Fiódor Mijailovich
Dostoiévski nasceu na cidade de Moscou em 30 de novembro de 1821. Seu
pai, Mijail Andreievich, era médico militar, e no ano do nascimento de
Dostoiévski deixou o exército e foi destinado a um hospital da cidade. A
família viveu nos aposentos que o hospital destinava aos familiares dos
médicos e, por isso, Dostoiévski e seus irmãos cresceram afastados e
não podiam brincar com as demais crianças. Sua mãe, María Fiodorovna,
teve seis filhos, mas sempre demonstrou maior afeição ao frágil
Dostoiévski. Se seu pai foi um homem rígido, autoritário, avaro,
alcoolico, ela, sua mãe, era quieta, doce e se resignava diante dos
ataques verbais do marido. Como é natural, Dostoiévski tomou partido em
defesa da mãe e sem saber como, dia a dia crescia um sentimento de
aversão pela figura do pai.
Em
1837, Dostoiévski teve o primeiro vislumbre do que iria persegui-lo
durante toda a vida: morre sua mãe e seu pai se entrega à bebida de
maneira quase frenética, o que agravou a cobiça que sofreria em sua
juventude. Foi então que ele e seu irmão Mijail, poucos anos mais velho,
foram enviados à São Petersburgo para ingressar na Escola de
Engenheiros Militares.
Mijail
Andreievich sempre foi um irmão pedante e cruel. Descarregava sua raiva
em seus camponeses, além de chicoteá-los e humilhá-los, o que
desconcertava os servos, que não tinham como escapar das agressões de
seu patrão. Ninguém sabia o que o incomodava mais. Se os servos não
faziam reverências, chicoteava-os. Se tiravam o chapéu, também
chicoteava-os, porque dizia que tiravam o chapéu para ficarem doentes e
não trabalharem depois. Segundo se conta, esta situação chegou a tal
ponto, que os camponeses se organizaram e o assassinaram em uma
emboscada: o amarraram, colocaram álcool em sua boca e o amordaçaram
para que ficasse sufocado. Logo um deles pegou em suas genitais e
apertou até sua morte. Outra história narra que
Mijail morreu
de causas naturais, mas que um fazendeiro vizinho inventou sua própria
história a cerca da rebelião, de modo a rebaixar o preço do imóvel que
era de Mijail. Independente de qual seja a história verdadeira,
Dostoiévski ficou sabendo da morte de seu irmão quando estava na Escola
de Engenheiros. No mês anterior à morte de seu irmão, havia escrito uma
carta à seu pai pedindo, em tom irritado, mais dinheiro. Os dias foram
passando sem nenhuma resposta de seu pai, o que irritou ainda mais
Dostoiévski, que passou a amaldiçoá-lo pela sua avareza e incompreensão.
Quando soube da morte de seu irmão, que o crime praticado pelos mujiks
recaia sobre ele, e segundo contou em várias entrevistas, desde o
princípio assumiu que deveria limpar esse assassinato, muito embora ele
não houvesse cometido crime algum, como se por um dever, inteligível
apenas para ele, tinha absorvido as responsabilidades dos verdadeiros
assassinos. Sigmund Freud analisou estes trechos para escrever seu
famoso artigo Dostoiévski e o parricídio.
Um
possível traço deste misterioso sentimento de culpa pode ser encontrado
na insistência com que Dostoiévski cultiva a alegria de seus
personagens antes de castigá-los com uma desgraça inesperada e injusta.
Elege o dia em que estão em plena forma, em que florescem suas
esperanças, para desfechar o golpe de misericórdia. Em Memórias do Subsolo,
por exemplo, o protagonista faz você se perguntar "por que alguém iria
querer fazer de seus defeitos, a fonte de orgulho e vaidade?". "Quando
mais capaz me sentia de compreender os pormenores do todo o belo e o
sublime", afirma em uma passagem, "perdia toda consciência e começava a
cometer atos reprováveis... atos que todo mundo comete, mas eu sabia que
cometeria no instante em que mais claramente compreendia que não devia
cometê-lo. Quando mais admirava o belo, mais profundamente me afundava
na lama e mais se desenvolvia em mim a faculdade de enlamear-me". Em Os irmãos Karamázov,
para citar outro exemplo, é em pleno delírio amoroso que prendem
Dimitri. Ele é acusado de assassinar seu pai, e por mais que proteste
contra a comissão investigadora, todas as provas parecem estar contra
ele.
