terça-feira, 20 de julho de 2010

Petrobras: O empoderamento das mulheres

Conceição Oliveira

Segurando a imensa tristeza da morte de Saramago, leio uma boa notícia para continuar o dia. Trago-a para compartilhar com vocês: a Petrobras adere aos Princípios de Empoderamento das Mulheres, propostos pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher. Mais que isso, em seis anos a empresa quase dobrou o número de mulheres em seus quadros: em 2003, eram 4.406 mulheres trabalhando na Petrobras, em dezembro de 2009,  8.268.

Do blog Petrobras




A Petrobras anunciou, esta semana, a adesão aos Princípios de Empoderamento das Mulheres, propostos pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e pelo Pacto Global das Nações Unidas. O documento elenca sete princípios que fornecem às empresas orientações práticas para a promoção de igualdade de gênero no ambiente de trabalho, no mercado e na comunidade.
Em curso desde 2004, os Princípios de Empoderamento das Mulheres tem como objetivo proporcionar condições para que as mulheres participem plenamente da vida econômica em todos os setores e níveis da atividade econômica. Visa também atingir os objetivos internacionalmente acordados para o desenvolvimento, a sustentabilidade e os direitos humanos, melhorar as condições de vida para as mulheres, homens, famílias e comunidades e impulsionar as operações e metas dos negócios.
Os sete Princípios de Empoderamento das Mulheres são:
1. Estabelecer liderança corporativa de alto nível para a igualdade de gênero;
2. Tratar todas as mulheres e homens de maneira justa no trabalho – respeitar e apoiar direitos humanos e não-discriminação;
3. Assegurar saúde, segurança e bem-estar a todos, trabalhadoras e trabalhadores, mulheres e homens;
4. Promover educação, treinamento e desenvolvimento profissional para as mulheres;
5. Implementar desenvolvimento empresarial e práticas de cadeia de suprimentos e marketing que empoderem as mulheres;
6. Promover igualdade através de iniciativas comunitárias e de defesa;
7. Medir e publicamente relatar o progresso no alcance da igualdade de gênero.
A Petrobras integra, desde 2006, o Programa Pró Equidade de Gênero, da Secretaria de Políticas para as Mulheres e, desde 2003, é signatária do Pacto Global da ONU. A participação das mulheres na Companhia tem crescido a cada ano. Em 2003, eram 4.406. Em dezembro de 2009, esse número já havia subido para 8.268.
O anúncio da adesão da Petrobras aos Princípios de Empoderamento das Mulheres foi feito esta semana (14/6) pela gerente de Orientações e Práticas de Responsabilidade Social da Petrobras, Sue Wolter Vianna, durante o Encontro Regional para o Fortalecimento da Equidade de Gênero, realizado no Rio de Janeiro. “Em maio, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, assinou os Princípios de Empoderamento das Mulheres. Este documento mostra o compromisso da Petrobras para avançar ainda mais nesta discussão. É também um marco para a empresa e um novo desafio junto com o Pacto Global para trazer mais organizações para esse movimento”, destacou Sue.
Através de um depoimento em vídeo exibido no Encontro, a representante do UNIFEM Brasil e Cone Sul, Rebecca Tavares, parabenizou a iniciativa da Petrobras. “A adesão da Petrobras aos Princípios de Empoderamento das Mulheres é um grande incentivo para que mais empresas brasileiras façam parte deste esforço mundial. Parabenizamos a visão de negócio da Petrobras de investir em mulheres e incorporar a igualdade de gênero na sua política organizacional”, afirmou a representante.
O evento, promovido pelas empresas que assinaram a Carta Compromisso com o Programa Pró-Equidade de Gênero, reuniu representantes das próprias empresas e da OIT e da Unifem, integrantes do Sistema das Nações Unidas. Os encontros são feitos regularmente para debater medidas de equidade de gênero no mercado de trabalho. Em 2009, foi realizado o I Ciclo, que reuniu 1500 pessoas em 5 reuniões em diferentes estados brasileiros.
Em 2009, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Embrapa, Eletrobrás e Serpro assinaram a Carta Compromisso, que depois também recebeu a adesão de Itaipu e CPRM – Serviço Geológico do Brasil. No documento, as empresas signatárias propõem-se a promover o Ciclo de Encontros Regionais para Fortalecimento da Equidade de Gênero, com objetivo de intensificar a troca de experiências e estimular novas adesões à iniciativa.

