Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sábado, 30 de agosto de 2008
Sabicas with Joe Beck - Rock Encounter - 1966
Inca Song(5:15)
Joe's Tune(3:49)
Zambra(4:02)
Zapateado(9:38)
Handclaps(0:31)
Flamenco Rock(6:13)
Bulerias(7:25)
Farruca(4:45)
Sabicas - Guitarra Española
Joe Beck - Guitarra Eléctrica
Tony Levin (Peter Gabriel, King Crimson,...) - Bajo Eléctrico
Donald McDonald - Batería
Warren Bernhardt - Teclados
Créditos: looloblog
Un disco Singular sin duda, fusión de flamenco, rock y jazz grabado en EEUU en el año 1966 y con músicos de primera línea, una joya para cualquier colección.
Espero que lo disfrutes.
Salud.
Sabicas:
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Joe Beck:
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Ken Burns Jazz: The Story of America's Music ( 5 CD soundtrack to documentary series)
Disco 1
01-Louis Armstrong & His Orchestra - Star Dust [1931]
02-Creepin' in My Room0 - Mississippi - Soon One Mornin' (Death Come A-Creepin' In My Room) [1959]
03-Lieut. Jim Europe's 369th Infantry (Hell Fighters) Band - Memphis Blues [1919]
04-The Original Dixieland Jazz Band - Livery Stable Blues [1917]
05-James P. Johnson - Charleston [1925]
06-King Oliver's Creole Jazz Band - Chimes Blues [1923]
07-Bessie Smith - Back Water Blues [1927]
08-Jelly Roll Morton - The Pearls [1926]
09-Jelly Roll Morton's Red Hot Peppers - Dead Man Blues [1926]
10-Clarence Williams's Blue Five - Wild Cat Blues [1923]
11-Clarence Williams's Blue Five - Cake Walkin' Babies (From Home) [1925]
12-Fletcher Henderson & His Orchestra - Sugar Foot Stomp [1925]
13-Louis Armstrong & His Hot Five - Heebie Jeebies [1926]
14-Louis Armstrong & His Hot Seven - Potato Head Blues [1927]
15-Louis Armstrong & His Hot Five - West End Blues [1928]
16-Duke Ellington & His Orchestra - The Mooche [1928]
17-Oo - Duke Ellington & His Washingtonians - East St. Louis Toodle-OO [1926]
18-Duke Ellington & His Orchestra - Black Beauty [1928]
19-The Jungle Band - Mood Indigo [1930]
20-Paul Whiteman & His Orchestra featuring Bix Beiderbecke - There Ain't No Sweet Man (Worth The Salt Of My Tears) [1928]
21-Frankie Trumbauer & His Orchestra featuring Bix Beiderbecke - Singin' The Blues [1927]
22-Frankie Trumbauer & His Orchestra featuring Bix Beiderbecke - Riverboat Shuffle [1927]
23-Fletcher Henderson & His Orchestra - Hotter Than 'Ell [1934]
24-Ethel Waters - I Got Rhythm [1930]
Disco 2
01-Duke Ellington & His Orchestra - It Don't Mean A Thing (If It Ain't Got That Swing) [1932]
02-Duke Ellington & His Orchestra - Echoes Of Harlem [1936]
03-Benny Moten's Kansas City Orchestra - Moten Swing [1932]
04-Louis Armstrong & His Orchestra - St. Louis Blues [1929]
05-Louis Armstrong & His Orchestra - Ain't Misbehavin' [1929]
06-Jimmie Lunceford & His Orchestra - For Dancers Only [1937]
07-Benny goodman & His Orchestra - King Porter Stomp [1935]
08-The Benny Goodman Sextet - Rose Room [1939]
09-Benny Goodman Sextet - Sing, Sing, Sing (With A Swing) [1937]
10-Count Basie & His Orchestra - Jumpin' At The Woodside [1938]
11-Count Basie & His Orchestra - Sent For You Yesterday And Here You Come Today [1938]
12-Count Basie's Kansas City Seven - Lester Leaps In [1939]
13-Jones-Smith Incorporated - Oh, Lady, Be Good! [1936]
14-Billie Holiday & Her Orchestra - Without Your Love [1937]
15-Billie Holiday - Strange Fruit [1939]
16-Billie Holiday with Eddie Heywood & His Orchestra - God Bless The Child [1941]
17-Art Tatum - Three Little Words [1944]
18-Pete Johnson & Big Joe Turner - Rebecca [1944]
19-Chick Webb & His Orchestra - Harlem Congo [1937]
20-Tisket, A-Tasket - Chick Webb & His Orchestra featuring Ella Fitzgerald - A-Tisket A-Tasket [1938]
21-Django Reinhardt & Le Quartet du Hot Club de France - Shine [1936]
22-Noble Sissle & His Orchestra - Dear Old Southland [1937]
Disco 3
01-Coleman Hawkins - Body And Soul [1939]
