-americano devasta espaços nunca antes alcançados – seja na China ou na periferia das grandes metrópoles do sul do mundo –, a Europa consolida uma hegemonia conservadora, parece não surgir um bloco de forças que se enfrente aos poder imperial dos EUA.

Tudo parece empurrar-nos para o pessimismo. A crise da URSS não deu lugar a um socialismo superador dos problemas desse modelo e, ao contrário, disseminou o neoliberalismo nas terras de Lênin. O capitalismo abandonou seu modelo keynesiano por um modelo de extensão inaudita da mercantilização de todos os rincões do mundo. Podemos perguntar-nos se vivemos um período de derrotas e retrocessos tão grandes como o que se viveu a partir dos anos 20, caracterizado por contra-revoluções de massas e por derrotas estratégicas dos projetos revolucionários.

Nos anos 20, diante da ascensão fulminante do fascismo e do nazismo e da consolidação do stalinismo nos partidos comunistas, Adorno e seus companheiros da Escola de Frankfurt aderiram a um pessisimo melancólico. Aprofundaram suas análises sobre as raízes da virada conservadora no mundo, dando especial destaque às tendências autoritárias na personalidade das pessoas. Wilhelm Reich concentrava essa tendência na impotência da pequena burguesia, enquanto Lênin havia apontado para a aparição e consolidação de uma aristocracia operária no seio da classe trabalhadora dos países centrais do capitalismo.

A diferença entre a crítica realista das condições concretas que a esquerda tinha de enfrentar, bloqueada melancolicamente pelo pessimismo e a responsabilidade de buscar alternativas, de decifrar os espaços de acumulação de forças que pudessem reverter, é o que diferencia os enfoque de Adorno e de Gramsci.

Este notabilizou-se pela frase “pessimismo da razão, otimismo da vontade”. Mas não se tratava apenas de agregar um estado de espírito de esperança – de “otimismo” – a uma situação sem saída, em que o bloqueio interno à esquerda – do stalinismo – e externo – dos fascismos – condenava a esquerda à imobilidade ou às visões de denúncia e de testemunha.

Assumindo-se não como intelectual revolucionário – ao estilo dos que seriam chamados de “marxistas ocidentais” –, mas com a responsabilidade de dirigente revolucionário ao estilo das gerações anteriores dele, que necessariamente envolviam a capacidade intelectual de elaboração (Nova: Ver: Anderson, Perry, “Considerações sobre o marxismo ocidental”, Boitempo Editorial, São Paulo, 2004). Responsabilidade que obrigava a captar a realidade concreta, incluindo suas contradições, essenciais para definir os elos mais fortes e mais fracos de cada campo, para poder desembocar nos espaços mais favoráveis à acumulação de forças a fim de reverter as condições desfavoráveis.

As análises que não desembocam nessa direção terão deixado de captar as contradições vivas da realidade, tendendo a se manter em visões descritivas, com os riscos do funcionalismo. Costumam destacar aspectos da realidade e absolutizá-los, ou pelo menos tirá-los de contexto e, principalmente, não dando conta da totalidade do fenômeno, com a contradição como seu motor.

A crítica, simplesmente, não remete à prática, resigna-se a uma visão externa ao objeto analisado. A crítica sempre foi, para o marxismo, para a dialética, uma forma de limpeza de campo de concepções que refletem de forma parcial ou completamente equivocada a realidade, não para deter-se aí, mas para incorporar seus elementos de verdade, negá-los nas suas inverdades e poder, assim, estar em condições de superá-las.

A crítica sem a prática superadora correspondente leva à inação, ao pessimismo, à desmobilização e, no limite, à desmoralização.
Fonte: carta maior

Agro-combustíveis versus soberania alimentar

por Sílvia Ribeiro

O Mali, que em Fevereiro de 2007 abrigou o Fórum Mundial de Soberania Alimentar "Nyéléni" , é um dos dez países mais pobres do mundo, se se medir em dinheiro. Entretanto, o país tem recursos como ouro e algodão – do qual é um dos principais produtores do continente –, mas a herança colonial e as imposições da Organização Mundial do Comércio, do FMI e do Banco Mundial afundaram a sua população na miséria. Ainda assim, o Mali continua a ser um país rico. Não por esses recursos, muito vulneráveis a mudanças tecnológicas e de mercado e sim por outros tesouros: 80 por cento da população continua a exercer quotidianamente a complexa sabedoria de cuidar e produzir, em formas diversas e locais, seus alimentos e remédios e os dos seus animais, a fibra dos seus vestidos e tecidos e os materiais para as suas habitações, apesar de climas de calor intenso e de seca e das múltiplas camadas de dominação externa.


Por essa riqueza de contrastes, o Mali foi um cenário adequado para que mais de 500 delegados de 118 países e de diversos movimentos sociais – camponeses, trabalhadores sem terra, migrantes, mulheres, pastores, pescadores artesanais, consumidores, ecologistas, indígenas – encontraram-se para avançar análises e estratégias comuns em direcção à soberania alimentar, concebida como o direito e a capacidade dos povos, a partir das suas bases, de produzir sustentavelmente e de forma diversa e adequada a suas culturas, alimentos de qualidade, suficientes e acessíveis a todos.

Apesar das dificuldades para chegar ao Mali, à debilidade ou falta de presença real de alguns movimentos importantes no tema – como os indígenas – e a contradição de fazer uma reunião global para discutir um tema que necessariamente nasce e se realiza na diversidade local, o encontro foi um marco importante, sobretudo como germe da colaboração entre movimentos, tanto para a construção como para a resistência.

Entre os movimentos ali presentes existem os conhecimentos, experiências, e em vários casos colaborações de redes locais e/ou que se enlaçam a nível internacional, em temas como a resistência contra os tratados de livre comércio, os transgenicos, a privatização de conhecimentos, sementes, terras e água, a devastação de solos, zonas pesqueiras e de pastoreio tradicional, a migração forçada e criminalizada, a imposição de normas legais para impedir que os pequenos produtores possam chegar aos mercados e outras. Nyéléni foi uma oportunidade para refazer mapas, reafirmar e fortalecer acções comuns e construir novas.

A AMEAÇA DOS AGRO-COMBUSTÍVEIS

Dentre estas últimas surgiu com força a denúncia das ameaças representadas pelos agro-combustíveis, mal chamados “biocombustíveis”. Delegados das Américas, da Ásia e da África contribuíram com seus conhecimentos para armar o quebra-cabeças desta nova armadilha, bem como a construção de uma ampla frente de resistência à mesma.

Ao contrário do que afirmam os seus promotores, como os Estados Unidos e a União Europeia, que seriam uma resposta ambientalmente amigável frente à mudança climática provocada pelos combustíveis derivados do petróleo, esta nova onda de monocultivos industriais não amenizará nenhum dos problemas existentes e criará outros novos.

Ainda que a quantidade de biodiesel ou bioetanol que se pode obter varie com o tipo de cultivo, necessitam-se enormes extensões de terra cultivável para produzi-los. Com a quantidade de cereais que se precisam para encher o reservatório de uma camioneta pode-se alimentar uma pessoa um ano inteiro. Além disso, a maior parte da energia produzida consome-se no cultivo e no processamento – em petróleo, agrotóxicos, regadio, maquinaria, transporte, refinação. Segundo as condições e o cultivo, pode inclusive dar saldo negativo. Se se incluírem na equação a destruição de ecosistemas como florestas e campos, o ou facto de que as refinarias de etanol e as plantas de processamento de celulose são uma fonte de contaminação do ambiente e da saúde dos habitantes próximos, o saldo é definitivamente negativo. Ironicamente, as indústrias argumentam que os cultivos normais não rendem os suficiente, e tentam justificar cultivos e árvores transgénicas – para produzir etanol a partir de celulose –, que acrescentariam outra gama de ameaças.

