Chavistas buscam voto de porta em porta em Caracas
Um adesivo com o rosto de Hugo Chávez colado no peito ilustra a força de suas convicções. A morena abraçou a revolução bolivariana como se fosse sua. Natalia continua com as orientações: "e nada de agressividade. Quando os moradores não quiserem os panfletos, vamos embora! Não se esqueçam de convidá-los para as atividades sociais", acrescenta.
A pequena tropa sobe numa camioneta para atingir o ponto mais alto do bairro. No caminho, cantam hinos chavistas, incluindo sempre a palavra "si" (sim). É a resposta que espera Hugo Chávez ao referendo organizado no próximo domingo para a aprovação ou a rejeição da emenda constitucional, que prevê o fim do limite à reeleição aos cargos públicos.
Vocês são chavistas?. "Sim, sim, sim", gritam os jovens. "Hoje, somos todos patrulheiros", resume Jesus Mora, mulato alto, trajando uma camiseta estampada com o rosto de Chávez. Membros das missões sociais, dos conselhos comunais, dos comitês de terra, dos batalhões do Partido socialista unido venezuelano (PSUV), e outras dezenas de milhares de venezuelanos, estão fazendo um trabalho de formiga para convencer os 17 milhões de eleitores a votar pelo "si".
"Não é fácil, aqui, a oposição é muito forte", explica Mora, diante de uma casa onde seus panfletos foram rejeitados. "Apesar de ser pobre, Petaré sempre teve uma importante proporção de escualidos” diz, em referencia a expressão inventada por Chávez para qualificar os membros da oposição.
Nas ultimas eleições regionais de novembro, o candidato chavista à prefeitura de Caracas, Aristóbulo Istúriz, perdeu para um escualido, Antonio Ledezma. "Perdemos porque o antigo prefeito chavista fez uma gestão catastrófica. Os nossos aliados não votaram no candidato da oposição, simplesmente, ficaram em casa", explica Jesus Mora. Por isso, a tarefa dos "patrulheiros" é garantir que cada eleitor chavista compareça às urnas.
"Bom dia senhora, tudo bem?", pergunta Natalia a uma mãe que segura um bebê nos braços. "Você vai votar domingo?". "Claro que sim!", responde a mulher, piscando o olho. Os patrulheiros riem, e repetem juntos: "Claro que sim, sim, sim!".
O grupo busca três tipos de eleitores. Dois deles são "aqueles que cantam vitória antes do tempo e não saem para votar e os que andam um pouco desanimados, decepcionados pela lentidão da revolução", explica Ingrid Patram, coordenadora da missão Robinson no Petaré, dedicada à alfabetização de adultos. O terceiro grupo é formado pelos chamados "ni-ni", que não são nem chavistas, nem opositores, e que votam de um lado ou do outro segundo a proposta.
"Nosso objetivo é explicar para eles que a emenda constitucional não significa que Chávez será presidente para sempre, isso é uma mentira da oposição", diz Ingrid. A aprovação da emenda permitiria ao presidente venezuelano candidatar-se a um terceiro mandato em 2012, reconhece, mas "junto a outros candidatos, é o povo que decide. Isso é democracia", conclui.
A oposição denuncia uma campanha marcada pelo desequilíbrio, já que o governo usa a máquina estatal para fazer campanha para o "sim".
Os seguidores de Chávez calculam que a abstenção ocasionou a perda de cerca de três milhões de votos a favor do presidente em um ano. Em dezembro de 2006, o "comandante" foi reeleito com mais de 7,3 milhões de votos. Já no referendo para a reforma constitucional de dezembro de 2007, a proposta já formulada que permite a reeleição seduziu somente 4,3 milhões de eleitores, provocando a primeira derrota de Chávez em nove anos no poder.
Esta ausência nas urnas não se refletiu no resultado da oposição, que atraiu apenas 100 mil votos a mais em relação a 2006. Seduzir os que se abstem é o principal desafio neste referendo, tanto do governo quanto da oposição.
Segundo as últimas pesquisas, o "sim" lidera as intenções de votos, mas de maneira muito apertada. A empresa de pesquisa Datanálisis calcula que 51,5% dos venezuelanos apóiam o fim do limite à reeleição, enquanto 48,1% votariam pelo "não".
Fonte: Opera Mundi.net
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