A ideologia fundamentalista de Zero Hora
Mesmo com o fracasso das teorias do Estado mínimo, exposto agora com o golpe que o mercado financeiro internacional e sua teologia da desregulamentação praticaram contra milhões de pessoas, seus defensores não desistem de apresentar o Estado como um vilão, inimigo número um da sociedade. O editorial desta segunda-feira do jornal Zero Hora é um exemplo disso. Ao tratar da reforma tributária, o jornal defende:
“Uma proposta de reforma tributária adequada para as necessidades do país precisaria levar em conta os interesses de quem consome e de quem produz, depois os do poder público. E os governantes deveriam pensar mais em cortar gastos do que em elevar receitas”.
Ou seja, o Estado é algo dissociado de quem “consome e produz”. Mais do que isso, é um inimigo de “consumidores e produtores”. É sempre a mesma história. O mesmo argumento que cobra corte de gastos do Estado, cobra também o fim das filas nos postos de saúde, mais policiais e viaturas nas ruas, mais e melhores estradas, educação de qualidade e por aí vai. Para essa ideologia fundamentalista do mercado, não existem cidadãos, mas consumidores, e o Estado só serve para resgatar empresas e banqueiros especuladores milionários que perdem milhões e/ou bilhões na banca financeira.
No momento em que economistas dos maiores países capitalistas do planeta defendem que o Estado deve gastar mais e não menos para evitar uma depressão global, Zero Hora segue repetindo a surrada cartilha do falecido Consenso de Washington. Fundamentalismo é isso aí. (Na foto, dois alegres doutrinadores dessa seita).
Creditos: Marco Aurélio Weissheimer
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