As indústrias e governos do Norte precisam que a produção seja nos países do Sul, em parte porque não dispõem de terra ou não querem usá-la para isto, e porque assumem que nesses países os problemas ambientais são obviados por governos ávidos de “investimento” estrangeiro e de promover a agricultura intensiva de exportação, em prejuízo dos sistemas locais integrais que constituíam a sua própria soberania alimentar. As instituições financeiras internacionais (Banco Mundial, Banco Inter-americano) já anunciam que “apoiarão” esta conversão, metendo na armadilha pequenos e médios produtores e aumentando as dívidas externas dos países.

Há claramente um projecto geopolítico dos Estados Unidos para diminuir sua dependência dos países petrolíferos e, além disso, um interesse próprio das empresas que estão por trás desta nova devastação agrícola: para as indústrias que controlam os agro-combustíveis (grandes distribuidores de cereais como a Cargill, ADM e Bunge, produtores de sementes transgénicas como a Syngenta, DuPont, Monsanto, Bayer, Bow e as automotoras), tudo são lucros: recebem subsídios directos ou indirectos, leis a seu favor e uma extensão significativa das terras e agricultores dedicados a produzir as matérias-primas que necessitam, ao preço que definem, e cada vez mais controlarão ao aumentar a competição entre países.

Os agro-combustíveis constituem assim um projecto de recolonização imperial, num novo assalto das indústrias transnacionais às economias camponesas e à soberania alimentar.

Fonte: Resistir.info

segunda-feira, 19 de março de 2007

Esse é ótimo....

Flora Purim in BatterflyDreams - 1973

domingo, 18 de março de 2007

Se dependesse do Abel, não sei não....

Fernandão comemora o gol
Foto: Site oficial do Inter /foto: Marcelo Campos

O jogo ficou indefinido até o final. O Juventude esteve sempre vivo e pressionou o Inter em boa parte do segundo tempo. Mas desta vez o time de Abel Braga estava compacto, as mudanças deram bom resultado. Vargas confirmou tudo o que se esperava e foi o melhor em campo. Pato de volta fez boa partida e o garoto Ji-Paraná foi muito bem. Fernandão voltou a marcar e a vitória reapareceu. Tudo passou pelo meio-campo. O Inter melhorou pela sua recomposição tática, o que fez crescer também o desempenho técnico dos jogadores. É a recuperação de um modelo vencedor, bem diferente da proposta tática de Buenos Aires. E ATENÇÃO ... os dirigentes do Inter precisam mobilizar até mesmo a CBF para liberar Vargas da seleção colombiana para que ele possa estar em campo no jogo decisivo contra o Vélez pela Libertadores no Beira-Rio.

sábado, 17 de março de 2007

sexta-feira, 16 de março de 2007

Direito de greve na mira do governo



Fernando Silva

Aceitar algum tipo de regulamentação estatal é aceitar reduzir, limitar a força da classe trabalhadora e sua capacidade de ação independente, única possibilidade de fazer frente à classe dominante, de defender seus direitos e construir condições para fazer a relação de forças mudar a seu favor, o que evidentemente não é aceito pelo Capital e o seu Estado, que tratam
sistematicamente de impor formas de coerção e tutela sobre a ação dos explorados.

Somente um governo de ex-sindicalistas pode propor restrições ao direito de greve”. Com essa inacreditável declaração, durante visita à Guiana, o presidente Lula reforçou a disposição do governo em regulamentar a greve nos serviços públicos.

Se nessa ocasião Lula estivesse sendo assessorado por algum consultor de um grande grupo capitalista, possivelmente seria aconselhado a não ser tão explícito, a evitar o desgaste com tamanha demonstração de subserviência. Até porque os verdadeiros interessados na restrição do direito de greve entendem perfeitamente o papel que ocupa um governo oriundo do movimento popular e da esquerda para manter a agenda do Capital e aprofundá-la.

Houve outras tantas constrangedoras declarações de ministros, como a do também ex-sindicalista Luiz Marinho. Preferimos nesse espaço poupar os leitores delas para irmos diretamente ao debate.

Primeiro: a regulamentação, restrição ou a proibição de greves em alguns setores (como diretamente sugeriu o ministro Paulo Bernardo) sempre foi uma exigência do Capital. Não por acaso, coube a órgãos como a Folha de São Paulo (Editorial, 6/3/2007) começar a dar nome aos bois, pedindo a cabeça dos servidores da Anvisa e do INSS.

Rigorosamente, o direito de greve já vem sendo atacado pelo Capital há vários anos através dos julgamentos de “abusividade”, multas aos sindicatos, interditos proibitórios, determinação de que um percentual da atividade não seja interrompida durante a greve.

Em oposição e em confronto a essa trincheira, a classe trabalhadora levantou as reivindicações de amplo e irrestrito direito de greve, nenhuma intervenção do Estado nos sindicatos, autonomia e liberdade de organização sindical e popular. Bandeiras históricas que ajudaram a produzir os próprios governantes que estão hoje dedicados a limitar o direito de greve... incluindo aqui a própria CUT, que, nesse debate, a pretexto de ratificar a Convenção 151 da OIT, aceita “conversar” sobre o direito de greve no setor público.

Segundo: quem é “prejudicado” durante uma greve é o lucro, é o Capital, direta ou indiretamente, mesmo quando a greve ocorre nos serviços públicos, de transporte, incluindo serviços portuários e aeroportuários. O resto é campanha cínica, pois o desmonte dos serviços públicos, dos direitos sociais, as privatizações, o corte de verbas e recursos para áreas sociais foram o que realmente importou para o Capital e o seu Estado, isso é, o essencial para a classe dominante.

Pois sabemos todos que o drama diário da população para ter acesso à saúde e educação dignas, transporte de qualidade com tarifas baratas e tantos outros serviços não tem nada a ver com a ocorrência de greves dos trabalhadores do setor público.

Terceiro: os socialistas, por princípio, devem se opor a qualquer tipo de regulamentação ou intervenção do Estado capitalista sobre direito de greve e de organização.

Aceitar algum tipo de regulamentação estatal é aceitar reduzir, limitar a força da classe trabalhadora e sua capacidade de ação independente, única possibilidade de fazer frente à classe dominante, de defender seus direitos e construir condições para fazer a relação de forças mudar a seu favor, o que evidentemente não é aceito pelo Capital e o seu Estado, que tratam sistematicamente de impor formas de coerção e tutela sobre a ação dos explorados.

São os próprios trabalhadores que devem ter o direito irrestrito de greve e total soberania para desenvolver a sua ação coletiva e o diálogo com o conjunto da população em relação à prestação dos serviços.

O governo Lula ameaça dar um passo ainda mais lamentável na ofensiva antidemocrática que vem sendo desenvolvida contra as classes trabalhadoras desde o governo Collor: ataques aos direitos sociais dos trabalhadores, criminalização dos movimentos sociais, com alvo nos sem-terra, e, agora, restrição do direito de greve nos serviços públicos.

Este novo fato reforça sobremaneira a necessidade de que uma agenda unificada dos movimentos sindical e popular combativos coloque esses temas em lugar de destaque, com uma enfática defesa do direito irrestrito de greve.

Fernando Silva, jornalista, é membro do diretório nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Tiro ao Doutor



Anna Gicelle Garcia Alaniz

Nos últimos dois anos, a cada fim de semestre, surtos de pânico acometem o corpo docente das instituições particulares de ensino superior. É que esse é o período de “tiro ao doutor”. É o momento em que as instituições demitem o ”excedente” de mão-de-obra em nome da “eficiência” e da redução de custos.

