domingo, 7 de novembro de 2010

Fiódor Dostoiévski

 


Fiódor Mijailovich Dostoiévski nasceu na cidade de Moscou em 30 de novembro de 1821. Seu pai, Mijail Andreievich, era médico militar, e no ano do nascimento de Dostoiévski deixou o exército e foi destinado a um hospital da cidade. A família viveu nos aposentos que o hospital destinava aos familiares dos médicos e, por isso, Dostoiévski e seus irmãos cresceram afastados e não podiam brincar com as demais crianças. Sua mãe, María Fiodorovna, teve seis filhos, mas sempre demonstrou maior afeição ao frágil Dostoiévski. Se seu pai foi um homem rígido, autoritário, avaro, alcoolico, ela, sua mãe, era quieta, doce e se resignava diante dos ataques verbais do marido. Como é natural, Dostoiévski tomou partido em defesa da mãe e sem saber como, dia a dia crescia um sentimento de aversão pela figura do pai.
Em 1837, Dostoiévski teve o primeiro vislumbre do que iria persegui-lo durante toda a vida: morre sua mãe e seu pai se entrega à bebida de maneira quase frenética, o que agravou a cobiça que sofreria em sua juventude. Foi então que ele e seu irmão Mijail, poucos anos mais velho, foram enviados à São Petersburgo para ingressar na Escola de Engenheiros Militares. 
Mijail Andreievich sempre foi um irmão pedante e cruel. Descarregava sua raiva em seus camponeses, além de chicoteá-los e humilhá-los, o que desconcertava os servos, que não tinham como escapar das agressões de seu patrão. Ninguém sabia o que o incomodava mais. Se os servos não faziam reverências, chicoteava-os. Se tiravam o chapéu, também chicoteava-os, porque dizia que tiravam o chapéu para ficarem doentes e não trabalharem depois. Segundo se conta, esta situação chegou a tal ponto, que os camponeses se organizaram e o assassinaram em uma emboscada: o amarraram, colocaram álcool em sua boca e o amordaçaram para que ficasse sufocado. Logo um deles pegou em suas genitais e apertou até sua morte. Outra história narra que 
Mijail morreu de causas naturais, mas que um fazendeiro vizinho inventou sua própria história a cerca da rebelião, de modo a rebaixar o preço do imóvel que era de Mijail. Independente de qual seja a história verdadeira, Dostoiévski ficou sabendo da morte de seu irmão quando estava na Escola de Engenheiros. No mês anterior à morte de seu irmão, havia escrito uma carta à seu pai pedindo, em tom irritado, mais dinheiro. Os dias foram passando sem nenhuma resposta de seu pai, o que irritou ainda mais Dostoiévski, que passou a amaldiçoá-lo pela sua avareza e incompreensão. Quando soube da morte de seu irmão, que o crime praticado pelos mujiks recaia sobre ele, e segundo contou em várias entrevistas, desde o princípio assumiu que deveria limpar esse assassinato, muito embora ele não houvesse cometido crime algum, como se por um dever, inteligível apenas para ele, tinha absorvido as responsabilidades dos verdadeiros assassinos. Sigmund Freud analisou estes trechos para escrever seu famoso artigo Dostoiévski e o parricídio
Um possível traço deste misterioso sentimento de culpa pode ser encontrado na insistência com que Dostoiévski cultiva a alegria de seus personagens antes de castigá-los com uma desgraça inesperada e injusta. Elege o dia em que estão em plena forma, em que florescem suas esperanças, para desfechar o golpe de misericórdia. Em Memórias do Subsolo, por exemplo, o protagonista faz você se perguntar "por que alguém iria querer fazer de seus defeitos, a fonte de orgulho e vaidade?". "Quando mais capaz me sentia de compreender os pormenores do todo o belo e o sublime", afirma em uma passagem, "perdia toda consciência e começava a cometer atos reprováveis... atos que todo mundo comete, mas eu sabia que cometeria no instante em que mais claramente compreendia que não devia cometê-lo. Quando mais admirava o belo, mais profundamente me afundava na lama e mais se desenvolvia em mim a faculdade de enlamear-me". Em Os irmãos Karamázov, para citar outro exemplo, é em pleno delírio amoroso que prendem Dimitri. Ele é acusado de assassinar seu pai, e por mais que proteste contra a comissão investigadora, todas as provas parecem estar contra ele. 
Em 1843, Fiódor Mijailovich Dostoiévski acaba seus estudos, adquire o grau militar de sub-tenente e se incorpora à Direção Geral de Engenheiros, em São Petersburgo. Durante esses anos traduziria Eugenia Grandet, de Honoré de Balzac, como mostra de admiração pelo grande escritor francês, que havia passado uma temporada em São Petersburgo. No ano de 1844 deixa o exército e começa a escrever Gente Pobre, novela que lhe dará seus primeiros êxitos de crítica. Nesta mesma época começa a contrair algumas dívidas e a sofrer seus primeiros ataques epilépticos. As novelas que escreve posteriormente Niétochka Niezvânova, Noites Brancas, O marido ciumento e A mulher de outro, não têm o êxito da primeira e recebem críticas muito negativas, o que deixa Dostoiévski em profunda depressão. É nesta época que entrará em contato com os chamados grupos "radicais" ou "utópicos", que fundamentam suas ideias na busca pela liberdade do homem. 
A polícia czarista vigiava de perto esses grupos "radicais", e em 23 de abril de 1849, o jovem Dostoiévski é preso e encarcerado por conspiração contra o Czar Nicolau I. No dia 16 de novembro do mesmo ano é condenado à morte por atividades anti-governamentais e vinculação ao grupo "radical" chamado Círculo Petrachevski. Em 22 de dezembro, junto com outros presos é levado ao pátio da prisão para ser fuzilado. Não sabia o que estava acontecendo, um medo agudo apertou seu estômago. Por um instante que não se pode medir em minutos, Dostoiévski teve que ficar de frente ao pelotão e escutar os disparos com os olhos vendados. Pensava que o disparo seguinte seria para ele, mas sua pena havia sido trocada por cinco anos de trabalhos forçados em Omsk, Sibéria, e o comandante queria apenas amedrontá-lo. É possível imaginá-lo alí, frente ao pelotão de fuzilamento, com os olhos vendados, evocando a morte de seu pai. 
Dostoiévski foi solto no ano de 1854 e se reincorpora ao exército. A partir de sua liberdade, abandonará seus pensamentos radicais e se converterá em um homem conservador e extremamente religioso. Por essa época começa a escrever Memórias da casa dos mortos, baseando-se em suas experiências como prisioneiro. 

