Cerca de 300 militares piauienses foram levados em caminhões para uma “manobra”, sem saber aonde iriam, na madrugada do dia 4 de agosto de 1972. Lá permaneceram até janeiro de 1973.
Agora, os ex-combatentes estão ingressando com pedidos de indenização contra o Exército. De acordo com o ex-militar Antonio dos Santos Nunes, a indenização não cobrirá todos os danos sofridos, já que a maioria dos danos é psicológica. Ainda assim, é uma compensação.
“Os militares sofreram todos os tipos de pressão psicológica. Passávamos dias e dias na selva, éramos instruídos e muitas vezes forçados a torturar os guerrilheiros. Fomos levados para Xambioá sem saber para onde iríamos e nem a natureza da tal manobra”, relata.
Segundo Nunes, alguns de seus colegas já entraram com ação e o Exército propôs rever a patente de cada um, considerando o tempo em que ficaram afastados, e aposentá-los, além de pagar uma indenização, cujo valor seria determinado por um juizado especial.
Recentemente, Carlos Lamarca, ex-capitão, considerado desertor, passou para general e sua viúva recebe pensão de capitão, além de indenização. Cada um de seus filhos recebeu indenização de R$ 100 mil.
A guerrilha
Antes de partirem, os militares passaram um mês presos no 25º Batalhão, em Teresina, passando por pesado treinamento de sobrevivência na selva e aprendendo técnicas de guerrilha. Durante esse tempo não puderam receber visitas de familiares e todas as ligações e correspondências eram vigiadas pelos superiores.
Quando chegaram a Xambioá, uma região inóspita, pouco habitada, depararam-se com a realidade: integrantes do Partido Comunista do Brasil preparavam um movimento contra a ditadura.
De acordo com o ex-militar Antonio dos Santos Nunes, nenhum detalhe da “manobra” (como os superiores chamavam a operação) foi repassado a eles.
Lá procuravam pelos cerca de 80 comunistas dia e noite. A ordem era conter o movimento, nem que para isso fosse preciso matar. Como os comunistas estavam infiltrados na comunidade, vivendo como os nativos, a guerrilha durou mais tempo do que o previsto pelo Exército.
Muitos guerrilheiros e soldados morreram. Outros contraíram doenças como malária, febre amarela, verminoses e há casos de pessoas que ficaram deficientes físicos. Mas a maioria ainda carrega seqüelas psicológicas.
De Teresina, Daiane Rufino
Com informações do Portal AZ
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