Sabemos que o MEC exige um número determinado de mestres e doutores para aprovar e reconhecer a abertura de cursos superiores nas instituições privadas. A nota que as comissões de reconhecimento atribuem aos novos cursos está diretamente relacionada com o nível de qualificação do corpo docente. O que não sabemos é por que o MEC se omite em relação ao destino desses profissionais após o reconhecimento desses cursos.

Estamos assistindo impotentes ao aviltamento da condição dos professores universitários devido ao excesso de profissionais no mercado e devido à mercantilização do ensino superior. Houve nos últimos anos uma proliferação inconsistente de instituições privadas de grandes redes, cujo único objetivo é o lucro e que se destinam a absorver estudantes de média e baixa renda, sem acesso à universidade pública. Os donos e administradores dessas instituições “desconhecem” os mais básicos princípios da pedagogia e oferecem um tipo de ensino que acreditam “até bom demais para seus alunos de segunda e terceira classe”.

Nesse contexto, os docentes têm seus direitos trabalhistas flagrantemente desrespeitados e sua liberdade de ação tolhida por estúpidas normas internas, que rebaixam a qualidade das aulas e humilham profissionais de primeira linha. E, normalmente, após o reconhecimento do curso por parte do MEC, começa uma ação sistemática de descarte dos docentes com titulação de doutor, para baratear os custos da folha de pagamento. Em seu lugar, mestres e especialistas assumem e se prestam a todo tipo de humilhações para não perder seus empregos.

Uma dessas conhecidas redes de ensino, que recentemente se espalhou pela região metropolitana de Campinas e cobriu várias cidades com seus outdoors – que são uma pequena amostra de seu marketing agressivo –, é um exemplo vívido do que estamos enfrentando. Entrando no mercado com pretensões megalômanas, essa instituição mantém um preço competitivo, penalizando seu corpo docente e a qualidade de seus cursos. O período de quatro horas/aula encerra-se às 22 horas para diminuir o adicional noturno dos docentes; a extensão letiva dos cursos diminui a cada ano, e atividades totalmente estapafúrdias são consideradas como horas/atividade para atender aos critérios elásticos do MEC; normas de “qualidade” são desculpas esfarrapadas para a padronização das aulas, retirando toda a capacidade de iniciativa dos docentes e preparando o caminho para a implantação dos sistemas de ensino a distância, que visam a total eliminação dos docentes da folha de pagamento.

Por essas e outras e devido ao seu marketing absolutamente agressivo, essa rede de ensino semeou o pânico em instituições particulares mais tradicionais, com décadas de serviços prestados à comunidade. Para se conservar no mercado, essas instituições mais antigas passaram a diminuir sistematicamente seus custos e têm procedido demissões coletivas de doutores que chegam a números assustadores, que ultrapassam a centena de profissionais por instituição. Essas demissões atingem docentes com muitos anos de serviço e conhecida reputação pedagógica, que estão sendo jogados em um mercado de trabalho quase inexistente, uma vez que os anúncios de jornais solicitando mestres e doutores visam apenas a montagem de cursos para reconhecimento pelo MEC e não uma relação empregatícia honesta e duradoura.

Uma das áreas de ensino que mais prolifera no momento é a da, assim denominada, gestão de negócios. Cursos como administração e ciências contábeis, que no passado eram apenas encontrados em escolas de comércio, adquiriram status de ensino superior apenas ao incorporar conteúdos humanísticos em suas grades curriculares. Hoje, para baratear seus custos, enganam o MEC eliminando essas matérias humanísticas e “ajustando” seu conteúdo de maneira pífia em outras matérias que deveriam ser correlatas. É o caso dos cursos de ciências contábeis que eliminam a disciplina de cultura brasileira, incorporando-a à de economia em nome desses ajustes curriculares.

O aluno oriundo da rede pública de ensino, aqui em São Paulo, já vem prejudicado por ter sido vítima da famigerada “progressão continuada”, que a mídia insiste em ignorar. Os estudantes chegam ao ensino superior com deficiências atrozes de conteúdo básico, quando não completos analfabetos funcionais. Nós, que ministramos as matérias de conteúdo humanístico, fazemos esforços sobre-humanos para suprir suas carências e conseguir que desenvolvam suas potencialidades para poder acompanhar as matérias mais técnicas.

Agora, que estamos sendo demitidos em massa, o que acontecerá com esses alunos? O Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley já chegou e não foi necessário o uso da genética. Bastaram algumas gestões do PSDB para que uma geração inteira de jovens se transforme em profissionais-gama com diplomas de terceira categoria. Assim, os ricos continuarão cada vez mais ricos e os pobres agora têm sua ignorância reconhecida e sustentada por diplomas universitários assinados e reconhecidos pelo MEC.

A prova cabal do descalabro desse sistema é o exame realizado pela OAB para admitir em sua categoria os bacharéis recém-formados. O exame da Ordem reprova a maior parte dos alunos oriundos dessas novas redes de ensino, devido à baixa qualidade dos cursos. Índices de 10 a 17 por cento de aprovação contra os mais de 60 por cento das instituições mais tradicionais falam por si sós. Se houvesse exames isentos para todas as outras categorias profissionais, o quadro grotesco que se desenharia talvez acordasse nossas autoridades.

O que já aconteceu aqui em São Paulo é irreversível. Mas e o futuro? Até quando a mídia, o MEC e os tecnocratas vomitadores de estatísticas vão fingir que está tudo bem? Quem deve ser processado e responsabilizado por toda essa esbórnia? Que país queremos?

Anna Gicelle Garcia Alaniz é doutora em história social pela USP.

Fonte: Caros Amigos

Bush, o ponto G da barbárie


O dado objetivo, o que de fato motiva a turnê de Bush, é a aposta nas assimetrias dos países da região para impor fraturas em um processo de integração que deixa no passado recente o fatalismo de “quintal”.

Purificar um lugar sagrado dos maus espíritos, após ele ter sido visitado pelo presidente Bush, é uma tarefa que não deveria ficar restrita aos sacerdotes maias que anunciaram a medida na Guatemala. As lideranças religiosas do Brasil, Colômbia, Uruguai e México também deveriam auscultar o sagrado para ver o que dizem templos e oráculos.

Quando Bush afirma que “minha viagem é para explicar o mais claramente que posso que nosso país é generoso e compassivo, que quando vemos pobreza, nós nos importamos; que quando vemos analfabetismo, nós queremos fazer algo a respeito” bem se vê que a retórica do Império ainda parte de dois pressupostos que, se no passado, lograram êxito, dificilmente encontram eco na atual América Latina: o esquecimento da história e a pronta adesão da periferia à lógica da insensatez.

O dado objetivo, o que de fato motiva a turnê de Bush, é a aposta nas assimetrias dos países da região para impor fraturas em um processo de integração que deixa no passado recente o fatalismo de “quintal”, o derrotismo histórico bradado como vantagens comparativas por nossas elites vassalas. O que está em jogo é a reiteração de uma hegemonia que não se pretende contestada por democracias soberanas. Do colosso estadunidense nada podemos esperar que não seja retrocesso, barbárie travestida de boas-intenções.

Incapazes de superar suas contradições estruturais, os Estados Unidos estão condenados a ser uma máquina permanente de destruição. Dependem do complexo industrial-militar para manter o dólar como moeda universal, mas o custo do aparato bélico está na raiz de seus dois grandes déficits. No fio da navalha, o capital se reproduz sob a forma de pulsão coletiva de morte. Abu Ghraib é a expressão contemporânea daquilo que, ao analisar os campos nazistas, Hannah Arendt chamou de produção de homens supérfluos. Meras coisas destituídas de história e identidade.

