quinta-feira, 2 de outubro de 2008



Informe analisa exclusão juvenil na Venezuela






Adital



O Observatório de Participação e Convivência Cidadã do Centro Gumilla publicou seu primeiro relatório sobre a situação de exclusão que vivem os jovens da Venezuela. O estudo aborda uma linha de autopercepção juvenil e avalia as aproximações necessárias para a elaboração de ferramentas e mecanismos de participação política e social que melhorem sua integração com a sociedade.

"As políticas públicas de juventude são mecanismos que afetam de maneira direta a vida dos e das jovens. Por isso, é necessário observar seu desempenho e impacto com detalhamento, tanto pelos executores das políticas, como pela sociedade civil que deve vigiar e realizar o controle sobre os processos de elaboração, execução, validação e impacto", assinala o informe.

Para a realização do estudo, foram definidos cinco domínios: Anzoátegui, Lara, Bolívar, Carabobo e Zulia. A escolha desses domínios se deu por dois motivos: limitações dos recursos humanos e financeiros e grande densidade populacional nessas regiões. A faixa etária avaliada ficou entre 16 e 29 anos, com subclassificações por intervalos de idade não homogêneos. A metodologia aplicada é conhecida como grupos de discussão ou grupo focais, com entrevistas semi-estruturadas a especialista na área da juventude.

Entre as conclusões encontradas, o informe aponta que os jovens se percebem como pessoas responsáveis, capazes de ter controle sobre suas vidas. A responsabilidade, o compromisso e a importância das decisões que dizem respeito a seu futuro desenvolvimento foram um papel fundamental nas sessões grupais: "Esse dinamismo é importante porque os converte em sujeitos de seu próprio desenvolvimento permitindo-lhes enfrentar obstáculos e dificuldades".

Além disso, os jovens se dizem críticos da família, dos valores socioculturais dominantes, das relações políticas e econômicas, do uso das drogas, da violência juvenil. Segundo o estudo, essa característica faz que esses jovens se convertam em sujeitos potenciais de mudança e transformação. Os idosos criticam os mais jovens por suas condutas, porém os consideram muito mais adaptados a novas circunstâncias e especialmente hábeis no uso de tecnologias modernas.

"As mulheres apresentam notável interesse pela educação, inclusive mais que pelo emprego. Em suas prioridades de vida, primeiro está o estudo e depois o trabalho. Os homens dão mais importância e relevância ao desfrute como tal da juventude. Querem trabalhar e estudar", acrescenta.

As principias formas de exclusão encontradas pelo estudo foram: familiar, educativa, social, de gênero e política. Sobre a exclusão política, o informe explica que há uma divisão entre "chavistas" e "oposicionistas", havendo um constante enfrentamento entre essas tendências: "O que estão a favor do governo excluem a oposição, os da oposição excluem os que estão a favor do governo. As posições políticas também são causas de exclusão no emprego". De acordo com a análise, em geral, considera-se que a exclusão é gerada pelas pessoas que detêm poder, independentemente da posição política que tenham, fazendo-se necessário administrar o poder de forma que todos possam ter acesso às mesmas oportunidades e benefícios.

O relatório recomenda que o jovem seja concebido como agente de mudança, capaz, responsável e comprometido a solucionar os problemas que se apresentam em seu entorno. Por isso, o poder público deve fornecer-lhes ferramentas, além de capacidade técnica e recursos. Além disso, deve promover mecanismos de acesso à educação superior que consiga abranger a maior quantidade de estudantes possível ou criar institutos técnicos.

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