Correa na coletiva: ''Tudo falso''
''Esta decisão foi adotada diante da evidente violação da soberania nacional e integridade territorial do Equador'', diz a nota de rompimento. Durante a verificação dos fatos ocorridos na madrugada de sábado, tropas do exército equatoriano encontraram uma patrulha militar da Colômbia – a mesma que supostamente teria sido cercada por 200 guerrilheiros das Farc, descreveu Correa.
''Era uma patrulha que participara do massacre''
''Dei imediatamente a ordem para que se protegesse por todos os meios essa patrulha, se é que ocorria um ataque das Farc. 'Protejam a vida dos soldados colombianos'. Mas depois verificamos que era tudo falso, que era uma patrulha que participara do massacre e que estava ganhando tempo para poder regressar ao seu país'', narrou Correa, indignado. ''Inclusive foram interceptadas comunicações neste sentido; eles perguntavam 'Por que não vêm nos resgatar?'''.
''Quando nossos soldados chegaram ao lugar dos acontecimentos, nos demos conta de que tinha sido quase 2 quilômetros adentro do território equatoriano, e não é um local onde haja um paralelo, uma linha geodésica, há um acidente geográfico como o Rio Putumayo, que fica em nosso território. Quer dizer, sabiam claramente que era nosso território. Tampouco foi algo imprevisto, pois seguiam Reyes há dias, através do telefone por satélite, de formas que sabiam perfeitamente que este era território equatoriano'', prosseguiu o presidente.
Correa disse que, ''apesar de todas as coisas que aconteceram anteriormente'', tratava de manter uma boa relação com a Colômbia e falara com Álvaro Uribe por telefone na sexta-feira. ''Hoje, quando a mentira se revela, tratam de nos envolver com as Farc, supostamente a partir de documentos, não assinados, que encontraram em três computadores que capturaram no acampamento e permaneceram intactos'', disse ainda Correa.
A íntegra da nota do rompimento
Veja a íntegra do comunicado do Ministério das Relações Exteriores equatoriano:
''O Ministério das Relações Exteriores, Comércio e Integração informou que, por indicação do presidente da República, convocou no dia de hoje o senhor Héctor Arenas Neira, ministro conselheiro da Embaixada da Colômbia no Equador, para entregar-lhe a comunicação pela qual se notifica, em conformidade com o estabelecido na Comissão de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, que o governo do Equador decidiu romper relações diplomáticas com o governo da Colômbia, a partir desta data.
Esta decisão foi adotada diante da evidente violação da soberania nacional e integridade territorial do Equador, e das gravíssimas acusações contidas no Comunicado difundido nesta data pela Presidência da Colômbia – que insinua acordos entre as Farc e o governo do Equador – assim como as asseverações cínicas e temerárias do general Oscar Naranjo, diretor da Polícia Nacional da Colômbia.
Estas infundadas acusações constituem um ato inamistoso e uma deliberada tentativa de desviar a atenção do fato da violação da soberania nacional equatoriana, reconhecido pelo próprio governo colombiano em comunicados e notas diplomáticas.
O Ministério das Relações Exteriores decidiu o retorno a Quito dos funcionários diplomáticos da Embaixada do Equador em Bogotá. Conforme os acordos internacionais quanto ao tema, o Consulado Geral do Equador em Bogotá assumirá a proteção dos interesses da República do Equador, assim como dos interesses de seus conterrâneos nesse país.
Ministério das Relações Exteriores
Segunda-feira, 3 de março de 2008.''
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