Detentos humilhados sexualmente e empilhados nus para a satisfação libidinal de jovens soldadas foram as imagens indesejáveis de uma invasão que se pretendia asséptica e espetacular. Crianças sodomizadas, prisioneiros obrigados a renegar o Islã e retirar alimentos de vasos sanitários retrataram as conseqüências precisas do receituário dos falcões militaristas e seus aliados da direita cristã. Nesse contexto, a recruta Jessica Lynch e sua improvável bravura cederam a cena para a soldada Lynndie, participante ativa do abuso de prisioneiros. O épico deu lugar ao porno-crushing da nova fase imperialista. Esboço estético em perfeita simetria com o projeto ético dos segmentos dirigentes dos Estados Unidos.

Guantámano é o não-lugar, encravado em Cuba, onde mais de 500 prisioneiros, quase todos sem qualquer acusação formal, estão desprovidos de qualquer tipo de direitos. Formam uma subcasta, não têm nome ou humanidade. São o que de mais expressivo a globalização neoliberal impôs ao ordenamento jurídico internacional: a reprodução em escala ampliada dos dálits: os intocáveis da Índia.

O Império luta por sua perpetuação hegemônica. Convenções ambientais, inspeções de armas químicas e biológicas em seu próprio território e criação de um Tribunal Penal Internacional são mecanismos de frenagem da expansão pretendida. A comunidade internacional e as resoluções de organismos multilaterais como a ONU são ecos de uma história remota. Não há porque levá-los em conta em questões estratégicas. Pouco pode deter os cruzados de Washington e seus aliados. Não há espaço para arrazoados humanistas no ideário de Cheney, Rumsfeld ou Condoleeza Rice. "César" Bush sempre fará ouvidos moucos aos protestos em escala planetária. Autonomizado da democracia, o governo americano opera com tirania de escala. Isso é o que nos reservava o “Projeto para um novo século americano", estudo elaborado pela direita acadêmica para assegurar o controle do mundo, sobrepondo seus princípios através da força econômica e militar.

O capital estadunidense tem sede (há água em abundância na antiga Mesopotâmia), precisa repor as energias (as jazidas iraquianas são estimadas em 112 bilhões de barris) e precisa pagar pouco por isso (evitando a depreciação do dólar frente ao euro). Se somarmos a esses vetores, a necessidade de defender a moeda em função do endividamento excessivo, veremos o que move discurso guerreiro. Longe de proteger o ocidente da insanidade islâmica ou levar a democracia ao mundo árabe, Moab's e Tomahawks serviram como elementos de regulação de uma economia capitalista em crise sistêmica.

Da ameaça asiática ao reordenamento do bloco europeu, a crise estrutural do capitalismo não dá muita margem de ação aos Estados Unidos. Talvez seja o caso de lembrar o filósofo húngaro István Mészáros: "Do perverso ponto de vista de realização do capital, consumo e destruição são equivalentes".

À impossibilidade de se sobrepor à pluralidade de capitais, resta ao governo americano o keynesianismo de guerra. A barbárie não é um desvio de rota ou uma falha de comando, mas o desdobramento necessário da matriz ideológica do neoliberalismo.Não será trocando republicano por democrata na presidência dos Estados Unidos que sairemos ilesos dessa aventura. Muito menos mudando os carcereiros, sob pressão da opinião pública norte-americana em período eleitoral, que cessará a sub-humanidade em qualquer ala de Abu Ghraib. A impossibilidade crescente de obter consenso junto à sociedade civil mundial não prende a serpente ao ovo. Pelo contrário, isso a deixa amedrontada e preparada para o bote. O julgamento e execução de Saddam Hussein demonstram que não há mais lugar para disfarces. O patológico é a normalidade do capitalismo pós-industrial.

Os movimentos sociais anti-sistêmicos precisam, cada vez mais, abandonar posturas meramente reativas e partir para uma ofensiva contra-hegemônica. Para tanto, é necessário resgatar a política e reunificá-la ao mundo do trabalho.

A criação de uma nova esfera pública é a única possibilidade de reversão do quadro atual. Se Forrest Gump desligar a televisão e for para as ruas protestar, estaremos salvos. Caso contrário, só resta fazer o documentário da nossa época. Sugiro a cobertura da convenção do Partido Republicano ou um seminário do Likud. Najaf e Faixa de Gaza dão belos cenários. Se Leni Riefenstahl está morta, a nova versão de o "Triunfo da Vontade" não exige grande talento. As motivações só mudaram de continente, mas a cultura de extermínio obedece aos mesmos ditames. A alternativa está dada: ou a barbárie do Império ou uma redefinição imediata do ordenamento internacional.

Que a sabedoria maia seja ouvida! Melhor que apostar num improvável “ponto G” e descobrir que Tânatos demitiu Eros da vida humana.

