segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aquilo que não ouvimos sobre o Iraque

Antes da invasão americana do Iraque em 2003, a percentagem da população urbana que vivia em bairros de lata situava-se abaixo dos 20%. Hoje em dia essa percentagem subiu para 53%. Por Adil E. Shamoo, Foreign Policy In Focus
Na última década a maior parte dos países conseguiu reduzir os habitantes de bairros de lata. Mas o Iraque caminhou, rápida e perigosamente, na direcção oposta. Footo The U.S. Military
Na última década a maior parte dos países conseguiu reduzir os habitantes de bairros de lata. Mas o Iraque caminhou, rápida e perigosamente, na direcção oposta. Footo The U.S. Military
O Iraque tem uma taxa de desemprego que se situa entre os 25% e os 50%, um parlamento disfuncional, uma epidemia de doenças sem controlo, um flagelo de doenças mentais e bairros de lata com um crescimento descontrolado. O assassínio de pessoas inocentes tornou-se parte da vida quotidiana. Que devastação os Estados Unidos da América desencadearam no Iraque!
O UN-HABITAT, um organismo das Nações Unidas, publicou recentemente um relatório de 218 páginas intitulado “State of the World’s Cities, 2010-2011” (“O Estado das Cidades do Mundo 2010-2011”). O relatório está repleto de estatísticas sobre as condições de cidades por todo o mundo e sobre a sua demografia. Define os habitantes dos bairros de lata como aqueles que vivem em centros urbanos sem uma das seguintes infraestruturas: estruturas estáveis que os protejam dos agentes ambientais, espaço de habitar suficiente, acesso à água satisfatório, acesso a instalações sanitárias e defesa contra a expulsão.
Há um facto chocante sobre as populações urbanas iraquianas que está oculto, quase intencionalmente, nestas estatísticas. Ao longo das últimas décadas, antes da invasão americana do Iraque em 2003, a percentagem da população urbana que vivia em bairros de lata situava-se ligeiramente abaixo dos 20%. Hoje em dia essa percentagem subiu para 53%: 11 milhões do total dos 19 milhões de habitantes urbanos. Na última década a maior parte dos países conseguiu reduzir os habitantes de bairros de lata. Mas o Iraque caminhou, rápida e perigosamente, na direcção oposta.
De acordo com o censo dos EUA de 2000, 80% dos 285 milhões de indivíduos que vivem nos Estados Unidos da América são habitantes urbanos. Os que vivem em bairros de lata situam-se abaixo dos 5%. Se traduzíssemos as estatísticas iraquianas para o contexto norte-americano, 121 milhões de pessoas nos EUA viveriam em bairros de lata.
Se os Estados Unidos da América tivessem uma taxa de desemprego de 25% a 50% e 121 milhões de indivíduos a viver em bairros de lata, os motins suceder-se-iam, o exército tomaria o poder e a democracia desvanecer-se-ia no ar. Assim sendo, por que é que as pessoas nos EUA não se preocupam nem se entristecem com as condições do Iraque? Porque a maior parte das pessoas nos EUA não sabem o que aconteceu no Iraque nem o que se passa lá agora. O nosso governo, incluindo o actual, vira a cara para o lado e mantém o mito de que a vida melhorou no Iraque depois da invasão. Os nossos principais meios de comunicação social reforçam esta mensagem.
Eu tinha grandes esperanças de que o novo governo iria dizer a verdade aos seus cidadãos sobre a razão por que invadimos o Iraque e o que é que andamos a fazer actualmente no país. O presidente Obama prometeu andar em frente e não olhar para o passado. Por muito problemática que esta recusa de examinar o passado seja – em particular para os historiadores – o presidente deveria pelo menos informar o público americano sobre as condições actuais no Iraque. De que outra forma podemos esperar que o governo estabeleça uma política adequada?
Audições no Congresso mais alargadas sobre o Iraque poderiam ter-nos permitido conhecer os mitos propagados sobre o Iraque antes da invasão e a dimensão dos danos e da destruição que a nossa intervenção provocou no país. Ficaríamos a conhecer o grande aumento da pobreza urbana e a expansão dos bairros de lata nas cidades. Estes factos sobre as condições actuais do Iraque iriam ajudar os cidadãos dos EUA a compreender melhor o impacto de uma retirada rápida dos EUA e quais deveriam ser as nossas responsabilidades morais no Iraque.

Adil E. Shamoo é um analista sénior da Foreign Policy In Focus e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland. Escreve sobre ética e políticas públicas. O seu contacto é: ashamoo@umaryland.edu.
Tradução de Ana Carneiro para o Esquerda.net

Rabino diz que palestinos deveriam ‘desaparecer deste mundo’



Ovadia Yosef usou duras palavras durante seu sermão semanal no sábado
Ovadia Yosef usou duras palavras durante seu sermão semanal no sábado

Lamentável essa manifestação do rabino Ovadia Yosef, demonstrando todo o ódio e o desejo de aniquilação de irmãos semitas.A matéria está no Jornal do Comércio de hoje...

O influente rabino Ovadia Yosef disse, durante seu sermão semanal no sábado, que o líder palestino Mahmud Abbas e seu povo deveriam “desaparecer deste mundo”. “Que todas essas pessoas sórdidas que odeiam Israel, como Abu Mazen (o nome popular de Abbas), desapareçam deste mundo”, declarou Yosef, líder espiritual do partido religioso Shas que faz parte da coligação de governo de Israel.
“Possa Deus atingir com a praga todos os horríveis palestinos que perseguem Israel”, falou ele, dias antes de o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reunir-se com Abbas em Washington para a retomada das conversações diretas de paz. O negociador-chefe dos palestinos, Saeb Erekat, condenou as palavras do rabino, destacando que elas eram “um incitamento ao genocídio” e pediu que o governo israelense “faça mais pela paz e pare de espalhar o ódio”.
“O líder espiritual do Shas está literalmente convocando um genocídio contra os palestinos e parece não haver resposta do governo israelense”, disse Erekat em comunicado. “Yosef está pedindo particularmente o assassinato do presidente Abbas que, em poucos dias, estará sentado frente a frente com o primeiro-ministro Netanyahu. É assim que o governo israelense se prepara para um acordo de paz?”
Com a iminência do encontro de quinta-feira em Washington, Erekat pediu à comunidade internacional que “condene o incitamento ao genocídio por figuras públicas de Israel”. Segundo Nissim Zeev, deputado do Shas, cujo partido tem 11 cadeiras no Parlamento de 120 integrantes, Yosef estava tentando expressar o desejo transmitido pelos textos sagrados judaicos segundo os quais Deus eliminaria os inimigos de Israel para abrir caminho para a paz.
No passado, o poderoso mentor do Shas, um rabino nascido em Bagdá que está perto dos 90 anos, se referiu aos árabes e palestinos como “cobras” e “víboras” que estavam “reunindo-se como formigas”. No final dos anos 1980, porém, ele apoiou um compromisso territorial com os palestinos.