02-Duke Ellington & His Orchestra - Cotton Tail [1940]
03-Duke Ellington & His Orchestra - Take The ''A'' Train [1941]
04-Artie Shaw & His Orchestra - Begin The Beguine [1938]
05-Glenn Miller & His Orchestra - In The Mood [1939]
06-Tommy Dorsey & His Orchestra - Well, Git It! [1942]
07-Billie Holiday with Eddie Heywood & His Orchestra - Solitude [1941]
08-Gene Krupa & His Orchestra - Drum Boogie [1941]
09-Dizzy Gillespie & His All Star Quintet - Salt Peanuts [1945]
10-Dizzy Gillespie Sextet - Groovin' High [1945]
11-ko - Charlie Parker's Re-Boppers - Ko-Ko [1945]
12-Charlie Parker Quintet - Scrapple From The Apple [1947]
13-Charlie Parker Quintet - Embraceable You [1947]
14-Bud Powell Trio - Get Happy [1950]
15-Thelonious Monk - Epistrophy [1948]
16-Thelonious Monk - Straight, No Chaser [1951]
17-Dizzy Gillespie & His Orchestra - Manteca [1947]
18-Miles Davis Nonet - Moon Dreams [1950]
19-Charlie Parker - Just Friends [1949]
20-Louis Armstrong - Rockin' Chair [1947]
21-Sarah Vaughan & Her Trio - They Can't Take That Away From Me [1954]
22-Chet Baker & Gerry Mulligan - Walkin' Shoes [1952]
23-Billie Holiday - Fine And Mellow [1957]
Disco 4
01-Horace Silver & The Jazz Messengers - Doodlin' [1954]
02-Clifford Brown & Max Roach - I Get A Kick Out Of You [1954]
03-Sonny Rollins - St. Thomas [1956]
04-The Modern Jazz Quartet - Django [1954]
05-The Dave Brubeck Quartet - Take Five [1959]
06-Miles Davis Sextet - So What [1959]
07-John Coltrane - Giant Steps [1959]
08-Cecil Taylor Trio - Rick Kick Shaw [1955]
09-Ornette Coleman - Chronology [1959]
10-Charles Mingus - Original Faubus Fables [1960]
11-John Coltrane Quartet - Acknowledgment (From A Love Supreme) [1964]
Disco 5
01-Louis Armstrong - Hello, Dolly! [1963 and 1964]
02-Stan Getz & Charlie Byrd - Desafinado [1962]
03-Duke Ellington & John Coltrane - In A Sentimental Mood [1962]
04-Duke Ellington & His Orchestra - Tourist Point Of View [1966]
05-The Miles Davis Quintet - E.S.P. [1965]
06-Miles Davis - Spanish Key (Single Version) [1969]
07-Weather Report - Birdland [1977]
08-Grover Washington, Jr - Mister Magic [1974]
09-Herbie Hancock - Rockit [1983]
10-M.C. Solaar & Ron Carter - Un Ange En Danger [1994]
11-Dexter Gordon - Tanya [1978]
12-Wynton Marsalis - Soon All Will Know [1986]
13-Cassandra Wilson - Death Letter [1995]
14-The Lincoln Center Jazz Orchestra - Take The ''A'' Train [1992]
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Grupo Somos denuncia descaso da prefeitura com combate à AIDS em Porto Alegre
A denúncia foi feita ontem (26) pelo coordenador do grupo Somos - Comunicação, Saúde e Sexualidade, Gustavo Bernardes (foto), durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Gustavo Bernardes também denunciou que os recursos do Plano de Ações e Metas (PAM), destinados ao atendimento de pacientes com HIV/Aids da capital gaúcha, teriam sido utilizados para o pagamento de funcionários do Hospital Vila Nova.
O Hospital Vila Nova mantém convênio com a prefeitura, disponbilizando 40 leitos para atendimento de pacientes soropositivos. Bernardes informou que a denúncia foi formalizada ao Ministério Público e que o Conselho Municipal de Saúde (CMS) havia dado parecer contrário ao uso dos recursos no Vila Nova. “O Executivo alegou que os recursos do governo federal estavam parados. O Município deveria utilizar esses recursos federais aos pacientes com HIV/Aids e ainda complementá-los com verbas municipais”. Ainda segundo o coordenador do Somos, Porto Alegre registrou 14.701 casos de pessoas contaminadas pelo vírus HIV em 2006. Bernardes reclamou da falta de distribuição gratuita de preservativos pela Secretaria Municipal de Saúde. “O governo licitou a compra apenas depois que os preservativos tinham se esgotado para distribuição. Os 1,140 milhão de camisinhas que a prefeitura teria de ter comprado estão prometidas apenas para dezembro”.
