Curso de Boas Maneiras em Israel |
Tali Feld Gleiser |
“Uma nação digna de seguir já que ela sempre vai em função de uma prevenção primária, secundária e terciária. Mais do que tudo dando o exemplo desde a criança até o adulto”.
“Efetivamente, a prevenção é integração, é trabalho de todos. Os diferentes atores sociais têm que ter responsabilidade frente ao tema”.
“Deu as idéias para começar a gerar uma participação mais ativa dos cidadãos com as autoridades do meu país”.
Estas são algumas declarações de um grupo de “líderes americanos” [1] que participaram em uma capacitação de segurança cidadã em Israel. Segundo o sítio israelense Infolive TV, são milhares os “líderes latino-americanos” que faz anos vão a Israel para capacitar-se em diversos temas.
Estes meios de (des) informação chamam de líderes a simples desconhecidos. O objetivo de dar esse tipo de capacitação é instruir para aplicar os mesmos métodos que o estado de Israel aplica? Sim, é óbvio. Do contrário, não teriam esta “solidariedade” internacional com sujeitos que vem em Israel algo positivo no tema da segurança. Apesar de dizer que “Israel se encontra na vanguarda: desenvolvimento, inovação tecnológica, educação, segurança e medicina”, o único exemplo que dão é sobre a participação de um grupo num programa de segurança cidadã.
De acordo com a enciclopédia virtual wikipedia, o país tem 7.500.000 habitantes. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que se mede com base em parâmetros: vida longa, educação e nível de vida digno, está no 23º lugar entre todos os países do mundo. Sua densidade de populações é de 324 hab/km2. A Faixa de Gaza tem 360 km2 e uma densidade de população de 3.880 hab/km2.
Cisjordânia tem aproximadamente 3.500.000 habitantes palestinos (incluindo Jerusalém Leste, região anexada por Israel, contrariando a resolução 181 da ONU que adjudicava esta cidade ao estado palestino). Também se encontram 275.000 colonos judeus e 200.000 israelenses judeus em Jerusalém Leste.
Israel não reconhece formalmente a anexação de Cisjordânia e diz que em 2005 efetuou a retirada unilateral da Faixa de Gaza. Todos os dias, o estado sionista nos demonstra que é um regime de ocupação que não tem nenhum plano de retirada real destes territórios que formariam parte de um futuro estado palestino. A ocupação foi declarada pela ONU na resolução 242. Então, quem são os cidadãos em Israel que se vêm beneficiados por estes programas de segurança cidadã? Na quinta-feira passada o ex-motorista de uma escola de estudos bíblicos abriu fogo contra um grupo de estudantes de entre 16 e 26 anos. 8 deles foram assassinados. Até hoje não há nenhum grupo que tenha se adjudicado o atentado, apesar das diferentes versões sobre a responsabilidade de Hamas. Os líderes desta agrupação guardam com relação a este fato. A população palestina se defende como pode, lança mísseis artesanais à ciade de Sderot.
Faz 60 anos que Israel expulsa a população palestina autóctone e expropria suas terras em nome do sionismo. Mais de 60 resoluções da ONU têm sido totalmente desconsideradas e violadas por Israel. Entre janeiro e fevereiro de 2008, o exército israelense assassinou 249 pessoas, 96 delas em 72 horas, a maioria civis, alguns deles crianças. O Tribunal Internacional de Justiça da Haia declarou o muro ilegal e Israel continua sua construção. O estado sionista de Israel atua sempre por cima da Lei e nenhuma sanção lhe é imposta.
Que podem aportar à América Latina esses programas de segurança? O governo colombiano, por ordem do supremo chefe, EUA, translada a guerra interna colombiana e viola território equatoriano para massacrar um acampamento de guerrilheiros colombianos e estudantes mexicanos da Universidade Autônoma de México. Entre eles se encontrava o representante das FARC, Raúl Reyes, contato para o acordo humanitário que essa agrupação insurgente estava totalmente disposta a cumprir, como o demonstra a liberação unilateral de 7 retidos. Colômbia sabe muito bem o que significam esses programas para “líderes latino-americanos” como Carlos Castaño.
[1] http://www.infolive.tv/es/infolive.tv-5889-israelnews-lideres-latinoamericanos-en-israel
Versão em português: Raul Fitipaldi de América Latina Palavra Viva.
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