Religião na escola estimula o preconceito e a intolerância



Carlos Pompe * Portal Vermelho

A professora Débora Diniz, da Universidade de Brasília (UnB) liderou uma pesquisa que apurou que livros didáticos mais aceitos pelas escolas públicas promovem a homofobia e pregam o cristianismo. O estudo gerou o livro Laicidade: O Ensino Religioso no Brasil.

A pesquisa conclui que o preconceito e a intolerância religiosa são inculcados em milhares de crianças e jovens do ensino fundamental brasileiro. Foram analisados os 25 livros de ensino religioso mais usados pelas escolas públicas do país. Os livros foram escolhidos a partir dos títulos mais aceitos pelas escolas do governo federal, segundo informações do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. A imagem de Jesus Cristo aparece 80 vezes mais do que a de uma liderança indígena no campo religioso – limitada a uma referência anônima e sem biografia –, 12 vezes mais que o líder budista Dalai Lama e ainda conta com um espaço 20 vezes maior que Lutero, referência intelectual para o Protestantismo (Calvino nem mesmo é citado).

“O estímulo à homofobia e a imposição de uma espécie de ‘catecismo cristão’ em sala de aula são uma constante nas publicações”, informa uma das autoras do trabalho, a antropóloga e professora do Departamento de Serviço Social, Débora Diniz.

A psicóloga e coautora do livro, Tatiana Lionço, salienta que, antes de ir parar nas mochilas de crianças e jovens, todo material didático passa por uma avaliação de uma banca de profissionais do Programa Nacional do Livro Didático, vinculado ao Ministério da Educação. Todos, menos os de Religião. “Não há qualquer tipo de controle. O resultado é a má formação dos alunos”, comenta.

Ela questiona o modelo de ensino religioso nas escolas do país com base no princípio constitucional de que o Estado deveria ser laico (neutro em relação às religiões). “Se o Estado deveria ser laico, por que ensinar religião nas escolas? Se a religião for tratada na sala de aula, tem de ser de forma responsável e diversificada”, acrescenta. 

A discriminação de homossexuais vem junto com a doutrinação religiosa feita às cutas do Estado, em escolas públicas. “Desvio moral”, “doença física ou psicológica”, “conflitos profundos” e “o homossexualismo não se revela natural” são algumas das expressões usadas para tratar das pessoas que optam por ligações com o mesmo sexo. Um exercício com a bandeira das cores do arco-íris acaba com a seguinte questão: “Se isso (o homossexualismo) se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?”. 

Débora diz que num dos livros didáticos uma pessoa sem religião é associada ao nazismo (que, contraditoriamente, teve apoio ativo da Igreja Católica e foi combatido pela União Soviética, primeiro Estado a adotar expressamente o materialismo dialético no ensino público). “É sugerida uma associação de que um ateu tenderia a ter comportamentos violentos e ameaçadores”, observa. “Os livros usam de generalizações para levar a desinformação e pregar o cristianismo”, completa ela que é uma das três autoras da pesquisa.

“Há uma clara confusão entre o ensino religioso e a educação cristã”, afirma Débora. A antropóloga reforça a imposição do catecismo. “Cristãos tiveram 609 citações nos livros, enquanto religiões afro-brasilieras, tratadas como ‘tradições’, aparecem em apenas 30 momentos”, comenta.

O estudo, realizado entre março e julho de 2009, revela a ligação entre as editoras responsáveis pelas publicações e a doutrinação religiosa. A editora FTD, por exemplo, pertence aos irmãos Maristas, sociedade católica criada em 1817, na França. Também são católicas as editoras Vozes, Paulus Paulinas, Vida e Edições Loyola. “É esse contexto nebuloso de relações e interesses que envolve a pesquisa” diz Débora. Outras das principais editoras do material escolar são a Abril de Educação, líder do mercado, a Ártica, Scipione Saraiva, Moderna e Dimensão. 

As 112 páginas da publicação, lançada pelas editoras UnB e Letras Livres, ainda conta com a contribuição da assistente social Vanessa Carrião, do instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.

BAFANA BAFANA BAFANA



Ainda em ritmo de Copa do Mundo... Mais ainda para comemorar os quatro anos sem tirar de dentro.

Há quatro anos o blogui EuOvo nascia na esteira da Copa do Mundo – a primeira postagem você pode conferir aqui – falando sobre a morte do comediante Bussunda do Casseta & Planeta, que ocorreu durante o Mundial.