O Somos também protestou contra a ausência de campanhas educativas de prevenção à Aids na Capital, e informou que o número de funcionários na Coordenação da Política Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)/Aids da SMS teria diminuído de 18 para apenas três. Além disso, os programas de planejamento familiar excluem gays, lésbicas, transexuais e pessoas que não desejam ter filhos. A coordenadora da Política Municipal de DST/Aids, Miriam Weber, admitiu que os recursos são escassos para o atendimento aos pacientes e elogiou a atuação histórica dos movimentos sociais em favor dos portadores do vírus HIV em Porto Alegre. Ela confirmou a diminuição no número de profissionais de saúde na Coordenação ao longo dos anos e destacou que Porto Alegre tem sido, desde o início da epidemia, a terceira capital brasileira em número de casos de Aids no país. As informações são do blog do Somos.
Créditos: Marco Aurélio Weissheimer
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Plantação de eucaliptos deixa riachos secos no Uruguai
Lúcio Vaz - Correio Brazielense
Mercedes e Fray Bentos (Uruguai) – A invasão dos pampas pelos maciços de eucaliptos começou pelo Uruguai, onde atuam as multinacionais Botnia (finlandesa) e Ence (espanhola). O país conta com pelo menos 700 mil hectares ocupados com florestas de eucaliptos. A Ence ainda está implantando sua base florestal, mas a fábrica de celulose da Botnia, em Fray Bentos, na fronteira com a Argentina, já está em operação. Com investimentos de US$ 1,1 bilhão, vai produzir 1 milhão de toneladas de celulose por ano. Os espanhóis vão produzir a metade disso. O governo e os empresários locais saúdam a nova frente econômica, como acontece no Rio Grande do Sul, mas os efeitos dos “desertos verdes” de eucaliptos já são sentidos por agricultores na região de Mercedes, no departamento de Durazno.
O Movimento de Agricultores Rurais de Mercedes, que reúne cerca de 150 produtores, já negocia com o governo uma pauta de reivindicações, onde exigem que nenhum eucalipto mais seja plantado, a desativação da fábrica de celulose, a solução dos problemas de água nas terras dos vizinhos das florestas e a revisão da legislação ambiental, que não impõem limites nem restrições à atuação das multinacionais do setor. O Correio esteve em contato com agricultores e pecuaristas no distrito de Cerro Alegre na semana passada. As florestas locais são mais adensadas do que no Brasil, com maciços bem mais extensos. Encontramos pilhas de toras de eucaliptos que se entendiam por até um quilômetro.
A região sofre com a falta de água. Mesmo proprietários rurais que arrendaram terras para as multinacionais pressionam o governo para resolver o problema, mas não falam abertamente sobre o assunto. Dezenas de agricultores já deixaram a localidade, ou porque venderam suas terras ou porque não conseguem mais uma boa produtividade. A despesa com a operação de bombas d’água encarece o custo de produção. A escola mantida pela intendência de Mercedes contava com 60 alunos há poucos anos. Hoje, não passam de 20. Encontramos várias casas abandonadas perto da estrada que margeia as florestas da Florestal Oriental e da Eu Flores, que abastecem as multinacionais.
Falta de água
O pequeno produtor Humberto Mesquita, de 77 anos, luta para manter as cem cabeças de gado que cria em 75 hectares. Neste ano, também plantou soja, mas a lavoura está praticamente perdida: “Não vale nada. Há muita falta de água. Todos dizem que é por causa dos eucaliptos. Não chove desde dezembro, mas até o ano passado eu conseguia água”, comenta o produtor, mostrando a floresta na linha do horizonte. Ele indica o nome de outro produtor, “meia légua adiante (cerca de três quilômetros)”, que teria mais informações sobre a escassez de água.
Chegamos em três casas abandonadas antes de descobrir a propriedade indicada. Mas o agricultor não quer falar. Arrendou parte da sua terra para as pepeleiras. Indica o nome de Vitor Riva, distante mais alguns quilômetros. Nos perdemos nas estreitas e empoeiradas estradas de terra batida. Mas logo aparece a sua chácara. Riva afirma que as florestas foram plantadas em 1987: “Em 1994 começou a escassez de água. Secaram as canhadas (vale entre duas coxilhas, ou colinas), os banhados, os riachuelos (riachos). Pedimos ao governo que não florestem mais. Secaram todos os poços. Só alcançamos água em poços com profundidade de 48 metros”.