Traduzido a partir de revistadelauniversidad.unam.mx

Principais obras
1846 - Bednye lyudi (Бедные люди); Em Português: Gente Pobre
1846 - Bednye lyudi (Бедные люди); Em Português: O duplo
1849 - Netochka Nezvanova (Неточка Незванова); Em português: Niérochka Niezvânova
1848 - Belye nochi (Белые ночи); Em Português: Noites Brancas
1861 - Unijennye i oskorblennye (Униженные и оскорбленные); Em Português: Humilhados e ofendidos
1862 - Zapiski iz mertvogo doma (Записки из мертвого дома); Em Português: Memórias da casa dos mortos
1864 - Zapiski iz podpolya (Записки из подполья); Em Português: Notas do subsolo
1866 - Prestuplenie i nakazanie (Преступление и наказание); Em Português: Crime e castigo
1867 - Igrok (Игрок); Em Português: O jogador
1869 - Idiot (Идиот); Em Português: O idiota
1870 - Vechnyj muzh (Вечный муж); Em Português: O eterno marido
1872 - Besy (Бесы); Em Português: Os demônios
1863 – Ziminie Zamietki o lietnikh vpyetchatleniiakh (Зимние заметки о летних впечатлениях); Em Português: notas de inverno sobre impressões de verão. 
1881 - Brat'ya Karamazovy (Братья Карамазовы); Em Português: Os irmãos Karamázov.


NOTAS DO SUBSOLO (Notes from underground), 1995
Legendado, Gary Walkow


Formato: AVI (VHS-Rip)
Áudio: inglês
LEGENDA EXCLUSIVA: português
Duração: 86 min.
Tamanho: 691 mb
Servidor: Megaupload (3 partes)
 

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SINOPSE
 
Adaptado do livro do escritor russo Fiódor Dostoiévski, Henry Czerny interpreta o homem do subsolo. Cheio de ódio a si mesmo,ele mantém um diário em vídeo, onde discute suas próprias deficiências, assim como as deficiências da sociedade contemporânea. Sua amargura transborda em um jantar acompanhado de seus velhos amigos de faculdade. Depois de ser humilhado por seus amigos no jantar, ele decide ir para um bordel, onde conhece Liza, uma jovem prostituta.