Prossigamos nosso exercício imaginativo. Olívio assume em 1999 e, após dez meses de governo, um de seus coordenadores de campanha (que ajudou na arrecadação de fundos) é preso pela Polícia Federal, acusado de liderar um esquema de desvio de dinheiro público no Detran. Acaba indiciado pela PF sob as acusações de formação de quadrilha e prática de crime organizado. Outros importantes aliados do governo são presos e indiciados no mesmo caso.
Na Assembléia Legislativa é criada uma CPI para investigar o caso. Durante uma das sessões, um deputado pergunta a um depoente, citando o depoimento de um delegado de polícia, se ele tinha conhecimento da compra de uma casa no final da campanha eleitoral com sobras de campanha. O que estaria acontecendo com Olívio Dutra agora, se tudo isso tivesse acontecido?
Fim do exercício imaginativo. Voltemos à realidade.
Reza a sabedoria romana que à mulher de César não basta ser honesta, ela também tem que parecer honesta. Por enquanto não há provas que a governadora Yeda Crusius comprou uma casa com sobras de campanha. No entanto, os eventos que cercam o caso - e que serviram de inspiração para o exercício acima – tornam razoável exigir maiores informações sobre o caso. Agora, a governadora resolve partir para o ataque e ameaça processar o presidente da CPI do Detran, deputado Fabiano Pereira (PT), por este levantar suspeitas sobre a compra da casa.
Yeda aposta que o cordão sanitário que vem sendo construído em torno de sua figura evitará qualquer investigação sobre o caso. As declarações do delegado de polícia (aliás, ex-chefe de Polícia que teve uma participação decisiva na CPI da Segurança, em 2001) são minimizadas pela imprensa. A governadora mostra-se indignada. No seu governo, prega austeridade. Não hesita em demitir servidores, fechar escolas e corais infantis em nome dessa austeridade. E chama isso de coragem.
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