Apesar das dificuldades, a colheita de abóboras foi boa. Mas Riva tem outras preocupações. “As florestas trouxeram muitas pragas, como a chara (cobra cruzeira) e o zorro (um canino selvagem), que come os cordeiros”, conta. Ele também teme pelo futuro: “A terra fica inutilizada com os eucaliptos”. Ele não tem esperanças de conseguir ajuda dos políticos: “Estão todos a favor. Quando chegam ao governo, se juntam todos”. Mas ele esclarece que o principal líder do movimento é Washington Lockhart, que mora ao lado de uma floresta.
Aridez
Formado como técnico agropecuário, Lockhart optou pela vida no campo. Vive na sua chácara há 33 anos. A poucos metros da sua casa se estende um maciço de eucaliptos. “Eu conheço isso aqui antes e depois da chegada das florestas. Em 1994, começaram a secar os poços. Secava um e eu fazia outro. Fiz quatro poços. O primeiro dava água a 10 metros. O último tem 46 metros de profundidade. Tinha três metros de água. Agora, só a metade”, relata. Ele nos acompanha até uma baixada, onde antes havia um banhado. O chão está esturricado, sem água nem grama. Mais adiante, mostra um riachuelo completamente seco: “Aqui, a gente pescava”. Aponta mais adiante e lembra: “Ali, nadavam os cavalos”.
Lockhart conta que neste ano 150 famílias da região foram abastecidas com caminhões pipa: “Abasteciam tonéis nas casas a cada 15 dias”. Afirma que a produção de alimentos era farta na região: “Havia muita produção, mas cerca de 70 famílias se foram. Uma das escolas fechou”. Ele mantém a produção de queijos finos, com tecnologia bem avançada. “A monocultura do eucalipto está prejudicando a produção de alimentos. É um modelo de desenvolvimento do governo. Aqui, todos os políticos estão a favor disso”, lamenta.
Travessia contra o Bloqueio Israelense em Gaza |
Por Eugenio García Gascón. |
Dois navios com ativistas pró-Palestina de 17 países diferentes chegam na faixa com ajuda humanitária
Quase meia centena de pacifistas de 17 nacionalidades diferentes, incluído um israelense, chegaram no sábado à faixa de Gaza a bordo de duas pequenas embarcações em protesto pelo feroz embargo que Israel impôs à faixa em junho de 2007, depois que Hamas assumisse o controle de Gaza. Com esta ação os ativistas denunciaram o contínuo sofrimento de um milhão e meio de palestinos aos que a comunidade internacional preferiu esquecer. Já não são só os Estados Unidos que apóiam cegamente a Israel em todos seus atos, mas também a União Européia.
Os dois navios, o Free Gaza, de 21 metros de eslora, e o Liberty, de 18 metros, partiram do Chipre na sexta-feira. Simultaneamente, o primeiro ministro israelense, Ehud Olmert, e os ministros de Exteriores e Defesa, Tzipi Livni e Ehud Barak, se reuniram para estudar a situação e decidiram não responder à “provocação” e permitir que as embarcações chegassem a seu destino. Mas foi só abandonar o porto chipriota de Larnaca, que os pacifistas viram como seu sistema eletrônico de comunicações ficava bloqueado, e responsabilizaram disso a Israel. Durante a singradura, de 350 quilômetros, os ativistas, entre os quais não havia marinheiros profissionais, tiveram que lutar contra um mar embravecido.
A maioria dos 46 pacifistas eram de nacionalidade estadunidense. Também viajaram uma ativista espanhola, um sacerdote católico de 81 anos, um deputado grego e uma cunhada do ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, que na atualidade é o enviado europeu para o conflito de Oriente Médio embora suas gestões como tal são nulas. Também viajavam estudantes, advogados, médicos e jornalistas de entre 22 e 81 anos de idade.
Recebidos com júbilo
Una vintena de embarcações palestinas enfeitadas com bandeiras tentaram sair pro mar para receber os pacifistas, mas se viram obrigadas a voltar pro porto quando os buques israelenses realizaram disparos de advertência. Vários milhares de palestinos receberam com júbilo os dois navios no porto de Gaza. Os ativistas levavam consigo uma carga simbólica, incluídos 200 fones de ouvido para crianças surdas, que entregaram aos palestinos.
“Nosso objetivo é provar que a gente normal com os meios a seu alcance pode defender os direitos humanos dos palestinos sem limitar-se a fornecer-lhes de arroz”, manifestou Paul Larudee, um dos organizadores do protesto. “O que fizemos hoje mostra que as pessoas são capazes de fazer o que deveriam ter feito os governos. Se as pessoas se levantam contra a injustiça se pode tornar a consciência do mundo”, disse o doutor Jeff Halper, o único israelense a bordo, assim que chegou no porto de Gaza.