Nos anos seguintes, os aniversários do blogui eram sempre comemorados em companhia da maravilhosa pianista japonesa Hiromi Uehara. Mas chegou a hora de mudar paradigmas – já que está é a primeira Copa do Mundo em que o blogui canta os parabéns – a primeira foi no nascimento.

Putumayo é um departamento na Colômbia – diga-se, Estado – também é um Distrito no Peru – um dos 11 Distritos da Província de Maynas, também é o nome do rio que divide a fronteira entre os dois países e deságua no rio Amazonas, também é um grife japonesa de roupas para adolescentes... Mas também é nome de uma gravadora sediada em Nova Iorque, Putumayo – especializada em world music (...)

(...) E que também aproveitando o embalo do Mundial de futebol, lançou uma compilação de grandes sons da África do Sul. Bafana! Bafana!

2010 Putumayo Presents South Africa

1. Soul Brothers - Ujaheni
2. Bholoja - Mbombela
3. Mahube – Oxam
4. Blk Sonshine – Nkosi
5. Nibs Van der Spuy - Beautiful feet
6. Steve Dyer - Mananga
7. Miriam Makeba - Orlando
8. Phinda - Tiki tiki
9. Johannes Kerkorrel - Halala Afrika
10. Zoro - Work
11. Kaya - Vulamasango
12. Soweto Gospel Choir - Ngahlulele

Evo completa ciclo de reformas na Bolívia


O presidente boliviano, Evo Morales, completou nesta segunda-feira (19) um primeiro ciclo de reformas estruturais na Bolívia ao sancionar a Lei de Marco de Autonomias e Descentralização, o que permite agora a vigência da nova Constituição, aprovada em janeiro de 2009. A norma define as competências das autonomias departamentais, municipais, indígenas e regionais e determina responsabilidades de suas autoridades para "garantir o respeito dos direitos dos cidadãos".

"Estou certo de que com esse passo vamos acelerar as profundas transformações que o povo espera. O processo que começou hoje é incontrolável; é um caminho sem volta", afirmou Morales em discurso na residência oficial, depois de ratificar a nova lei.

Na prática, a quinta lei pretende descentralizar o poder e garantir mais autonomia administrativa aos departamentos, às regiões, aos municípios e aos territórios indígenas. Anteriormente, foram aprovadas e sancionadas outras quatro leis: do Órgão Judicial, do Tribunal Constitucional Plurinacional, do Órgão Eleitoral e do Regime Eleitoral, como parte da proposta do governo Morales de criar um Estado plurinacional com a nova Constituição.

Para a líder do bloco governista na Câmara dos Deputados, Emiliana Aiza, com as leis, "todos serão reconhecidos, os pobres, os ricos, as mulheres... e, com a lei de autonomias, a Bolívia será reconhecida de canto a canto”, segundo a BBC Mundo.

Na avaliação do ministro de Autonomias, Carlos Romero, a medida "complementa a estrutura da Constituição" e torna real "o sonho de quem fez ações coletivas nas regiões e nos povos" contra a centralização prevalecente desde a criação do Estado boliviano, em 1825.

Oposição

A oposição de direita do governo Morales anunciou que fará protestos contra a lei e tentarão “impugná-la”, mesmo tendo sido aprovada pela Assembléia Nacional. "Articularemos uma grande reunião com todas as instituições atuantes, para definir ações" que serão tomadas e serão convocados também os opositores de La Paz, Oruro, Chuquisaca e Cochabamba, disse o presidente do bloco oposicionista Comitê Cívico de Beni, Felcy Guzmán.

Na Bolívia, a oposição está concentrada principalmente nos departamentos de Beni, Santa Cruz e Tarija. Eles argumentam que 17 dos 149 artigos da lei de autonomias violariam a nova Constituição. O artigo mais criticado é um que viabiliza a destituição de autoridades eleitas de forma sumária, com a simples acusação do procurador, sem esperar a decisão do juiz, por corrupção no exercício de suas funções.

O presidente respondeu às críticas e afirmou que, em breve, anunciará um novo pacote de reformas que incluirá leis de incentivo à produção e temas sociais como o regime de pensões. "Aqueles que se opõem a essas normas são retrógrados, conservadores ou simples reformistas e aqui estamos para fazer uma revolução democrática e cultural", disse.


Fonte: Opera Mundi