Fonte: agencia carta maior

Tanques cheios à custa de barrigas vazias


Documento dos movimentos sociais de seis países da América Latina sobre a expansão da cultura da cana-de-açúcar.
Via Campesina
Nós, representantes de entidades e movimentos sociais do Brasil, Bolívia, Costa Rica, Colômbia, Guatemala e República Dominicana, reunidos no seminário sobre a expansão da indústria da cana na América Latina, constatamos que:
O atual modelo de produção de bioenergia é sustentado nos mesmos elementos que sempre causaram a opressão de nossos povos: apropriação de território, de bens naturais, de força de trabalho.
Historicamente, a indústria da cana serviu de instrumento para a manutenção do colonialismo em nossos países e a estruturação das classes dominantes que controlam até hoje grandes extensões de terras, o processo industrial e a comercialização. Este setor se baseia no latifúndio, na superexploração do trabalho (inclusive no trabalho escravo) e na apropriação de recursos públicos. O setor se estruturou no monocultivo intensivo e extensivo, provocando a concentração da terra, da renda e do lucro.
A indústria da cana foi uma das principais atividades agrícolas desenvolvida nas colônias. Permitiu que setores que controlavam a produção e a comercialização conseguissem acumular capital e com isso contribuir para a estruturação do capitalismo na Europa. Na América Latina, a criação e o controle do Estado, desde o século XIX, continuaram a serviço dos interesses coloniais. Atualmente, o controle do Estado por este setor é caracterizado pelo chamado “capitalismo burocrático”. A indústria da cana definiu a estruturação política dos Estados nacionais e das economias latino-americanas.
No Brasil, a partir dos anos 1970, quando houve a chamada “crise” mundial do petróleo, a indústria da cana passa a produzir combustível, o que justificaria sua manutenção e expansão. O mesmo ocorre a partir de 2004, com o novo Pró-Álcool, que serve principalmente para beneficiar o agronegócio. O governo brasileiro passa a estimular também a produção de biodiesel, principalmente para garantir a sobrevivência e a expansão de grandes extensões de monocultivo da soja. Para legitimar essa política e camuflar seus efeitos destruidores, o governo estimula a produção diversificada de biodiesel por pequenos produtores, com o objetivo de criar o “selo social”. As monoculturas têm se expandido em áreas indígenas e em outros territórios de povos originários.
Em fevereiro de 2007, o governo estadunidense anuncia seu interesse em estabelecer uma parceria com o Brasil para a produção de biocombustíveis, caracterizada como principal “eixo simbólico” na relação entre os dois países. Essa é claramente uma face da estratégia geopolítica dos Estados Unidos para enfraquecer a influência de países como Venezuela e Bolívia na região. Também justifica a expansão de monocultivos da cana, soja e palma africana em todo o território latino-americano.
Aproveitando-se da legítima preocupação da opinião pública internacional com o aquecimento global, grandes empresas agrícolas, de biotecnologia, petroleiras e automotivas percebem que os biocombustível representam uma fonte importante de acumulação de capital.
A biomassa é apresentada falsamente como nova matriz energética, cujo princípio é a energia renovável. Sabemos que a biomassa não poderá realmente substituir os combustíveis fósseis e que tampouco é renovável.
Algumas características inerentes da indústria da cana são a destruição do meio ambiente e a superexploração do trabalho. Utiliza-se principalmente da mão-de-obra migrante. Portanto, estimula processos de migração, tornando os trabalhadores mais vulneráveis e dificultando ainda mais sua organização. O duro trabalho no corte da cana tem causado a morte de centenas de trabalhadores.
As mulheres trabalhadoras no corte da cana são ainda mais exploradas, pois recebem salários mais baixos ou, em alguns países, como na Costa Rica, não recebem seu salário diretamente. O pagamento é feito ao marido ou companheiro. É comum também a prática do trabalho infantil em toda a América Latina, assim como a exploração de jovens como principal mão-de-obra no estafante corte da cana.
Os trabalhadores não têm nenhum controle sobre a pesagem de sua produção e consequentemente de seu salário, pois são remunerados por quantidade de cana cortada e não por horas trabalhadas. Esta situação tem sérios efeitos para a saúde e causa até mesmo a morte de muitos trabalhadores por fadiga, pelo trabalho excessivo que demanda o corte de até 20 toneladas de cana por dia. A maioria das contratações é terceirizada por intermediários ou “gatos”. Isso dificulta a possibilidade de reivindicação dos direitos trabalhistas, pois não existe um contrato formal de trabalho. A figura do empregador é escondida nesse processo, que nega a própria relação de trabalho.
O Estado brasileiro estimula a utilização de terras dos assentamentos de reforma agrária e de pequenos agricultores, que atualmente são responsáveis por 70% da produção de alimentos, para produzir biocombustíveis, comprometendo a soberania alimentar.
Portanto, assumimos o compromisso de:
Ampliar e fortalecer as lutas dos movimentos sociais na América Latina e no Caribe, por meio de uma articulação entre as organizações dos trabalhadores existentes e as entidades de apoio.
Denunciar e combater o modelo agrícola baseado no monocultivo concentrador de terra e renda, destruidor do meio ambiente, responsável pelo trabalho escravo e a superexploração da mão-de-obra. A superação do atual modelo agrícola passa pela realização da Reforma Agrária ampla que elimine o latifúndio.
Fortalecer as organizações de trabalhadores rurais, assalariados e camponeses para construir um novo modelo alicerçado na agricultura camponesa e na agroecologia, com produção diversificada, priorizando o consumo interno. É preciso lutar por políticas de subsídios para a produção de alimentos. Nosso principal objetivo é garantir a soberania alimentar, pois a expansão da produção de biocombustíveis agrava a situação de fome no mundo. Não podemos manter os tanques cheios e as barrigas vazias.
São Paulo, 28 de fevereiro de 2007.

De novo Abel erra!

O treinador Abel Braga do Sport Clube Internacional mais uma vez decepciona. Num jogo dificílimo contra o Velez da Argentina pela taça Libertadores das Américas, edição de 2007, escala mal o seu time. Ao colocar Michel e Adriano gabirú na equipe, nos lugares de Welintom Monteiro e Alex demonstrou sua teimosia em insistir com dois jogadores que na verdade, desde que foram contratados não mostraram a que vieram, com alguns jogos de excessão. Deixou Perdigão na reserva. este jogador apesar de suas deficiências ténicas tem demonstrado ao longo do campeonato gaúcho boas atuações, inclusive com marcação de gol e boas assistências. Mas a maior crueldade de Abelão foi deixar o Pato e o Cristian na reserva. No segundo tempo, quando deveria colocar apenas um deles, colocou os dois ao mesmo tempo e o que se viu foi um fracasso total, pior do que no primeiro tempo, não tendo o Inter sequer uma conclusão a gol. Abel mais uma vez mostra para todos sua incapacidade e sua teimosia em escalar "seus protegidos" em detrimento da equipe e dos jogadores que ficam de fora, podendo estar em campo contribuindo para as vitórias coloradas tão escassas esse ano. Ou o Abel muda sua forma de agir ou o colorado vai cair fora na primeira fase do campeonato gaúcho e da libertadores, o que seria um fracasso total dessa nova diretoria que ao nosso ver está deixando a desejar. Estamos todos com saudades de Fernando Carvalho.

Relação Neurônios e Estresse

Estresse
O estrese extremo pode contribuir para a depressão
Um único episódio de estresse extremo pode ser o suficiente para destruir novas células nervosas no cérebro, de acordo com uma pesquisa.

Os pesquisadores da Universidade Franklin Rosalind, nos Estados Unidos, acreditam que a perda dessas células possa ser uma das causas da depressão.

Os cientistas usaram grupos de ratos jovens e de ratos mais velhos e agressivos para o estudo, que foi publicado na revista Journal of Neuroscience.

Cada rato jovem foi colocado em uma gaiola com dois ratos mais velhos durante 20 minutos.

Os ratos velhos intimidavam e, em alguns casos, atacavam os mais novos com mordidas.

Estresse

O nível de estresse dos ratos jovens colocados nessas gaiolas chegou a ser seis vezes mais alto do que o normal.

Os cientistas descobriram que o estresse afeta as células do hipocampo, a área do cérebro responsável pelo aprendizado, memória e emoção.

O hipocampo é uma das regiões cerebrais que continua a desenvolver células nervosas durante a vida, tanto nos ratos quanto em seres humanos.

O estresse não impediu a produção de novas células, como acreditavam alguns cientistas. Mas as células tiveram mais dificuldade em sobreviver, o que significa que houve uma redução no númetro de neurônios novos para processar sentimentos e emoções.

Os pesquisadores acreditam que a perda de células nervosas pode ser uma causa de depressão.

Uma semana após o teste, apenas um terço das novas células produzidas havia sobrevivido. A sobrevivência dos neurônios em longo prazo também foi comprometida.

Os pesquisadores acreditam que o estudo possa ajudar no desenvolvimento de tratamentos para impedir que situações muito estressantes causem problemas de depressão.

Tratamentos

Como os neurônios não morrem imediatamente após o episódio de estresse, mas pelo menos 24 horas depois, o tratamento poderia ser administrado nesse intervalo para impedir a perda de células.

O coordenador da pesquisa, Daniel Peterson, disse que o próximo passo é entender como o estresse reduz a sobrevivência dos neurônios.

Para o professor David Kendall, da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, apesar de o estresse extremo ser prejudicial à saúde, níveis moderados podem ser benéficos.

“A regra parece ser que um pouco de estresse é bom para você, mas o estresse severo e imprevisível é ruim”, disse.

Fonte:BBC

terça-feira, 13 de março de 2007

Dale INTER!!!!



Contra os desfalques e os problemas dentro de campo, o Inter busca a inspiração nas imagens dos bastidores da maior conquista de sua história. Antes do treino de ontem, os jogadores assistiram pela primeira vez ao DVD de cerca de 50 minutos sobre o título do Mundial de Clubes.

Os lances fizeram Abel Braga chorar no escurinho da sala de conferências do vestiário, usada habitualmente para suas palestras ao grupo. Ao final da exibição, com os olhos marejados, o técnico reforçou a importância de repetir a façanha e convocou todos para a reação contra o Vélez Sarsfield, amanhã, em Buenos Aires.