Altamiro Borges: tucanos sabotam piso dos professores
O eleitor brasileiro deve ficar atento às promessas dos candidatos apoiados pelo PSDB em São Paulo (o partido está rachado entre Kassab e Alckmin), Minas Gerais (uma estranha aliança com a cúpula do PT em apoio ao tecnocrata Lacerda) e Rio Grande do Sul (o inodoro Marchezan Jr.). Se algum deles se atrever a falar que defende a educação, corra ao Procon para denunciar a baita falsidade. Isto porque os governadores tucanos destes três estados, o fugidio José Serra, o maroto Aécio Neves e a “suja” Yeda Crusius, estão em guerra contra o piso nacional dos professores.
Por Altamiro Borges*
A lei 11.738, que fixa o piso do magistério público da educação básica em R$ 950,00 e reserva 33% da carga horária para as atividades extraclasse, foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo governo Lula em julho.
De imediato, os três tucanos bombardearam a lei, alegando que ela implodirá as finanças públicas. Ao mesmo tempo, Crusius, metida em corrupção, propõe que seu salário suba de R$ 7,1 mil para R$ 17,3 mil mensais; Serra mantém as negociatas bilionárias com a empresa Alstom; e o Aécio silencia a mídia independente para evitar críticas as suas peripécias.
Escola pobre para o pobre
O piso salarial dos professores é uma conquista do sindicalismo. Há muito era reivindicado pelas entidades da categoria. Ele visa estabelecer justiça e dignidade a uma profissão essencial para o desenvolvimento do país, já que vários governos estaduais e municipais pagam até menos do que o salário mínimo aos educadores.
Segundo o Ministério da Educação, o piso beneficiará cerca de 60% dos trabalhadores do setor, além de amenizar as brutais disparidades existentes no país em relação ao salário dos educadores, cujas variações chegam a até 400%. Mesmo sendo irrisório e criticado pelas entidades sindicais, o piso de R$ 950,00 fixa o patamar mínimo de remuneração.
A dura e imediata reação dos governadores tucanos comprova que este partido não tem qualquer compromisso com a educação pública de qualidade. Pelo credo neoliberal, o estado é mínimo e deve evitar “gastanças” nas áreas sociais.
“É uma opção política de manter a escola pobre para o pobre. Para eles, o filho da classe trabalhadora não pode ter escola de qualidade”, critica Roberto Franklin Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Ele lembra que os ataques ao piso partem de estados com elevada arrecadação tributária. “O PIB de São Paulo é maior que o de muitos países da América Latina e o governo se nega a pagar os 33% de hora-atividade. O Piauí hoje já paga 30%. Isto demonstra claramente a opção privatista”.
Omissão ou pressão sindical?
Contra o piso, os governos destes três estados acionaram o Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) para ingressar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal. A luta promete ser dura e prolongada.
A CNTE e outras entidades da educação estão dispostas a resistir à ofensiva tucana. Na semana passada, os professores do Rio Grande do Sul paralisaram as suas atividades por um dia e promoveram uma marcha pelas ruas da capital. O protesto teve a adesão dos estudantes. Já em Minas Gerais, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação denunciou a “lógica tucana, privatista e excludente” do governador Aécio Neves.
A luta pelo piso dos educadores, porém, não pode se restringir aos trabalhadores do setor. Como alega Francisco das Chagas Fernandes, secretário executivo adjunto do Ministério da Educação, “o resgate dessa dívida histórica se dá não apenas porque o piso melhorar o salário de milhões de profissionais, mas pela conquista de um conceito novo, que articula remuneração com qualidade do ensino”.
Neste sentido, o conjunto do sindicalismo deve investir nesta luta. Não pode incorrer no mesmo erro de omissão cometido na luta pela ratificação da Convenção 158 da OIT, contra as demissões imotivadas, quando adotou uma postura tímida e já sofreu derrotas no parlamento.
* Altamiro Borges é jornalista.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Cannonball Adderley with Bill Evans - Know What I Mean? (1962)
MP3 / 320Kbps / Cover / RS.com: 119mb / 5% File Recovery
Músicos:
Cannonball Adderley, alto saxophone
Bill Evans, piano
Percy Heath, bass
Connie Kay, drums
Faixas:
1. Waltz For Debby (5:15)
2. Goodbye (6:15)
3. Who Cares? [Take 5] (5:57)
4. Who Cares? [Take 4] (5:55)
5. Venice (2:55)
6. Toy (5:09)
7. Elsa (5:52)
8. Nancy (With The Laughing Face) (4:08)
9. Know What I Mean? [Re-Take 7] (4:54)
10. Know What I Mean? [Take 12] (7:01)
Ai dos que crêem no Império
O mundo assistiu a uma mini-guerra no Cáucaso este mês. A retórica, embora apaixonada, foi muito irrelevante. A geopolítica é uma série gigantesca de jogos de xadrez a dois, nos quais os jogadores buscam vantagens de posição. Nestes jogos, é crucial saber as regras que permitem os movimentos. Cavalos não podem mover-se em diagonal.
