Ali na Espanha: a direita também quer censurar livros escolares
Emir Sader
Onda obscurantista acompanha os períodos de retrocessos históricos como sua irmã gemea. Daí a proliferação das literaturas de esoterismo e de auto-ajuda. Como se razão tivesse fracassado, restando o apelo ao “mais além” e às cabalas.
Tempo propício também para a proliferação do obscurantismo. Parece que já qualquer um pode se projetar no cenário dos debates, porque está apoiado na máquina familiar e monopolista da mídia mercantil. “Cualquiera es un ladron, cualquier es un gil” – como diz o tango Cambalache. São ventrílocos do poder e, mais imediatamente, dos donos da empresa em que trabalham, com quem coincidem em tudo, usando suas bocas e penas para que seus chefes falem.
Um desses ventrílocos de turno chegou a escrever – na Folha de S. Paulo, onde tinha coluna, naquela época, enquanto pleiteava um emprego na Globo – que o Gilbero Braga era “o Balzac brasileiro” (sic) e fez um artigo especialmente dedicado a bajular a familia Marinho. Não deu outra: foi contratado. Tentou ser o Francis II, quando este já havia fracassado em tentar usar a imprensa brasileira para chegar a escrever para a da sua pátria de adoção, que nem chegou a rejeitá-lo, porque o desconheceu. Teve que terminar seus dias destilando ódio contra o Brasil, por ter nascido aqui. O seu sucedâneo de terceira geração falhou ainda mais e descarrega o ódio sobre o Rio, enquanto tenta beber no que chama de “reino da grana”, a São Paulo dos Jardins.
São a versão brasileira do mesmo movimento obscurantista que começou lá atrás com Reagan, se disseminou com Thatcher e tem suas expressões nacionais em forças como o neopinochetismo chileno, o neofranquismo espanhol e o neoditatorialismo militar no Brasil.
Ali, na Espanha, tal como aqui, essa direita obscurantista tentar censurar os livros didáticos. A FAES, a fundação do partido de Aznar, o PP, neofranquista, analisou os livros de texto de Educação espanhóis (parece que seus amos do Norte definiram que essa é a pauta agora, então seus ventrílocos desenvolverm a campanha em cada país, de forma parecida como em outras campanha, inclusive na que desestabilizou o Brasil e preparou o golpe militar de 1964).
Um membro da direção do PP acusa a esses livros de “raciocinar sistematicamente com critérios marxistas”, de difundir valores anticapitalistas, antiocidentais, antiamericanos, anti-PP e anticristãos. (Já ouviram ou leram algo muito similar dali, por aqui? Estarão em alguma circular de alguma fundação bushista, mandado para seus ventrílocos locais? Nem originalidade tem cada um.)
Provas de antiamericanismo, ali como aqui, são fajutas: “O consumo de presunto serrano foi durante muitos anos ilegal nos EUA, já que era considerado não saudável, ao se tratar de carne crua simplesmente salgada” (sic). “Em 1989, a ONU promoveu a Convenção sobre os Direitos da Criança, que já é um tratado internacional que foi ratificado por todos os países do planeta, exceto os EUA e a Somália”. Outros exemplos seriam fotos dos presos dos EUA em Guantánamo, que talvez consideram inessencial ou forjadas.
O documento dali se volta contra o que considera “elogio do pensamento progressista”, inaceitável, ali e aqui, para os obscurantistas: “O grande triunfo da juventude chegou no final da década de 1960. Maio de 1968 ficou como uma data simbólica do começo de uma profunda mudança de rumo no modo de entender a vida”. Mais grave ainda como “provas” do “pensamento antiliberal” é a citação em um livro do bispo Pedro Casáldaliga, representante da teologia da libertação e candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 1989. Outra “prova”: “Educar em democracia é iniciar nos valores da participação, porque o homem é social e comunitário e não pode ficar reduzido ao âmbito do indivíduo” – já superando todos os limites de descambando para o “totalitarismo”, segundo os obscurantistas dali e daqui.
“Rejeição da liberdade econômica” – que confunde com liberalismo econõmico, com economia de mercado e com neoliberalismo – estaria em frases como: “As conseqüências do consumismo são: aumento da diferença entre os países desenvolvidos e os países do Terceiro Mundo” – verdade inaceitável, ainda mais transmitida para novas gerações. Ou esta: “Enquanto alguns poucos reuniam imensas fortunas, a imensa maioria vivia mal com pequenos salários ou morria de fome no desemprego”.
Igualmente verdades que devem ir para baixo do tapete: “Nosso mundo se desenvolveu gracas às riquezas e a mão-de-obra barata do Terceiro Mundo”. Ou: “A chave para eliminar as diferenças entre o norte e o sul reside na atitude dos países desenvolvidos”. Consideram “doutrina econômica marxista”, uma afirmação como esta, ainda que verdadeira: “Os países desenvolvidos, em boa medida, são desenvolvidos porque historicamente colocaram os países a seu serviço e os mantiveram assim.”