Desde a primeira cena, o documentário emocionou o grupo. No vestiário, antes do jogo contra o Al Ahly, os jogadores aparecem abraçados. Fernandão fala do sonho de estar naquela situação e grita aos companheiros.

Na seqüência, aparecem as imagens captadas pelo cinegrafista do Inter e pelas câmeras de jogadores e integrantes comissão técnica. Durante a exibição, os jogadores alternaram os risos e as brincadeiras dos momentos engraçados com o silêncio e as lágrimas nos trechos mais tensos. Adriano Gabiru, o herói da decisão, era um dos mais emocionados com as imagens.

Ao final do documentário, houve gritos e aplausos. Abel levantou e pediu a palavra. Aproveitou para usar as imagens como motivação visando ao jogo de Buenos Aires. O documentário, produzido pela assessoria de imprensa e pela Catraca Filmes, ainda não tem data de lançamento. O DVD será distribuído exclusivamente para os sócios em dia. Um trailer com um pequeno trecho pode ser conferido no site oficial do clube.

Viva Chavez!!!!!

Chavez, no México continua criticando Busch e sua política imperialista. Por onde anda e "representante assassino do diabo", continua semeando guerras e discórdias entre as nações, impedindo seu crescimento, diz Chavez, se referindo ao "senhor da guerra".
Para ele, no entanto, os países da américa latina deveriam se unir em torno de um projeto comum que viesse a facilitar o crescimento dos países mais pobres, criando assim um grande bloco, bastante fortalecido e, é claro, capitaneado por ele, Hugo Chavez.
Veja o video: globovideo

videos da Venezuela

Saiba tudo o que ocorre na Venezuela. Boas reflexões...
http://www.venezuelaenvideos.com/index.htm

Etanol e Biocombustível são a nova onda do neoliberalismo



A era Bush 2, com a sua escancarada brutalidade na condução da geopolítica mundial, desertificou profundamente o sonho dourado com as “maravilhas da América”, historicamente alimentado por enorme parte da população ao redor dos cinco continentes. Não seria, ainda assim, nada oportuno desfazer-se de uma postura, no mínimo, precavida mediante a “inédita” visita do presidente ao Brasil e a outros países latino-americanos, amplamente divulgada como indutora de oportunidades ímpares para o desenvolvimento dos comércios nacionais.

Após a crise mundial dos anos, já remoto o debate sobre a crise da dívida externa e uma vez já desmontados os Estados nacionais e praticamente concluídas as privatizações mais importantes do continente latino-americano, o neoliberalismo viu-se diante da contingência de reciclagem das estratégias de acumulação de capital. Ao mesmo tempo, às grandes potências mundiais, especialmente aos EUA, impôs-se a necessidade de diversificar sua matriz energética, diminuindo a dependência do petróleo em função das incertezas no Oriente Médio, das tensas relações com a Venezuela e também em face do apelo que fontes limpas e renováveis exercem no atual contexto de aquecimento global.

Obviamente, os EUA não podem satisfazer seu apetite energético por biocombustíveis. Os cultivos deverão ser alocados em países em desenvolvimento, com plantações em grande escala de cana-de-açúcar, soja etc., com todas as implicações negativas que esses tipos de cultivo trazem para o meio ambiente – avançando sobre os bosques tropicais e a biodiversidade - para a estrutura fundiária e para as economias nacionais. Não é, portanto, mera coincidência que se vem observando o crescimento a passos largos dos “investimentos na mineração, na expansão do cultivo de soja e, mais recentemente, vemos alguns países líderes como o Brasil se oferecerem para ser grandes exportadores de biocombustíveis. Trata-se de uma reprimarização das exportações após uma crise que deixou o aparato industrial da região desmoronado e vulnerável. A região, em seu conjunto, tende a converter-se em provedora de commodities ao mundo desenvolvido”.

Alerte-se, ademais, para os obscuros motivos industriais por trás dos biocombustíveis, que têm na Monsanto e similares seus atores chave: “a oportunidade de transformar irreversivelmente a agricultura em plantações geneticamente modificadas”.

Fonte: correio da cidadania

sábado, 10 de março de 2007

O MITO DO "FASCISMO ISLÂMICO"


Contra todas as evidências, o governo Bush e alguns intelectuais europeus procuram identificar movimentos e governos islâmicos como próximos a Hitler ou Mussolini. Há oportunismo e planos de guerra por trás desta imprecisão

Stefan Durand

“Eles se comportam por grandes concepções, tão grandes quanto dentes cariados. A lei, O poder, A autoridade, O mundo, A rebelião, A fé. Assim, podem fazer misturas grotescas, dualismos sumários, a lei e o rebelde, o poder e o anjo”. Nisso, “eles interrompem o trabalho que consiste em ’formar’ conceitos para articulação fina, ou bem diferenciada, de modo a escapar das grandes noções dualistas”. Foi nesses termos que Gilles Deleuze se expressou em 1977, para denunciar o que chamou o “pensamento nulo” dos “novos filósofos” que, segundo ele, “vivem de cadáveres” [1]. Não é de se espantar que, trinta anos depois, esses “pensadores nulos”, esses grandes praguejadores, cada vez mais “novos”, mas nunca “filósofos”, estejam na vanguarda para propagar na França, com base em “misturas grotescas”, o conceito vazio de “fascismo islâmico”, oposto, em um “dualismo sumário” à “civilização judaica-cristã”.

Poderíamos nos contentar em rir se esse conceito de “fascismo islâmico” não tivesse sido utilizado publicamente pelo presidente George W. Bush, em uma entrevista coletiva em 7 de agosto de 2006, e depois em outros discursos oficiais norte-americanos, nos quais foram agrupados movimentos extraordinariamente diferentes uns dos outros (Al-Qaeda, os Irmãos Muçulmanos, o Hamas e o Hezbollah), transformando esses movimentos "em sucessores do nazismo e do comunismo". A requalificação da “guerra contra o terrorismo” em “guerra contra o fascismo islâmico”, que insere os movimentos fundamentalistas muçulmanos na linha dos totalitarismos do século 20, não foi inocente. Ela visa a legitimar as políticas bélicas, baseando-se novamente nos amálgamas e nos velhos truques sempre eficazes da “política do medo”.

A paternidade do neologismo “islamo-fascismo” foi fortemente reivindicada no hebdomadário de William Kristol, The Weekly Standard, pelo jornalista Stephen Schwartz [2], um ex-trotskista convertido ao neoconsevadorismo. Com o pseudônimo de Suleyman Ahmad Al-Kosovi, Schwartz é autor de um panfleto que denuncia um “lobby wahhabita” tramado nas universidades norte-americanas. Além disso, é colaborador de um site muito controvertido, Front Page Magazine de David Horowitz, admirador dos textos racistas de Oriana Fallaci. Mas Schwartz utilizou o termo pela primeira vez apenas em 2001. Não foi ele, então, quem inventou a expressão, mas o historiador Malise Ruthven, em 1990, no jornal britânico The Independent [3]. No entanto, é incontestável que quem mais popularizou a expressão nos Estados Unidos foi Christopher Hitchens. Jornalista brilhante, outrora muito de esquerda, aderiu à guerra do presidente Bush contra o Iraque. Mas se essa expressão encontrou lugar até num discurso oficial do presidente, provavelmente foi devido ao orientalista Bernard Lewis [4], conselheiro da Casa Branca, estimulado por uma hostilidade sem limites em relação ao islamismo. Aliás, Schwartz considera-se um discípulo de Bernard Lewis.