De 1945 a 1989, o principal jogo de xadrez era jogado entre os Estados Unidos e a União Soviética. Era conhecido como Guerra Fria, e as regras básicas eram chamadas “Yalta”. A mais importante delas dizia respeito à linha que dividia a Europa em duas zonas de influência. Foi chamada por Winston Churchill de “Cortina de Ferro” e ia de Stettin a Trieste. A regra era: não importava quanto conflito fosse provocado na Europa pelos peões, eles não deveriam provocar uma guerra real entre os Estados Unidos e a União Soviética. E ao fim de cada episódio de conflito, as peças deveriam retornar para os postos de onde haviam saído. Esta regra foi observada meticulosamente até o colapso do comunismo em 1989, episódio marcado notoriamente pela destruição do muro de Berlim.
É perfeitamente claro, como todo o mundo observou na época, que as regras de Yalta foram revogadas em 1989, e que o jogo entre os Estados Unidos e a Rússia (a partir de 1991) mudou radicalmente. O maior problema desde então é que os Estados Unidos não compreenderam bem as novas regras. Eles proclamaram a si próprios — e foram proclamados por outros — a superpotência solitária. Em termos de regras de xadrez isto foi interpretado como se os estivessem livres para mover-se pelo tabuleiro da forma que bem entendessem. E, em particular, para trazer os antigos peões soviéticos para sua esfera de influência. Sob o governo Clinton, e de forma mais espetacular sob o de George Bush, os Estados Unidos foram levando o jogo dessa forma.
Havia um único problema: os Estados Unidos não eram a superpotência solitária; e sequer, uma super-potência. O fim da Guerra Fria fez com que deixassem de ser uma das duas superpotências, para se tornarem um Estado forte, em uma redistribuição verdadeiramente multilateral de poder real, no sistema inter-estatal. Muitos países grandes são agora capazes de jogar os seus próprios jogos de xadrez sem ter de pedir licença às duas super-potências de outrora. E eles começaram a fazer isso.
Derrotada a União Soviética, Clinton age para conquistar seus peões e ampliar a OTAN. Mas o grande delírio veio com Bush, que renegou acordos, invadiu o Iraque e quis controlar a Ásia Central
Duas grandes decisões geopolíticas foram tomadas nos anos de Clinton. Primeiro, os Estados Unidos forçaram bastante, e foram relativamente bem-sucedidos, para incorporar os antigos satélites soviéticos do Leste Europeu à OTAN. Tais países estavam ansiosos por este ingresso, ainda que os Estados-chave da Europa Ocidental — Alemanha e França — relutassem de algum modo. Percebiam que a manobra norte-americana também os transformava em alvo, ao limitar a liberdade de ação geopolítica que recém haviam adquirido.
A segunda decisão estratégica norte-americana era tornar-se parte ativa nos realinhamentos de fronteiras na antiga República Federal da Iugoslávia. Isto levou-os a sancionar — e reforçar, com suas tropas — a secessão de facto do Kosovo em relação à Sérvia.
Mesmo sob Yeltsin, a Rússia sentia-se descontente com estas duas iniciativas geopolíticas norte-americanas. No entanto, a desordem politica e econômica naqueles anos era tão grande que o máximo que podiam fazer era reclamar — deve-se dizer que de um modo um tanto débil...
George W. Bush e Vladimir Putin assumiram o poder mais ou menos simultaneamente. Bush decidiu levar adiante as táticas da potência solitária (em que os Estados Unidos decidem por si mesmos como mover suas peças) com muito mais audácia do que Clinton havia feito. Em 2001, recuou do tratado anti-mísseis assinado com a União Soviética, em 1972. Depois, anunciou que os Estados Unidos não se prontificariam a ratificar os novos tratados assinados por Clinton em 1996; o Tratado de supressão dos testes nucleares [Compreensive Test Ban], e as mudanças acordadas para o tratado de desarmamento nuclear SALT II. Para completar, comunicou que Washington manteria seu projeto de militarização do espaço, conhecido como "escudo anti-mísseis".