Caso não se censure esses livros, estaremos formando crianças e jovens com uma perigosa percepção real do mundo. Ali e aqui. Xô – diz o obscurantismo, aqui e ali.
Tempo propício também para a proliferação do obscurantismo. Parece que já qualquer um pode se projetar no cenário dos debates, porque está apoiado na máquina familiar e monopolista da mídia mercantil. “Cualquiera es un ladron, cualquier es un gil” – como diz o tango Cambalache. São ventrílocos do poder e, mais imediatamente, dos donos da empresa em que trabalham, com quem coincidem em tudo, usando suas bocas e penas para que seus chefes falem.
Um desses ventrílocos de turno chegou a escrever – na Folha de S. Paulo, onde tinha coluna, naquela época, enquanto pleiteava um emprego na Globo – que o Gilbero Braga era “o Balzac brasileiro” (sic) e fez um artigo especialmente dedicado a bajular a familia Marinho. Não deu outra: foi contratado. Tentou ser o Francis II, quando este já havia fracassado em tentar usar a imprensa brasileira para chegar a escrever para a da sua pátria de adoção, que nem chegou a rejeitá-lo, porque o desconheceu. Teve que terminar seus dias destilando ódio contra o Brasil, por ter nascido aqui. O seu sucedâneo de terceira geração falhou ainda mais e descarrega o ódio sobre o Rio, enquanto tenta beber no que chama de “reino da grana”, a São Paulo dos Jardins.
São a versão brasileira do mesmo movimento obscurantista que começou lá atrás com Reagan, se disseminou com Thatcher e tem suas expressões nacionais em forças como o neopinochetismo chileno, o neofranquismo espanhol e o neoditatorialismo militar no Brasil.
Ali, na Espanha, tal como aqui, essa direita obscurantista tentar censurar os livros didáticos. A FAES, a fundação do partido de Aznar, o PP, neofranquista, analisou os livros de texto de Educação espanhóis (parece que seus amos do Norte definiram que essa é a pauta agora, então seus ventrílocos desenvolverm a campanha em cada país, de forma parecida como em outras campanha, inclusive na que desestabilizou o Brasil e preparou o golpe militar de 1964).
Um membro da direção do PP acusa a esses livros de “raciocinar sistematicamente com critérios marxistas”, de difundir valores anticapitalistas, antiocidentais, antiamericanos, anti-PP e anticristãos. (Já ouviram ou leram algo muito similar dali, por aqui? Estarão em alguma circular de alguma fundação bushista, mandado para seus ventrílocos locais? Nem originalidade tem cada um.)
Provas de antiamericanismo, ali como aqui, são fajutas: “O consumo de presunto serrano foi durante muitos anos ilegal nos EUA, já que era considerado não saudável, ao se tratar de carne crua simplesmente salgada” (sic). “Em 1989, a ONU promoveu a Convenção sobre os Direitos da Criança, que já é um tratado internacional que foi ratificado por todos os países do planeta, exceto os EUA e a Somália”. Outros exemplos seriam fotos dos presos dos EUA em Guantánamo, que talvez consideram inessencial ou forjadas.
O documento dali se volta contra o que considera “elogio do pensamento progressista”, inaceitável, ali e aqui, para os obscurantistas: “O grande triunfo da juventude chegou no final da década de 1960. Maio de 1968 ficou como uma data simbólica do começo de uma profunda mudança de rumo no modo de entender a vida”. Mais grave ainda como “provas” do “pensamento antiliberal” é a citação em um livro do bispo Pedro Casáldaliga, representante da teologia da libertação e candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 1989. Outra “prova”: “Educar em democracia é iniciar nos valores da participação, porque o homem é social e comunitário e não pode ficar reduzido ao âmbito do indivíduo” – já superando todos os limites de descambando para o “totalitarismo”, segundo os obscurantistas dali e daqui.
“Rejeição da liberdade econômica” – que confunde com liberalismo econõmico, com economia de mercado e com neoliberalismo – estaria em frases como: “As conseqüências do consumismo são: aumento da diferença entre os países desenvolvidos e os países do Terceiro Mundo” – verdade inaceitável, ainda mais transmitida para novas gerações. Ou esta: “Enquanto alguns poucos reuniam imensas fortunas, a imensa maioria vivia mal com pequenos salários ou morria de fome no desemprego”.
Igualmente verdades que devem ir para baixo do tapete: “Nosso mundo se desenvolveu gracas às riquezas e a mão-de-obra barata do Terceiro Mundo”. Ou: “A chave para eliminar as diferenças entre o norte e o sul reside na atitude dos países desenvolvidos”. Consideram “doutrina econômica marxista”, uma afirmação como esta, ainda que verdadeira: “Os países desenvolvidos, em boa medida, são desenvolvidos porque historicamente colocaram os países a seu serviço e os mantiveram assim.”
Caso não se censure esses livros, estaremos formando crianças e jovens com uma perigosa percepção real do mundo. Ali e aqui. Xô – diz o obscurantismo, aqui e ali.
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