A tardia vindita maragata
Vejam o simbolismo das coisas. Hoje, na coluna de Rosane de Oliveira, jornalista e abelhinha, em ZH, há um comentário sobre o tratamento que a governadora Yeda Crusius (PSDB) dá ao Palácio Piratini. Dona Yeda despacha no Centro Administrativo e aproveita o Piratini somente para efemérides e pequenas liturgias do poder.
Não sei se isso é consciente ou inconsciente, mas o fato é que esse “novo jeito de despachar” ilustra bem a forma como a direita liberal encara a administração pública. Está sendo dito, subliminarmente, que o Estado republicano é – ou deve ser – uma peça de museu.
Não sei se isso é consciente ou inconsciente, mas o fato é que esse “novo jeito de despachar” ilustra bem a forma como a direita liberal encara a administração pública. Está sendo dito, subliminarmente, que o Estado republicano é – ou deve ser – uma peça de museu.
Assim, o Piratini, construído pelos vitoriosos da revolução burguesa de 1893, os chimangos positivistas-castilhistas-borgistas, fica obsoletizado pelo advento do ultra-pragmatismo neoliberal tucano. É uma forma simbólica de fazer a vindita maragata, agora travestida no yedismo vende-pátria.
Por fim, é também significativo que no topo do Piratini se faça um ameno estar para os fins das tardes quentes de Porto Alegre, mesmo que os guarda-sóis ainda tragam estampadoa a logomarca do banco regional fundado por Getúlio Vargas – o filho mais generoso e republicano do castilhismo sul-rio-grandense. Mas, sobre isso, a obtusidade da governadora Yeda sequer suspeita.
O Piratini está de porta aberta, sim, mas vazio de significado e poder.
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