E, é claro, Bush invadiu o Iraque em 2003. Como parte deste envolvimento, os Estados Unidos vislumbraram e obtiveram direitos às bases militares e de sobrevôo nas repúblicas da Ásia Central — que anteriormente faziam parte da União Soviética. Além disso, promoveram a construção de óleodutos e gasodutos que procuravam tornar desnecessários os sistemas russos. E finalmente entraram em acordo com a Polônia e a República Tcheca para estabelecer pontos de defesa de mísseis, sob alegação de defesa contra o Irã. A Rússia, porém, os viu como voltados contra si.
Duas causas imediatas explicam a guerra. Diante da independência do Kosovo, a Rússia reivindicou direitos iguais. E, sem exército, Saakshvilli acreditou no conto do poder unilateral de Washington
Putin estava disposto a resistir com mais força que Yeltsin. Como jogador prudente, porém, ele se preocupou primeiro em fortalecer sua base, restabelecendo a autoridade central e revigorando o aparato militar russo. Neste período, as marés da economia mundial mudaram, e a Rússia tornou-se de repente um rica e poderosa controladora de reservas e linhas de abastecimento de petróleo e gás natural, dos quais os países ocidentais dependem fortemente.
O presidente russo começou começou a agir. Negociou acordos com. Manteve relações próximas com o Irã. Começou a pressionar os Estados Unidos para fora das bases militares na Asia Central. E se posicionou firmemente contra a extensão da OTAN em duas zonas estratégicas: Ucrânia e Geórgia.
O colapso da União Soviética deflagrou movimentos separatistas em diversas de suas antigas repúblicas, inclusive a Geórgia. Quando, em 1990, a Geórgia buscou acabar com o status de autonomia das zonas étnicas não-georgianas, estas imediatamente proclamaram-se Estados independentes. Não foram reconhecidos, mas a Rússia garantiu sua autonomia.
As causas imediatas para a mini-guerra destes dias têm dupla origem dupla. Em fevereiro, Kosovo institucionalizou sua autonomia de facto. Este movimento foi apoiado por e reconhecido pelos Estados Unidos e por boa parte dos países europeus. A Rússia alertou, na época, que a lógica deste movimento aplicava-se igualmente às secessões de facto nas antigas repúblicas soviéticas. Na Geórgia, a Rússia agiu imediatamente, pela primeira vez, reconhecendo a independência de jure da Ossétia do Sul, em resposta direta aos fstos em Kosovo, Em abril, os Estados Unidos propuseram, durante reunião da OTAN, que a Geórgia e a Ucrânia fossem recebidas, em um plano de adesão chamado Membership Action Plan. Alemanha, França, e o Reino Unido opuseram-se a isso, alegando que seria uma provocação à Rússia.
Neoliberal e fortemente pró-Washington, o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, estava agora desesperado. Ele deu-se conta de que a reafirmação da autoridade georgiana na Ossétia do sul (e na Abkházia) poderia perder-se para sempre. Aproveitou-se de um momento em que a Rússia estava supostamente desatenta (Putin, agora primeiro-ministro nas Olimpíadas; o presidente Dmitri Medvedev de férias) para invadir a Ossétia do Sul. Seu exército fracassou completamente, como era de esperar. Mas Saakashvili imaginou que estivesse forçando a mão dos EUA (aliás, da Alemanha da França também).
Como nota irônica, a Geórgia, uma das últimas aliadas dos Estados Unidos na coalizão no Iraque, retirou todos os 2 mil soldados que ainda mantinha por lá
Ao invés disso, ele teve uma resposta imediata da força militar russa, que esmagou a pequena armada georgiana. De George W. Bush, obteve retórica. Mas afinal de contas, o que Bush poderia fazer? Os Estados Unidos não são uma super-potência. Suas forças armadas estão atoladas em duas guerras sem perspectivas no Oriente Médio. E, mais importante que tudo, eles precisam muito mais da Rússia do que o contrário. O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, frisou, num artigo publicado pelo Financial Times, que a Rússia é um "parceiro do Ocidente no Oriente Médio, Irã e Coréia do Norte”.
A Rússia também controla, em essência, o abastecimento de gás da Europa Ocidental. Não por acaso, foi o presidente Sarkozy da França — e não Condolezza Rice — quem negociou a suspensão do conflito. No acordo firmado entre os dois países, a Geórgia faz duas concessões essenciais. Compromete-se em não mais utilizar a força contra a Ossétia do Sul, e aceita um documento que não faz nenhuma referência a sua integridade territorial.
