A cada dia novas surpresas, novas decepções! É isto o que ouço da boca dos meus vizinhos, cada vez mais descrentes na ação dos políticos, desses que deveriam cuidar dos interesses do povo a quem dizem representar. Mas não é apenas de decepções a manifestação dos meus amigos, é de descrença nas instituições públicas, de desprezo e de revolta. A última reação que senti se deu em face das informações de que os vereadores paulistanos decidiram por criar mais uma fonte de sugação do orçamento municipal da capital paulista. Trata-se de mais uma “gratificação” para gastos de cada vereador e que pode chegar – vejam só o disparate – a R$ 12.488,00 mensais, reembolsados mediante notas comprobatórias... Tais gastos vão além ao serem acrescidos em até R$ 3.800,00 para funcionários de carreira daquela Câmara Municipal. Trata-se de mais um “trem da alegria” dos nossos “nobres” vereadores. No mesmo dia, mais uma informação, agora da outra câmara, a Câmara de Deputados Federais, presidida pelo “ilustre” petista, Arlindo Chinaglia. Em reunião das lideranças daquela Câmara, decidiu-se que os também “nobres” deputados não mais “trabalharão” às segundas-feiras! Como já não “trabalham” parte de dezembro, não trabalham em janeiro, fevereiro e julho, assim como não trabalham às sextas feiras e feriados prolongados, restarão alguns dias por semana para debaterem questões extremamente importantes para o povo, como, por exemplo, um novo aumento dos seus modestos salários mensais, que deverão passar de minguados R$ 12.488,00 para R$ 16.250,00! Isto, falando somente do ganho fixo, porque, se somarmos tudo o que recebe cada deputado federal com os chamados benefícios e despesas com gabinete, essa remuneração beira os R$ 100.000,00 mensais (sim senhor/a, beira os CEM MIL REAIS MENSAIS). Enquanto isso...., o ministério da Previdência, comandado pelo ex-presidente da CUT Nacional, Luiz Marinho, anuncia que mais de oito milhões de aposentados irão receber um reajuste de.... 3,3%. Assim, enquanto um vereador vai ser beneficiado com mais de R$ 12 mil mensais e um deputado federal com mais R$ 4 mil, um trabalhador que se ralou por várias dezenas de anos produzindo coisas úteis, e que hoje recebe em troca R$ 400,00, terá um acréscimo de fabulosos R$ 13,20. Outro com ganhos previdenciários de R$ 700,00 terá um reajuste de R$ 23,07! Dá pra entender essa lógica? Claro que essa turma de “vampiros dos cofres públicos” tem como lógica de que “todos são iguais perante a lei”, mas, como nos informa a “Revolução dos Bichos”, de George Orwel, nesta Terra de Santa Cruz alguns são mais iguais que os outros. Se já é vergonhoso ver tanta desfaçatez, mais degradante ainda é ver um ex-dirigente máximo da Central sindical criada pelos trabalhadores, o senhor Luiz Marinho, determinar que os aposentados devem viver como esmoleres e não como seres humanos (deve-se sempre ter em mente que aposentado não é vagabundo, como disse o prefeito Kassab, e sim um TRABALHADOR que produziu riquezas e contribuiu com a mesma Previdência Social, compulsoriamente, por mais de 35 anos), enquanto que os “nobres” deputados e vereadores nada mais fazem que ter vida de nababos com o que é surrupiado do orçamento público - dinheiro que sai dos muitos e elevados impostos pagos pelo povo, ao qual deveriam defender. Entre tantas outras, essas são razões que devem contribuir para que se intensifique a organização das forças populares, a fim de se exigirem mudanças radicais nas estruturas políticas, sociais e econômicas brasileiras. E os sugados da história acima devem estar entre os mais interessados. Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo. |
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