terça-feira, 28 de dezembro de 2010

28 de dezembro de 1937: Morre o compositor francês Maurice Ravel

Morre em Paris aos 62 anos em 28 de dezembro de 1937 o célebre compositor Maurice Ravel que havia se tornado um grande expoente do impressionismo na música. Ao lado de Claude Debussy, com quem tinha afinidade de estilo, afastou a música clássica francesa do romantismo wagneriano. Compôs música fluida e altamente original dentro dos marcos das formas clássicas. Ravel brilhou nas composições para piano, orquestrando com frequência suas próprias composições e de outros autores.

Joseph-Maurice Ravel nasceu nos Pirineus franceses, perto da fronteira com a Espanha em 7 de março de 1975. Obrigações profissionais do pai levaram a família a Paris, onde o jovem Ravel ingressa no Conservatório Musical aos 14 anos. Matriculou-se como pianista, mas mudou para composição sob orientação de Gabriel Fauré.

Wikipedia

Foto de Ravel, tirada em 1912


Ravel era menos radical como compositor que Debussy, mas rebelde ao seu jeito. Onde Debussy podia compor peças para agradar os mestres do Conservatório e ganhar o Prêmio de Roma, Ravel se recusou a se submeter às regras de composição da escola. Deixar de ganhar prêmios o subestimou aos olhos de seus professores ainda quando, desde cedo, escrevesse peças de sucesso como a Sonata para Violino (1897) e Sheherazade (1898). Devido ao êxito dessas composições, ter deixado de ganhar o Prêmio de Roma de 1905 provocou um escândalo público e a mudança na direção do Conservatório.

Logo após esse episódio, Ravel entrou num período de grande criação, produzindo obras como L'Heure Espagñole e Rapsodie Espagñole (1907), Valses Nobles et Sentimentales (1911), importantes peças para piano e o balé Daphnis et Chloé para o Balé Russo de Sergei Diaghilev em 1912. Por essa época encontrou-se com Igor Stravinsky, formando um grupo de compositores radicais conhecido como Les Apaches. Em 1906, começou mas não concluiu uma homenagem orquestral a Johann Strauss a que chamou Viena, que viria com La Valse 14 anos mais tarde. 

Veja abaixo uma versão africana do Bolero de Ravel, sua obra mais famosa:



Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial deixou de compor. Tentou alistar-se mas foi rejeitado por razões físicas e terminou como motorista militar. Em 1916 afetado por uma disenteria volta a Paris. Pouco depois morre sua mãe que era seu contato humano mais próximo, pois Ravel nunca se casou. Deprimido, passou por longa inatividade musical. Desta época pode-se destacar apenas Poemes de Mallarmé (1915), Trois Chansons (1916), e Le Tombeau de Couperin (1917).

Após a guerra conclui Wien (Viena), considerando-a um ‘poema coreográfico’, mudando o título para La Valse. Após La Valse veio L'Enfant et les Sortilèges (1925), uma turnê pelos Estados Unidos em 1928, e no mesmo ano, Bolero, certamente sua obra mais famosa. O Concerto para Piano em Sol maior e o Concerto para Piano para a Mão Esquerda vieram à luz em 1930 e 1931. Os últimos anos de Ravel foram afetados pela Doença de Pick, mal que se reflete em distúrbios de linguagem, personalidade e comportamento e é um tipo de demência fronto-temporal. Cirurgia de cérebro em 1937 não foi bem sucedida e Ravel morre alguns meses depois.


Ravel era reservado e meticuloso. Poucos viram-no compondo embora muitos o tenham visto orquestrando e seus estudos raramente mostravam sinais de um trabalho em andamento. Como contemporâneos, Ravel e Debussy influenciavam e respeitavam um ao outro, porém seu relacionamento sofria nas mãos de críticos desejosos de denegrir Ravel em favor de Debussy.

De 1900 até sua morte, Debussy era considerado o maior compositor francês, tendo depois Ravel assumido o manto. Ravel e Debussy são amiúde comparados, no entanto eram compositores distintos. Ravel empregou técnicas impressionistas em trabalhos como Daphnis et Chloé, Ma Mère l'Oye, e La Valse, mas ele era na realidade um clássico. Fantástico orquestrador, Ravel utilizava toda a gama de instrumentos, mas colocava cada nota, corda ou instrumento como um joalheiro lapida suas joias. Sua orquestração de Quadros de uma Exposição de Mussorgsky é um de seus mais famosos trabalhos orquestrais. 
 
Fonte: OperaMundi