Uma qualificação instrumental

Se nos basearmos nas definições teóricas tradicionais formuladas pelos mais eminentes especialistas em fascismo, sejam de Hannah Arendt, de Renzo de Felice, de Stanley Payne ou de Robert Paxton, perceberemos que nenhum dos movimentos islâmicos agrupados pelo presidente George W. Bush na expressão “islamo-fascismo” corresponde aos critérios. Não que a religião seja incompatível com o fascismo. Embora Payne considere que, para se desenvolver, o fascismo tenha necessidade de um espaço secular [5], Paxton e outros contestam alegando que isso é válido apenas no caso europeu. Pode muito bem existir um fascismo muçulmano, como um fascismo cristão, um fascismo hindu e um fascismo judaico. Nenhuma religião é impermeável a isso.

Mas os movimentos apontados pela administração Bush não entram de maneira alguma nessa categoria. É verdade que alguns elementos do fascismo tradicional podem se manifestar em movimentos fundamentalistas muçulmanos: a dimensão paramilitar, o sentimento de humilhação e o culto ao chefe carismático (todavia, em certa medida, muito relativo e incomparável aos cultos do Führer ou do Duce). Mas todas as outras dimensões, absolutamente fundamentais, do fascismo, de maneira alguma podem neles ser encontradas.

O Al-Qaeda é um movimento transnacional e, portanto, bem longe do “nacionalismo integral” que caracterizou os fascismos europeus. O fascismo é, por natureza, imperialista e expansionista, enquanto os movimentos islâmicos, como o Hamas e o Hezbollah, por mais contestáveis que possam ser suas orientações religiosas, são movimentos em luta contra ocupações territoriais e se qualificam como anti-imperialistas. A dimensão corporativa, inerente ao fascismo, também não existe em todos esses movimentos. Além disso, nenhum deles é sustentado pelo complexo militar-industrial de seu país. Nenhuma dimensão burocrática aparece, enquanto a burocracia era central nos fascismos europeus.

Sustentar que o islamismo é o sucessor do nazismo e do comunismo constitui uma redução, no mínimo, surpreendente. Dispor de um “Estado sectário” representa uma condição necessária ao exercício de um poder de natureza totalitária. Ora, os grupos alvos estão, na maioria das vezes, à margem do poder de seu país, ou são perseguidos por esse último. Por outro lado, os aspectos ideológicos parecem muito secundários entre os movimentos islâmicos, enquanto Raymond Aron enfatizava “o lugar demente” da ideologia no sistema totalitário que, segundo ele, se baseava em um “primado da ideologia” [6].

Sociedades vivas e anti-autoritárias

O fascismo e o nazismo seduziram milhares de intelectuais entre os mais eminentes de sua geração. O Al-Qaeda não pode se beneficiar de uma sustentação dessa ordem, e sua ideologia, das mais sumárias, lembra mais a dos fenômenos sectários do que a dos regimes totalitários europeus.

O fascismo e o nazismo eram movimentos de massa, baseados em uma politização e aceitação das multidões, enquanto o Al-Qaeda não tem aprovação popular e conseguiu seduzir apenas uma minoria muito reduzida de muçulmanos, apesar de todos os elementos propícios como a crise econômica e a humilhação generalizada. Em cada um dos países árabes e muçulmanos encontram-se latentes, sob ditaduras freqüentemente submissas aos Estados Unidos, sociedades civis extraordinariamente vivas e antitotalitárias. Por outro lado, como escreve Robert Paxton: “O que fundamentalmente nos impede de sucumbir à tentação de classificar de fascistas os movimentos fundamentalistas como Al-Qaida e o Talibã é que não são produtos de uma reação contra as democracias disfuncionais. Sua unidade é mais orgânica do que mecânica, para retomar a célebre distinção de Emile Durkheim [7]. Acima de tudo, esses movimentos não podem “renunciar às instituições livres”, se jamais as tiveram [8]. Poderíamos evocar muitos outros elementos que permitem recusar essa analogia com o totalitarismo: nada de monopólio de informações, nada de darwinismo social, nada de economia dirigida nem de mobilização planejada da indústria, nada de monopólio das armas...

O caso da República Islâmica do Irã certamente é o mais problemático. O presidente Ahmadinejad pode se apoiar em um “Estado sectário”, controla muito estreitamente os meios de comunicação por intermédio de um Ministério da Cultura e da orientação islâmica, e mobiliza sua economia – muito planejada –, assim como seu imponente complexo militar-industrial. No entanto, pode-se falar de islamo-fascismo? De fato, não, tanto que a oposição continua numerosa. O presidente iraniano deve compor com o Majlis (Parlamento), e não precisou de muitos meses para obter a confirmação de alguns ministros para isso. Por outro lado, o líder do Estado iraniano, o “guia supremo”, o aiatolá Khamenei, submeteu as decisões do governo de Ahmadinejad ao aval do Conselho de Discernimento, dirigido por Hachemi Rafsandjani, que é simplesmente o candidato derrotado por Ahmadinejad nas eleições presidenciais.

Ahmadinejad deve também compor com o “reformador” Khatami, que conserva uma popularidade não negligenciável. Tzvi Barel sustenta, no Haaretz, que as severas críticas antiisraelenses do presidente iraniano “na verdade, podem se explicadas pelas tensões ideológicas e pelas relações de força na República Islâmica” [9]. Enfim, Ahmadinejad, o “populista”, tem muita dificuldade para seduzir as elites, e grande parte da sociedade civil iraniana está determinada a lutar contra a dominação dos ultraconservadores.

Os semi-fascismos próximos da Casa Branca

Se o termo genérico “islamo-fascismo” é totalmente incongruente, isso não quer dizer que a impregnação fascista não exista no contexto islâmico. Os mundos árabe e muçulmano têm um número considerável de ditaduras e de regimes autoritários que poderíamos considerar de tendência fascista. Esses regimes são, em sua maioria, fiéis aliados dos Estados Unidos em sua “guerra mundial contra o terrorismo”. Os ditadores uzbeque, cazaque e turcomeno são curiosamente poupados pelas críticas americanas, ainda que o caráter semi-fascista desses regimes seja muito claro. A monarquia saudita está em perfeita harmonia com Washington, quaisquer que sejam seus excessos. O apoio à política externa americana resulta na absolvição de todas as derivas autocráticas e tendências fascistas. Quando o coronel Mouammar Kadhafi, ao celebrar o 37º aniversário de sua chegada ao poder, demandou o assassinato de seus oponentes, muito poucas vozes se manifestaram no Ocidente [10].

O termo “fascista” poderia se justificar no que diz respeito à ditadura do presidente Saddam Hussein, dos baasistas e de seus moukhabarat (serviços secretos). O regime de Saddam Hussein era ultranacionalista, baseava-se no culto excessivo ao chefe, e não distinguia entre as esferas pública e privada; além disso era expansionista. As mesmas características encontram-se, de maneira atenuada, entre os baasistas sírios. Ao fazer uma conferência no Kuwait, em 1987, Edward Said alertou os governos do Golfo: “Ao continuarem a sustentar Saddam Hussein financeiramente, vocês são cúmplices desse fascismo árabe, de que acabarão sendo vítimas”. Somente no dia 2 de agosto de 1990, após a invasão de seu país, foi que os dirigentes do Kuwait compreenderam.

A hipocrisia é ainda mais impressionante se imaginarmos que os “islamo-fascistas” de hoje, principalmente os combatentes afegãos, durante sua luta contra os soviéticos foram qualificados em Washington como os “equivalentes morais” dos fundadores dos Estados Unidos [11]. Os Irmãos Muçulmanos egípcios também têm sido muito generosamente ajudados pelos serviços de informações britânico e norte-americano. E o governo israelense favoreceu os Irmãos Muçulmanos na Palestina (antes do nascimento do Hamas) para conter o poder do Fatah e da Organização da Libertação da Palestina.