A Rússia saiu, portanto, muito mais forte que antes. Saakashvili apostou tudo o que tinha e está agora geopoliticamente falido. Como nota irônica, a Geórgia, uma das últimas aliadas dos Estados Unidos na coalizão no Iraque, retirou todos os 2 mil soldados que ainda mantinha por lá. Estas tropas jogaram um papel importante nas áreas xiitas, e agora precisam ser substituídas por tropas norte-americanas, que terão que deixar outras áreas.
Quem joga o xadrez geopolítico precisa conhecer suas regras. Do contrário, corre o risco de ficar emparedado.
Evo organiza nova ofensiva para derrotar a direita boliviana
Convencidos de que é necessário fazer uma leitura correta dos resultados do referendo de 10 de agosto, o presidente Evo Morales e os movimentos sociais sabem que a direita ferida de morte precisa ser totalmente derrotada para que não se recupere.
Duas semanas depois de ter conseguido a histórica vitória no referendo, com apoio de 68% de todo o país, Evo decidiu se apoiar mais na força do povo e em sua mobilização para enfrentar os planos desestabilizadores da ultra-direita. Assim, o governo vai em busca de ter uma nova Constituição, da reapropriação da autonomia e do estabelecimento de uma nova forma de distribuição dos recursos do Estado.
A determinação foi mais do que oportuna para responder a uma contra-ofensiva que a direita busca concretizar, depois de sua derrota na consulta popular, através de um plano de desestabilização que contém métodos violentos, econômicos e jurídicos que devem ser radicalizados a partir desta segunda-feira (25).
Sem partidos tradicionais, as classes dominantes, comandadas pelas burguesias agro-exportadoras, encontraram nos comitês cívicos e na mídia os instrumentos para resistir ao processo de mudanças e para golpear, nos planos político, físico e simbólico, o presidente Evo e seu projeto emancipador.
Os comitês cívicos de cinco estados da chamada "meia-lua" (Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e a cidade de Sucre) mudaram de tática: deixaram de lado as greves de fome, as paralisações de 24 horas e o bloqueio de estradas para executar um plano orientado a partir do domínio de instituições públicas, campos petroleiros e a suspensão do envio de carne e outros produtos para o ocidente boliviano.
A essas ações – até agora rechaçadas pela população – foram somados atos de violência realizados por grupos paramilitares, que nos últimos dias vitimaram dirigentes e militantes de movimentos sociais, além de policiais que cumpriam seu trabalho.
E é isso o que o governo deve parar. Os movimentos sociais exigiram no último sábado, na reunião que tiveram com o presidente Evo. Acordou-se que todas as forças políticas e sociais se unirão para aprofundar o processo de mudanças e derrotar a direita fascista que agoniza a cada dia.
Governo e movimentos sociais aprovaram a linha de avançar até a aprovação, a partir de um novo referendo, da nova Constituição Política do Estado e a recuperação da bandeira da autonomia que a direita utilizou muito bem em seus objetivos desestabilizadores.
A Constituição aprovada em dezembro passado pelo Assembléia Constituinte deixa para trás o Estado monocultural e reconhece o caráter plurinacional da formação social boliviana, amplia a democracia representativa com a incorporação de formas de democracia direta e comunitária, enfatiza o papel ativo do Estado na economia nacional, respeita a propriedade privada à medida que cumpra uma função econômico-social, proíbe a instalação de bases militares estrangeiras em território nacional e contém uma ampla quantidade de direitos sociais para crianças, jovens e anciãos como nunca antes ocorreu em 183 anos de história republicana.
O projeto de Constituição reconhece quatro tipos de autonomia: departamental (estadual), regional, indígena-camponês e municipal, características que deixam para trás a proposta elitista que quer apenas uma autonomia departamental.
O governo expressou seu desacordo com autonomia departamental a partir do critério de que esta reproduz o centralismo que tanto se critica, por burocratizar e impedir o acesso dos municípios e das comunidades indígenas aos recursos, além de lhes restringir a democracia.
Apoiados em sua vitória em 95 das 112 províncias do país, o governo e os movimentos sociais adotaram, além disso, a decisão de avançar até a eleição de conselheiros e subprefeitos em todo o país.
Nessa mesma linha, o governo e os movimentos sociais ratificaram no sábado que os recursos do Estado devem ser distribuídos com esses critérios, e que todos os níveis de governo devem aportar a sustentabilidade das medidas sociais postas em marcha em dois anos e meio de gestão, como a Renda Dignidade, que favorece a anciãos com o pagamento de 3.000 bolivianos ao ano.
Essa linha de trabalho, cujo mandato já se manifestou positivamente no referendo de 10 de agosto, se traduzirá em uma ofensiva em todos os cenários, desde os parlamentares até o social, e contará, sobretudo, com a unidade férrea que o presidente convocou para garantir a revolução boliviana.
Tradução: Fernando Damasceno,