UM CÃO ANDALUZ (Un Chien Andalou, FRA, 1929)
Formato: RMVB
Duração: 16 min
Tamanho: 87 MB
Filme mudo, sem legendas
Servidor: Rapidshare
Créditos: F.A.R.R.A - dylan dog
LINK: http://rapidshare.com/files/88935645/Un_Chien_Andalou_-_Bunuel_Luis__1929_.rar.html
Direção: Luis Buñuel
Roteiro: Luis Buñuel, Salvador Dalí
Elenco: Simone Mareuil, Pierre Batcheff
Música: Richard Wagner
Sinopse: Com roteiro co-escrito por Salvador Dalí, Luis Buñuel estreou como diretor neste curta-metragem, o marco inicial do surrealismo no cinema. Com clara influência da psicanálise, Buñuel e Dalí exploram o inconsciente humano, numa seqüência de cenas oníricas, incluindo o célebre momento em que um homem, interpretado pelo próprio diretor, corta, com uma navalha, o olho de uma mulher.
Roteiro: http://www.pco.org.br/livraria/programacao/ciclobunuel/roteiro.htm?target=
Roteiro: http://www.pco.org.br/livraria/programacao/ciclobunuel/roteiro.htm?target=
Resenha: Com apenas 17 minutos de duração, "Um Cão Andaluz" é considerado um dos filmes mais chocantes, surpreendentes e revolucionários da história do cinema. O filme de estréia do cineasta espanhol Luis Buñuel, em parceria com Salvador Dali, foi realizado na França, em 1928 e fez parte da eclosão do movimento surrealista, cujos princípios fundamentais eram a contestação dos valores burgueses, a abolição da lógica cartesiana na produção artística e a denúncia do absurdo das instituições (Estado, Igreja, etc.) que exprimiam preocupações com a moral e as convenções e, ao mesmo tempo, consentiam com o envio de milhares de homens para a morte nos campos de batalha. Esse filme é constituído de uma série de seqüências de cenas absurdas e sem ligação aparente, como em um sonho a se fundir com a realidade. "Un Chien Andalou" é realmente um filme chocante, em que espaço, tempo e acontecimentos confundem-se formando idéias anti-conservadoras e que falam sobretudo de desejo e culpa. Questões ligadas ao machismo, ao feminismo (guerra entre sexos), à ultrapassagem da fase infantil em direção à sexualidade, bem como à repressão sexual, são sempre abordadas entre imagens produzidas pelo subconsciente e a realidade nas complicadas relações entre um casal. Buñuel e o catalão Salvador Dalí, seu amigo de adolescência, combinaram que colocariam em imagens seus delírios criativos, desde que entrassem no roteiro apenas as sugestões que alcançassem um consenso. Em um depoimento, Buñuel diz que "Um Cão Andaluz" nasceu da confluência de um sonho seu com um outro de Dalí. Os dois sonhos não tinham nenhuma relação entre si, mas os dois acharam interessante poder uni-los sem dar satisfação à ninguém . "Escrevemos este roteiro em menos de uma semana e seguimos uma regra muito simples: não aceitar idéia ou imagem alguma que pudesse dar lugar a uma explicação racional, psicológica ou cultural. Abrir todas as portas ao irracional. Não admitir nada além das imagens que nos impressionavam, sem tratar de averiguar os porquês. Em nenhum momento houve desentendimento entre nós. Um sugeria uma idéia que quando era aceita não era discutida e quando não era aceita era esquecida para sempre". (depoimento disponível no site: www.estacaovirtual.com/arquivo/mat1998). "Um Cão Andaluz" propositalmente almejava agredir as normas estéticas e de comportamento vigentes. Entre as seqüências que causaram indignação estão a que exibe uma dupla de padres amarrada a dois pianos sobre os quais estavam colocados asnos mortos e cobertos de sangue, a que mostra um homem acariciando de forma violenta os seios de uma mulher e sobretudo a cena em que o próprio Buñuel mutila com uma navalha um dos olhos, que seriam da atriz Mareuil. Baseado num conceito surrealista, "uma navalhada no olho da sociedade", esta cena clássica de uma navalha cortando o olho de uma mulher logo na primeira parte do filme, marcou época como uma das mais impressionantes do cinema. O filme pretendia questionar mas não responder às questões levantadas. Foi exibido pela primeira vez em Paris para uma platéia de intelectuais - entre eles André Breton, autor do Manifesto do Surrealismo, ao som de "A Cavalgada das Valquírias", de Wagner, executada em um gramofone. O jovem Buñuel temia tanto a reação ao filme que havia levado pedras nos bolsos para revidar uma possível agressão da platéia. Mas ao final da projeção foi aclamado pelo grupo surrealista e por toda a elite cultural parisiense, ficando em cartaz durante oito meses com bastante sucesso, e gerando também protestos e muito escândalo na França de 1928. A boa acolhida inicial não evitou no entanto que o cineasta espanhol tivesse problemas. Sua casa foi alvo de ataques de grupos conservadores, que tentaram sem sucesso, interditar a exibição da obra na França. O vídeo disponível nas locadoras contém duas versões do filme (17 minutos cada). Uma sonorizada em 1960, com músicas de Wagner, Beethoven, e um anônimo e divertido tango, e a outra produzida em 1983 pela TV suíça que inclui música atonal e os sons produzidos por um cão. "Um Cão Andaluz" (referencia à região espanhola da Andaluzia onde Buñuel nasceu) é fascinante, mas não é para qualquer estômago: o bizarro universo dos autores revelava cedo o estranho humor do cineasta que se tornaria célebre com seus trabalhos nas décadas seguintes. Este filme é um bom exemplo das agitações ideológicas do período entre guerras, e um libelo a favor das liberdades estéticas e morais em um mundo prestes a se encher de repressão e intolerância. Celso Branco - www.tempopresente.org
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