Termos que estigmatizam populações

Pode-se e deve-se criticar com virulência alguns movimentos que, no mundo muçulmano, recorreram ao terrorismo e apresentam um aspecto fascista, mas sem no entanto recorrer a termos genéricos e provocadores como “nazislamismo” e “ilsamofascismo”, que estigmatizam populações inteiras ao estabelecer uma relação direta entre sua religião e os partidos extremistas que instrumentalizaram essa religião em nome de objetivos políticos. Recusar conceitos fraudulentos como “islamofascismo” não significa de maneira alguma que se deva proibir de criticar os crimes dos islâmicos e sua visão do mundo. Diversos intelectuais muçulmanos não se privaram disso. O brilhante intelectual paquistanês Eqbal Ahmad comprovou uma coragem excepcional ao defender Salman Rushdie diante de multidões paquistanesas em cólera, e isso no momento em que alguns filósofos franceses posavam de heróis por o terem defendido diante do público profano de Saint-Germain-des-Prés.

Todas essas considerações sobre a definição exata do fascismo simplesmente têm pouca importância do ponto de vista dos jacksonianos [12] e dos neoconservadores que dominam a política externa dos Estados Unidos, para os quais o uso da expressão “fascismo islâmico” é útil sobretudo por sua carga emocional, pois permite semear o medo. E é aí que reside o principal perigo. Ao acreditar na idéia de que o Ocidente combate um novo fascismo e novos Hitler, prepara-se a opinião pública para aceitar a idéia de que a guerra pode e deve ser “preventiva”; que a resposta para a “ameaça fascista” deve ser pesada; e que, portatanto, está justificada quaisquer que sejam as conseqüências a vidas humanas. “Os aliados bombardearam Dresden”, retrucam os neoconservadores diante das críticas ao lançamento, pelos F16 israelenses, de centenas de bombas com submunições nos bairros libaneses de alta densidade residencial.

Essa obstinação em querer “nazificar” seu adversário não é nova. Periodicamente, os meios de comunicação ocidentais descobrem um “IV Reich” e um “novo Füher”. Sucessivamente, Gamal Abdel Nasser, Yasser Arafat, Saddam Hussein, Slobodan Milosevic e, hoje, Mahmoud Ahmadinejad foram comparados a Hitler. Nasser foi chamado de o “Hitler do Nilo”. Menahem Begin chamou Arafat de o “Hitler árabe”.

Como se procura preparar uma guerra

Hoje, o caricatural presidente iraniano Ahmadinejad, e seus discursos que negam o geonício judeu, oferecem um novo terreno fértil para as manipulações da mídia. Foi assim que o neoconservador iraniano Amir Taheri, ex-colaborador do Xá, lançou uma “notícia” de que o Irã se apressava em obrigar os judeus iranianos a usarem a estrela amarela. Ainda que falsa, essa informação apareceu na primeira página do jornal canadense The National Post, fundado por Conrad Black, com uma grande manchete: “O IV Reich”. Mesmo que essa informação tenha sido vigorosamente contestada pelos judeus iranianos e por toda a imprensa, nada mudou relativamente à questão. O “golpe da mídia” teve êxito e, a partir de então, centenas de milhares de canadenses e de norte-americanos ficaram convencidos de que os judeus iranianos usam a estrela amarela e que o Irã representa exatamente um IV Reich. O que será, obviamente, muito útil se os Estados Unidos decidirem lançar, contra o Irã, uma nova guerra preventiva que fará milhares de vítimas civis.

Os utilizadores da expressão “islamo-fascismo” têm em comum querer atacar e praticar as ações militares preventivas conduzidas em nome da “guerra mundial contra o terrorismo”. Ao longo dos anos, Bernard Lewis popularizou mais ou menos abertamente a noção de acordo com a qual os árabes e os “orientais” somente compreendem pela força, noção de que os generais franceses Jacques Massu e Marcel Bigeard também compartilham e que colocaram em prática na Argélia, com o conhecido sucesso. Lewis teria se inspirado muito bem na leitura de Hannah Arendt, que escreveu: “Não obstante todas as esperanças do contrário, parece que há um argumento que os árabes são incapazes de compreender: é a força” [13].

Unir sob uma única bandeira, a de “islamo-fascistas”, dezenas de movimentos extraordinariamente diferentes, sempre em conflito uns com os outros, e tendo objetivos muito diferentes, permite enraizar o mito de um complô islâmico mundial, ocultar assim as questões geopolíticas e puramente profanas. E, portanto, não mais evocar as causas que levam ao nascimento da maior parte desses movimentos, principalmente as ocupações militares e os conflitos territoriais dos quais somente uma justa resolução pode permitir drenar o terreno sobre o qual prospera o terrorismo contemporâneo.

Prepara-se assim a opinião pública para novas guerras, simula-se sem muito trabalho a postura de Churchill e permite-se tratar simetricamente de “partidários do acordo de Munique” todos aqueles que se opõem a essas guerras tão absurdas quanto contraprodutivas. Em vez de neles ver espíritos lúcidos, são apresentados como “idiotas úteis”, encarnações modernas de Edouard Daladier e de Neville Chamberlain que, em 1938, assinaram os acordos de Munique com Hitler. “Nada pior dos que as pretensas lições da História, quando ela é mal compreendida e mal interpretada”, dizia Paul Valéry!

Tradução: Wanda Caldeira Brant
wbrant@globo.com



[1] Texto inicialmente publicado como suplemento no no. 24 da revista bimestral Minuit, Paris, maio de 1977.

[2] Ver seu artigo de 17 de agosto de 2006, “What is islamofascism?”

[3] 8 de setembro de 1990: “O autoritarismo governamental, para não dizer o islamo-fascismo, é mais regra do que exceção do Marrocos ao Paquistão.”

[4] Ler Alain Gresh, "Bernard Lewis et le gène de l’islam", Le Monde diplomatique, agosto de 2005.

[5] Porque, para ele, "um fascismo religioso inevitavelmente limitaria os poderes de seu dirigente, não só devido à oposição cultural do clérigo, mas também devido aos preceitos e aos valores veiculados pela religião tradicional”.

[6] Ver Démocratie et totalitarisme, Gallimard, Paris, 1965.

[7] Para simplificar, a teoria de Durkheim opõe a “solidariedade orgânica”, caracterizada pela diferenciação e por uma fraca consciência coletiva, à “solidariedade mecânica”, caracterizada pelas semelhanças e por uma forte consciência coletiva.

[8] Ver Le fascisme en action, Seuil, Paris, 2004, p. 345.

[9] Esse artigo foi republicado pelo Courrier International de 3 de novembro de 2005, com o título “Cause toujours, Ahmadinejad”.

[10] Reuters do dia 31 de agosto de 2006. Em outros tempos, essa notícia teria saído na primeira página dos grandes jornais norte-americanos.

[11] Para um panorama global dessas ligações perigosas, principalmente no Sudeste Asiático, ver a obra do professor da Columbia, Mahmood Mamdani, Good Muslim, Bad Muslim, America, the Cold War and the roots of terror (Pantheon, Nova York, 2004).

[12] Walter Russel Mead denomina jacksonianos, em alusão ao presidente Andrew Jackson (entre 1829 e 1837), os ultranacionalistas que não hesitam em intervir no exterior, mas que, ao contrário dos neoconservadores, não procuram se empenhar na “construção da nação”. Dick Cheney e Donald Rumsfeld podem ser qualificados de jacksonianos.

[13] Ler, de Hannah Arendt, “Peace or Armistice in the Near East”, in Review of Politics, Notre Dame, Indiana, janeiro de 1950.