EUA, além de Hollywood, agora enfrentam greve na Broadway
Cerca de 25 espetáculos foram cancelados, incluindo clássicos como Chicago, O Fantasma da Ópera, Hairspray, O Rei Leão e Mamma Mia.
A associação dos teatros afirmou que a greve de funcionários, que tem trabalhado sem contrato desde julho, vai gerar perdas de cerca de US$ 17 milhões (R$ 29,6 milhões) por dia.
Membros grevistas da associação dos trabalhadores carregavam cartazes com os dizeres ''Em Greve'' fora do St. James Theater. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho no ano que tem sido um dos mais lucrativos da indústria.
A greve ocorre depois de meses de negociações entre os produtores e o sindicato da categoria, que convocou a primeira paralisação da sua história.
Um movimento semelhante de músicos há quatro anos durou quatro dias e custou à cidade cerca de US$ 7 milhões por dia, segundo estimativas das autoridades de turismo da cidade.
Cancelamento de espetáculos
O cancelamento de espetáculos deixou frustrados os espectadores, muitos, turistas em visita curta a Nova York. Apenas oito peças puderam ser encenadas neste sábado.
Segundo a associação que representa os produtores e os donos de teatro, quem comprou entradas para os espetáculos cancelados será reembolsado ou poderá trocar por outros ingressos.
Somente os espetáculos alternativos off-broadway, os amadores e algumas das maiores produções do circuito, como Mary Poppins, ainda não foram afetados pela greve.
Pressão dos magnatas
Os prejuízos e a pressão da indústria cultural levaram o prefeito de NY, Michael Bloomberg, a se manifestar publicamente sobre a greve.
Ele pediu que ambos os lados resolvam suas diferenças. Em uma nota, ele disse que ''apesar de esta ser uma questão privada de trabalho, o impacto econômico é público e será sentido muito além dos teatros fechados hoje''.
Os produtores também promovem uma campanha para difamar o movimento. ''É devastador'', disse James Sanna, produtor de The Grinch, que havia estreado pouco antes de a greve ser iniciada. Sete peças com ingressos esgotadas não poderão ser encenadas só essa semana, disse Sanna. ''Isso dói muito''.
Já a associação dos teatros emitiu um comunicado em que classifica a greve como ''um dia triste para a Broadway'' e que ''prejudica a cidade, a indústria, e o público''.
Frustração do público
''É muito frustrante. E um pouco ridículo. Eles estão reembolsando nosso dinheiro, mas ninguém quer saber do dinheiro, eu queria ver o espetáculo'', disse à BBC Angel Gestone, uma mulher que não pôde assistir a uma peça.
Outra mulher declarou: ''É muito triste, porque compramos os tíquetes com muita antecipação, e é muito desapontador perder o show. Mas todos temos o direito de protestar, e se eles acham que não estão recebendo o que lhes cabe, estão no seu direito''.
Os contra-regras e assistentes de palco são os responsáveis por montar e modificar os cenários no meio dos espetáculos. Eles resistem a pressões dos produtores, que defendem mais flexibilidade de trabalho em um ano que é um dos mais movimentados da indústria de teatro nova-iorquina.
As negociações continuam sob impasse e não há previsão de quando a greve acabará.
Greve em Hollywood já afeta TV
Os roteiristas de cinema e TV querem uma maior participação nos lucros das vendas de DVDs e de conteúdos para a internet, entre outras reivindicações. Cerca de 12 mil roteiristas aderiram ao movimento, causando o adiamento da estréia de novas temporadas de seriados lucrativos e famosos da TV americana.
Segundo analistas, se a greve permamecer, ela tende a romper as fronteiras yankes prejudicando a programação de emissoras que reproduzem os seriados americanos pelo mundo. Isso indica que a greve logo poderá chegar ao Brasil - que reproduz seriados americanos tanto em emissoras de TV a cabo, como de TV aberta.
A equipe de Lost, por exemplo, havia filmado até a semana retrasada sete episódios que não foram finalizados. A solução para a ABC é atrasar a estréia da 4ª temporada, prevista para fevereiro ou fechar o ciclo com esses poucos capítulos.
A Fox seguiu a primeira opção e decidiu segurar a estréia da 7ª temporada de 24 Horas , já que apenas oito episódios da safra haviam sido filmados antes da greve. A série do agente Jack Bauer não tem graça se não tiver a temporada fechada nos 24 capítulos.
Prejuízos à indústria
Segundo o The New York Times, a lista de profissionais de séries que rapidamente entraram em greve incluem a nova The Big Bang Theory e a veterana Two and a Half Men. Tina Fey, estrela e roteirista de 30 Rock, também parou. Heroes é outra série em apuros.
Algumas produções que estão paradas são The New Adventures of Old Christine, The Office, Rules of Engagement, Til Death e até Desperate Housewives.
Para preencher a grade, os canais americanos vão utilizar reality shows e filmes. A última greve de roteiristas que houve nos Estados Unidos foi em 1988 e durou cinco meses. A análise é de que se esta greve durar a mesmo período ela causará um prejuízo de pelo menos um US$ 1 bilhão à indústria.
Até agora, o valor calculado dos prejuízos da greve de roteiristas para a indústria já chegaram a casa de US$ 500 milhões.
Apoios a greve de roteiristas
O diretor de cinema americano Francis Ford Coppola tomou partido na greve. ''Cedo ou tarde, as grandes companhias vão ter de reconhecer que esta prática de ficar com este dinheiro a mais não é aceitável'', disse o diretor de O Poderoso Chefão. ''Agora os filmes não fazem dinheiro só nos cinemas, mas com os DVDs e os lucros conexos'', declarou Coppola.
A atriz e escritora Tina Fey, não só apoía a greve de roteirsitas, como também a da Broadway. Ela participou de uma passeata dos roteiristas, realizada no dia 5, em frente ao Rockfeller Center, em Nova York.
O comediante Jay Leno, que apresenta toda noite The Tonight Show with Jay Leno (NBC) - um dos artistas mais bem pagos da TV americana - se aproximou dos piquetes em frente aos estúdios da empresa na Califórnia e ofereceu comida aos grevistas.
Outros decidiram assumir um papel mais ativo e, com cartazes nas mãos, se uniram aos protestos em frente aos estúdios Warner em Hollywood. Entre eles estava a atriz Julia Louis-Dreyfus, da série de 1990 Seinfeld (Sony) e atual protagonista de The New Adventures of Old Christine (Warner).
O ator Steve Carrell, protagonista de filmes como O Virgem de 40 Anos e A Volta do Todo-Poderoso e da série The Office, decidiu não ir trabalhar dia 5 em apoio à greve.
Os atores de Hollywood não são os únicos que expressaram apoio aos roteiristas de televisão e de cinema. Eles também contam com o apoio de políticos como Barack Obama e Hillary Clinton, ambos pré-candidatos democratas à Presidência americana.
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