Em
1843, Fiódor Mijailovich Dostoiévski acaba seus estudos, adquire o grau
militar de sub-tenente e se incorpora à Direção Geral de Engenheiros,
em São Petersburgo. Durante esses anos traduziria Eugenia Grandet, de
Honoré de Balzac, como mostra de admiração pelo grande escritor francês,
que havia passado uma temporada em São Petersburgo. No ano de 1844
deixa o exército e começa a escrever Gente Pobre, novela
que lhe dará seus primeiros êxitos de crítica. Nesta mesma época começa
a contrair algumas dívidas e a sofrer seus primeiros ataques
epilépticos. As novelas que escreve posteriormente Niétochka Niezvânova, Noites Brancas, O marido ciumento e A mulher de outro, não
têm o êxito da primeira e recebem críticas muito negativas, o que deixa
Dostoiévski em profunda depressão. É nesta época que entrará em contato
com os chamados grupos "radicais" ou "utópicos", que fundamentam suas
ideias na busca pela liberdade do homem.
A
polícia czarista vigiava de perto esses grupos "radicais", e em 23 de
abril de 1849, o jovem Dostoiévski é preso e encarcerado por conspiração
contra o Czar Nicolau I. No dia 16 de novembro do mesmo ano é condenado
à morte por atividades anti-governamentais e vinculação ao grupo
"radical" chamado Círculo Petrachevski. Em 22 de dezembro, junto com
outros presos é levado ao pátio da prisão para ser fuzilado. Não sabia o
que estava acontecendo, um medo agudo apertou seu estômago. Por um
instante que não se pode medir em minutos, Dostoiévski teve que ficar de
frente ao pelotão e escutar os disparos com os olhos vendados. Pensava
que o disparo seguinte seria para ele, mas sua pena havia sido trocada
por cinco anos de trabalhos forçados em Omsk, Sibéria, e o comandante
queria apenas amedrontá-lo. É possível imaginá-lo alí, frente ao pelotão
de fuzilamento, com os olhos vendados, evocando a morte de seu pai.
Dostoiévski
foi solto no ano de 1854 e se reincorpora ao exército. A partir de sua
liberdade, abandonará seus pensamentos radicais e se converterá em um
homem conservador e extremamente religioso. Por essa época começa a
escrever Memórias da casa dos mortos, baseando-se em suas experiências como prisioneiro.
Traduzido a partir de revistadelauniversidad.unam.mx
Principais obras
1846 - Bednye lyudi (Бедные люди); Em Português: Gente Pobre
1846 - Bednye lyudi (Бедные люди); Em Português: O duplo
1849 - Netochka Nezvanova (Неточка Незванова); Em português: Niérochka Niezvânova
1848 - Belye nochi (Белые ночи); Em Português: Noites Brancas
1861 - Unijennye i oskorblennye (Униженные и оскорбленные); Em Português: Humilhados e ofendidos
1862 - Zapiski iz mertvogo doma (Записки из мертвого дома); Em Português: Memórias da casa dos mortos
1864 - Zapiski iz podpolya (Записки из подполья); Em Português: Notas do subsolo
1866 - Prestuplenie i nakazanie (Преступление и наказание); Em Português: Crime e castigo
1867 - Igrok (Игрок); Em Português: O jogador
1869 - Idiot (Идиот); Em Português: O idiota
1870 - Vechnyj muzh (Вечный муж); Em Português: O eterno marido
1872 - Besy (Бесы); Em Português: Os demônios
1863
– Ziminie Zamietki o lietnikh vpyetchatleniiakh (Зимние заметки о
летних впечатлениях); Em Português: notas de inverno sobre impressões de
verão.
1881 - Brat'ya Karamazovy (Братья Карамазовы); Em Português: Os irmãos Karamázov.
NOTAS DO SUBSOLO (Notes from underground), 1995
Legendado, Gary Walkow
Formato: AVI (VHS-Rip)
Áudio: inglês
LEGENDA EXCLUSIVA: português
Duração: 86 min.
Tamanho: 691 mb
Servidor: Megaupload (3 partes)
Créditos: Convergência Cinéfila
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SINOPSE
Adaptado
do livro do escritor russo Fiódor Dostoiévski, Henry Czerny interpreta o
homem do subsolo. Cheio de ódio a si mesmo,ele mantém um diário em
vídeo, onde discute suas próprias deficiências, assim como as
deficiências da sociedade contemporânea. Sua amargura transborda em um
jantar acompanhado de seus velhos amigos de faculdade. Depois de ser
humilhado por seus amigos no jantar, ele decide ir para um bordel, onde conhece Liza, uma jovem prostituta.